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Gloriosa História da Igreja - III



Os Evangelhos mostram a Igreja como um grande barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos nos pareça que está dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calmo, outras vezes turbulento, assustador. Há quase dois mil anos o barco saiu do porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará: “Estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).

A Igreja é um projeto que nasceu do Coração de Deus Pai, e podemos notar que ela já estava destinada a existir desde o início dos tempos: foi preparada na Antiga Aliança (Antigo Testamento) com Israel, e instituída definitivamente por Cristo Jesus. A Igreja é o Reino de Deus presente já neste mundo. Ela se inicia com a pregação de Jesus. Foi dotada pelo próprio Senhor de uma estrutura que permanecerá até o fim dos tempos. Edificada sobre Pedro e os demais Apóstolos (Mt 16, 18), sempre foi e continua sendo dirigida por seus legítimos sucessores.

A Igreja nasce, edifica-se e cresce do Sangue e da Água que saíram do lado aberto do Crucificado. É nela que se conserva a Comunhão Eucarística, o Dom da Salvação oferecido por Cristo pelo nosso bem; para que alcancemos um dia a Vida eterna e plena com Deus.

A Igreja, no seu sentido mais profundo, é santa, sem mancha e sem falha, porque o próprio Deus nela habita, santificando-a com a sua Presença. Os pecados dos fiéis, dos padres e até dos Papas, pessoas ainda imperfeitas, não pertencem à Igreja, não são parte dela. Só em sentido derivado e indireto pode-se falar de “igreja pecadora”. Fica mais fácil entender assim: como todos nós, cristãos católicos, somos a Igreja, e somos pecadores, neste sentido dizemos que a Igreja é “santa e pecadora”. Santa porque somos todos consagrados a nosso Senhor, pelos Sacramentos que ele nos deixou, e comungamos da sua Palavra e também do seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade. Mas a Igreja em sua essência, a Igreja Celeste, imutável e eterna, esta é divina e puramente santa.

A Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, fundada por Cristo sobre o Apóstolo Pedro, que o Senhor constituiu como seu fundamento visível, esta é a Igreja do povo santo de Deus. A Igreja é Santa porque o Deus Santíssimo é seu Autor; Cristo é seu Esposo e a santifica; O Espírito de Santidade a vivifica. Mesmo assim, ela congrega filhos e filhas pecadores(as), que ainda não chegaram à perfeição.

Em Pentecostes, a Igreja se manifestou publicamente, diante da multidão, e começou a anunciar o Evangelho com a pregação católica (universal, para todas as gentes) e apostólica. Nesse inesquecível dia do ano 30, estavam todos reunidos: os Apóstolos, Maria Santíssima, parentes de Jesus, algumas mulheres... Quando um ruído de ventania desceu do céu. Línguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a falar em línguas que não conheciam: línguas de nações estrangeiras.

Esta assembléia inicial é o princípio da pregação da Igreja. Depois do prodígio das línguas, Pedro, líder dos Apóstolos e primeiro Papa da Igreja (conf. Mt 16, 18; Jo 21, 15-17) dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação.

Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora (de outras nações). Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de novas comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém.

Para cuidar das suas necessidades materiais, os Apóstolos escolheram sete diáconos. Eram eles Estevão, “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (Atos 6, 5), Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau.

Filipe, um dos sete, evangelizou em Samaria. Foi lá que Simão, o Mago, ofereceu dinheiro aos Apóstolos Pedro e João em troca do Espírito Santo: é daí que vem o termo simonia, que significa trocar as coisas sagradas ou bens espirituais por dinheiro. Filipe também anunciou a Boa Nova a um etíope, que era funcionário da casa real de Candace.

Estevão, porém, era o diácono que mais se destacava. Devido à sua pregação incisiva, ele foi detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado até a morte, acusado de blasfêmia. Tornou-se, assim, o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto era cruelmente assassinado, perdoava os seus perseguidores e entregava, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.

O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo de Tarso.


...continua

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