Pular para o conteúdo principal

História do Cristianismo - (Parte 2)

Cristianismo na Antiguidade tardia (313-476)


  Alcance do Cristianismo em 325 AD
  Alcance do Cristianismo em 600 AD

Estabelecimento da ortodoxia romana

Galério que havia sido uma das principais figuras na perseguição, em 311 emitiu um édito que acabou com a perseguição de Diocleciano ao cristianismo. O Édito foi proclamado de má vontade pelo imperador no seu leito de morte. Após a suspensão da perseguição aos cristãos, Galério reinou por mais dois anos. Ele então foi sucedido por um imperador com forte inclinção ao cristianismo, Constantino, o Grande.
Constantino I, o novo imperador foi apresentado ao cristianismo por meio de sua mãe, Helena. Na Batalha da Ponte Mílvia, em 28 de outubro de 312 dC, Constantino ordenou que suas tropas pintassem uma cruz nos escudos dos soldados, de acordo com uma visão que tivera na noite anterior. De acordo com a tradição, Constantino teve uma visão enquanto olhava para o sol que se punha. As letras gregas XP (Chi-Rho, as primeiras duas letras de Χριστός, Cristo) entrelaçadas com uma cruz apareceram-lhe enfeitando o sol, juntamente com a inscrição em latimIn Hoc Signo Vinces — Sob este signo vencerás. Depois de vencer a batalha com uma vitória esmagadora sobre seus inimigos, Constantino foi capaz de reivindicar o controle da parte Ocidental do Império.
É difícil discernir exatamente quando Constantino tornou o cristianismo à religião oficial do Império Romano. Asmoedas romanas, por exemplo, que foram cunhadas oito anos após a batalha ainda tinha as imagens dos deuses romanos. No entanto, a adesão de Constantino foi um ponto decisivo para a Igreja cristã. Após sua vitória, Constantino apoiou financeiramente a Igreja, construindo basílicas suntuosas e concedendo vários privilégios para o clero, como a isenção de impostos que os Sacerdotes Pagãos possuíam. O imperador ainda devolveu bens confiscados durante a perseguição de Diocleciano, aboliu a execução realizada por meio decrucificação, pôs fim às batalhas dos gladiadores como punição pra crimes e instituiu o domingo como feriado. Entre 324 e 330, Constantino construiu uma nova capital imperial praticamente do zero. A cidade veio a ter o seu nome: Constantinopla. Ela tinha a arquitetura cristã, várias igrejas contidas dentro da muralha da cidade e não tinha templos pagãos. De acordo com atradição, Constantino foi batizado em seu leito de morte.

Ícone retratando o imperador Constantino (centro) e os bispos do Concílio de Niceia (325) segurando o Credo Niceno-Constantinopolitano de 381.
O imperador também desempenhou um papel ativo na liderança da Igreja. Em 316, ele atuou como juiz em uma disputa que ocorreu no norte Africano sobre o Donatismo. Mais significativamente, em 325 convocou o Concílio de Niceia, o primeiro Concílio Ecumênico, para lidar principalmente com a Controvérsia ariana. O Concílio também emitiu o Credo Niceno-Constantinopolitano, que entre outras coisas, promoveu uma crença professada naSanta Igreja Católica Apostólica. Dessa forma, Constantino estabeleceu um precedente para o imperador, que seria responsável perante Deus pela saúde espiritual de seus súditos, tendo o dever de manter a ortodoxia. O imperador iria impor a doutrina, erradicar a heresia, e defender a unidade eclesiástica.
Filho do sucessor de Constantino, conhecido como Juliano, o Apóstata, foi um filósofo que ao se tornar imperador, renunciou ao cristianismo e adotou uma forma mística de Neoplatonismo e de Paganismo, que se chocava com a criação cristã. Juliano começou a reabrir os templos pagãos, começando assim uma disputa de fiéis entre Cristãos e Pagãos. Depois, com a intenção de restabelecer o prestígio das crenças pagãs, ele as modificou, assemelhando-as as tradições cristãs, como a estrutura episcopal e a caridade pública (filantropia) até então desconhecida na religião romana. O curto reinado de Juliano acabou com sua morte, enquanto fazia campanha no Oriente.
Mais tarde os Padres da Igreja escreveram volumosos textos teológicos, inclusive Agostinho de HiponaGregório de NanzianzoCirilo de Jerusalém,Ambrósio de MilãoJerônimo, entre outros. Alguns destes pais, tais como João Crisóstomo e Santo Atanásio, sofreram exílioperseguição, ou omartírio dos imperadores bizantinos.

Concílios ecumênicos

Durante esta época, vários concílios ecumênicos foram convocados. O principal assunto debatido eram as Disputas cristológicas. Os dois Concílios de Niceia (325382) condenaram os ensinamentos da heresia ariana, produzindo assim o Credo Niceno-Constantinopolitano. O Concílio de Éfeso condenou o nestorianismo e afirmava ser Maria Theotokos (portadora de Deus ou Mãe de Deus). O Concílio de Calcedônia afirmou que Cristo tinha duas naturezas: era plenamente Deus e plenamente homem, ambas distintas, mas sempre em perfeita união. Assim, condenou o monofisismo. Esse Concílio serviu para refutar também oMonotelismo. No entanto, nem todos os grupos aceitaram os termos aceitos nesses debates. Os Nestorianismo e a Igreja Assíria do Oriente, por exemplo, se dividiram sobre o Concílio de Éfeso em 431; e a Ortodoxia Oriental se dividiu sobre o Concílio de Calcedónia de 451.

Cristianismo como religião oficial do Estado romano

Em 27 de fevereiro de 380Teodósio I assina o Édito de Tessalônica, adotando cristianismo trinitariano como religião oficial do Império Romano. Antes disso, Constâncio II (337-361) e Flávio Júlio Valente (364-378) tinham pessoalmente favorecido o Arianismo ou outras formas de cristianismo Semi-Ariano, mas Arcádio, sucessor de Teodósio I, apoiou a doutrina trinitariana como foi exposto no Credo Niceno-Constantinopolitano.
Após sua criação, a Igreja adotou na organização os mesmos limites do Império Romano: as províncias geográficas e as dioceses foram organizadas conforme a divisão territorial do governo imperial. Os bispos, que estavam localizados em grandes centros urbanos antes da legalização do cristianismo, supervisionavam cada diocese. O bispo local era a sua sede. Entre as sedes, as principais cidades eram: RomaConstantinoplaJerusalémAntioquia e Alexandria. O prestígio dessas cidades dependia em grande parte da fundação apostólica de suas Igrejas. Sendo assim, os bispos desses cinco centros - a chamada Pentarquia - eram considerados sucessores espirituais dos apóstolos. Embora o bispo de Roma fosse considerado o mais importante entre eles, Constantinopla tinha a preferência como a nova capital do império.
Teodósio I decretou em 385 que todos os que não acreditassem na preservada fiel tradição, como a Santíssima Trindade, deviam ser considerados praticantes de heresia. Esse decreto resultou, em 385, no primeiro caso de pena capital de um herege: Prisciliano.

Nestorianismo e do Império Sassânida


Uma das primeiras representações de Cristo com uma barba, c.380 d.C.
Durante o século V, a Escola de Edessa havia ensinado uma perspectiva cristológica diferente. Eles afirmavam que a natureza humana e a natureza divina de Cristo eram pessoas distintas. Uma consequência dessa perspectiva era que Maria não poderia ser apropriadamente chamado de a mãe de Deus, mas só poderia ser considerada a a mãe de Cristo. O mais conhecido defensor desse ponto de vista era o Patriarca de ConstantinoplaNestório.
dogma de Maria ser a Mãe de Deus havia se tornado popular em muitas partes da Igreja. Por isso, esse novo ponto de vista se tornou um assunto polêmico. O imperador romano Teodósio II proclamou dois Concílios em Éfeso, o I em 431 e o II em 449, com a intenção de resolver o problema. Os Concílios rejeitaram a visão de Nestório. Entretanto, muitas igrejas seguiram o ponto de vista Nestoriano. Por isso, se separaram da Igreja Romana, causando o Cisma nestoriano. As igrejas nestorianas foram perseguidos e muitos seguidores fugiram para o Império Sassânida, onde foram aceitos.
O Império sassânida (persas) tinha muitos convertidos ao cristianismo. O início de sua história estava intimamente ligada ao ramo do cristianismo siríaco. O Império foi oficialmente Zoroastra, mantendo uma estrita adesão a essa , em parte, para se distinguir da religião do Império Romano(originalmente a religião pagã romana e o cristianismo).
O Cristianismo tornou-se tolerado no Império Sassânida. Como o Império Romano perseguia os hereges, havia cada vez mais exilados durante osséculos IV e VI, fazendo com que a comunidade cristã sassânida crescesse rapidamente. Até o final do século V , a Igreja persa estava firmemente estabelecida e se tornou independente da Igreja Católica Romana. Esta igreja evoluiu para o que hoje é conhecida como a Igreja do Oriente.

