IMPLANTAÇÃO DO DOCUMENTO 107 DA CNBB NA PARÓQUIA
“INICIAÇÃO À VIDA CRISTÔ:
Itinerário para formar discípulos missionários
INTRODUÇÃO
O Documento 107 – Iniciação à Vida Cristã – (a partir de agora mencionado pela sigla “IVC”) afirma que a resposta aos desafios da evangelização hoje, principalmente na transmissão da fé cristã, depende da renovação da consciência daqueles que atuam nas paróquias, em todas as pastorais, como participantes da ação catequética. Esta postura nova é que vai gerar a tão desejada pastoral orgânica, que só acontece quando há um objetivo comum para todas as pastorais: ser anunciador da Boa Nova através da postura missionária, acolhendo aqueles que atenderem ao chamado e desejaram fazer a experiência do encontro com Jesus.
A necessidade desta renovação pastoral se dá por conta da mudança dos interlocutores (as pessoas que procuram os sacramentos). Mudaram os valores, os modelos, as alegrias, as esperanças, as tristezas e alegrias das pessoas de hoje (IVC 51). Nos dias atuais [1] a prática religiosa não é mais uma tradição herdada da família [2], mas é uma escolha pessoal que é motivada, principalmente, pela atração que a comunidade cristã exerce sobre as pessoas (IVC 7).
Animados pela narrativa do encontro de Jesus com a Samaritana (ler com atenção no documento 107 -IVC – números 11 a 38) a Igreja é chamada a manter um diálogo com estes novos interlocutores. Devemos lembrar sempre que se o diálogo deve ter novas metodologias, a Boa Nova anunciada é a mesma.
Por isso o Documento 107 (IVC) afirma que não estamos partindo do zero. Há um passado que pode impulsionar-nos a buscar constantemente novos caminhos para que cheguemos a viver com autenticidade e zelo o seguimento de Jesus, a partilhar com Ele a missão de fazer acontecer o Reino no mundo de hoje, apesar das dificuldades encontradas [3] (IVC 39).
URGÊNCIA DE UM NOVO PROCESSO DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
Todos concordam que a realidade atual é complexa pela sua pluralidade. Por isso é preciso que nos esforcemos e, principalmente, nos deixemos ser revitalizados pelo impulso do Espírito Santo para que juntos, como Igreja, saibamos acolher o chamado para uma nova evangelização, marcada pelo ardor missionário (IVC 52). É preciso, tornar viva em nossa ação o apelo do Documento de Aparecida: “A Igreja necessita de uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por isso, é imperioso assegurar calorosos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atrativo testemunho de unidade para que o mundo creia” (DocAp 362).
Esta forte comoção é que ajudará a Igreja a ter novas disposições pastorais, que necessitam da perseverança, docilidade à voz do Espírito, sensibilidade aos sinais do nosso tempo, escolhas corajosas envolvidas pela paciência diante dos desafios impostos pelos novos modelos dos vários segmentos sociais (família, emprego, escola, saúde, etc.).
Os sinais do nosso tempo, lidos à luz da fé, exigem de nós humildade e atitude de acolhida, criatividade e capacidade de diálogo com o diferente. É preciso atender aos apelos do Papa Francisco: estarmos em constante movimento de saída, de gestação permanente, sem nos apegarmos a um único modelo e uniforme.
OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
É importante que nos conscientizemos de que os processos de iniciação que culminam na recepção do Batismo, Crisma e Eucaristia introduzem a pessoa no mistério de Cristo e da Igreja. Daí a necessidade de superar o isolamento atual entre os processos de catequização para o Batismo, a Crisma e a 1ª Eucaristia. Vistos separados, cada fase tem a aparência de ponto final. Para superar isto, a expressão “Iniciação à Vida Cristã” se refere tanto ao caminho catequético de cada fase preparatória aos sacramentos, quanto à relação entre os sacramentos que marcam a iniciação e a vida nova que deles nasce (IVC 124).
