Pular para o conteúdo principal

Viver a Dois



É uma manhã fria de inverno e o ponto do ônibus está abarrotado de gente. Apesar da multidão, Marcelo não vê as pessoas. O seu corpo está ali, mas a sua mente vagueia sem rumo pelos campos minados dos conflitos com a esposa. Acha que não consegue resistir mais. Há tempo, crê que talvez a separação seja a única saída, mas o seu ser completo se estremece só em pensar na possibilidade de viver sem ela. Marcelo ama a sua esposa com todas as suas forças e é justamente esse sentimento que o deixa perplexo. Não entende por que, duas pessoas que se amam tanto, não conseguem viver em harmonia.
O conflito de hoje, por exemplo, começou porque não havia leite para o desjejum.
__Eu disse ontem à noite para você comprar o leite - reclamou ela, quase aos gritos.
__E por que em lugar de me pedir, você mesma não comprou? – respondeu ele no mesmo tom.
Tudo começou assim!... Depois falaram coisas terríveis um ao outro, lembraram erros do passado e, finalmente, ele saiu de casa batendo a porta, sem se despedir. Ela ficou aos prantos, com o coração partido e, pensando também que a relação entre eles estava por um fio.
Por que pessoas que se amam, discutem até chegar a esse ponto? O que existe de incoerente no coração humano, que o leva a fazer aquilo que machuca a pessoa amada?
O apóstolo Pedro, escrevendo aos casais, em sua primeira epístola, diz: “Finalmente, que todos vocês tenham o mesmo modo de pensar e de sentir. Amem uns aos outros e sejam educados e humildes uns com os outros.” 1 Pedro 3:8.
Este conselho inspirado parece uma meta distante ou quase impossível de ser alcançada, pelo menos para Marcelo e sua jovem esposa. Eles ignoram que o casamento é a única escola onde você se matricula, mas nunca chega a se formar. A vida a dois é um constante aprendizado. Mas para aprender, primeiro você precisa aceitar o fato de que não sabe. E, depois, entra em ação a “humildade” que Pedro menciona. Humildade significa renunciar a triste ideia de que você sempre tem a razão. Esse é o primeiro passo na solução das dificuldades que a vida apresenta.
Há muita gente que se afunda cada vez mais nos conflitos com o seu cônjuge, porque não consegue distinguir os problemas dos conflitos. A vida é uma permanente solução de problemas. Desde que a pessoa se levanta, pela manhã, até que se deita, à noite, está solucionando problemas. A cada hora, a cada minuto. Não existe vida sem problemas. Mas os problemas não são cataclismos destruidores e, sim, desafios para o crescimento. Um problema mal resolvido, no entanto, pode transformar-se em conflito, e conflitos podem ser fatais.
O conflito nasce pela incapacidade de se resolver um problema. O conselho de Pedro é: “Tenham o mesmo modo de pensar e de sentir.” Isso ninguém consegue de um dia para o outro, tampouco de um ano para o outro. Chegar a pensar e sentir do mesmo modo é um processo que demanda a vida toda e é construído pelo perdão, sacrifício, renúncia, aceitação, paciência, que pode ser resumido pela palavra “amor”. Tendo amor, você tem o elemento básico para a solução das dificuldades.
O amor entre um casal demanda conhecimento e esforço e não é apenas aquela sensação agradável de estar flutuando no ar, nem tem a ver apenas com o fato de achar, por sorte, uma pessoa que satisfará todas as suas expectativas e andará com você pela vida, de mãos dadas. O amor do cônjuge e por ele é importante e a maioria das pessoas sonha com um amor de novela. Enquanto esse dia não chega vão deixando um fracasso atrás do outro e conformando-se com ver os namorados dos filmes, ou escutando canções de amor, sem perceber que o amor é, também, uma arte que requer aprendizagem.
Existe muita diferença entre enamorar-se e permanecer enamorado. A intimidade de um casal corre o véu de tudo o que se ignorava da outra pessoa e mostra as diferenças irreconciliáveis, os antagonismos, as desilusões e, finalmente, a frustração mútua que termina com a relação.
A tragédia desta vida é que as pessoas estão prontas para aprender qualquer arte a fim de conseguir vantagens materiais, mas nem sempre para aprender a arte de amar que beneficia a alma.
A realidade é que amar não é fácil para ninguém. Qualquer intenção de amar está destinada ao fracasso se antes, você não experimentar o amor de Deus em sua vida. Só vivendo uma experiência de amor com Jesus, diariamente, é que você estará em condições de amar com nobreza, sem egoísmo nem mesquinharias.
A esposa de Marcelo poderia ter perguntado naquela manhã:
__Querido, você comprou o leite?
Acho que Marcelo teria respondido: __ “Não meu amor, mas vou comprar num minuto.”
Isso teria resolvido o problema da falta do leite. Depois, mais calmos, poderiam ter conversado sobre os constantes “esquecimentos” de Marcelo e o resultado teria sido completamente diferente. Mas ambos reagiram diante do problema sem buscar uma solução, deixaram que a frustração falasse mais alto e o problema virou um conflito, machucando o coração de ambos.
Para ser feliz, todo matrimônio precisa de uma terceira pessoa. E essa pessoa é Jesus. Faca d’Ele o centro de sua experiência. Não existe a mínima possibilidade de manter um casamento duradouro e feliz sem a presença de Jesus. Somente Ele é capaz de arrancar do coração humano a mancha miserável do egoísmo, Só Jesus é capaz de colocar paz no coração para buscar soluções em meio aos problemas. Somente Ele é capaz de desenvolver no casal “um mesmo sentimento e um mesmo modo de pensar.”

Postagens mais visitadas deste blog

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo...

O EXÍLIO BABILÔNICO

Introdução O exílio marcou profundamente o povo de Israel, embora sua duração fosse relativamente pequena. De 587 a 538 a E.C., Israel não conhecerá mais independência. O reino do Norte já havia desaparecido em 722 a.E.C. com a destruição da capital, Samaria. E a maior parte da população dispersou-se entre outros povos dominados pela Assíria, o reino do Sul também terminará tragicamente em 587 a.E.C. com a destruição da capital Jerusalém, e parte da população será deportada para a Babilônia. Tanto os que permaneceram em Judá como os que partirem para o exílio carregaram a imagem de uma cidade destruída e das instituições desfeitas: o Templo, o Culto, a Monarquia, a Classe Sacerdotal. Uns e outros, de forma diversa, viveram a experiência da dor, da saudade, da indignação, e a consciência de culpa pela catástrofe que se abateu sobre o reino de Judá. Os escritos que surgiram em Judá no período do exílio revelam a intensidade do sofrimento e da desolação que o povo viveu. ...

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

NOSSA SENHORA da Santa Conceição Aparecida é o título completo que a Igreja dedicou à esta especial devoção brasileira à Santíssima Vigem Maria. Sua festa é celebrada em 12 de outubro. “Nossa Senhora Aparecida” é a diletíssima Padroeira do Brasil. Por que “Aparecida”? Tanto no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida quanto no Arquivo Romano da Companhia de Jesus constam os registros históricos da origem da imagem de Nossa Senhora, cunhada "Aparecida". A história foi registrada pelo Pe. José Alves Vilela em 1743, e confirmada pelo Pe. João de Morais e Aguiar em 1757. A história se inicia em meados de 1717, por ocasião da passagem do Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, pela povoação de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica (atual Ouro Preto, MG). Os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves foram convocados a providenciar um bom pescado para recepcionar o Conde, e partiram a l...