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Mostrando postagens de março, 2015

Quaresma: pano roxo e Santa Verônica

É COSTUME MUITO antigo e piedoso na Igreja que, a partir do quinto Domingo da Quaresma, – também chamado de Primeiro Domingo da Paixão (que é o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor), – cobrir com panos roxos as cruzes, quadros e imagens sacras. As cruzes permanecem cobertas até o final da Liturgia da Sexta-feira Santa, os quadros e demais imagens até a celebração do Sábado Santo ou de Aleluia, a noite que antecede o Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor. O sentido profundo de se cobrir as imagens sacras fundamenta-se no luto pelo sofrimento do Cristo, levando os fiéis a refletir, ao contemplar os objetos sagrados cobertos com a cor roxa, que simboliza a dor, o recolhimento e a penitência. O ápice do despojamento ocorre após a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa, quando retiram-se as toalhas do Altar. A cruz coberta lembra-nos a humilhação de Nosso Senhor, que precisou ocultar-se para não ser apedrejado pelos judeus, como nos relata o Evangelho segundo

O DOM DE LINGUAS, OS PADRES DA IGREJA E OS SANTOS

A virgem Santíssima e o dom das línguas Questão IV: Se a Virgem recebeu o dom de línguas, chamado por alguns “glossolalia”. a) “Afirmativamente, porque recebeu este dom com os apóstolos no dia de Pentecostes, e, como disse Santo Alberto Magno: A Virgem estava com eles quando apareceram as línguas repartidas como de fogo, logo recebeu o dom das línguas com eles” (Mariale, q. CXVII); b) Ademais, ainda que não tivesse de ir pregar o Evangelho as diversas nações e gentes, todavia, no principio da Igreja nascente se concedia com freqüência este dom aos fiéis, ainda a aqueles a quem não se havia conferido o ministério de pregar e propagar o Evangelho como consta (At, XIX, 6); c) E assim convinha, porque acudindo Maria muitos fiéis de diversas nações, já por piedade filial, e que buscavam de instruções, devia conhecer seus idiomas para entendê-los e instruí-los plenamente nas coisas da fé. d) Finalmente,Suarez julga provável que ainda antes de Pentecostes, Maria já tivesse usado desta gr

Domingo de Ramos ou Domingo da Paixão

O DOMINGO DA PAIXÃO ou de Ramos abre a Semana Santa e marca o início da etapa final da Quaresma. Neste dia, a Igreja celebra a entrada triunfal de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém, cheio de glória e de humildade, pronto para cumprir seu Mistério Pascal. Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: "Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta e com ela um jumentinho. Desprendei-a e trazei-los. E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles". – Isto aconteceu para que se cumprisse a Profecia de Zacarias: "Dizei à filha de Sião: 'Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.'" (Zc 9,9). Indo os discípulos e tendo feito como Jesus lhes ordenara, trouxeram a jumenta e o jumentinho, e puseram em cima deles as suas vestes, e sobre elas Jesus montou. E o povo,

A PARÁBOLA DO JOIO E A CONDUTA DE DEUS PARA COM OS PECADORES

Colligite primum zizania, et alligate ea in fasciculos ad comburendum — “Colhei primeiro o joio, e atai-o em feixes para o queimar” (Matth. 13, 30). Sumário. O joio que cresce no meio do bom trigo é figura dos pecadores, que pela benignidade divina vivem juntamente com os justos no campo da Igreja Católica. Mais ai daqueles, se continuarem obstinados no pecado e deixarem passar o tempo de misericórdia! Chegará o dia da colheita, isso é, do juízo, e então os anjos separarão os maus dos bons, para levarem a estes ao paraíso e lançarem aqueles no fogo do inferno, onde serão atormentados por toda a eternidade. I. “O reino dos céus”, diz Jesus Cristo no Evangelho deste dia, “é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, quando dormiam os homens, veio o seu inimigo e sobressemeou o joio no meio do trigo, e foi-se. Tendo, porém, crescido a erva e dado fruto, então apareceu também o joio. E chegando-se os servos do pai de família, disseram-lhe: Senhor, não semeaste bo

O Sacramento da Confissão, Penitência ou Reconciliação

O SACRAMENTO QUE APAGA os pecados, como já vimos, é o Batismo. Assim como também já vimos que, mesmo após o Batismo, continuamos a experimentar as fragilidades próprias da natureza humana e a concupiscência, - isto é, o desequilíbrio que o Pecado Original deixou em nós, uma certa inclinação ou tendência para o pecado. - A concupiscência vem do pecado e pode levar ao pecado (CIC §405-409 / 418 / 1425-6 / 1484). Apenas desejar algo errado é fruto da concupiscência. Mas se você consente e pratica o que pensou de ruim, aí cai no pecado. Um mal pensamento que vem a mente não é pecado até que você se entregue a este pensamento, desfrute dele, entretenha-se propositalmente com ele. Se você resiste, não peca: venceu o mal em Cristo! A concupiscência é, então, ocasião para “combater o bom combate e guardar a fé”, como disse o Apóstolo Paulo (2Tm 4,7). Assim, o cristão, apesar de ser nova criatura, não mais vivendo no pecado, experimenta ainda situações de pecado: “Se dissermos que

Jesus Cristo e a dor: dessa união nasceu a Igreja

Qual é o papel da dor na vida do homem? Deve ela ser desejada ou detestada? Ela é inevitável? Questões como estas povoavam a mente do célebre escritor católico francês Joris-Karl Huysmans (1848-1907) quando escrevia uma de suas grandes obras, "L'Oblat", da qual transcrevemos o trecho a seguir: Para tentar compreender a razão de ser dessa terrível benfeitora, seria preciso remontar à primeira idade do mundo, entrar naquele Éden onde, assim que Adão conheceu o pecado, a dor surgiu. Ela foi a primogênita das obras do homem, e desde então o persegue na terra e mesmo além do túmulo, até o limiar do Paraíso. Ela foi a filha expiatória da desobediência, aquela que o Batismo, que apaga o pecado original, não extinguiu. À água do sacramento, ela acrescentou a água das lágrimas. Tanto quanto lhe foi possível, ela limpou as almas com as duas substâncias tomadas do próprio corpo do homem: a água e o sangue. Odiosa para todos e detestada, ela martirizou as gerações que se seguiram. D

DOGMA MARIANO: Virgindade Perpétua

“Se alguém não confessa de acordo com os santos Padres, propriamente segundo a verdade, como Mãe de Deus, a santa, sempre virgem e imaculada Maria, por haver concebido, nos últimos tempos, do Espírito Santo e sem concurso viril gerado incorruptivelmente o mesmo Verbo de Deus, especial e verdadeiramente, permanecendo indestruída, ainda depois do parto, sua virgindade, seja condenado” (Papa Martinho I durante o Concílio de Latrão, 664). A virgindade de Nossa Senhora pode ser entendida em três dimensões:Virgindade de mente ou aspecto espiritual, que diz respeito à entrega total da Santíssima Virgem a Deus, por meio do Seu constante propósito de virgindade, evitando tudo aquilo que repugnava a perfeita castidade;Virgindade dos sentidos ou aspecto moral, o que podemos entender como imunidade dos impulsos desordenados da carne, a concupiscência;Virgindade do corpo, isto é, integridade física jamais violada por nenhum contato de homem algum. Essas três dimensões traduzem-se na expressão Aei

A Caridade e a Justiça de Deus: não devemos tratar lobos como ovelhas

A DOUTRINA DE NOSSO Senhor Jesus Cristo está repleta de verdades aparentemente antagônicas que, entretanto, se examinadas com atenção, longe de se desmentirem umas às outras, completam-se reciprocamente, formando uma harmonia maravilhosa. É este o caso, por exemplo, da aparente contradição entre a  Justiça  e a  Caridade  divinas. Deus é ao mesmo tempo infinitamente Justo e infinitamente Misericordioso . É Amor (1Jo 4,8), mas também é Verdade (Jo 14,6). Se, para compreendermos uma destas Perfeições, fecharmos os olhos à outra,  cairemos em gravíssimo erro. Nosso Senhor, em Sua vida terrena, deu tão admiráveis provas de doçura quanto também de severidade, num equilíbrio perfeito. Não pretendamos “corrigir” a Personalidade do Cristo segundo a pequenez de nossas capacidades, ignorando todas as muitas passagens em que Ele nos faz severas advertências e age com a necessária energia, prestando atenção somente àquelas em que nos fala com suavidade e ternura. É isso o que muitos cat

Haiti: freiras que ajudam pobres e doentes são espancadas e roubadas

Aleteia publica a seguir o depoimento do Dr. John Carroll, médico norte-americano que passa de dois a quatro meses por ano trabalhando nas clínicas e hospitais do Haiti com a  Haitian Hearts , organização que leva crianças e jovens haitianos com urgente necessidade de cirurgia cardíaca para receber o tratamento nos Estados Unidos. Neste texto, originalmente publicado em seu  blog , o Dr. John fala do trabalho de freiras católicas que fazem o bem e, em troca, sofrem a violência brutal que apavora o país mais pobre do continente americano. A clínica onde eu trabalhava em LaPlaine é gerida por uma ordem de freiras católicas. Cinco irmãs vivem num convento simples, no andar de cima da clínica. Elas são de Cuba, da Colômbia, da Espanha e da América Central e todas são fluentes em crioulo haitiano. São religiosas alegres, trabalhadoras e acompanham os pobres vivendo junto com eles. Centenas de pacientes chegam todos os dias, antes do nascer do sol, para ser atendidos e tratados pelo

Você está cansado de ouvir acusações de que os católicos adoram imagens?

“Por que nós, católicos, temos imagens de quem adoramos, ou seja, de Deus? De onde nasceu essa ideia?” O uso de  imagens  e quadros religiosos em igrejas e dentro de casa é muito difundido desde tempos imemoriais. A questão das imagens sagradas costuma ser bastante polêmica; e na relação entre a Igreja e as pessoas que pretendem seguir a Cristo fora dela, a polêmica se acirra mais ainda, porque essas pessoas, entre muitos outros erros, acham que a Igreja católica adora imagens, o que não é verdade. Para esclarecermos o assunto, vamos repassar a história sagrada. Comecemos observando que, no Antigo Testamento, era severamente proibido o culto a todo tipo de imagens ou representações plásticas da divindade. O primeiro mandamento do decálogo afirma com palavras contundentes: “Não farás para ti outros deuses diante de mim. Não farás escultura nem imagem alguma… Não te prostrarás perante elas nem lhes darás culto, porque eu, Javé, teu Deus, sou um Deus cioso…”. (Ex 20, 3-5). Fi