Olhando a prática da Igreja antiga, a missão de iniciar na fé coube à liturgia e à catequese. Ambas caminhavam de mãos dadas, intimamente unidas em um processo chamado de Iniciação à Vida Cristã, que tinha como centro a imersão no Mistério de Cristo e de sua Igreja. Tudo acontecia em um clima de espiritualidade, oração, celebrações e ritos, enfim num clima mistagógico (O que é clima mistagógico? Isso será explicado mais adiante). O segundo e mais longo tempo, o catecumenato, dentro do qual nasceu a catequese, passou a denominar todo o processo iniciático [4].
CATECUMENTATO: um caminho a ser percorrido
A inspiração catecumenal proposta pelo Magistério da Igreja é uma dinâmica, uma pedagogia, uma mística, que nos convida a entrar sempre mais no mistério do amor a Deus [5]. Esta entrada no amor divino é que marca a mística. A mística se concretiza no encontro com Deus e com o próximo. Diz o Papa Francisco: “cada vez que nos encontramos com um ser humano no amor, ficamos capazes de descobrir algo de novo sobre Deus” (EG 272 cf. IVC 56).
Para que este encontro aconteça e que também seja superado o esquema formal de fases separadas da catequese, é necessário reatar a parceria e união entre liturgia e catequese. É preciso redescobrir a liturgia como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo (IVC 74).
No espírito catecumenal, cada etapa do caminho catequético (Batismo, Crisma, Eucaristia) é visto como progressiva e não fechada uma à outra, mas aberta à seguinte em um crescimento dinâmico em busca da vivência cristã. Cada etapa deve ter o propósito de favorecer experiências que toquem as pessoas profundamente e as impulsionem à conversão. Este processo integralizado numa visão ampla de Iniciação à Vida Cristã levam os iniciantes a uma experiência de Deus sempre presente nos acontecimentos de sua vida pessoal e comunitária (IVC 79).
E aqui explicamos o que é o clima mistagógico. O clima mistagógico é um ambiente progressivo de introdução no mistério pascal de Cristo, vivido na experiência comunitária, quer sejam nas ações litúrgicas, bem como nas ações pastorais da comunidade. Daí a necessidade de que toda a comunidade cristã assuma a postura catecumenal. E ainda é necessária a profunda integração das celebrações litúrgicas e o aprofundamento dos sacramentos da iniciação à Vida Cristã (IVC 60).
A comunidade cristã tem um papel importante, ajudando os catecúmenos (catequizandos) pelo seu exemplo a obedecerem com maior generosidade aos apelos do Espírito Santo. A presença do Espírito Santo junto aos catecúmenos acontece pela presença testemunhal dos membros de todas as pastorais, acompanhando-os quando da inscrição ao processo, dando ouvidos e olhos durante o processo catecumenal (catequese propriamente dita) e amparo e motivação após a recepção dos sacramentos.
A VIVÊNCIA CRISTÃ: FRUTO DA INICIAÇÃO
O processo catecumenal cria gradual e progressiva revisão das atitudes, escolhas e comportamentos, convocando toda a comunidade a uma efetiva conversão da própria vida, de cada discípulo missionário, das pastorais e da própria participação nas celebrações litúrgicas. Tudo isso é que fará com que os cristãos, individualmente, em seus ambientes particulares, e unidos, como comunidade, nas específicas ações das pastorais, enfrentem as dificuldades e desafios que o mundo apresenta, tendo sempre como base a proposta do Senhor, centrado no espírito das bem aventuranças, nos mandamentos e na tarefa de edificar o Reino não só no interior do seu coração, mas também na história (IVC 134).
VIVÊNCIA DOS SACRAMENTOS:
O Batismo é a primeira entrada para a participação no mistério do Senhor e iniciação de um processo de identificação com Cristo. O Batizado é chamado de neófito (planta nova) [6], renascido em Cristo, nova criatura (IVC 98). A Crisma complementa a configuração do batizado com Cristo e encaminha-o para a participação na Eucaristia (IVC 130). Pela Crisma somos confirmados com o selo do Espírito Santo para celebrar o Pentecostes (IVC 131). Batismo e Crisma nos direcionam para a Eucaristia. Iniciados nos mistérios da Páscoa, podemos sentar à mesa da Eucaristia. Assim, a Eucaristia é o sacramento da plenitude, pois realiza plenamente o que os dois outros sacramentos (Batismo e Crisma) anunciam.
