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Mostrando postagens de março, 2017

Sobre o caráter

Por Tihamer Toth* Régulo em Cartago CARTAGO IA MANDAR uma embaixada a Roma para pedir a paz. Um prisioneiro de guerra romano, chamado Régulo, foi encarregado de chefiá-la, mas teve de jurar, antes de partir, que, se a sua missão viesse a fracassar, ele voltaria ao cativeiro. Qual haverá sido a emoção dele, ao achar-se de novo em Roma, sua cidade amada! Lá poderia ficar para sempre, se a paz fosse obtida. Todavia, o que fez ele? Com toda a sua eloquência incitou o senado a continuar a guerra e, quando lhe pediram que ficasse em Roma, uma vez que um juramento feito por coação não podia obrigar, respondeu: “Querem então, loucamente, que eu falte à honra? Bem sei que as torturas e a morte me aguardam à minha volta. Mas tudo isso não é nada em comparação com a vergonha acarretada por uma ação desleal, e com as feridas que a alma recebe do pecado. É verdade que ficarei prisioneiro dos cartagineses, mas ao menos conservarei, em toda a sua pureza, meu caráter de romano. Jurei voltar, e cumpri

O Sacramento da Confissão, Penitência ou Reconciliação

O SACRAMENTO QUE APAGA os pecados, como já vimos, é o Batismo. Assim como também já vimos que, mesmo após o Batismo, continuamos a experimentar as fragilidades próprias da natureza humana e a concupiscência, - isto é, o desequilíbrio que o Pecado Original deixou em nós, uma certa inclinação ou tendência para o pecado. - A concupiscência vem do pecado e pode levar ao pecado (CIC §405-409 / 418 / 1425-6 / 1484). Apenas desejar algo errado é fruto da concupiscência. Mas se você consente e pratica o que pensou de ruim, aí cai no pecado. Um mal pensamento que vem a mente não é pecado até que você se entregue a este pensamento, desfrute dele, entretenha-se propositalmente com ele. Se você resiste, não peca: venceu o mal em Cristo! A concupiscência é, então, ocasião para “combater o bom combate e guardar a fé”, como disse o Apóstolo Paulo (2Tm 4,7). Assim, o cristão, apesar de ser nova criatura, não mais vivendo no pecado, experimenta ainda situações de pecado: “Se dissermos que não temos pe

Cristianismo e felicidade

O PROBLEMA CENTRAL da existência humana é ser feliz. Não é difícil compreender que o grande “segredo” para se atingir uma vida verdadeiramente feliz começa pelo conhecimento de que essa felicidade não pode depender de qualquer coisa externa ao próprio ser; não deve ser criada por circunstâncias, e sim brotar da profundeza interna da própria pessoa. É assim porque a pseudo-felicidade, criada por circunstâncias externas, também está sujeita, claro, a ser destruída pelas mesmas circunstâncias; é precária, incerta, fugaz. Por isso mesmo não é a verdadeira, duradoura e plena felicidade. Alguém, por exemplo, que goste muito de praia, sol e mar, vai se sentir feliz quando estiver numa bela praia admirando a enormidade do oceano e sentindo o calor do sol em sua pele; mas, se logo vem uma frente fria, e a chuva persistente, essa "felicidade" acaba. Ora, assim percebe-se que aquele bem estar que essa pessoa experimentava em curtir a praia não era verdadeira felicidade, mas apen

Ave-Maria do povo sertanejo

Neste artigo intitulado “Ave-Maria do povo sertanejo”, Ana Lígia Lira da Silva nos fala sobre a profunda devoção mariana do povo do sertão do nordeste, a partir de suas próprias raízes. A autora do livro “O Diário do Silêncio”, com palavras que nos remetem à simplicidade do povo nordestino, quer nos levar a conhecer a experiência de fé desse povo tão sofrido e, ao mesmo tempo, tão cheio de esperança. Sem mais delongas, seguem as palavras de Ana Lígia Lira: Imaculado Coração de Maria e Sagrado Coração de Jesus A devoção mariana do povo nordestino Quero levar vocês a uma visita às casas de taipa, onde na parede tem sempre um quadro do coração de Jesus e outro do Coração de Maria. Como se o povo humilde do lugar intuísse ser Ela a medianeira de todas as Graças. Ensinamento amplamente divulgado por estudiosos da fé como Dom Rafael Maria, OSB, quando diz: […] O fundamento bíblico que atesta o que Maria é se pode tomar de Lc 1, 26 na saudação angélica, onde o anjo saúda a Virg

