A natureza humana, que segundo nossa fé se tornou contaminada pelo pecado de Adão, – o Pecado Original, – insiste em contrariar as inspirações do Espírito Santo de Deus, que são sempre as mais saudáveis para a nossa vida espiritual. Estamos falando da eterna luta entre a carne e o Espírito.
“Porque o que a nossa natureza humana quer é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana quer. Os dois são inimigos...” (Gl 5, 17).
Quando a Comunhão com o Senhor esfria, a natureza humana (a 'fraqueza da carne') aumenta, toma conta da vida e dos nossos desejos, e começa a produzir frutos ruins, porque tudo o que podemos ser e fazer de bom vem de Deus; o bem em nós é fruto do Espírito. Um dos resultados mais imediatos do afastamento de Deus é o afastamento da Igreja. Outros resultados são a depressão, a perda da fé, uma angustiante sensação de vazio, de uma vida sem sentido...
A inveja é um dos mais terríveis pecados que podemos cometer, porque ter inveja é sentir desgosto, raiva ou tristeza por ver o bem ou a felicidade do próximo, que deveríamos amar como a nós mesmos. Podemos notar, por esse prisma, o quanto estamos afastados do Caminho que é Jesus Cristo. Este sentimento mesquinho se reflete num desejo negativamente intenso, – às vezes violento, – de possuir os bens ou as qualidades alheias. A inveja é um dos frutos da natureza humana que, entre outros, causa profundas feridas na vida espiritual. Essas feridas são graves, a ponto de lançar os que se entregam à inveja numa existência de trevas. Tudo se complica ainda mais pelo fato de a inveja ser um pecado que pode passar desapercebido pelas pessoas ao redor, mas que internamente consome as vidas dos que a ela se entregam.
“A paz de espírito dá saúde ao corpo, mas a inveja destrói como o câncer.” (Pv 14, 30)
“O ódio é cruel e destruidor, mas a inveja é ainda pior.” (Pv 27, 4)
A inveja é tão grave que, dos Dez Mandamentos do SENHOR entregues a Moisés, ela foi condenada em dois: (9º) Não desejar a mulher do próximo; e (10º) Não cobiçar as coisas alheias. – A cobiça das coisas que não nos pertencem é a marca do pecado da inveja. É assim que a inveja pode levar ao roubo, outra desobediência aos Mandamentos de Deus e grave pecado capital.
A inveja é também a prova certa de uma vida carnal e da necessidade urgente de arrependimento e mudança de vida, como disse S. Tiago em sua epístola: “Se em vosso coração existe inveja, amargura e egoísmo, então não mintais contra a verdade, gabando-vos de serem sábios”. (Tg 3,14)
Vencendo o pecado da inveja
Enquanto cristão, cabe a você a responsabilidade de não deixar que a inveja cresça e floresça em sua vida. A melhor prática de combate a esse pecado devastador é pedir ao Espírito Santo que lhe dê a sensibilidade para perceber essa fraqueza ainda no início (em sua mente), reconhecendo que está sentindo inveja, enquanto ela ainda não é mais forte que o seu desejo de fazer o que é certo e ser santo. A decisão e o esforço para viver em santidade sãoseus. Assim não deixará as portas abertas para qualquer tipo de cobiça das coisas ou qualidades do seu próximo.
Viver em santidade, para o cristão, não é opção: é ordem direta de Jesus (cf. Mt 19,21), e a única maneira de encontrar a felicidade, a plenitude e a vida eterna! Para cumprir este mandamento é preciso seguir o exemplo de Ezequiel (3,3), “se alimentar da Palavra de Deus, orar muito e se sacrificar com agradáveis jejuns”. Este desejável jejum, mais que o jejum alimentar, é o jejum das práticas que não são agradáveis a Deus, e que portanto nos prejudicam, entre as quais a inveja. Este conjunto de ações nos leva mais perto de Deus e capacita-nos a ouvir a Sua Voz.
Mesmo depois de ter perdido a semelhança com Deus por seu pecado, o homem continua sendo um ser feito à Imagem e Semelhança do seu Criador. O cristão batizado combate a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono nas Mãos da Providência Divina.
Ref.:
ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Sei em Quem Confiei. Rio Grande do Sul: EdiPUCRS, 2004, p. 277.
ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Sei em Quem Confiei. Rio Grande do Sul: EdiPUCRS, 2004, p. 277.