A Iniciação à Vida Cristã é graça transformadora que nos precede e nos cumula com os dons divinos do Pai, em Cristo, pelo Espírito Santo. Unidas, estas três preparações, vistas num único processo de Iniciação à Vida Cristã, se desenvolve dentro do dinamismo Trinitário, os três sacramentos numa unidade indissolúvel, que expressam a unidade da obra trinitária: Pelo Batismo assumimos a condição de filhos do Pai. Pela Crisma somos ungidos com a unção do Espírito Santo; Pela Eucaristia somos alimentados com o próprio Cristo, o Filho.
AS DIMENSÕES DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
- DIMENSÃO PESSOAL: A iniciação à Vida Cristã é a participação humana no diálogo da salvação, que gera vida nova atrelada à realidade divina. Essa vida nova, essa participação na natureza divina, constitui o núcleo e coração da Iniciação à Vida Cristã.
Na incorporação ao mistério pascal de Cristo, se vive a essência da Iniciação à Vida Cristã. O interlocutor (catecúmeno) é conduzido à dinâmica treva-luz, pecado-graça, escravidão-libertação, morte-vida, que vai se realizando através de vários momentos relevantes do processo catecumenal e prossegue ao longo de toda a sua vida.
DIMENSÃO COMUNITÁRIA: Para que o processo catecumenal seja eficaz é necessária à participação de toda a comunidade, pois é ela o rosto da Igreja a ser visto pelos catecúmenos.
Quem se aproxima da comunidade cristã precisa ser acolhido, ver o testemunho e sentir a responsabilidade dos cristãos face aos desafios pastorais. A iniciação dos chamados ao discipulado se dá pela comunidade e na comunidade cristã.
Por isso é necessária a conversão da comunidade cristã ao processo da Iniciação à Vida Cristã, que nada mais é que assumir o espírito missionário em todas as ações das pastorais. Assim, a comunidade poderá viver na prática e de modo adaptado o processo da Iniciação à Vida Cristã, inspirado no itinerário catecumenal proposto pelo RICA, envolvendo Bispos, Padres e leigos (as) em um caminho de formação de discípulos missionários.
DIMENSÃO MISSIONÁRIA: Não existe Iniciação à Vida Cristã sem abertura Missionária. O ponto de partida desta conversão missionária é sair, aproximar-se das pessoas e acolhê-las nas situações em que se encontram. A dinâmica da acolhida, portanto, dá a tônica a este primeiro tempo: o anúncio do querigma [7] (IVC 157). Ao anunciar a “Boa Nova”, a Igreja se torna querigmática e missionária e se torna peregrina, desinstalada, samaritana, misericordiosa, enfim, uma Igreja missionária.
É importante destacar que o querigma não é uma propaganda para dar visibilidade à Igreja. Não se pode tornar o querigma como anúncio de milagres ou só de progresso individual, sem compromisso comunitário. O importante é que o querigma desperte nas pessoas a prática da fraternal convivência e que desejem sempre ir perseverante no seguimento de Jesus. No coração do anúncio do querigma está Jesus Cristo, que provoca o despertar para a caridade.
Assim, pois, no centro do processo formativo e progressivo do catecumenato está Jesus Cristo, Filho único do Pai. Todos são chamados a fazerem a experiência do encontro com Jesus de Nazaré. É desta experiência marcante que nasce o testemunho capaz de contagiar os outros (IVC 155 cf. 1 Jo 1,1). O primeiro anúncio, pois, o convite às pessoas que nunca participaram da Igreja, ou o chamado àquelas que se distanciaram, é realizado por pessoas que fizeram a experiência do encontro com o Cristo e se tornaram discípulas missionárias, anunciadoras da Boa Nova. Não são pessoas perfeitas ou prontas à missão, mas são membros da comunidade que desejam que outros participem da mesma alegria que eles experenciaram (IVC 159).
A TOTALIDADE DAS DIMENSÕES: Em uma comunidade querigmática e missionária, a Iniciação à Vida Cristã assume um rosto evangelizador, que favorece a verdadeira experiência da fé. Promove o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo e insere o discípulo missionário na comunidade cristã, incentiva a sua participação na liturgia e no engajamento nas pastorais para a transformação da sociedade.
