[Dando continuidade a esta Série, abordaremos hoje Pedro Crisólogo, São Leão Magno e um autor anônimo do século V].
PEDRO CRISÓLOGO
Brilhante e prolífico pregador da Palavra de Deus. Nasceu em Ímola, em 406, e morreu aí também, em 450. Bispo de Ravena, na Itália, entre 425 e 429. Notável defensor da primazia do Bispo de Roma sobre toda a Igreja. Conservam-se uns 170 sermões e escritos sobre temas bíblicos, litúrgicos, hagiográficos e teológicos.
Sirvam estes textos, onde a presença real se soma ao aspecto sacrificial da Eucaristia. Comentando a Parábola do Filho Pródigo, afirma:
- “Por ordem do pai [na parábola], mata-se o bezerro; porque era impossível matar Cristo Deus, Filho de Deus, sem que existisse a vontade do Pai (…) Este é o bezerro que diária e perpetuamente é imolado para o nosso banquete” (Sermão 5,6).
E em outro sermão:
- “Ele é o pão que, semeado na Virgem, fermentado na carne, feito na Paixão, cozido no forno do sepulcro, preparado nas igrejas, levado aos altares, subministra diariamente o alimento celeste aos fiéis” (Sermão 67,7; Sermão 5,6).
LEÃO MAGNO
Também renomado Padre da Igreja, Papa de 440 a 461, testemunha da fé da Igreja “Romana” no século V. Conservaram-se numerosos sermões e escritos. Devemos a ele, em grande parte, a conservação da doutrina da realidade da natureza humana de Cristo.
No contexto doutrinário da defesa da realidade humana de Cristo contra Êutiques, o Bispo de Roma afirma:
- “Em que trevas de ignorância, em que letargia de desídia têm jazido até agora, que não ouviram, nem leram o que está na boca de todos na Igreja de Deus, com tamanha unanimidade que nem sequer as línguas das crianças calam a verdade do corpo e sangue de Cristo no sacramento da comunhão! Porque nesta mística distribuição do alimento espiritual é isto o que se dá, é isto o que se recebe: para que, recebendo a força do alimento celeste, nos transformemos na carne Daquele que Se fez nossa carne” (Carta 59 aos Constantinopolitanos 2).
- “Tendo dito o Senhor: ‘Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós’, tereis que participar da Mesa Santa de uma tal maneira que não duvideis, em absoluto, da verdade do corpo e sangue de Cristo; porque se toma com a boca o que se crê com o coração” (Tratado 91,3).
AUTOR ANÔNIMO DO SÉCULO V
Naquilo que parece ser uma homilia sobre a Eucaristia, este autor [desconhecido] da Igreja, onde hoje é a França, exorta aos seus ouvintes:
- “Enxergas, sem dúvida, pão e vinho, mas é ordenado que creias que são o corpo e o sangue do Senhor; e se não o crerdes, não te salvarás – porque Aquele que te manda crer é o próprio Salvador nosso, que antes da Paixão, ceando com os discípulos, tomou o pão etc. Portanto, isto que vês, atendendo ao que cremos, é o corpo: é o corpo que pela comunhão une a todos em um [só] corpo” (Homilia ‘Do Corpo e Sangue do Senhor’; PLS 4,1952).
- Digno de reverência foi aquele lugar (=o Monte Sinai), onde apareceu a majestade de Deus. Porém, tampouco é menos digno de reverência este [altar], onde Cristo é oferecido. Ali, a nuvem de Deus desceu; aqui, Cristo desce no mistério. Ali, a divindade devia ser ouvida; aqui, deve ser até tocada. Ali, se ia ao colóquio de Deus com temor; aqui, com temor deve-se aproximar do corpo do Senhor” (Idem).