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A Presença Real de Cristo na Eucaristia – Parte 5

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Autor: Pe. Juan Carlos Sack
Fonte: http://www.apologetica.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto
- “[Jesus] estava realmente ensinando que devemos comer a Sua carne (fibras, músculos, derme) e beber o Seu sangue (plaquetas, plasma, glóbulos)?” (Daniel Sapia, evangélico).
- “A tua opinião é que pelo consumo espiritual exclui-se o corporal. Os judeus [realmente] imaginaram que tinham que comer Cristo, do mesmo modo que o pão e a carne são colocados no prato, ou como um leitãozinho assado” (Martinho Lutero).
[Dando continuidade a esta Série, abordaremos hoje os testemunhos de Firmiliano de Cesareia, Cipriano de Cartago, e Afraates e Efrem da Síria].
FIRMILIANO DE CESAREIA
Era também discípulo de Orígenes. Bispo de Cesareia, na Capadócia. Grande amigo de São Cipriano. Morreu por volta de 268.
Em uma carta a São Cipriano, tratando da reiteração do batismo nos hereges, escreveu também:
- “Grande delito é o mesmo daqueles que são admitidos e o daqueles que permitem que o corpo e o sangue do Senhor sejam tocados, temerariamente usurpando a comunhão sem terem sido lavadas suas manchas pelo batismo da Igreja, nem terem sido expostos os seus pecados, uma vez que está escrito: ‘Quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor’”[28] (Epistolário de São Cpriano, Epístola 75,21).
CIPRIANO DE CARTAGO
Figura de grande importância na Igreja africana da primeira metade do século III. Nasceu entre os anos 200 e 210. Converteu-se à fé cristã por volta de 246. Foi sacerdote e, a seguir, Bispo de Cartago. Escreveu abundantemente, em particular aos seus sacerdotes. Foi martirizado no ano 258.
O Pe. d’Ales[29] extraiu das obras de São Cipriano as seguintes expressões acerca do pão e do vinho eucarísticos:
- O corpo do Senhor
- O santo corpo do Senhor
- O corpo de Cristo
- A carne de Cristo
- O santo do Senhor
- O alimento de Cristo
- O alimento celeste
- O pão do Senhor
- A graça saudável
- A comida celeste
- O sangue do Senhor
- O sangue de Cristo
- O mistério do cálice
- O cálice do Senhor
- A bebida do Senhor
- A bebida saudável
Comentando a Oração do Senhor (o Pai Nosso), ensina:
- “Porque Cristo é o pão daqueles que tocam o seu corpo; e esse pão é aquele que pedimos que nos seja dado todos os dias, a não ser que nós, os que estamos em Cristo e recebemos todos os dias a Sua Eucaristia como alimento de salvação, nos abstenhamos – por apresentarmos algum pecado mais grave – e não comunguemos, de modo que deixamos de receber o pão celeste e nos separamos do corpo de Cristo, segundo a Sua palavra: ‘Eu sou o pão da vida’ (…) Quando Ele diz que aquele que come o Seu pão vive eternamente, do mesmo modo que é claro que vivem os que tocam o Seu corpo e recebem a Eucaristia por direito de comunhão, ao contrário, devem temer e pedir para que, separando-se do corpo de Cristo e não comungando, não sejam separados da salvação (…). É por isso que pedimos que todos os dias nos dê Ele o pão nosso, isto é, Cristo, para que permaneçamos e vivamos em Cristo, e não nos afastemos da Sua santificação e do Seu corpo” (Da Oração do Senhor 18).
Diante das práticas de alguns, que usavam água na Eucaristia ao invés de vinho, contesta:
- “Que no cálice que se oferece em Sua memória seja oferecida uma mistura de vinho [com um pouco de água], porque tendo dito Cristo: ‘Eu sou a verdadeira vinha’, o sangue de Cristo não é, indubidavelmente, água, mas vinho. Também não pode parecer que no cálice se encontra o Seu sangue – com o qual fomos redimidos e vivificados – se nesse cálice não há vinho, o qual é o sangue de Cristo, predito pelo mistério e testemunhado por todas as Escrituras” (Epístola 63,2).