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ: mergulho no mistério de Deus
Tudo o que precisamos conhecer de Deus e seu mistério, encontramos na pessoa de Jesus. Nele “chave, centro e fim de toda a história humana”, se faz presente o mistério do Reino de Deus. Pelas palavras, vida e ação de Jesus Cristo, por sua doação na cruz e gloriosa ressurreição, é revelada ao mundo o amor e o projeto de salvação do Pai, que ama a todos, sem fazer distinção de ninguém. Para entrar neste mistério não há outro caminho senão o encontro pessoal com Cristo (IVC 87).
O encontro com Cristo se dá pela ação do Espírito Santo. É isso que faz a Igreja ser uma realidade plena da comunhão com o Espírito Santo (2 Cor 13,13), pois todos confessam Cristo como Senhor na força do Espírito (1 Cor 12,3). Daí a necessidade da pessoa ser incorporada à Igreja pelo Batismo, ser ungida pelo Espírito (Crisma cf 1 Jo 2,20) para que encontre o sentido verdadeiro da fé e possa ser agraciada com os diversos carismas, em vista da edificação comum (1 Cor 14,26). Por este processo, todos os cristãos são chamados a testemunhar Jesus Cristo, a participar ativamente da missão que Ele nos confiou e criar vida e comunhão na comunidade cristã para que ela seja fermento, sal e luz (IVC 101/102).
Através da Iniciação à Vida Cristã apresenta-se o mistério da Igreja, comunidade que, pela ação do Espírito Santo, vive e revela a presença do Ressuscitado através das suas ações sacramentais, que revelam o acontecimento transbordante da Páscoa do Senhor (IVC 93).
Acolhendo pessoas que desejam conhecer Jesus, a Igreja se torna mistagógica e materna, e assim volta o seu olhar para Maria, Mãe do Evangelho vivente. A Igreja aprende de Maria a ser próxima, carinhosa, solícita e presente em todas as ocasiões. Maria é aquela que lança luz sobre o processo da Iniciação à Vida Cristã (IVC 113). Maria é o modelo para a evangelização, para que a Igreja se torne a casa para muitos, uma mãe para todos os povos. Assim, seguindo o modelo mariano, a Igreja se torna instrumento que torna possível o nascimento de um mundo novo e de pessoas novas (IVC 114).
MUDANÇAS NECESSÁRIAS PARA – A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO CATECUMENAL NAS COMUNIDADES CRISTÃS
A implantação da Iniciação à Vida Cristã nas comunidades requer o cultivo da mística do encontro, fazendo com que as pessoas que nos procuram e, também aquelas que procuramos, a exemplo da mulher da Samaria sejam auxiliados não tanto a ouvirem e falarem sobre Deus, mas sim a ouvirem e falarem com Deus (Jo 4,25-26). Devemos dizer muitas coisas à pessoa que encontramos, mas falar muito mais a Deus por ela, do que a ela sobre Deus. É um convite à comunidade para que coloque em suas orações as pessoas que encontra pelo caminho (IVC 57).
Esta interação da comunidade com novas pessoas é que renova a consciência da comunidade cristã, que percebe que a formação não se dá por etapas separadas, mas que é uma ação formativa continuada, necessitada de solidariedade de todos continuamente. Descobrimos assim que a catequização não é um curso que termina em festa de formatura, nem se trata de mera devoção particular. Quem se insere na Igreja assume os compromissos da obra evangelizadora – não importa a idade – e é ajudado por todos os membros da comunidade cristã através da oração e da prática solidária (IVC 94).
É desta postura oracional da comunidade – que acontece no âmbito pessoal do cristão e nas celebrações comunitárias – que colocará os catecúmenos em solidária participação oracional particular e também com os cristãos que o acolheram nas celebrações litúrgicas. Do espírito oracional é que brotará o desejo missionário daqueles que se aproximaram da comunidade por conta da oração e do testemunho dos discípulos missionários. A este conjunto da oração e da ação é que chamamos também de atitude mistagógica (IVC 103).
Por isso estamos afirmando repetitivamente a importância entre o processo catequético e a liturgia. A liturgia é fonte inesgotável de formação do discípulo missionário. As celebrações, pela riqueza de suas palavras e ações, mensagens e sinais, podem ser consideradas como catequese em ato. Não somente os catecúmenos, mas todos os membros da comunidade precisam ser constantemente formados para a vida litúrgica. A Liturgia, com a riqueza do Ano Litúrgico, é ocasião privilegiada de formação continuada (IVC 182).
MUITO IMPORTANTE – Precisamos criar na Paróquia uma Coordenação Paroquial de Iniciação à Vida Cristã composta por membros das seguintes equipes:
- Batismo
- Crisma
- Eucaristia
- Pastoral dos Noivos (pois aqui está a decisão por uma vocação que necessitará de todo o aparato formativo cristão para que a nova família seja abençoada).
Esta coordenação deverá participar ativamente do Conselho da Pastoral Paroquial (CPP), junto com os Pastoralistas, articuladores da Paróquia e das Comunidades e os Coordenadores das Pastorais. Esta presença favorecerá que toda a paróquia seja envolvida pelo Espírito Catecumenal. O COMIPA deverá ser um braço forte de ajuda a coordenação da Iniciação à Vida Cristã (IVC 153).
O CONTEÚDO A SER TRANSMITIDO
- Fidelidade à Doutrina dos Apóstolos (Creio)
- Centralidade na Palavra de Deus, especialmente com a Leitura Orante da Palavra (História da Salvação).
- Inserção na comunidade, estabelecendo uma metodologia que favoreça o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo.
- Integração com a liturgia da comunidade e a interação entre fé e vida por meio de celebrações que permitam iniciar o candidato na dimensão celebrativa da Igreja.
- Metodologia interativa, com diálogos, vivências e troca de experiências, evitando estilo escolar.
- Iniciação à Vida de Oração Pessoal e Comunitária, desenvolvendo uma espiritualidade do cotidiano, uma espiritualidade capaz de perceber a presença de Deus em todos os setores da vida.
- Estímulo ao compromisso com a justiça e o serviço à caridade, propondo participação ativa e consciente na política, na cidadania, na opção preferencial pelos pobres e no cuidado com a criação.
- Visão global da pastoral, não deixando de lado nenhuma dimensão do trabalho proposto pela Igreja (ação social, vida familiar, diálogo ecumênico, vivência comunitária, missão, etc.) (IVC 167).
A METODOLOGIA DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
Devemos sempre enfatizar que a Paróquia nunca pode deixar de lembrar que a família é o primeiro ambiente da educação da fé. A família é chamada a ser o lugar de iniciação, onde se aprende a rezar e a viver os valores da fé. Aos pais cristãos cabe a primeira responsabilidade pela formação de seus filhos no seguimento de Jesus Cristo (IVC 199)
A Coordenação da Iniciação à Vida Cristã deve apresentar o itinerário de formação cristã para os familiares das crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos que participam do processo catequético. Convocá-las para este encontro pode ser uma ótima oportunidade para reforçar a fé das famílias e integrá-las à comunidade. Há que se ter o cuidado de valorizar os casais, mães, pais ou aqueles que cuidam dos catecúmenos neste encontro. Por isso é de grande ajuda a catequese familiar, enquanto método eficaz para formar os familiares dos catecúmenos e torná-los conscientes de sua missão como evangelizadores da sua própria família (IVC 202).
METAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ NA PARÓQUIA
- Oferecer formação Bíblico-Teológica de inspiração catecumenal para os membros das pastorais, particularmente para os membros das equipes do Batismo, Catequese, Crisma, Pastoral Familiar e Equipe de Liturgia.
- Refletir sobre o tema com os articuladores das comunidades, coordenadores das dimensões e das pastorais para que cada qual assuma o seu papel nesta implantação da nova consciência da ação pastoral paroquial inspirada no catecumenato.
- Formar os envolvidos na Iniciação à Vida Cristã, em vista dos Sacramentos da Iniciação (Batismo, Crisma. Eucaristia – e posterior compromisso com a vocação [Matrimônio]), promovendo a unidade e integração dos três sacramentos, que geralmente são considerados de modo desconexo e independente.
- Realizar a revisão do processo formativo de idosos, adultos, jovens, adolescentes e crianças para o Batismo, a Crisma e a Eucaristia, para evitar que a recepção destes sacramentos seja o ponto final da catequese, mas se torne um caminho do discipulado de Jesus Cristo.
- Priorizar a Iniciação à Vida Cristã com adultos e idosos, considerando as adaptações necessárias que garantam o processo adequado a cada situação.
- Apresentar uma proposta comum sobre a idade mais propícia para iniciar o itinerário catequético, especialmente com crianças e adolescentes, de acordo com a psicologia das idades.
- Organizar um novo tipo de preparação dos pais e padrinhos de Batismo e de Crisma, que contemple o processo catecumenal, segundo a proposta da Iniciação à Vida Cristã.
- Mostrar o compromisso que se assume em cada sacramento, na dimensão pessoal, comunitária e social.
- Organizar o planejamento da Iniciação à Vida Cristã, garantindo um calendário em vista dos objetivos a serem alcançados.
- Garantir recursos de fundo paroquial destinados ao desenvolvimento da Iniciação à Vida Cristã, particularmente para subsidiar a formação de pessoas e prover os materiais necessários (IVC 144).
Assumindo plenamente o processo de Iniciação à Vida Cristã, não estamos suprimindo o Batismo de crianças recém-nascidas em famílias que já têm vivência cristã e pedem o sacramento. Ao crescer, elas também serão evangelizadas de acordo com o procedimento da iniciação. Suas famílias, ao acompanhar o processo, poderão reafirmar seu compromisso de fé (IVC 243).
CONCLUSÃO
As propostas aqui apresentadas são portas abertas para que a Paróquia e suas comunidades encontrem inspiração para elaborar o seu próprio Projeto de Iniciação à Vida Cristã. É necessário, contudo, que se garanta uma visão orgânica – uma agenda pastoral construída de forma que todas as pastorais participem da formação dos catecúmenos (o Workshop Pastoral é um belo instrumento para a concretização da integração das pastorais no processo catequético e da integração das pessoas que participam das nossas celebrações, mas que estão ausentes das pastorais).
É URGENTE construirmos uma Igreja, casa da Iniciação Cristã. Para que isso aconteça é preciso:
- Formação para todos os membros da Paróquia:
- Pastoralistas
- Articuladores Paroquiais
- Articuladores das Comunidades
- Coordenadores das Pastorais
- Principalmente para os membros das equipes da Catequese, Crisma, 1ª Eucaristia, Pastoral Familiar e com especial atenção as EQUIPES DE LITURGIA, para que construam a agenda já prevendo as celebrações previstas no “RICA”.
- Compreensão da importância da importância da Iniciação à Vida Cristã como espaço privilegiado das Pastorais para conquistar novos membros.
- Valorização da Dimensão Litúrgica como espaço da Catequese em Ato.
- Promoção da Unidade dos Sacramentos – superação do isolamento que hoje existe entre a preparação para a recepção do Batismo, Crisma e 1ª Eucaristia.
- Articulação profunda entre o processo da Iniciação à Vida Cristã e a missão das comunidades da paróquia e na vida cristã nas pequenas comunidades, espaço privilegiado para conquistar membros que se inscrevam para a Iniciação à Vida Cristã (IVC 247).52– Abre-se um tempo oportuno para todos nós que deve ser vivido com paciência e perseverança para a sua implantação. Muitos ministérios e serviços serão renovados e outros surgirão. É a Igreja, movida pelo Espírito Santo, sempre a caminho (IVC 249).
Ao celebrarmos os 300 anos do encontro da imagem de Nsra. Aparecida, confiamos nossos esforços pastorais a ela, e com o Papa Francisco suplicamos:
Virgem Mãe Maria, alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga. Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós. Amém. Aleluia!
PONTOS IMPORTANTES DO DOCUMENTO 107 (IVC)
(n. 63) – Deixando-nos guiar pela dinâmica deste encontro de Jesus [com a Samaritana], queremos apresentar alguns elementos que a Igreja usou e que, hoje, inspiram nossa ação evangelizadora, a fim de nos tornarmos sempre mais uma Igreja casa da Iniciação à Vida Cristã.
(n. 66) – Os processos de Iniciação se fundamentam na Sagrada Escritura e na Liturgia, educam para a escuta da Palavra e a oração pessoal, mediante a leitura orante, evidenciando uma estreita relação entre Bíblia, catequese e liturgia.
. (n. 69) – A Iniciação à Vida Cristã é uma urgência que precisa ser assumida com decisão, coragem e criatividade. Ela renova a vida comunitária e desperta seu caráter missionário. Isso requer novas atitudes evangelizadoras e pastorais
(n. 71) – A família, como primeira e principal responsável da educação e formação dos seus filhos, assumia a formação inicial na fé, com as primeiras noções e orações da fé cristã e a vivência dos valores cristãos. A sociedade cristã e as grandes celebrações da Igreja ajudavam a manter um clima de tradição cristã.
(n. 75) – Há necessidade de envolver a comunidade inteira no processo da Iniciação à Vida Cristã e na formação continuada dos fiéis.
(n. 80, 81, 82) – O mergulho no mistério de Deus, que orienta todo o processo iniciático, possui caráter fortemente simbólico… Através do simbólico, pessoas se sentem comprometidas com o mistério profundo das coisas, das pessoas e do próprio Deus… Por sua natureza simbólica, o rito mexe com os sentimentos, envolve na comunidade e se repete fortalecendo o que já foi assumido… Símbolos e ritos realizam o encontro com Deus, ajudam a perceber a presença do mistério divino em todas as coisas.
(n 91) – A Iniciação à Vida Cristã é graça benevolente e transformadora, que nos precede e nos cumula com os dons divinos do Pai, em Cristo, pelo Espírito. Ela se desenvolve dentro do dinamismo trinitário: os três sacramentos da Iniciação, numa unidade indissolúvel, expressam a unidade da obra trinitária na iniciação cristã: no Batismo assumimos a condição de filhos do Pai, a Crisma nos unge com unção do Espírito e a Eucaristia nos alimenta com o próprio Cristo, o Filho.
(n. 112) – A ação do Espírito Santo faz, por meio da Iniciação à Vida Cristã, com que a Igreja se torne Mãe, geradora de filhos e filhas que à medida que vão sendo inseridos no mistério de Cristo, tornam-se, ao mesmo tempo, crentes, profetas, servidores e testemunhas.
(n. 113) – Mãe por excelência e sumamente amada pelo povo brasileiro, Maria é aquela que lança luz definitiva sobre o processo de Iniciação à Vida Cristã que propomos, pois, “durante muitos anos, permaneceu na intimidade com o mistério do seu Filho, e avançou no seu itinerário de fé”.
[1] Vivemos uma mudança de época cujo nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus; “aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século… Que excluem Deus de seu horizonte, falsificam o conceito da realidade e só podem terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa são reconhecidas. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários e propõe uma radical transformação do tempo e do espaço, dando um papel primordial à imaginação. Os fenômenos sociais, econômicos e tecnológicos estão na base da profunda vivência do tempo, ao que se concebe fixado no próprio presente, trazendo concepções de inconsistência e instabilidade. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e, muitas vezes, arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte.(DAp 44)
[2] Nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no passado. Isso afeta, inclusive, esse núcleo mais profundo de cada cultura, constituído pela experiência religiosa, que parece agora igualmente difícil de ser transmitido através da educação e da beleza das expressões culturais, alcançando inclusive a própria família que, como lugar do diálogo e da solidariedade inter-geracional, havia sido um dos veículos mais importantes da transmissão da fé. Os meios de comunicação invadiram todos os espaços e todas as conversas, introduzindo-se também na intimidade do lar. Ao lado da sabedoria das tradições, em competição, localizam-se agora a informação de último minuto, a distração, o entretenimento, as imagens dos vencedores que souberam usar a seu favor as ferramentas tecnológicas e as expectativas de prestígio e estima social. Isso faz com que as pessoas busquem denodadamente uma experiência de sentido que preencha as exigências de sua vocação, ali onde nunca poderão encontrá-la. (DAp 39)
[3] As grandes dificuldades catequéticas no Brasil aconteceram por conta do sistema do padroado (interferência do império nas atividades da Igreja e até mesmo na nomeação de padres ou Bispos). Quem promovia, de fato, um projeto catequético eram os missionários (dentre estes os Jesuítas e Franciscanos), mas que foram expulsos do país por discordarem de algumas atitudes do império, como a escravidão dos índios e posteriormente a dos africanos. Sem os missionários, a transmissão da fé se fazia, principalmente, por meio da piedade popular (romarias, novenas, promessas, devoção dos santos, irmandades). Até mesmo as ricas reflexões do Concílio de Trento não chegaram ao Brasil. Somente no início do século XX é que foram publicados os Catecismos da Doutrina Cristã, que influenciaram a catequese nas terras brasileiras até o Concílio Vaticano II (ICV 73). É claro pensarmos que o estilo da religiosidade popular foi o meio encontrado para aquela época. Mas hoje, o mundo tornou-se diferente, exigindo novos processos para a transmissão da fé e para o discipulado missionário (IVC 46).
[2] Nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no passado. Isso afeta, inclusive, esse núcleo mais profundo de cada cultura, constituído pela experiência religiosa, que parece agora igualmente difícil de ser transmitido através da educação e da beleza das expressões culturais, alcançando inclusive a própria família que, como lugar do diálogo e da solidariedade inter-geracional, havia sido um dos veículos mais importantes da transmissão da fé. Os meios de comunicação invadiram todos os espaços e todas as conversas, introduzindo-se também na intimidade do lar. Ao lado da sabedoria das tradições, em competição, localizam-se agora a informação de último minuto, a distração, o entretenimento, as imagens dos vencedores que souberam usar a seu favor as ferramentas tecnológicas e as expectativas de prestígio e estima social. Isso faz com que as pessoas busquem denodadamente uma experiência de sentido que preencha as exigências de sua vocação, ali onde nunca poderão encontrá-la. (DAp 39)
[3] As grandes dificuldades catequéticas no Brasil aconteceram por conta do sistema do padroado (interferência do império nas atividades da Igreja e até mesmo na nomeação de padres ou Bispos). Quem promovia, de fato, um projeto catequético eram os missionários (dentre estes os Jesuítas e Franciscanos), mas que foram expulsos do país por discordarem de algumas atitudes do império, como a escravidão dos índios e posteriormente a dos africanos. Sem os missionários, a transmissão da fé se fazia, principalmente, por meio da piedade popular (romarias, novenas, promessas, devoção dos santos, irmandades). Até mesmo as ricas reflexões do Concílio de Trento não chegaram ao Brasil. Somente no início do século XX é que foram publicados os Catecismos da Doutrina Cristã, que influenciaram a catequese nas terras brasileiras até o Concílio Vaticano II (ICV 73). É claro pensarmos que o estilo da religiosidade popular foi o meio encontrado para aquela época. Mas hoje, o mundo tornou-se diferente, exigindo novos processos para a transmissão da fé e para o discipulado missionário (IVC 46).
[4] O RICA (Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos) – uma cópia será entregue para cada grupo das diversas fases da Iniciação Cristã – não é um livro de conteúdo doutrinal a ser transmitido, mas sim um livro litúrgico com ritos, orações e celebrações. Entretanto, esse livro dá uma visão inspiradora de uma catequese que realmente envolva a pessoa no seguimento de Jesus, a serviço do Reino, expresso na vivência dos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia (IVC 119).
[5] Já em 1965 o Concílio Vaticano II propunha uma revisão teológica e pastoral da Iniciação da Vida Cristã em vistas dos novos tempos, a partir do espírito do catecumenato.
[6] Os padres da Igreja compreendem que, na categoria de neófitos, estão não apenas os recém-batizados, mas todos os fiéis. Compreendem eles que a graça da fé e a conversão pessoal ao seguimento de Cristo pertencem a uma dinâmica que percorre toda a nossa vida, o que faz com que sempre sejamos neófitos (IVC 99).
[7] Querigma é o anúncio da vida, morte e ressurreição de Cristo. Por meio de Cristo se realiza a plena e autêntica libertação do mal, do pecado e da morte. Em Cristo Deus dá a vida nova, divina e eterna. É esta a Boa Nova que muda a pessoa e a história da humanidade e que todos os povos têm o direito a conhecer.