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O credo de Atánasio e sua atualidade

O credo de Atánasio e sua atualidade“Esta é a fé católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar.” Santo Atanásio
Santo Atanásio, sem dúvida alguma, foi uma personalidade marcante em toda a história do Cristianismo. Um homem dotado de uma inteligência notória. Grande apologista, polemista e lutador incansável[1]. Deixou escritos maravilhosos como: Vida e Conduta de Santo Antão, onde faz elogio a vida desse grande Santo e pai da vida monástica; Contra os pagãos, onde faz a refutação da Idolatria; A  Encarnação do Verbo, onde defende a consubstancialidade do Filho; entre outras obras. Tenho grande admiração pela vida de Santo Atanásio. O que me impactou, logo quando ouvi falar dele, foram suas palavras vistas no início desse artigo. Impressionou-me a forma objetiva e clara de suas palavras, a ponto que procurei conhecer um pouco mais de sua história. Espantou-me sua coragem e ousadia, na defesa da fé Católica, em um tempo que a Igreja era sacudida pela heresia ariana, que negava a consubstancialidade do Filho e também a Trindade.
Nós do Apostolado Paraclitus, temos Santo Atanásio com profundo respeito e veneração, e somos inspirados por seu testemunho em defesa da fé Católica a também fazer o mesmo. Por isso, nos esforçamos em transmitir o que ensina a Igreja, de forma coerente e fiel.
Recentemente nos comprometemos em aplicar um curso sobre o Catecismo da Igreja Católica, em uma paróquia na cidade de Manaus-AM. Logicamente que devemos estudar o Catecismo, como nos pedia tão solicitamente Bento XVI na Jornada Mundial em Madrid:
“Estudai o Catecismo! Esse é o meu desejo, de coração.  [...] Estudai o catecismo com paixão e perseverança…”
 Pois bem, estudando o catecismo, nós recordamos do Credo de Atanásio, ou como é conhecido: QUICUMQUE.
O Credo de Atanásio é aceito pela Igreja Católica, Ortodoxa e as principais igrejas protestantes, dentre elas a Igreja Anglicana. Enquanto o Símbolo dos Apóstolos possui doze artigos, o Quicumque possui 40 artigos. Vemos no Quicumque o que foi defendido em Nicéia e posteriormente em Constantinopla. Apesar de ser longo, é de uma linguagem de fácil entendimento, objetivo. Foi escrito para refutação da heresia ariana e defesa da doutrina da Santíssima Trindade e da Consubstancialidade do Filho.
Esta maravilhosa profissão de fé de Atanásio nos recorda a importância de manter-nos firmes e fieis aos ensinamentos da Igreja. As palavras descritas no Quicumque são tão atuais quanto na época em que foi escrita. Recorda-nos a importância de se professar livre e convictamente a fé católica, tão necessária para nossa salvação, e defende-la de novas heresias e do modernismo que estão adentrando sorrateiramente entre as fileiras da Santa Igreja e, até antigas heresias como o arianismo, o monofisismo, nestorianismo e a iconoclastia, que estão vindo, digamos, com “roupagem nova”. A coragem, o zelo e a ousadia de Santo Atanásio devem ser imitados.
O Quicumque é um símbolo expressivo da fé católica. Vale ressaltar o que nos ensina o Catecismo atual sobre os demais símbolos e profissões de fé:
CIC 193. Nenhum dos símbolos dos diferentes períodos da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado ou inútil. Todos nos ajudam a abraçar e a aprofundar hoje a fé de sempre, através dos diversos resumos que dela se fizeram.
 É inspirado por essas palavras do Catecismo da Igreja Católica que o Apostolado Spiritus que compartilhar com você, amado filho da Igreja, o credo de Atanásio. Talvez você já o conheça. Mas permita-se, ao contemplar esse credo, vislumbrar a importância de se ter um amor e fidelidade a fé Católica em constante amadurecimento.
Não há como não perceber no Quicumque a riqueza grandiosa que pode trazer a nossa fé.  Que todos, a exemplo de Santo Atanásio, possamos ser defensores perseverantes e corajosos da fé da Santa Igreja.
 QUICUMQUE
Credo de Santo Atanásio
 Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica.
Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.
A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus.
Sem confundir as Pessoas nem separar a substância.
Porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo.
Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória e coeterna a majestade.
Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.
O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado.
O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso.
O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
E contudo não são três eternos, mas um só eterno.
Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso.
Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente.
Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
E contudo não são três deuses, mas um só Deus.
Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor.
E contudo não são três senhores, mas um só Senhor.
Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senhores.
O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém.
O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas gerado.
O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho.
Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos.
E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos antigo, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas e iguais entre si.
De sorte que, como se disse acima, em tudo se deve adorar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade.
Quem, pois, quiser salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade.
Mas, para alcancar a salvacão, é necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado na substância do Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da sua Mãe.
Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana.
Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade.
E embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo. É um, não porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus assumiu a humanidade.
Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela unidade da Pessoa.
Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem, assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo.
Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos.
Subiu aos Ceus e está sentado a direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
E quando vier, todos os homens ressuscitarão com os seus corpos, para prestar conta dos seus atos.
E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno.
Esta é a fé católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar.


[1] Santo Atanásio – Coleção Patrística nº18 editora Paulus

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