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Humildade



No dia 8 de março de 1790, ao cair da noite, um pobre sacerdote apresentou-se no Castelo de Vivarais, pedindo, humildemente, pousada.

Os donos do castelo aguardavam, precisamente naquele dia, a visita do arcebispo de Viena com sua comitiva, razão por que todos os aposentos já estavam reservados.

Ordenou, pois, o dono do castelo que os pajens recebessem o desconhecido e o alojassem num dos alpendres junto às cavalariças.

Alguns momentos depois chegaram ao grande solar os ilustres vigários que constituíam a comitiva do prelado, Recebidos pelo fidalgo no grande salão admiraram-se da ausência do arcebispo e perguntaram:

- E Sua Excelência, onde está?

- Sua Excelência? – exclamou o senhor de Vivarais – ainda não nos deu a honra de aparecer por cá.

- Não é possível – tornou um dos padres – não é possível. A comitiva foi obrigada a retardar um pouco a partida e ele tomou-lhe a dianteira. Já devia, pois, ter chegado aqui.

Insistiu o nobre em afirmar que no castelo o arcebispo de Viena ainda não havia aparecido. E dirigindo-se aos membros da comitiva ajuntou:

- Quem sabe se um religioso chagado há pouco pode dar-nos notícias de Sua Excelência?

- Quem é esse religioso? – perguntaram.

- Um pobre que muito humilde nos bateu à porta a pedir que o agasalhássemos por caridade.

- É ele! – conclamaram os vigários. – É o arcebispo!

Com efeito. O pobre recebido, por caridade, no alpendre do suntuoso castelo era, precisamente, o grande Daivan, arcebispo de Viena.

A santidade não consiste nessa ou naquela prática, mas sim numa disposição do coração que nos torna humildes e pequeninos nos braços de Deus, cônscios de nossa fraqueza e confiantes, até à ousadia, na sua paternal bondade.

Para caminharmos, com segurança, nesta vida é preciso que sigamos sempre entre o temor e a esperança; entre o temor do Juízo de Deus, que são abismos impenetráveis, e a esperança da Sua Misericórdia, que é sem número e sem medida e ultrapassa todas as Suas Obras. É preciso que temamos os seus Divinos Juízos, mas sem desfalecimento, animando-os à vista da sua Misericórdia, mas sem presunção.

Autor: D. “Lendas do Céu e da Terra”

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