Nascimento e morte
- São Vicente em 1572 – Cunhaú, 16 de Julho de 1645
Comemoração
- 3 de Outubro
André de Soveral foi um padre católico brasileiro, morto em no chamado Martírio de Cunhaú em um massacre promovido por tropas holandesas.
Nascido em São Vicente, hoje Estado de São Paulo, por volta de 1572. Entrou na Companhia de Jesus no dia 6 de agosto de 1593, na Bahia; estudou latim e Teologia Moral. Conhecendo muito bem a língua indígena, ocupou-se da conversão dos índios nos territórios dependentes do colégio de Pernambuco, na cidade de Olinda. Em 1606 veio ao Rio Grande em missão.
Passou para o clero diocesano provavelmente entre 1607 e 1610. Voltando ao Rio grande já como sacerdote secular,
recebeu dotes de sesmaria em Cunhaú em 1614, onde era pároco.
Martírio de Cunhaú
Dia 15 de julho chegou em Cunhaú Jacó Rabe, trazendo consigo, como sempre, seus amigos e liderados, os ferozes tapuias, e, além deles, alguns potiguares com o chefe Jerera e soldados holandeses. Jacó Rabe era conhecido por seus saques e desmandos, feitos com a conivência dos holandeses, deixando um rastro de destruição por onde passava. Dizendo-se em missão oficial pelo Supremo Conselho Holandês do Recife, convoca a população para ouvir as ordens do Conselho após a missa dominical no dia seguinte. Sua simples presença deixou todos tensos e temerosos.
Uma chuva torrencial na manhã de domingo, dia 16, alagando sobremaneira os caminhos da região, impediu que o número de pessoas a comparecer na missa fosse maior. Foi uma chuva providencial.
Pelo receio de Rabe, alguns esperaram na casa de engenho. Os fiéis chegaram, em grupos de famílias, para cumprir o
preceito dominical, e Pe. André de Soveral iniciou a missa…
“Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó
Rabe, foram fechadas todas as portas da igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e dos potiguares.
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, “entre ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo Senhor Nosso, pedindo-lhe cada qual, com grande contrição, perdão de suas culpas”, enquanto o Pe. André estava “exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia”.
Os primeiros ataques ao venerando sacerdote, Pe. André de Soveral, partiram dos tapuias. O Padre, porém, falando a
língua indígena na qual era bem versado, exortou-os a não tocar na sua pessoa ou nas imagens e objetos do altar, sob
pena de ficarem tolhidas as mãos e as partes do corpo que o fizessem. Os tapuias recuaram receosos. Mas os potiguares não deram importância às palavras do sacerdote, arremetendo contra o ministro de Deus e “fazendo-o em pedaços”. O autor da façanha foi o principal dos Potiguares Jerera, que, empunhando uma adaga, feriu de morte o Pe. André”.
Os que haviam se refugiado na casa do senhor de engenho tiveram a mesma sorte. Após a igreja, esta foi invadida. Três
conseguiram fugir escapando pelos telhados. Os outros tentaram se defender como puderam, mas também foram mortos.A disposição dos fiéis à hora da morte era a de verdadeiros mártires, ou seja, aceitando voluntariamente o martírio por amor a Cristo. Os assassinos agiam em nome de um governo que hostilizava abertamente a Igreja Católica, a religião do governo português, do qual eram adversários. As vítimas tinham plena consciência disso.
De toda essa numerosa multidão de mártires, cerca de 70 pessoas, apenas duas foram identificadas, e por isso,
beatificadas: André de Soveral e Domingos de Carvalho.