Pular para o conteúdo principal

O SILÊNCIO DA ESFINGE



O SILÊNCIO DA ESFINGE

ORIGINAL ANGELITA SOARES

 

 

NARRADOR: O olhar firme do famoso professor acadêmico Alexandre Macedo tornava-se carregado, em mais uma discussão com o seu mais brilhante aluno.

 

PROFESSOR: Só a razão explica o mundo, Hipólito, só a razão, a lógica e a Ciência são os pilares de todo o conhecimento. Só pode ser conhecido o que pode ser observado e mensurado...

 

ALUNO: A razão pode explicar algumas coisas, mas não explica tudo, muito menos as grandes questões como os limites entre a vida e a morte, a finitude e a infinitude, a essência, a Imanência e a Transcendência... De onde viemos, para onde vamos... As aspirações da alma e do espírito...

 

NAR:Diante dessas palavras, o rosto do professor se torna irônico, enquanto a voz soa irritada:      


PROFESSOR: Lá vem você, outra vez, com essas questões intangíveis entre alma e espírito. A vida é uma só, ninguém, até hoje, pôde provar cientificamente que existe algo além dela...Além disso, tudo isso são abstrações, devaneios daqueles que renegam a razão...Por que não entende isso???

 

ALUNO: E a Filosofia?As artes? As religiões??Isso também é conhecimento, mas o senhor só considera verdadeiro o que pode ver...

 

NARRADOR: A voz do professor se torna impaciente. Não entendia como uma mente tão sagaz podia preocupar-se com questões tão pueris...

 

PROFESSOR: Filosofia!!Pura especulação de mentes ociosas! Religião!Armadilha para os tolos e incautos!!!Artes!!Subterfúgios para desajustados!!Nada é mais importante do que a razão que tudo observa, tudo vê e tudo pondera...!!!

 

NARRADOR:Hipólito olha, cansado, para seu mentor. Aquelas discussões nunca tinham vencedores, talvez, nunca tivessem.Ele só queria que o mestre fosse mais aberto e menos radical em suas opiniões deterministas...

 

ALUNO:Você exagera, professor, mas espero que,para o nosso bem, esteja certo.Não terei vergonha em assumir meu erro, se for preciso...

 

NARRADOR:Dois anos se passaram, após essa conversa, e mestre e pupilo seguiram caminhos diferentes.No consultório, o médico olha, compadecido, para o homem sábio, mas envelhecido e enfraquecido á sua frente.

 

MÉDICO: Temo que sua doença esteja em fase terminal, Alexandre.Os tratamentos alternativos resolveram muito pouco; seu corpo já está se atrofiando, rapidamente. Infelizmente, essa doença irá paralisar seu corpo inteiro, até que seu cérebro morra, com ele...

 

NARRADOR:Dois meses depois, no hospital, entre dores e gemidos de agonia, o velho professor recebe uma estranha visita.Sob um manto de franciscano, ele observa dois olhos inteligentes e compassivos fitando-o, com um sorriso terno, enquanto duas mãos fortes e jovens apertam, carinhosamente, seus dedos enrijecidos.O discípulo tinha, finalmente, superado o mestre.

 
OBS:ESSE TEXTO FOI CEDIDO AO GRUPO TRANSCENDENTAL DE ARTE E CULTURA(GTAC)

Postagens mais visitadas deste blog

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo...

O EXÍLIO BABILÔNICO

Introdução O exílio marcou profundamente o povo de Israel, embora sua duração fosse relativamente pequena. De 587 a 538 a E.C., Israel não conhecerá mais independência. O reino do Norte já havia desaparecido em 722 a.E.C. com a destruição da capital, Samaria. E a maior parte da população dispersou-se entre outros povos dominados pela Assíria, o reino do Sul também terminará tragicamente em 587 a.E.C. com a destruição da capital Jerusalém, e parte da população será deportada para a Babilônia. Tanto os que permaneceram em Judá como os que partirem para o exílio carregaram a imagem de uma cidade destruída e das instituições desfeitas: o Templo, o Culto, a Monarquia, a Classe Sacerdotal. Uns e outros, de forma diversa, viveram a experiência da dor, da saudade, da indignação, e a consciência de culpa pela catástrofe que se abateu sobre o reino de Judá. Os escritos que surgiram em Judá no período do exílio revelam a intensidade do sofrimento e da desolação que o povo viveu. ...

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

NOSSA SENHORA da Santa Conceição Aparecida é o título completo que a Igreja dedicou à esta especial devoção brasileira à Santíssima Vigem Maria. Sua festa é celebrada em 12 de outubro. “Nossa Senhora Aparecida” é a diletíssima Padroeira do Brasil. Por que “Aparecida”? Tanto no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida quanto no Arquivo Romano da Companhia de Jesus constam os registros históricos da origem da imagem de Nossa Senhora, cunhada "Aparecida". A história foi registrada pelo Pe. José Alves Vilela em 1743, e confirmada pelo Pe. João de Morais e Aguiar em 1757. A história se inicia em meados de 1717, por ocasião da passagem do Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, pela povoação de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica (atual Ouro Preto, MG). Os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves foram convocados a providenciar um bom pescado para recepcionar o Conde, e partiram a l...