Pular para o conteúdo principal

Disposições com que se deve assistir à Santa Missa

"Não sejais motivo de Escândalo,nem para os Judeus, nem para os Gentios,nem para a Igreja de Deus"(1 Cor. 10, 32).

"Digamos agora quais são as disposições, com que se deve assistir à Santa Missa, e qual é o modo de ouvi-la. Basta atender ao pouco que fica dito do Sacrifício da Missa para qualquer cristão conhecer as disposições, que deve ter para assistir à Santa Missa, de modo que honre Deus, e consiga utilidade para sua alma. Temos dito que o Sacrifício da Missa é o mesmo que o da Cruz. Se nós, pois (instruídos dos Mistérios de Jesus Cristo), estivéssemos presente no Calvário, e aí víssemos a Cristo pregado na Cruz, padecendo dores, e tormentos indizíveis, derramando o seu precioso Sangue pelas inumeráveis Chagas do seu Corpo, e entre lágrimas, suspiros, e clamores, que enviava a seu Eterno Pai, espirar para consumar o seu Sacrifício, se nós digo, presenciássemos tudo isto, quais seriam os nossos sentimentos, e os nossos afetos?



Deixaríamos de ser penetrados de piedade, compaixão, e ternura para com Jesus Cristo, que assim nos amava e padecia por nós?

Deixaríamos de amá-Lo, e adorá-Lo como nosso Deus e Salvador, e de agradecer-Lhe tão estupendo benefício?

Deixaríamos de compungir-nos e arrepender-nos de nossos pecados, pelos quais Jesus Cristo padecia e morria?

Deixáramos de oferecer-nos inteiramente a Deus, em Cristo e por Cristo, e de pedir-Lhe o perdão pelos merecimentos de seu Filho expirando na Cruz, esperando consegui-lo por Ele?

Em fim, deixaríamos de mostrar até no nosso exterior modéstia, devoção e compunção?

Pois eis aqui os sentimentos e afetos de que devemos estar animados quando assistimos ao tremendo, e adorável Sacrifício da Missa.

... o Concílio de Trento nos ensina, que para conseguirmos de Deus misericórdia mediante a oblação do Sacrifício da Missa, devemos apresentar-nos a Ele com Fé, Temor, Reverência, contritos e penitentes; e em outro lugar (Sess. 22. Dect. de Observandis) nos diz e ordena, que não se celebre este Sacrifício, se os que assistem a Ele não manifestam pelo seu exterior composto, que eles estão presentes não só com o corpo, mas também com o espírito, e com devoto afeto do coração. Concluamos, pois, que para bem ouvir e assistir ao Sacrifício da Missa são necessárias disposições interiores e exteriores; as interiores são:

1ª) Uma Fé reta e sincera, que nos faz crer, e que de algum modo nos descobre os grandes Mistérios, que se encerram neste Divino Sacrifício;

2ª) o Temor à vista dos nossos pecados, e ao mesmo tempo a Confiança à vista de Jesus Cristo, que se oferece por nós ao Eterno Pai;

3ª) a Reverência e o Respeito a esta Divina Oblação, o respeito a Deus Padre, e que a Igreja o oferece pelo seu Ministro; e juntamente com Cristo e por Cristo, a Igreja e cada um dos cristãos se oferece a Deus para aplacá-Lo, e para obter a sua misericórdia;

4ª) a detestação, o arrependimento e a dor dos nossos pecados, com os quais ofendemos a Deus, e para expiação dos quais Cristo se oferece;

5ª) o desejo de unir-nos à intenção da Igreja na oblação deste Sacrifício, que é oferecido em nome de todos. A Igreja oferece a Santa Missa, para adorar e honrar a Deus com o Culto Supremo que Lhe é devido; para pedir e obter de Deus o perdão e a expiação dos pecados; e para impetrar graças de benefícios, etc.; esta deve ser a mesma intenção dos que assistem à Santa Missa;

6ª) em fim, a atenção, a devoção e o interior recolhimento.

As disposições exteriores são estas:

1ª) A decente e modesta compostura nos vestidos;

2ª) o silêncio e modéstia;

3ª) uma postura que indique respeito, devoção e humildade.

Estas são em suma as disposições com que se deve assistir ao Santo Sacrifício da Missa. Daqui devemos inferir com o Catecismo de Montpelier (Part. III, Sec. II, Caps. 7, 9, 20), que não ouvem bem a Santa Missa, e que pecam contra a Reverência devida ao Divino Sacrifício: 1º) Os que a Ele assistem de um modo escandaloso, com as suas imodestas distrações, com posturas indecentes, com conversas pouco edificantes (e talvez indecorosas) e com enfeites totalmente profanos (e descompostos; o que por desgraça se vê em muitas igrejas) mostram que não tem algum sentimento de Religião; 2º) os que se achando em pecado mortal assistem à Santa Missa sem algum afeto à penitência e sem algum desejo de se converter. Segundo a presente Disciplina, não há lei alguma da Igreja que proíba aos pecadores (à exceção dos excomungados) assistirem ao Santo Sacrifício da Missa; eles, pois, devem assistir a Ela nos Domingos e Dias Santos: a Igreja obrigando os pecadores a assistir a Santa Missa, pretende que eles o façam com sentimentos de Fé, de Humildade e de Compunção, para moverem a Deus a que lhes conceda o Dom da Penitência e da inteira conversão, que eles devem desejar e procurar..."
("Manual das Missões e Devocionário Popular", por um Presbítero da Congregação da Missão, pp. 45-48, Ed. Cat. Benziger & C., Einsiedeln (Suíça), 1908).

"Terminando, reprovamos ainda outro deplorável abuso: o das senhoras e moças que vão à Missa vestidas à última Moda, às vezes bastante indecente para lugar tão Santo. Estas pessoas não medem a imensa dívida que contraem para com Deus. Jesus Cristo, do alto da Cruz, parece dizer-lhes: 'Vê, minha filha, estou atado a este lenho, inundado de Sangue, coberto de Chagas, para pagar o escândalo de teus trajes inconvenientes. Tu, por ironia cruel, apareces aqui ostentando tua elegância; não te envergonhas de mostrar-te a Meus olhos nesse estado em que escandalizas meus fiéis? Toma cuidado para que teu luxo e tua vaidade não te lancem ao fogo do Inferno!' A garridice, o luxo é como um archote que acende desejos ilícitos até no coração dos justos; que fogo não acenderá nos levianos e impuros! As pessoas adornadas com tanto cuidado são sempre perigosas: desviam do altar a atenção dos homens e são a causa de distrações e pensamentos criminosos. Quem prepara o veneno comete um pecado mortal, mesmo que não o tome aquele a quem é destinado; o mesmo acontece com estas pessoas: pecam pelo único fato de expor os outros à tentação. Sua falta é ainda mais escandalosa, quando assim se apresentam na Santa Missa. Como responderão por suas vítimas no dia do Juízo? Acrescenta a isso que são uma ocasião de pecado para outras senhoras, a quem servem de figurinos de imitação"
(Ven. Pe. Martinho de Cochem, "Explicação da Santa Missa", Cap. XXX, pp. 332-333, 2ª edição, Typ. de S. Francisco, Bahía, 1914). Clique aqui para baixar o PDF.

Retirado do livro "Reminiscências sobre a Modéstia no Vestir". Não encontrei o nome do autor, nem mesmo o livro. Se alguém souber e fizer a caridade de informar, ficaremos gratos.

FONTE: http://resistenciacatolica.blogspot.com.br/2013/05/disposicoes-com-que-se-deve-assistir.html

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo