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A Presença Real de Cristo na Eucaristia – Parte 12

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Autor: Pe. Juan Carlos Sack
Fonte: http://www.apologetica.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto
- “Esta tradição [da transubstanciação] foi introduzida na Igreja por volta de 300 d.C. [e] tornou-se dogma de fé em 1215″ (Marco de Vivo, evangélico).
- “Porque não recebemos estas coisas como se fossem pão comum e bebida comum, pois (…) nos ensinaram que o alimento convertido em Eucaristia (…) é a carne e o sangue Daquele Jesus que Se encarnou por nós” (São Justino, Mártir, século II).
- “Recebendo a palavra de Deus [na consagração, os dons do pão e do vinho] se convertem em Eucaristia, que é o corpo e o sangue de Cristo” (Santo Ireneu, Bispo, século II).
[Dando continuidade a esta Série, abordaremos hoje Teodoro de Mopsuéstia, Cirilo de Alexandria, Proclo de Constantinopla e Teodoreto de Ciro].
TEODORO DE MOPSUÉSTIA 
Bispo de Mopsuéstia, na Cilícia. Nasceu em 350 e morreu em 428. Com grandes talentos, tornou-se logo homem bastante versado nas Escrituras e na Teologia. Foi ordenado sacerdote. Escreveu muito contra todas as heresias do seu tempo. Foi ordenado Bispo de Mopsuéstia, na Ásia Menor. Participou do Concílio de Constantinopla. Conservam-se numeros escritos exegéticos, sermões, entre outros.
Este destacado pregador ensinava:
- “No entanto, é notável que, ao dar o pão, Ele não disse: ‘Isto é a figura (em grego, ‘tipos’) do Meu corpo’, mas: ‘Isto é o Meu corpo’. E o mesmo fez em relação ao cálice; não disse: ‘Isto é a figura (em grego, ‘tipos’) do Meu sangue’, mas: ‘Isto é o Meu sangue’. Isto porque Ele não quis que olhássemos para a natureza do pão e do vinho, que receberam a graça e a vinda do Espírito Santo, mas que os considerássemos como são: o corpo e o sangue do Senhor” (Homilias Catequéticas 15,10).
- “A oblação foi oferecida para que o que foi apresentado venha a ser, pela vinda do Espírito Santo, o corpo e o sangue de Cristo (…) Ainda que Ele venha até nós, dividindo-Se a Si mesmo [na distribuição do pão eucarístico], Ele está por inteiro em cada parte e próximo de todos nós. Ele se entrega a cada um de nós, para que O tomemos e O abracemos com todas as nossas forças e, assim, demonstremos o nosso amor para com Ele, no paladar de cada um de nós. Assim, o corpo e o sangue do Senhor verdadeiramente nos alimentam e nos fazem esperar sermos transformados em uma natureza imortal e incorruptível” (Homilias Catequéticas 16,25-26)[43].
CIRILO DE ALEXANDRIA
Doutor da Igreja, combateu eficazmente a heresia nestoriana. Foi bastante ativo durante o Concílio de Éfeso. Morreu em 444. Conservam-se numerosos escritos exegéticos, entre outros mais.
A ideia da presença real da carne do Senhor na Eucaristia é matéria frequente nas obras deste importante Padre Oriental. Vejamos alguns textos:
- “O Verbo vivificante de Deus, ao unir-Se à Sua própria carne – do modo que [só] Ele sabe – a tornou vivificante, pois Ele disse: ‘(…) Eu sou o pão da vida (…)’. Portanto, quando todos nós comemos a carne do Cristo Salvador e bebemos o Seu precioso sangue, temos Vida em nós e somos uma só coisa com Ele, permanecendo Nele e também Ele em nós” (Explicação do Evangelho de Lucas 22,19).
- “A verdadeira bebida é o precioso sangue de Cristo, que extirpa pela raiz toda corrupção e destrói a morte que existe na carne humana, já que não é o sangue de um homem qualquer, mas a própria Vida por natureza. Por isso, somos chamados ‘corpo e membros de Cristo’, porque recebemos pela Bênção (=a Eucaristia) o próprio Filho em nós” (Comentário do Evangelho de João 4,2,56).
- “Demonstrativamente, disse: ‘Isto é Meu corpo e isto é Minha carne’, para que não penses que tudo isso é figura, mas que, por razão de algo inefável do Deus todopoderoso, as oblações [do pão e do vinho] se transformam verdadeiramente no corpo e no sangue de Cristo. Ao participarmos delas, recebemos a força vivificante e santificante do Cristo” (Comentário do Evangelho de Mateus 26,27).
PROCLO DE CONSTANTINOPLA
Patriarca de Constantinopla, morreu em 446 ou 447. Conservam-se alguns sermões e cartas.
