Creio na Santa Igreja Católica
- Crer que a Igreja é "santa" e "católica" e que ela é "una" e "apostólica" é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos, fazemos profissão de crer em uma Igreja Santa, e não na Igreja, para não confundir Deus com suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que ele pôs em sua Igreja.
- "A Igreja" é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza como assembleia litúrgica, sobretudo eucarística. Ela vive da Palavra e do Corpo de Cristo e se torna, assim, Corpo de Cristo.
Igreja: Um projeto nascido do coração do Pai
- O Pai eterno, por libérrimo e arcano desígnio de sua sabedoria e bondade, criou todo o universo; decidiu elevar os homens à comunhão da vida divina, à qual chama todos os homens em seu Filho: "Todos os que crêem em Cristo, o Pai quis chamá-los a formarem a santa Igreja". Esta família de Deus se constitui e se realiza gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai. Com efeito:
- Desde a origem do mundo a Igreja foi prefigurada.
- Foi preparada na história do povo de Israel e na antiga aliança.
- Foi fundada nos últimos tempos.
- Foi manifestada pela efusão do Espírito.
- E no fim dos tempos será gloriosamente consumada.
Igreja: Povo de Deus
- Em qualquer época e em qualquer povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça. Aprouve Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse na verdade e santamente o servisse. Escolheu, Israel como seu povo. Estabeleceu com ele uma aliança e instruiu-o passo a passo. Tudo isso, aconteceu em preparação e figura para aquela nova e perfeita aliança que se estabeleceria em Cristo. Esta é a Nova Aliança, isto é o Novo Testamento em seu sangue, chamando de entre judeus e gentios um povo que junto crescesse na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito.
- Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu "Sacerdote, Profeta e Rei".
- O Povo de Deus inteiro participa dessas três funções de Cristo e assume as responsabilidades de missão e de serviço que daí decorrem.
Igreja: Corpo de Cristo
- Desde o início, Jesus associou seus discípulos à sua vida, revelou-lhes o Mistério do Reino, deu-lhes participar de sua missão, de sua alegria e de seus sofrimentos. Jesus fala de uma comunhão ainda mais íntima entre Ele e os que o seguiriam: "Permanecei em mim, como eu em vós... Eu sou a videira, e vós os ramos" (Jo 15,4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real entre o seu próprio corpo e o nosso: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6,56).
- Quando sua presença visível lhes foi tirada, Jesus não deixou seus discípulos órfãos. Prometeu ficar com eles até o fim dos tempos, enviou-lhes seu Espírito. A comunhão com Jesus tomou-se, de certa maneira, mais intensa: "Ao comunicar seu Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os componentes de seu próprio Corpo".
Igreja: Templo do Espírito Santo
- O Espírito Santo é o Princípio de toda ação vital e verdadeiramente salutar em cada uma das diversas partes do Corpo. Ele opera de múltiplas maneiras a edificação do Corpo inteiro na caridade:
- pela Palavra de Deus, "que tem o poder de edificar" (At 20,32);
- pelo Batismo, por meio do qual forma o Corpo de Cristo;
- pelos sacramentos, que proporcionam crescimento e cura aos membros de Cristo;
- pela "graça concedida aos apóstolos, que ocupa o primeiro lugar entre seus dons";
- pelas virtudes, que fazem agir segundo o bem; e, enfim,
- pelas múltiplas graças especiais (chamadas de "carismas"), por meio das quais torna os fiéis aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja.
A Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica
- Esta é a única Igreja de Cristo que, no Símbolo, confessamos una, santa, católica e apostólica. Esses quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si, indicam traços essenciais da Igreja e de sua missão. A Igreja não os tem de si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, dá a sua Igreja o ser una, santa, católica e apostólica, e é também ele que a convida a realizar cada uma dessas qualidades.
Os fiéis leigos
- Os leigos, em virtude de sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, recebem a vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos sempre mais abundantes. Assim, todas as suas obras, preces e iniciativas apostólicas, vida conjugal e familiar, trabalho cotidiano, descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e mesmo as provações da vida, pacientemente suportadas, se tornam 'hóstias espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo' (IPd 2,5), hóstias que são piedosamente oferecidas ao Pai com a oblação do Senhor na celebração da Eucaristia. É assim que os leigos consagram a Deus o próprio mundo, prestando a Ele, em toda parte, na santidade de sua vida, um culto de adoração.
Igreja: Comunhão dos Santos
- Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros. Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, por ser a Cabeça. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja. Como esta Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum.
- O termo "comunhão dos santos" tem, pois, dois significados intimamente interligados: "comunhão nas coisas santas" e "comunhão entre as pessoas santas".
Maria – Mãe de Cristo, Mãe da Igreja
- De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, Maria cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça.
- Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora, medianeira.
CIC-Catecismo da Igreja Católica §748-975