A doutrina de Osho não dá importância à razão, aos sentidos nem à fé como acesso ao conhecimento, menosprezando todas as religiões e seus fundadores
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"Jesus Cristo economiza, Moisés investe e o Guru gasta."*
Quem foi Osho?
Nascido em Kuchwada (Índia) em 1931, Rajneesh Chandra Mohan Jain veio de uma família jainista e foi professor de filosofia e sânscrito na Universidade de Jabalpur (Índia). Em 1966, abandonou a profissão, percorreu a Índia durante três anos e criou a Fundação Rajneesh. A partir daí, mudou seu nome para Bhagwan Shree Rajneesh (que traduzido seria "Senhor Deus").
"Em 1981, Rajneesh fugiu repentinamente de Pune, devido a denúncias por fraude fiscal" (1) e mudou para Antelope (Oregon, EUA), onde fundou uma espécie de ashram com 1300 seguidores, chamando-o de “Rajnneeshpuram”.
"Desde sua mudança a Oregon, em 1981, até meados da década, seu crescimento foi vertiginoso. Na Europa, inaugurou uma rede de restaurante e discotecas, chamadas de 'Zorba the Bouddha'. (...); suas adeptas começaram a se prostituir para aumentar o lucro do guru. Recordemos que ele possuía 92 automóveis Rolls Royce, 6 aviões e uma valiosíssima coleção de joias. (...). Em 1983, o governo dos EUA tirou os benefícios de cidade concedidos a Rajnneesh-puram, por não aceitar a proibição constitucional acerca da separação Igreja-Estado. Um ano depois, o governo de Oregon começou a receber denúncias de pais sobre técnicas de lavagem cerebral em seus filhos e sobre a grande quantidade de armas que ostentavam no povoado. (...) Os fiscais do governo descobriram que o Guru, apóstolo da paz e do amor, possuía seu próprio exército, munido com modernas armas (pistolas, metralhadoras Uzi-B, Magnum 44 fuzis de assalto M-16 etc.)." (2)
"Em 1985, ele foi processado sob 35 acusações federais (falsificação de documentos de imigração, por exemplo). Condenado, aceitou sair dos EUA e pagar uma multa de 40 mil dólares. Voltou a Pune, na Índia." (3).
Nos últimos anos da sua vida, foi conhecido como "Osho". Faleceu em 19 de janeiro de 1990, aos 58 anos, na Índia.
(1) Mather & Nichols – Dicionário de crenças, religiões, seitas e ocultismo.
(2) Alfredo Silletta – Seitas. Quando o paraíso é um inferno.
(3) Manuel Guerra – Dicionário enciclopédico das seitas.
O que é o movimento rajneesh e quem são os neosannyas ou neosannyasins?
O movimento rajneesh é uma doutrina carregada de sincretismo, uma soma das diversas tradições da Índia: hinduísmo, budismo tântrico, com algo de sufismo e cristianismo. De tudo isso surgiu um panteísmo que ensina que o universo estaria regido por uma "bioenergia" ou "energia vital", ou seja, uma "alma cósmica". Não dá importância à razão, aos sentidos nem à fé como acesso ao conhecimento, mas à experiência interior; daí seu menosprezo a todas as religiões e aos seus fundadores.
"Rajneesh abraçou as ideias do sexo livre e da completa libertação das inibições. (...) Além disso, seu ensinamento mais radical era que a unidade familiar deve ser completamente desfeita. Ele afirmou que a família era 'a maior ameaça para o progresso humano'. Muitos escritores cristãos viram isso como um dos sinais de que o movimento era um culto ou seita. Rajneesh devolveu a acusação, denunciando o Papa e a Madre Teresa e declarando que o cristianismo em si era uma seita." (4)
"O Parlamento Europeu catalogou o movimento rajneesh entre as seitas perigosas." (5)
Seus seguidores são conhecidos como neosannyas ou neosannyasins e, entre suas práticas, além do vegetarianismo, da submissão total a Rajneesh e da "entrega total dos bens patrimoniais e lucros (...), vagam nus pela sala enquanto se liberam, alternando as exteriorizações de raiva, cólera, suspiros profundos, risada, carícias, beijos etc., em sessões de 15 minutos de duração" (6).
(4) Mather & Nichols – Dicionário de crenças, religiões, seitas e ocultismo.
(5) Manuel Guerra – Dicionário enciclopédico das seitas.
(6) Ibid.
O pensamento de Osho
Osho foi educado no jainismo, uma religião hinduísta criada no século VI a.C. por Vardhamana Mahavira, que se opõe às castas sacerdotais e aos textos sagrados hinduístas. Os jainistas acreditam na reencarnação e negam a existência de um Deus criador, ainda que acreditem em diversas divindades (arjat).
Apesar de ter como bases religiosas o tranteísmo e o pan-animismo jainista, a visão de Osho era mais monista. Para este tipo de pensamento, tudo que se observa é considerado apenas uma ilusão; a única realidade é Deus. Considerando que seu nome traduzido significa "Senhor Deus", parece evidente que o guru acreditava que só ele era real.
Osho, ciência e religião
O guru teria dito, com relação à ciência e à religião: "Eu gostaria de lhe dizer que a ciência tem o valor supremo, e só há dois tipos de ciência: uma, a ciência objetiva, que decide sobre o mundo exterior; e outra, a ciência subjetiva, que até agora foi chamada de religião. Mas é melhor não chamá-la de religião, e sim de 'ciência do interior', e dividir a ciência entre ciência do exterior e ciência do interior, a ciência objetiva e a ciência subjetiva. Mas faça dela um todo sólido e a ciência conservará seu valor supremo; não há nada mais elevado" (7).
Não existe uma ciência objetiva e outra subjetiva: a ciência é objetiva, independentemente da subjetividade de quem a pratique. Não existe uma "ciência subjetiva", e a religião não é ciência.
Contraditoriamente, no livro "Do sexo à supraconsciência", no capítulo chamado "Libertação", ele afirma: "No entanto, em nome da religião, ensinaram-nos a negação da vida. A filosofia da religião esteve orientada à morte, não à vida. Prega que aquilo que se encontra depois da vida é importante, enquanto aquilo que se encontra antes da morte não tem significado. Até agora, a religião adorou a morte, mas não mostrou respeito algum pela vida" (8).
(7) http://www.Osho.com/Main.cfm?Area=Magazine&Language=Spanish
(8) http://www.concienciadeser.es/libros_base/Osho/sexo/sexo0.html
Por que a Igreja não coincide com o pensamento de Osho?
Entre outras coisas que dizem respeito diretamente à ética, o pensamento cristão não coincide com a ideia domonismo porque, segundo esta corrente de pensamento, cada coisa ou pessoa é somente uma parte de um ser universal único, e a realidade é fundamentalmente espiritual.
O monismo busca resolver qualquer dualismo, sem deixar espaço para a transcendência de Deus, ou seja, para este tipo de pensamento panteísta, tudo é Deus, um deus absolutamente imanente, do qual seríamos fragmentos, seres sem liberdade, uma ilusão caprichosa.
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* Frase gravada no pára-brisa do Rolls Roye de Osho (Alfredo Silleta, em "Seitas. Quando o paraíso é um inferno")
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