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Quando morre dão valor




Quer parar de jogar conversa fora e aprender de vez uma lição da vida? Presta atenção: VOCÊ NUNCA VAI AGRADAR TODO MUNDO. Acabou – ponto-final! E pensar que bilhões de pessoas ainda patinam nesse sebo desconcertante de esperarem dos outros o contrário... Ei, alô-ô! Sei que parece cruel, e já quase pulei da ponte (algumas vezes!) por causa disso, mas não adianta! Tá respirando? Então tem gente que não irá com a sua cara. Tá vivo? Xííí, já desagradou uma gangue de desagradáveis uivando às suas custas! Coração pulsando? Come on, bro! Seus seguidores virtuais no Twitter nunca exterminarão seus perseguidores do universo real. Fazer o quê? É melhor descobrir de vez como sobreviver.

Escrevo disso porque “virei bicho” há poucos momentos vendo minha filha de doce de leite amargando na panela ácida da realidade. Ela só tem 2 aninhos e foi obrigada a descobrir na própria pele de seda que tem pessoas que, simplesmente, e sem razão alguma, vão excluí-la antipaticamente do seu medíocre grupo de afortunados (tô brabo, mesmo!). Levei-a ao playground do nosso condomínio e, enquanto admirava seu jeito singular de saltitar sorridente pra se enturmar, presenciei uma bruxa malvada de 4 anos enfeitiçando os anões menores do parquinho. Até, finalmente, sua vassourada chegar à minha princesinha de macacão rosa segurando ingenuamente uma bonequinha da Minie, e gritar: “sai pra lá, pirralha, você não vai brincar aqui!” Juro que meu coração parou derretendo logo a seguir. Os olhinhos negros da minha filha baixaram, seu rostinho declinou e, com passinhos fúnebres, ela veio envergonhada na minha direção. Não chorou – e isso me estraçalhou ainda mais – apenas estendeu sua mãozinha me puxando de volta pra casa. Numa hora dessas o sangue sobe para a cabeça e a razão desce para o pé. O instinto paterno até me tentou a dar uma paulada naquele Lobo Mau, mas decidi vir pra cá e, depois de suprir o buraco que se abriu no coraçãozinho dela, refletir sobre isso no nosso playground dos grandões.

“Mas o que foi que eu fiz pra aquela pessoa me detestar tanto?” É a triste pergunta que minha filha fará, muitas vezes, até os 80 anos de idade. Viver por aqui é conviver com Saddans e Bin-Ladens desnorteados pela implicância de projetarem contra os outros seus próprios demônios complexados. No entanto, não quero discutir aqui quem espeta vodus enfurecidos de ódio para boicotar sua paz de espírito. Não, isso será outro post! Minha atenção se volta para nossa reação de autodefesa em nos proteger do sofrimento de sermos antipatizados por alguém. Sabe o que a maioria faz? Viciamo-nos sob a tortura de viver às custas de agradar todo mundo – até mesmo daqueles que não merecem um segundo do nosso precioso tempo. Tem gente por aí obcecada em galgar a unanimidade alheia se iludindo na miragem da simpatia global. Sincero engano! Não fazem por mal, mas perdem muito do “bem” – o bem-estar de viver com os outros, sem os outros ou a despeito dos outros. Porque sempre, eu disse SEMPRE, você vai desagradar alguém por onde quer que vá. E pelo simples fato: você está vivo!

Outro dia, ouvi o admirável gestor de uma multinacional desabafar: se numa reunião todos concordam com você, então você não precisa de nenhum deles que não seja simplesmente você! Pura verdade. Essa unanimidade pode ser a inteligência bajuladora mais burra precedendo a queda de um grande empreendimento. Afinal, quando você parece agradar todos ao seu redor é inevitável que a acomodação se instale e a percepção ufanista distorça a realidade. A oposição nos mantém alerta, o que não mata torna mais forte, e um nariz desagradável virado contra nossa direção pode despertar neurônios mais atentos em alinhar corretamente os passos dos pés. 

Já percebeu que Jesus quanto mais era provado ainda mais provava sua messianidade? Tentado no deserto, provocado pelos fariseus, acossado num jardim ou negado pelos próprios discípulos o Mestre não podia “baixar a guarda” um instante sequer. Ao mesmo tempo, porém, em cada momento de provocação externa o Salvador revelava Sua divindade sublime. É como se os perseguidores servissem exatamente a serviço de um esclarecimento maior junto aos seguidores. Contraditório, eu sei, mas é mediante a oposição que se evidencia a nobreza da posição do líder – e sem vilões apurrinhando o calcanhar, não haveria o contraste da sabedoria dos heróis.

Mas voltemos à neura de alguns em viver agradando. Não dá, nem deve! A menos que você “descanse em paz” – daí sim, todos falarão coisas boas, chorarão lágrimas saudosas e ovacionarão seus feitos. Por mais mórbido que pareça, se você só vive para agradar todo mundo, reivindique suas coroas de flores! Nelas estará escrita a admiração de todos – pena que a única pessoa que não possa ler seja exatamente a única a ser homenageada. Coisa estranha, não é? Vivemos enfrentando aversão até morrer para, só então, ficarem nos valorizando tarde demais. Ou você já viu alguma lápide com tom de crítica? Portanto, aqui vão rápidas dicas pra minha filha encarar aquela bruxa malvada – e você também!
  • Explore a oposição em seu favor. Observe-se com uma autoanálise humilde porque eles até podem ter razão em algum aspecto. Use-os para ficar sempre atento a tudo – mas sem neurose, viu?
  • Dependa de Deus, não dos deuses. É exatamente isso que ocorre quando supervalorizamos a opinião de seres humanos: criamos deuses. Faça o certo, consciência tranquila e adore só ao Criador.
  • Vá ao dermatologista. E trate de adquirir uma pele de crocodilo. Seu coração mole tem que ser bem protegido por costelas, músculos e casca grossa. Isso se aprende com o tempo.
  • Cuidado com os bajuladores. Por outro lado, quem teme os desagradáveis pode se iludir com os “papudos”. Elogio demais pode ser tão traiçoeiro quanto um beijo de Judas (Lucas 22:47). Não dependa disso!
  • Conheça a opinião pública, mas ouça aqueles da sua confiança. Um toquezinho sincero do cônjuge, ou pais, vale mais do que uma multidão inteira – a favor, ou contra.
  • Siga em frente. Sem comentários. Apenas faça isso!
Finalmente, “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (II Timóteo 3:12). Não espere que os lobos virem fadinhas do dente num passe de mágica. Enquanto você for ovelha, prepare-se para a matilha. E, longe de ser a visão catastrófica de uma sobrevivência pessimista, tem muita gente boa que admira o que você tem de melhor. Conte com eles. Conte para eles. Supere-se no desenvolvimento do seu caráter fundamentado em princípios sólidos e cristãos. Fale menos e inove mais. Renove-se de joelhos dobrados diante do Único capaz de conhecer suas verdadeiras intenções. Além disso, não deixe os reveses do seu cotidiano se agigantarem como um ponto-final na sua autoestima. Se você nunca agradará todo mundo, preocupe-se em agradar a Deus, a si mesmo e a quem lhe quer bem.  

Os outros, ah! Os outros que um dia leiam – ou escrevam – na sua lápide o que quiserem. Até lá, você terá vivido melhor e feliz.

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