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1 de Outubro - São Remígio, Bispo e Confessor






São Rémy ou Remígio, era um cidadão romano, nascido no ano 440, em Lyon, França de nobre família galo-romana. Desde muito cedo, sua inteligência e uma especial facilidade para a oratória despertaram a admiração de seus mestres e condiscípulos. A fama de sua eloquência espalhou-se a tal ponto que, em 459, quando o Bispo de Reims faleceu, foi ele escolhido para substituí-lo.


A atuação desse jovem de apenas 22 anos à frente de tão importante sé episcopal revelou, em pouco tempo, o acertado da escolha. "São Remígio era um Bispo de uma ciência notável e primeiro tinha se impregnado do estudo da retórica, mas de tal maneira se distinguia também pela santidade, que se igualava a Silvestre nos milagres"3 - descreve São Gregório de Tours em sua célebre Historia Francorum.




Expansão do Império Romano do Ocidente pela Gália, como era chamado o território francês. Naquela época, a região, que era toda pagã e constantemente assolada por sucessivas invasões dos bárbaros, vinha sendo governada pelo povo franco, mais tarde conhecido como francês. Embora menos evoluídos que os outros povos, eram conhecidos por serem grandes combatentes. Além disso, já haviam prestado serviços militares a Roma no passado.

Ao morrer o seu líder, rei Childerico, em 482, assumiu o trono seu filho Clóvis, com quinze anos de idade. Remígio, como bispo católico que era da diocese de Reims, escreveu-lhe muitas cartas respeitosas e, ao mesmo tempo, dotadas de autoridade: "Vigiai, pois os poderosos não tiram os olhos de ti. Aconselha-te com seus bispos. Divirta-se com os jovens, mas só com os velhos delibere". Apesar de adverti-lo, também demonstrava o reconhecimento de sua soberania e, assim, ganhou a confiança do jovem rei. Tornou-se seu precioso ajudante e conselheiro. Além disso, Remígio também era importante, politicamente, ao reinado de Clóvis, pois trazia consigo o apoio de todos os demais bispos e dos outros grupos de camponeses galo-romanos já convertidos.

Munido desse apoio, Clóvis venceu a batalha contra os bárbaros visigodos pelo controle de toda a região, dando início à dinastia dos merovíngios. O rei Clóvis, apoiado por sua mulher, Clotilde, que já era uma fervorosa católica, depois canonizada pela Igreja, converteu-se à fé cristã por orientação espiritual de Remígio, sendo por este batizado. Na oportunidade, toda a Corte se converteu e recebeu o mesmo sacramento ao lado do seu soberano, que, instruído na doutrina cristã pelo bispo Remígio, institui-a de vez nos seus domínios. A cerimônia transcorreu com a maior solenidade possível. Nela, três mil francos, sem contar as mulheres e as crianças, receberam o Batismo junto com o Rei. Entre eles estavam sua irmã, a princesa Albofleda, e o pequeno Thierry, nascido do primeiro matrimônio de Clóvis. Como Simeão, Remígio por fim podia cantar: "Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz..." (Lc 2, 29).

Foram muitos os atos deste rei convertido que revelaram sua religiosidade autêntica, dotada da caridade cristã. Porém o mérito deve ser dado ao bispo Remígio, pois foi o resultado do seu árduo e ininterrupto trabalho de evangelização que fortaleceu os alicerces do catolicismo no território francês. O bispo Remígio de Reims ensinou não apenas aos reis e príncipes, mas também aos camponeses e a todos os súditos do novo reinado.

Depois de sua morte, em 13 de janeiro de 533, na sua sede episcopal de Reims, Remígio foi aclamado pela população como santo.





São Remígio, rogai por nós.

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