Miafisismo

Em 451 foi realizado o Concílio de Calcedónia a fim de esclarecer as questões cristológicas em torno do Nestorianismo. O Conselho declarou que a natureza de Cristo era dupla: tanto humana quanto divina. Esse ponto de vista foi rejeitado por muitas igrejas que se chamavam Miafisistas. O cisma resultante desse concílio criou uma comunhão de seis igrejas que incluem Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Ortodoxa Síria e a Igreja Ortodoxa Copta. Embora tivessem sido feitos esforços para a reconcilação, nos séculos seguintes o cisma se manteve permanente, resultando no que hoje é conhecida como a Ortodoxia Oriental.

Igreja Gótica


Constantino I queimando livros do presbítero Ário, ilustração de um livro de direito canónico de 825.
A perspectiva cristológica popular do século IV foi o arianismo, defendida pelo presbítero egípcio Ário. Embora esse ponto de vista tivesse sido condenado pelaIgreja romana imperial, manteve-se popular no Império durante algum tempo. No quarto século Ulfilas, bispo romano e adepto do arianismo, foi nomeado o primeiro bispo dos godospovos germânicos que habitavam grande parte da Europa nas fronteiras do Império. Ulfilas propagou a visão cristã-ariana entre os godos, estabelecendo firmemente a  entre muitas das tribos germânicas. Como a Igreja Romana tornou-se cada vez mais anti-Ariana, o arianismo foi visto por muitos godos como a característica de sua fé que os separava dos romanos.

Monasticismo

monasticismo é uma forma de ascetismo em que se renuncia atividades mundanas e se concentra exclusivamente em atividades espirituais, principalmente as que incluem alguma virtude como humildadepobreza e castidade. Ele começou bem cedo na Igreja, baseada em exemplos e ideais bíblicos, além de possuir raízes em certas correntes do judaísmoJoão Batista é visto como um monge Arquétipo. O Monasticismo também foi inspirado pela organização da Comunidade Apostólica, conforme registrado em Atos 2:42
Existem duas formas de Monasticismo: Os Monges Eremitas vivem na solidão, enquanto os cenobitas vivem em comunidades, geralmente em um mosteiro, sob uma regra (ou código de prática) e são governados por um abade. Originalmente, todos os monges cristãos eram eremitas, seguindo o exemplo de Antão do Deserto. No entanto, a necessidade dos monges terem algum tipo de orientação espiritual levou São Pacômio a juntar alguns seguidores e organizar aquele que viria a ser o primeiro mosteiro em 318. Logo, as instituições similares foram estabelecidos ao longo do deserto egípcio, assim como o resto da metade oriental do Império Romano. Mulheres foram especialmente atraídas ao movimento.
As figuras centrais no desenvolvimento do Monasticismo foram Basílio, o Grande, no Oriente e São Bento de Núrsia, no Ocidente. Fundador da Ordem dos Beneditinos, São Bento criou a famosa Regra de São Bento, que viria a ser a regra mais comum durante a Idade Média, e o ponto de partida para outras regras monásticas.

Cristianismo-Post:
Wikipédia, a enciclopédia livre.

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo