[Dando continuidade a esta Série, abordaremos hoje Isaac de Antioquia, Jacó de Sarub, Procópio de Gaza e Leôncio de Jerusalém].
ISAAC DE ANTIOQUIA
Prolífico escritor e poeta do século V.
Escreveu um belíssimo poema sobre a fé e a Eucaristia:
- “A fé me convidou a recuperar-me com as suas provisões / Fez-me sentar à Sua mesa (…) / Vi seu jarro misturado, que estava cheio de sangue ao invés de vinho / E, ao invés de pão, estava sobre a mesa o corpo imolado / Vi o sangue e me espantei / Vi o corpo sacrificado e o temor me invadiu (…) / Mostrou-me o corpo que havia sido morto / Pôs [parte] dele nos meus lábios e disse-me carinhosamente / ‘Olha o que comes!’ / A seguir, deu-me a pena do Espírito e exigiu que a pegasse na mão / Peguei, escrevi e confessei: ‘Isto é o corpo de Deus’ / Igualmente, tomei também o cálice e o bebi em Seu banquete / Então senti o aroma daquele calice, daquele corpo que havia comido / E o que eu disse sobre o corpo, que era ‘o corpo de Deus’ / atestei o mesmo agora sobre o cálice: ‘Isto é o sangue de nosso Salvador’” (Poema sobre a Fé; BKV 6,139-140).
JACÓ DE SARUG
Poeta sírio que morreu em 521.
Cantando em honra da Eucaristia, dizia:
- “O Esposo desce para ver a sua Esposa (=a Igreja) casada com Ele / Vai tu (=esposa) agora para a câmara nupcial, para que Ele te veja! / Não deixes a habitação do Esposo real, que desce para ver-te e traz as riquezas da casa de Seu Pai / O sacerdote que enviastes, O tem invocado [na consagração] / Espera-O, porque se vier e não te vir, ficará desgostoso / Com o sacerdote, toda a multidão suplica ao Pai para que envie o seu Filho / Para que desça e repouse sobre a oferenda [do pão e do vinho] / E o Espírito Santo faz Sua força habitar no pão e no vinho / e os santifica, e os torna corpo e sangue” (Homilia Métrica 95, Sobre a Recepção dos Santos Mistérios; ST 233,412).
- “Em um banquete nupcial, colocou seu corpo e seu sangue diante dos convidados / para que comam e vivam eternamente com Ele / No salão da festa, Nosso Senhor é comida e bebida / Bendito Aquele que deu Seu corpo e Seu sangue para comermos!” (Idem; ST 233,418).
- “Partiu o pão, o fez Seu corpo e o deu aos Seus Apóstolos / E o sabor do pão que contém a Vida estava nas suas bocas / No momento em que Ele o tomou [nas mãos] e chamou de ‘corpo’ / Já não era pão, mas corpo; e O comeram maravilhados” (Homilia Métrica 53, Sobre a Crucificação; ST 233,397).
PROCÓPIO DE GAZA
Poeta sírio, que também morreu em 521.
Em seus comentários bíblicos, coleta as exposições anteriores dos Santos Padres. Em seu comentário à primeira Páscoa (Êxodo 12), enxerga constantemente a Páscoa de Cristo. Neste contexto, escreve:
- “Ele quer nos dar o seu corpo como alimento. Por isso, sofre com que seu sangue seja derramado, por cuja aspersão faz com que o perseguidor e inimigo fuja; porque após sermos ungidos ou encharcados com o Seu sangue – isto é, após ter crido em Cristo – é que poderemos nos aproximar para comer da Sua carne” (Comentário sobre Êxodo 12,8)[52].
LEÔNCIO DE JERUSALÉM
Escreveu em meados do século VI.
Dele são estas palavras:
- “O Cristo glorificado – que para nós é Deus adorável e para vós [nestorianos] é apenas um homem – (…) apresenta aqui [na Eucaristia] seu próprio e verdadeiro corpo e carne, que foram atravessados pelos pregos e pela lança, visto que eram seus membros, dos quais diz: ‘Perfuraram as minhas mãos e os meus pés’. Mostrou também que a comunhão mística do pão da Eucaristia era a doação de Sua própria carne, dizendo: ‘Aquele que come a Minha carne e bebe o Meu sangue’; e, em outro lugar: ‘Isto é Meu corpo’” (Contra os Nestorianos 7).
NOTA:
[52] Coletando a Fé de toda a Igreja, o poeta cristão do séc. V não faz uma falsa dialética entre o “receber Cristo na fé” e o “recebê-Lo no sacramento”. É doutrina católica que ninguém pode aproveitar-se do Santíssimo Sacramento se não tiver fé e se primeiramente não recebeu Cristo na fé. Porém, este “recebê-Lo na fé” é renovado toda vez que é recebido sacramentalmente. A postura fundamentalista “evangélica” mostra-se particularmente míope neste tema, já que afirma que “o católico, por receber Jesus todo domingo na Eucaristia” teria perdido Ele durante a semana, por isso, precisa recebê-Lo novamente, como lemos em algum Site da Internet. Ora, se aceitarmos esta lógica totalmente preconceituosa, deveremos dizer também que quando o “cristão evangélico” vai cultuar o Senhor uma vez na semana, ou uma vez ao mês, ou uma vez ao ano na Santa Ceia é porque… teria se esquecido Dele durante todo esse tempo [entre uma Ceia e outra].