A origem do Santo Rosário

Ao falarmos de Rosário não nos referimos necessariamente ao cordão de pequenas contas. Alguns dizem que o rosário é uma cópia do Mala ou também conhecido como rosário budista e outros que tem origens pagãs. Apesar dos cordões com contas terem semelhanças e servirem para contarem orações não quer dizer que este ato indique ou que se pronuncie as mesmas orações e com a mesma finalidade. O Mala, cordão de contas utilizado pelos budistas, contém 108 contas relacionadas astrologicamente às 12 casas astrológicas multiplicadas pelo 9, número de planetas no nosso sistema solar. Eles chamam de mantra cada oração que fazem. O rosário para os cristãos católicos é a oração das Ave Marias com o Pai Nosso e pode ser feito com dezenas, num anel, com o rosário ou até contando nos dedos das mãos. A palavra Rosário significa Coroa de Rosas. ORIGEM DO ROSÁRIO Muitos acreditam que foi São Domingos de Gusmão o responsável pela criação do rosário, mas a sua origem é anterior ao tempo deste Santo, qu

MINISTÉRIO DO INTRODUTOR DO CATECUMENATO

Sobre o ministério do(a) introdutor • alguém “que o conhece [o interessado], ajuda e é testemunha de seus costumes, fé e desejo” (n. 42). • junto com a comunidade, ajuda-os “a encontrar e a seguir a Cristo” (n. 77). — Trata-se de um ministério de “ajuda”, semelhante ao dos padrinhos. Começa no pré-catecumenato, é ativo em todo o seu desenrolar e, se for o caso, é substituído pelo padrinho ou madrinha apenas no final do catecumenato. — O ritual dá preferência que o próprio introdutor venha a ser o padrinho (n. 42). — O padrinho é escolhido “por seu exemplo, qualidade e amizade, e delegado pela comunidade cristã local com a aprovação do sacerdote” (n. 43). A missão do padrinho (e do introdutor): “ensinar familiarmente (...) como praticar o evangelho em sua vida particular e social, auxiliá-lo nas dúvidas e inquietações, dar-lhe testemunho cristão” e, depois da celebração dos

Quaresma: sinais, palavras e gestos de um tempo de conversão

O dia 1 de março, Quarta-feira de Cinzas, iniciou a Quaresma. É o «tempo forte» que prepara para a Páscoa, cume do ano litúrgico e da vida de cada cristão. Como dizia S. Paulo, é «o momento favorável» para realizar «um caminho de verdadeira conversão», enfrentando com as armas da penitência o combate contra o mal. Este itinerário de 40 dias que conduz ao Tríduo Pascal - Sexta-feira Santa, Sábado Santo, Domingo de Páscoa -, memória da paixão, morte e ressurreição de Jesus, fonte da salvação de cada ser humano, é um tempo de mudança interior e de arrependimento no qual «o cristão é chamado a regressar a Deus com todo o coração para não se contentar com uma vida medíocre», recorda o papa Francisco na mensagem para a Quaresma deste ano. O número 40 Na liturgia fala-se de "Quadragesima", isto é, um tempo de 40 dias. A Quaresma evoca os 40 dias de jejum vividos por Jesus no deserto antes de empreender a sua missão pública. Lê-se no Evangelho segundo Mateus: «Jesus foi conduzid

Catequeses Mistagógicas São Cirilo de Jerusalém

obra catequética de S. Cirilo de Jerusalém compõe-se de duas Catequeses. No presente volume apresentamos as Catequeses Mistagógicas. Deixamos para um próximo volume a Catequese Preliminar e as dezoito Catequeses Pré-batismais. Publicamos em primeiro lugar as Catequeses Mistagógicas não só pela importância das mesmas, mas por constituírem uma unidade de doutrina que nos abre as portas para uma melhor compreensão e aproveitamento das demais Catequeses. As Catequeses de S. Cirilo são consideradas como sendo a coleção catequética, após a de Agostinho, a mais completa que a Antigüidade nos legou. Através delas podemos apreciar o conteúdo de tudo quanto constituía a educação religiosa ministrada aos que se convertiam ao Cristianismo. O Credo, detalhadamente comentado, é tido como uma jóia preciosa do tesouro teológico da Igreja Primitiva. Nas Catequeses Pré-batismais o Credo, muito semelhante ao Credo Niceno-constantinopolitano, nos é transmitido com comentários e interpretações próprias