Nos tempos de perseguição – ensina Cipriano – deve-se dar a Eucaristia para os cristãos não irem desarmados para o combate, mas…
- “…armados com a proteção do sangue e do corpo de Cristo”…
…já que a Eucaristia é feita para isto: para ser defesa dos que a recebem:
- “Se negamos o sangue de Cristo aos que partem para a luta, como podemos ensinar-lhes ou incitar-lhes a derramar seu sangue para confessar o nome [de Cristo]?” (Epístola 57,2)[30].
E no mesmo sentido:
- “Aproxima-se agora uma luta mais difícil e feroz, para a qual os soldados de Cristo devem se preparar com uma fé incorrupta e uma robusta virtude, considerando que por isso bebem diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar seu sangue por Cristo” (Epístola 58,1).
Falando acerca daqueles cristãos que tinham apostatado, pelo menos materialmente, da sua fé e que agora tornavam a se aproximar para receber a Eucaristia sem anter fazer penitência e sem haver se reconciliado, diz:
- “Violenta-se assim o corpo e o sangue [do Senhor] e agora com suas mãos e sua boca pecam ainda mais contra o Senhor do que antes, quando O negaram” (Dos Lapsos 16).
AFRAATES
Testemunha a fé eucarística da Igreja da Síria. Nascido por volta de 280, morreu pouco depois de 345.
Estes dois textos nos servem:
- “Quando alguém, abstendo-se de todo pecado, recebe o corpo e o sangue de Cristo, deve cuidar da sua boca com cuidado, eis que por ela entra o Filho do Rei” (Demonstração 3,2).
- “O Senhor, por suas próprias mãos, deu o Seu corpo para ser comido; e antes da sua crucificação, deu o Seu sangue para que fosse bebido” (Demonstração 12,6).
EFRÉM
Eminente membro da Igreja da Síria. Nasceu em Nísibis por volta do ano 306. Foi ordenado diácono e assim permaneceu por toda a sua vida. Discípulo do Bispo de Nísibis, Tiago. Grande poeta, compôs um grande número de obras espirituais e artísticas, todas de conteúdo cristão. Conservam-se poemas e homilias.
Cito alguns textos:
- “Os sacerdotes dos tempos antigos desejaram ver a tua beleza e não a viram. / Os sacerdotes dos tempos médios odiaram a tua beleza e a rejeitaram / Os sacerdotes da Igreja Te tomaram em suas mãos, / Pão da Vida que desceu [à terra] e se uniu aos nossos sentidos” (Da Virgindade 35,12).
- “Que nos santifiquemos pelo Teu corpo e pelo Teu sangue; e estejam entre os redimidos, nós, que comemos o Teu corpo e bebemos o Teu precioso sangue” (Sermão 1,655-657).
- “O corpo que Ele tomara de Maria esta tornou a tomá-lo no pão e na oferenda” (Da Epifania 8,23).
- “De um jeito novo o Seu corpo se uniu ao nosso e o Seu sangue puro foi derramado em nossas veias; Sua voz no ouvido, Sua luz nos olhos. Por sua piedade, uniu-Se totalmente a nós” (Da Virgindade 37,2).
NOTAS:
[28] Firmiliano cita as severas palavras do Apóstolo em 1Coríntios 11,27. Alguém poderia ser considerado “réu do corpo e do sangue do Senhor” se o pão que é consumido nas celebrações fosse um simples simbolismo?
[29] “La Théologie de Saint Cyprien” (Paris 1922), pp. 263-264. Aí se encontram as referências para cada expressão.
[30] Observe-se a força da expressão: a Eucaristia como presença real do sangue de Cristo é o fundamento para a fortaleza daqueles que irão derramar seu próprio sangue em testemunho da sua Fé.

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