Comentando as palavras do Senhor em sua aparição ao Apóstolo São Tomé, exclama:
- “Felizes os que com fé enxergam o Invisível! Felizes vós, que em cada festividade O enxergais, O levais aos olhos, O beijais com os lábios e O comeis com os dentes, sem consumi-Lo! Ó extraordinários mistérios, ó tremendos mistérios! Aquele que está sentado à direita do Pai é também encontrado nas mãos dos fiéis! Aquele a quem os anjos louvam é sustentado por mãos impuras e levado pelos indignos de O levarem. Nossas mãos pecadoras não queimam; nossos dedos condenáveis não queimam; o Criador (…) não destrói o barro, mas Ele mesmo exorta, dizendo: ‘Tomai e comei. Tomai e bebei. Trazei vossas mãos e colocai-nas no meu lado [aberto]; consumí os meus membros, porque seja qual for o membro que tomardes, Eu estou nele por inteiro; Eu mesmo, a quem Tomé tocou’” (Homilia 33: In novam dominicam et in infidelitatem Thomae 14,52-55).
TEODORETO DE CIRO 
Bispo de Ciro, na Ásia Meridional. Nasceu em 393 e morreu em 457. Douto conhecedor de teologia e exegese bíblica. Grande missionário da sua Diocese e lutador incansável contra o Paganismo. Membro ativo na disputa contra Nestório.
Personagem bastante ativo nas controvérsias cristológicas, tratando da Eucaristia explica:
- “Gozando dos sagrados mistérios, não nos unimos em comunhão com o próprio Senhor, do qual afirmamos que são o corpo e o sangue, já que todos participamos do mesmo pão?” (Interpretação de 1Coríntios 10,16-17).
- “O próprio Senhor não prometeu dar para a vida do mundo uma natureza invisível, mas Seu [próprio] corpo (…) E na instituição dos divinos mistérios, tomando o símbolo, disse: ‘Isto é o Meu corpo” (Carta 131)[44].
- “[O símbolo místico] não se chama apenas ‘corpo’, mas também ‘pão da vida’. Assim o chamou também o Senhor, ensinando que não é um corpo humano comum, mas [corpo] de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus e homem, eterno e recente” (Eranistes 2).
NOTAS:
[43] Certa expressão de Teodoro de Mopsuéstia tem dado o que pensar sobre a clareza do seu pensamento acerca da presença real de Jesus na Eucaristia, mas tratam-se de palavras de difícil interpretação encontradas nos seus escritos de especulação teológica, jamais na pregação da Fé aos fiéis. O texto em questão diz: “Receberemos a imortalidade comendo do pão sacramental, visto que, embora o pão não seja de tal natureza, no entanto, quando recebeu o Espírito Santo e a graça que Dele provém, é capaz de guiar para o gozo da imortalidade aqueles que o comem. Isto não ocorre por sua natureza, mas em virtude do Espírito Santo que habita nele; do mesmo modo que Nosso Senhor, de quem este [pão eucarístico] é figura, por virtude do Espírito Santo recebeu a imortalidade e a deu aos demais, não a possuindo verdadeiramente pela Sua própria natureza”. Notemos que no pão eucarístico a imortalidade é recebida porque esse pão recebeu o Espírito Santo; o Espírito Santo habita nele, ainda que logo a seguir seja dito que esse pão é “figura” do Senhor. É óbvio que nem tudo é símbolo, mas realidade salvífica, ainda que seja apresentado como “figura” do Senhor. Considerando os outros textos de Teodoro – já citados -, que explicitamente negam que o pão eucarístico seja tão somente uma “figura”, estas palavras devem ser lidas segundo esse contexto e devem ser sempre interpretadas à luz do que dissemos anteriormente sobre a questão da “figura” e do “tipo-antítipo” nos Padres [primitivos]. Assim, a teologia típica de Teodoro – segundo a qual a realidade está nos céus e aqui na terra tudo o que se encontra é figura – deve ser enquadrada no processo histórico de ajustamento da linguagem sobre o mistério eucarístico. Obras que tratam detalhadamente dessa matéria: W. de Vries, “Der ‘Nestorianismus’ Theodors von Mopsuestia in seiner Sakramentenlehre”: Orientalia Christiana Periodica 7 (1941), pp. 91-148; J. Lécuyer, “Le Sacerdoce Chrétien et le Sacrifice Eucharistique selon Théodore de Mopsueste: Recherches de Science Religieuse 36 (1949), pp.481-516. Não custa repetir aqui o que dissemos antes, a saber: que inclusive esta linguagem “figurativa” não poderia ser empregada pelos atuais adversários da doutrina da presença real, pois continua sendo demasiadamente realista.
[44] Teodoreto fala frequentemente de “símbolos do corpo” ao abordar a Eucaristia, porém, esta maneira de falar refere-se às espécies ou aparências do pão, de modo que “o símbolo é tomado”, “é fracionado”, “é distribuído” etc.

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