"Vive-se como se pensa; educa-se como se vive."
Todos os homens têm, mesmo inconscientemente, um conceito de vida.
Falam, agem, sentem, encaram os acontecimentos, em função deste conceito. Através de suas preocupações e desejos, suas ambições e esforços, ele reponta, mais ou menos evidente, mais ou menos consciente. É ele que lhes dá rumo às atividades, que os orienta nesta ou naquela direção. O argentário, o gozador, o artista, o dominador político, o cientista, encaram a vida diferentemente, segundo o conceito que dela têm. É possível, muitas vezes, que nem percebam em que direção caminham: os outros o percebem com facilidade, pois é clara a ligação entre os atos e as preocupações, mesmo inconscientes ou reflexas.
Falam, agem, sentem, encaram os acontecimentos, em função deste conceito. Através de suas preocupações e desejos, suas ambições e esforços, ele reponta, mais ou menos evidente, mais ou menos consciente. É ele que lhes dá rumo às atividades, que os orienta nesta ou naquela direção. O argentário, o gozador, o artista, o dominador político, o cientista, encaram a vida diferentemente, segundo o conceito que dela têm. É possível, muitas vezes, que nem percebam em que direção caminham: os outros o percebem com facilidade, pois é clara a ligação entre os atos e as preocupações, mesmo inconscientes ou reflexas.
1. Conexão com a filosofia
Ora, o rumo da educação depende do conceito da vida. Vive-se como se pensa; educa-se como se vive. “O valor de nossa doutrina da educação depende do valor de nosso conceito do homem e da vida”, disse Murray Butler. Num livro magistral que os estudiosos de pedagogia lerão com proveito, De Hovre, o maior pedagogo belga contemporâneo, estuda com profundeza a tese de que a orientação pedagógica está em íntima conexão com as doutrinas filosóficas. Que pensamos da vida e do homem? É o que pensamos também da educação. Ele ensina que “todo conceito da vida envolve uma doutrina da educação, e toda doutrina da educação se baseia numa filosofia da vida”.
Que é o homem? Para que está neste mundo? A resposta a estas duas perguntas encerra toda a vida, e decide a sua orientação. Conseqüentemente decide dos rumos a dar à educação.
2. Através da história
Num trabalho de ordem mais erudita, mostraríamos com facilidade como as correntes pedagógicas acompanham os meandros das doutrinas filosóficas: os homens sempre educaram como pensaram que se deva viver. Neste sentido, a educação sempre foi uma “escola da vida para a vida”. Basta folhear a história da pedagogia. Mas nossa intenção aqui é mais modesta e prática. Sem desprezar os dados científicos, queremos falar ao leitor comum, e ser entendido de todos, sem fastio e com proveito. Apontaremos menos para o passado que para o presente. Passemos pois um ligeiro olhar sobre os atuais modos de educar, para vermos que os homens educam como vivem.
3. O naturalismo burguês
Para muitos a grande preocupação é o bem-estar dos filhos: a saúde, os estudos, a condição econômica. Os próprios estudos são orientados num sentido utilitário, com uma finalidade prática, a mais imediata possível. As profissões são escolhidas em vista das possibilidades econômicas. Daí a primazia das carreiras técnicas, e o desprestígio dos estudos clássicos ou filosóficos, desprezados por nada “adiantarem” na vida...
As atenções com a saúde superam a formação moral. Se o menino adoece, tomam-se logo todas as medidas, à custa dos maiores sacrifícios.Mas se ele tem uma tendência ao vício, pouco se cuida: é da idade, passa com o tempo, o pai também foi assim, hoje ninguém repara mais certas tolices... Considera-se “vencedor” o jovem que conseguiu uma rendosa colocação. Ainda melhor, se for um emprego público, bem remunerado e sem trabalho. A satisfação dos pais rivaliza então com a inveja dos que não “venceram” na vida com tanta rapidez e eficiência! Para chegar a esses resultados, às vezes são bons todos os processos. Não os censurem, que a explicação vem cabal e definitiva: o mundo hoje é assim; o que ontem era imoral, hoje não é; o que hoje ainda é proibido, talvez amanhã seja obrigatório;a vida tem dessas coisas... Por outras palavras: não há valores morais definitivos!
4. Reduzem a Religião
Essa gente ainda tem “deveres religiosos” poucos e exteriores: Missa de defuntos, casamentos (a sociedade ainda tem esses preconceitos...), batizados, Primeira Comunhão. Mas não se preocupa com a vida futura; crê vagamente em Deus; não acredita no inferno; não vai à Missa de preceito nem aos sacramentos; não sabe o que é o estado de graça, em que todo cristão tem o grave dever de viver! Da Religião conserva exterioridades, sem conteúdo. Por isso, não aparecem preocupações religiosas na educação dos filhos. Não os manda ao catecismo; não pede ensino religioso nas escolas; escolhe os colégios religiosos porque são os que ainda dão melhor instrução; ou os matricula em escolas heréticas, sob o pretexto (aliás ilusório) de ensinarem melhor o inglês, hoje “essencial” para uma boa colocação numa companhia “americana”; não disse jamais aos filhos para que estão neste mundo. Fala em Deus e na Religião algumas vezes; mas na verdade, vive como se Deus não existisse. Mergulha nos bens da terra, como se aqui tivesse de viver por toda a eternidade.
5. Falta a visão do eterno
Por trás de tudo isto está o conceito naturalista da vida. Variadas que sejam as ramificações, o tronco é o mesmo: o naturalismo, que reduz toda a vida a este mundo. Suas raízes estão, por exemplo, no evolucionismo de Darwin, para quem o homem é simples animal evoluído: importa cuidar do corpo e da saúde fazendo dos prazeres sensíveis a suprema finalidade, procurando como sumo ideal as melhores condições de vida terrena. Ou no pragmatismo de W. James, para quem não há valores absolutos, é preciso viver à minuta dos tempos e lugares, dando eficiência aos atos, sem maiores preocupações morais, procurando vencer na vida. Ou no positivismo de Comte, no cientificismo pedante de Renan, ensinando que a ciência resolve os problemas humanos e que seus postulados superam os dogmas e os preceitos divinos e dando, por isso mesmo, a supremacia aos estudos sobre os costumes, à formação intelectual sobre a formação moral. O seu grande pedagogo é Spencer, o homem do relativo, da dependência do tempo e do lugar, da submissão à natureza, do primado do corpo sobre o espírito, do utilitarismo, o pedagogo do “como”.
Afinal, se a realidade fosse esta, eles é que teriam razão... E já que pensam assim, é lógico que assim eduquem, tão certo é que a educação corresponde ao conceito que se tem da vida.
6. Em face da sociedade
Se nos colocarmos doutro ponto de vista, perguntando qual a situação do homem em face da sociedade, poderemos recolher duas respostas errôneas e contraditórias: a) o homem é mero indivíduo, justaposto a outros indivíduos, sem laços de solidariedade, obrigado apenas a cuidar de si; b) é um componente da massa, da qual depende, para a qual se orienta, na qual se dilui, sem outro destino senão o que lhe der o Estado, a Nação ou o Partido.
Examinemos estas duas respostas em face da educação.
7. Os individualistas
Aí estão os gozadores da vida, os ricos “cada vez mais ricos” fazendo os “pobres cada vez mais pobres” (Pio XI), vivendo à custa do suor alheio, explorando o mais que podem. Em que se baseiam os trustes, os mercados negros, as negociatas, o desrespeito aos dinheiros públicos, os subornos, as manobras altistas? E do outro lado, as greves injustas, as exigências crescentes de salários, as sabotagens, a violação dos contratos de trabalho, as infidelidades aos patrões, outros tantos males que atingem aos trabalhadores? Do individualismo nasce o capitalismo com o seu cortejo de misérias.
8. Funestas conseqüências
Noutro terreno, se o homem é senhor de si, sem laços obrigatórios com a comunidade, erige se naturalmente em guia próprio, sem obrigação de obedecer a outras leis que não sejam as da natureza (e estas mesmas, quando convierem) sem qualquer submissão ao Estado (a menos que seja para evitar aborrecimentos ou guardar conveniências), sem maiores compromissos mesmo com os filhos, sem respeito aos valores morais, vivendo num anarquismo prático — mesmo que um resto de compreensão o obrigue a rejeitá-lo em teoria. Os que quiserem eufemizar tão feia realidade podem chamar de liberalismo ao que aí está: é a mesma coisa.
9. No campo educacional
É de ver como a educação toma o rumo do egoísmo e do comodismo, ensinando antes a busca do conforto que o cumprimento do dever, mais preocupada em fazer-se servir que em ajudar, orientando desde muito cedo para a exploração do próximo. Educa-se, ensinando o pequenino a exigir da empregada que lhe dê na mão a roupa, o calçado e os livros, apanhe o objeto que caiu, e lhe satisfaça os caprichos. Se os grão-senhores se portam indiferentes à miséria do povo, que eles próprios construíram com suas manobras econômicas, os que ainda não podem fazer tanto farão o que puderem, sem respeito ao máximo. No menino que se refestela no bonde, incomodando os vizinhos, para estar à vontade; e na jovem que se conserva sentada em frente à velhinha ou à senhora que vai em pé com uma criança ao braço, já estão os péssimos frutos deste individualismo que, para dar mais graves resultados, espera apenas o tempo e as oportunidades.
10. Descaso...
Neste conceito individualista da vida vamos encontrar as raízes do abandono educacional dos filhos. A educação é trabalhosa: evita-se o trabalho, para se viver mais despreocupado. Ou se entregam os filhos às empregadas e aos colégios. O “deixa-fazer” de certa pedagogia nasce deste comodismo. Para que corrigir? Passa com a idade. Mais tarde a criança compreenderá. Para que castigar? Seria tornar infelizes as crianças. Tanto mais quanto “os mais eficazes castigos não são os que os pais aplicam,... mas as conseqüências naturais dos atos” (Spencer). Por sua vez, os demais educadores adotam os mesmos princípios. Professores se esforçam menos. Colégios se poupam a trabalhos e exigem maiores remunerações — embora aqui os pais não aprovem os princípios do individualismo comodista que adotam para si.
*
Poderíamos levar longe a análise. Bastem estas amostras de pequenos e grandes atos para vermos como, da simples atitude mal-educada de um garoto no bonde às maiores crises econômicas ou políticas, as causas estão num errado conceito da vida e, conseqüentemente, da educação.
11. Os totalitários
Se o homem é apenas um número, componente impessoal da massa, sem outro destino que não o dela, mero indivíduo e não uma pessoa, simples parafuso da máquina estatal, gota d'água no oceano da coletividade, ou mesmo uma abstração então é justo reduzi-lo à coletividade, ao serviço da massa. Neste caso a coletividade é o centro e o fim de toda a vida humana, a grande e única realidade, de que o homem é subsidiário. O mais que fazem todos os totalitários — fascistas, nazistas ou comunistas — é conclusão lógica de seu conceito do homem e da vida. Se isto é verdade, então:
— o Estado pode dispor, a seu talante, da vida dos cidadãos;
— é moral tudo o que interessa ao Estado (Lenine);
— devemos “procurar o reino do Estado e não o reino de Deus” (Lyer);
— as atividades culturais (arte, ciência, literatura) só têm razão de ser quando a serviço da Nação (Nazismo), do Estado (Fascismo) ou do Partido (Comunismo);
— a coletividade pode obrigar o homem a trabalhar em determinada função, a tantas horas
por dia e em tais condições, sem direito a escolha ou mudança (trabalho forçado); etc., etc.
12. Pedagogia totalitária
No campo pedagógico são claras as conseqüências de tão errado conceito da vida. Vejamos algumas:
— é preciso formar o homem para servir à coletividade, e não para um destino pessoal e eterno;
— as preocupações religiosas e morais não têm lugar na educação, como não o têm na vida;
— sendo o homem formado para o reino deste mundo, orientemo-lo não para rumos espirituais mas para a busca do bem-estar material, dando primazia se não exclusividade às preocupações econômicas e técnicas;
— não são os pais que devem educar os filhos, porque assim lhes darão a orientação que quiserem: é ùnicamente o Estado quem educa, paraformar “servidores” seus incondicionais;
— é preciso afastar os filhos da influência dos pais, quebrando os laços domésticos e anulando o amor materno, elementos que podem perturbar o domínio absoluto do Estado;
— importa encaminhar as criancinhas para as creches, os pequeninos para os jardins de infância, os maiorzinhos para os internatos e multiplicar os meios de afastar a convivência dos filhos com os pais;
— a escola oficial tem o direito de impor o regime e a orientação que entender, por isso mesmo que os pais não têm direito sobre os filhos: — e quando ainda não puder suprimir a escola particular, estabelece sobre ela uma verdadeira ditadura, manietando-a e dirigindo-a;
— como os sentimentos de moralidade são o mais forte empecilho aos totalitários, importa ir desatando os laços das paixões, quebrando as barreiras entre os sexos, introduzindo a co-educação nas escolas, praticando esportes mistos em semi-nudez, promovendo de todo modo a dissolução da família; etc., etc.
Neste rastro não encontramos apenas a Lenine e Lunacharsky, mas homens como Kerschensteiner e Dewey (com tantos discípulos e seguidores entre nós), Durkheim e outros, tidos por inofensivos e mesmos benéficos (sic), por suas idéias modernas e reformadoras!
13. O verdadeiro conceito
Qual, então, o verdadeiro conceito do homem e da vida?
Se queremos educar o homem todo quanto é, devemos encará-lo na totalidade de seu ser. Só“O homem não é senão uma abstração, como o átomo para o físico.” (Natorp).
O pretexto é facilitar o trabalho das mães; a verdadeira finalidade é outra. Aliás, o trabalho da mulher fora do lar é fortemente preconizado por Lenine, como um dos melhores meios de introdução do comunismo. Para Lenine “a mãe que ama os filhos é semelhante a uma cadela que cuida dos cachorrinhos”. Veja-se, porém como os burgueses, por comodismo, adotam os processos comunistas, destinados a destruí-los. Creches e play-ground entre nós pretendem fazer assistência social, ajudando a mãe trabalhadora, ou facilitando o trabalho da mãe fora do lar... com um conceito total do homem é possível um conceito total da educação. Mais do que algures, aqui qualquer parcialismo leva a tremendas deformações. Erram os que vêem no homem apenas o corpo (como certos naturalistas), ou a inteligência (Descartes), ou a vontade (Schopenhauer), ou o trabalhador (Kerschensteiner), ou o técnico (Spengler), ou o cidadão (Fichte), ou um elemento da comunidade (como os coletivistas de toda espécie). Olhando-lhe apenas uma face, só é possível dar-lhe uma educação deformada, incompleta, que desenvolve demasiado um aspecto do seu ser complexo, deixando na sombra e na atrofia as outras faculdades. Uma concepção unilateral não pode produzir uma educação integral. Só abraçando o homem total é possível oferecer-lhe uma educação correspondente à realidade.
14. O que é o homem
O homem é corpo e alma. Sensibilidade, inteligência e vontade. Pessoa irredutível, mas membro natural da sociedade, na qual nasce (família), trabalha (profissão) e vive (Estado). Filho do tempo e destinado à eternidade, pela alma imortal. Senhor de seus atos, pelo livre arbítrio, mas súdito incondicional de Deus, e submisso às justas leis da sociedade em que vive. Com instintos que pedem satisfação, e com exigências morais que obrigam a se usar dos instintos dentro de normas que os precedem e transcendem. Fraquezas e forças. Egoísmo e generosidade. E tudo entrelaçado e uno, de modo que o sensível, o intelectual e o volitivo se distinguem, mas não se separam, antes se ligam e completam em maravilhosa unidade.
15. No plano histórico
O homem foi criado por Deus, inocente e puro. Mas caiu. Quando a mão divina o ergueu, pela misericórdia da Redenção, já não era o mesmo. A queda não apenas lhe arrebatara a graça santificante e os dons preternaturais. Desequilibrara-o no próprio funcionamento natural. As paixões se desordenaram, inclinando-o para o mal; turvou-se-lhe a inteligência; enfraqueceu se-lhe a vontade, agora muitas vezes incapaz de praticaro bem. Mesmo reconduzido à graça, pesam-lhe as conseqüências da queda. Correspondendo à graça, pode, com algum esforço, manter o equilíbrio, vivendo no bem e na virtude. Tendo sido criado para o Céu, vive desgostoso e insatisfeito na terra, de tal maneira inquieto que só descansa quando descansa em Deus. Dir-se-ia que sente uma misteriosa nostalgia da Casa Paterna, uma como saudade daquelas tardes em que o Senhor descia a passear com ele à fresca do Paraíso (Gn. 3, 8). Na verdade, nunca pôde esquecer que Deus é seu primeiro princípio e seu último fim.
16. Hierarquia de valores
Com uma visão tão completa do homem, estamos em condições de lhe proporcionar uma educação integral. Encarando-o como é, podemos torná-lo como deve ser. Abrangemo-lo na multiplicidade de suas funções orgânicas e espirituais, no seu destino terrestre e eterno, nas suas atividades individuais e sociais, mas guardamos uma perfeita hierarquia dos valores, a fim de assegurarmos um rumo certo à educação, nem deformando o conjunto, nem perturbando a harmonia de suas finalidades.
Nossa hierarquização começa por organizar essas finalidades. Tudo o que existe, existe em vista de um fim. Nas várias finalidades humanas, uma domina a todas e é, por isso mesmo, o motivo primeiro e último da existência. Todos os fins particulares, importantes que sejam, devem subordinar-se e servir a este último fim, cuja consecução há de ser a maior preocupação da vida, o seu verdadeiro ideal. Isto é de tal modo vital que a vida só tem sentido em vista deste fim: perdido ele, tudo perdido; ele alcançado, tudo feito, embora possamos e devamos procurar atingir também outros fins, que sempre serão secundários.
17. Conseqüências pedagógicas
A salvação da alma domina e canaliza tudo. Fazemos a cultura física; mas achamos a inteligência melhor do que a força, o sábio superior ao animal perfeito de Spencer. Fazemos a cultura intelectual; mas achamos o dever maior do que a ciência: o caráter vale mais do que o saber.
Fazemos a cultura moral, porque achamos que o homem só é homem quando sabe dominar os instintos e, senhor de si, age em função de suas finalidades morais; mas preferimos o santo, o homem que, sem desprezar o corpo nem a inteligência, orienta tudo para a vida moral e a vida moral para Deus, vivendo no amor de Deus, que é a graça santificante. Entre a força, a ciência, o dever e a graça, temos uma preferência, que não é exclusão. Entre o atleta, o sábio, o homem de caráter e o santo, sabemos escolher. Mas, como na vida, o corpo, a inteligência, a vontade e a graça devem conviver no mesmo indivíduo, sem separações impossíveis, mas na unidade do mesmo ser, para nós o ideal é reunir a tríplice cultura humana, doirando-a com a graça divina.
Não desconhecemos os diferentes valores da vida; apenas sabemos organizá-los para atingir os cimos. Temos um fim último, eterno que, por isto, constitui toda a nossa felicidade e cuja perda é para nós a suprema desgraça. Nem por isso se desfazem os demais fins da vida. Pelo contrário, convergem e se orientam todos para ele.
*
Este, o verdadeiro conceito do homem e da vida. É por ele e nele que temos de educar. Neste rumo caminharemos; neste rumo faremos caminhar os que a Providência Divina confia a nossos cuidados. Podemos resumir nossa orientação educacional nesta síntese magistral:
“Cuidar do corpo para servir à alma; cuidar da inteligência para servir à vontade; cuidar da vontade para servir a Deus.”
Ou nesta fórmula mais rápida e mais forte:
“Tudo para a criança, e a criança para Deus.”
Fonte: A EDUCAÇÃO DOS FILHOS - Mons. ÁLVARO NEGROMONTE