Pular para o conteúdo principal

Análise: Documentário 'Blood Money – Aborto Legalizado'


A Europa Filmes e a Estação Luz Filmes lançam em São Paulo nesta terça-feira, 5 de novembro, o documentário “Blood Money – Aborto Legalizado”, uma produção norte-americana independente, assinada pelo diretor David Kyle [1]. 
“Blood Money – Aborto Legalizado” traz depoimentos de médicos e outros profissionais da área, de pacientes, de cientistas e da ativista de movimentos negros dos EUA, Alveda C. King, sobrinha do pacifista Martin Luther King, que também apresenta o documentário. Dra. Alveda é envolvida em discussões sobre o mecanismo de controle racial nos EUA – o maior número de abortos é realizado nas comunidades negras.
Documentários denunciando as atrocidades provocadas pela indústria do aborto nos EUA e os lucros que proporcionam para as clínicas abortistas não é novidade para nós. Temos o documentário “O Grito Silencioso” produzido por Dr. Bernard Nathanson, o famoso médico americano, um dos maiores abortistas dos Estados Unidos, conhecido por “o Rei do Aborto” e hoje, como ele mesmo se intitula, ex-abortista. Bernard Nathanson mostra, mediante uma ecografia realizada em uma mulher grávida no momento do aborto, as reações da criança no útero da mãe. Ele reconhece, após assistir um vídeo de um aborto, que este é um crime contra o ser humano: “Para aqueles que duvidam disto, essas imagens chocantes podem ajudá-los a entender a atrocidade que é a prática do aborto”.
A destruição de uma vida humana não é a solução para o que basicamente é um problema social. E acredito que recorrer a esta violência é admitir que a ciência e – pior ainda – a ética estão empobrecendo. Eu me recuso a acreditar que a humanidade que chegou até a lua não possa criar uma solução melhor do que recorrer à violência. (…) Vamos todos, pelo bem da humanidade, aqui e agora, parar este genocídio” (Dr. Bernard N. Nathanson).
Hoje a denúncia retorna nas telas dos cinemas com o documentário “Blood Money – Aborto Legalizado”. Conforme o site, o documentário de Kyle trata do funcionamento legal da indústria do aborto nos Estados Unidos, mostrando “de que forma as estruturas médicas disputam e tratam sua clientela, os métodos aplicados pelas clínicas para realização do aborto e o destino do lixo hospitalar, entre outros temas, de forma muito realista” (Luís Eduardo Girão, diretor da Estação Luz Filmes).
O filme também faz denúncias como a prática da eugenia e do controle da natalidade por meio do aborto e trata aspectos científicos e psicológicos relacionados ao tema, como o momento exato em que o feto é considerado um ser humano e se há ou não sequelas para a mulher submetida a este procedimento.
Foto de Carol Everett: reprodução.
“Tornei-me rica mediante o aborto”.
O documentário ainda traz o depoimento de muitas pessoas que lutam a favor da vida e contra o aborto, cito aqui Carol Everett que foi proprietária de duas Clínicas de Aborto nos Estados Unidos e Diretora de duas outras desde 1977 até 1983. Deixou este ramo de trabalho, porque se converteu ao Cristianismo. Entrevistada por Marta Scheiber [2], descreve os procedimentos dos oficiais das Clínicas de Aborto, voltados principalmente para o lucro financeiro, a ponto de iludir e manipular as suas clientes. Menciona os bárbaros métodos aplicados para eliminar as crianças, e os artifícios dirigidos às respectivas mães para que sufoquem a dor e o trauma de ter matado uma criança. Mais de uma vez Carol Everett fala da “indústria do aborto”, expressão que ela justifica ao referir as estratégias utilizadas pelos profissionais para aliciar mulheres e delas extrair dinheiro. Afirma Everett “Tornei-me rica mediante o aborto”.
Outro depoimento significativo que o documentário traz é de Alveda King sobrinha de Martin Luther King, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1964. Em maio de 2012, no VI Congresso Mundial das Famílias, em Madri, Alveda disse: “A cultura da morte baseia-se nas mesmas mentiras que sustentavam a segregação racial e a discriminação nos Estados Unidos, levando a valorizar algumas vidas e a desprezar as outras. Sustentava-se a opressão e violência racial, indicando que alguns eram menos humanos do que outros, dependendo de sua cor, e esta violência justificava linchamentos, espancamentos, expulsão pelos cães … eu mesma fui testemunho disso; hoje são outros mártires violentados e oprimidos, mas a justificação é a mesma mentira de que uns seres humanos são superiores a outros.”
Foto: reprodução.
Alveda King, sobrinha de Martin Luther King. 
Em 2006, numa entrevista que concedeu à agência de notícias Zenit, Alveda disse que dos 45 milhões de abortos estimados nos Estados Unidos, realizados desde 1973, aproximadamente 15 milhões ocorreram em famílias afro-americanas. Segundo ela, nas comunidades carentes de maioria negra as redes de clínicas abortistas, como a Planned Parenthood, impõe o aborto como “agenda prioritária”.
A cultura da morte não entrou em nossa sociedade de um dia para o outro; é uma cultura e como tal pode ser mudada. Acredito que, ainda antes de denunciarmos e combatermos os atentados à vida, que é também importante, temos de defender e exaltar a vida, celebrá-la e valorizá-la. E esta é a resposta a todos aqueles que defendem a cultura do aborto ou a cultura da morte. A vida é importante e por isto não se justifica o aborto. Cabe aos cristãos lutar e afirmar a vida. O aborto é um problema profundamente humano e por isto exige ser enfrentado e resolvido à luz da razão e por todos. A vida é sagrada e deve ser respeitada até o final e por isto não se pode adiantar o final da vida. A vida é o que temos de mais precioso.

 
Prof. Pe Mário Marcelo Coelho, scj Twitter: @pemariomarcelo 
Doutor em Teologia Moral pela 
Academia Alfonsiana, Roma, Itália
Autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral

O documentário "Blood Money - Aborto Legalizado", entra em cartaz nos cinemas brasileiros a partir do dia 15 de novembro.  

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo