Por Padre Peter R. Scott, FSSPX
Traduzido por Andrea Patrícia
Ainda pode-se afirmar que a esposa deve ser submissa ao seu marido, dadas as mudanças na sociedade moderna?
A devida submissão da esposa ao seu marido pode ser considerada em dois planos diferentes:
• Em primeiro lugar no da lei natural, homem e mulher tendo cada um funções profundamente diferentes no bloco de construção da sociedade que é a família;
• E em segundo lugar no plano sobrenatural.
Esta segunda perspectiva é de longe a mais importante, e ilumina toda a vida de casado. Porque a submissão de uma esposa ao marido é totalmente clara na lei natural a qualquer mulher que não tenha sido contaminada pelos princípios do liberalismo rebelde, que é confirmada explicitamente no Novo Testamento. São Paulo, no quinto capítulo de sua epístola aos Efésios, estabelece os princípios. O marido tem, em virtude do sacramento do matrimônio, sempre de imitar a Cristo no seu amor pela Igreja, e a mulher tem sempre, em virtude do mesmo sacramento, que imitar a Igreja no seu amor por Cristo. Assim, o homem é realmente a cabeça de sua esposa, e tem o dever de assumir a liderança, enquanto que a mulher deve se esforçar para ser o coração respondendo e dependendo da cabeça.
O Papa Leão XIII trata dessa questão explicitamente na sua Encíclica Arcanum Divinae Sapientiae de 10 de fevereiro de 1880:
O marido é o chefe da família, e a cabeça da mulher. A mulher, porque ela é carne da sua carne e osso dos seus ossos, deve ser sujeita a seu marido e obedecer-lhe: Não na verdade como uma serva, mas como uma companheira, de modo que sua obediência não deve faltar nem em honra nem em dignidade. Desde que o marido representa Cristo, e desde que a mulher representa a Igreja, que haja sempre, tanto nele que comanda quanto nela que obedece, um amor nascido do Céu a guiá-los em suas respectivas funções. Pois “o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja … Assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam a seus maridos em todas as coisas” (Ef 5,23 -24) (Matrimony, Papal Teachings, pelos monges de Solesmes, p. 141).
Uma vez que a natureza do homem não pode mudar, nem pode a lei natural, e uma vez que a revelação divina foi completada com a morte do último dos apóstolos, isso não pode mudar no plano sobrenatural também. A fim de resistir à corrupção da natureza e dos dons sobrenaturais de Deus, maridos e esposas precisam se lembrar que eles não pertencem a este mundo, caso contrário, o liberalismo moderno de hoje terá sucesso em destruir a família. Os maridos, conseqüentemente, assumem a responsabilidade e a liderança mesmo quando se sentem inadequados, e as esposas terão prazer em negar sua própria vontade e obedecer a seus maridos.
É essa autoridade de um homem sobre sua mulher (não dos homens sobre as mulheres), que os liberais detestam, e que, infelizmente, o Papa João Paulo II lutou contra com base nos falsos direitos do homem. Em sua análise da mudança do ensinamento, o autor Luigi Accattoli não hesita em afirmar (com aprovação) que o papa “corrige o ensinamento de São Paulo” (When a Pope Asks Forgiveness [Quando um Papa pede perdão], Alba House, pg.105-108, 1998).
No que diz respeito à natureza radicalmente feminista da afirmação da igualdade de marido e mulher no casamento, basta citar algumas passagens do autor acima, que são baseadas na Encíclica do papa Mulieris Dignitatem, de setembro de 1988:
“O mais ousado toque também é encontrado em Mulieris Dignitatem, que contém um resumo das referências bíblicas para as mulheres individuais e até mesmo corrige dois mil anos de interpretação das passagens de São Paulo, que descrevem o homem como a “cabeça” da mulher. Ele até corrige São Paulo – ou o que é baseado na antiguidade de seus escritos – quando ele afirma: “Todas as razões a favor da submissão da mulher ao homem no casamento devem ser entendidas no sentido de uma submissão recíproca de ambos no temor de Cristo”.” (Ibid., citando Mulieris Dignitatem 9; 24).
Accattoli é certamente preciso em apontar que esta é uma transformação radical no ensino da Igreja. Ninguém poderia duvidar de que a letra e o sentido de São Paulo são de uma submissão unilateral, e que o papa, reinterpretando-a como uma “submissão mútua” tanto esvazia o texto de todos os sentidos quanto vai diretamente contra a revelação divina por causa de seus princípios humanísticos e falsos sobre a igualdade e a dignidade do homem.
Esposas verdadeiramente femininas, conseqüentemente, abominam esta perversão feminina da Verdade Católica, e praticam a submissão e a obediência que tanto a natureza quanto a graça as inclinam a praticar.