DA BBC BRASIL
Alçada à condição de superpotência entre os emergentes, a China vem
enfrentando problemas decorrentes de seu enriquecimento. Um dos
principais, apontam especialistas, é o elevado índice de obesidade entre
as crianças do país.
Um estudo publicado recentemente na revista americana "Obesity Reviews", principal publicação da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade, apontou que os jovens chineses têm taxas de diabetes quatro vezes maiores do que as de seus pares americanos.
Entre os principais fatores que explicam a saúde precária dos adolescentes do país estão a mudança drástica no estilo de vida e nutrição, além da elevação nos índices de sobrepeso e obesidade que o gigante asiático tem registrado nas últimas décadas.
De acordo com o estudo, os jovens chineses também estão mais suscetíveis a doenças cardiovasculares.
Nos últimos anos, a China tem experimentado um crescimento econômico sem precedentes. Mas, em contrapartida, o país passou por dramáticas transformações no padrão de dieta, peso, e atividade física da população.
Para investigar o fenômeno, cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, acompanharam durante duas décadas 29 mil pessoas em 300 comunidades na China.
A cada dois anos, os cientistas atualizavam os dados de mudanças de peso, hábitos alimentares e níveis de atividade física dos pacientes.
Ao fim do estudo, eles constataram "um grande aumento nos fatores de risco cardiometabólico e de sobrepeso" dos chineses.
RISCO
Os cientistas também observaram uma incidência de diabetes e pré-diabetes de 1,9% e 14,9% respectivamente em crianças de entre 7 e 17 anos. De acordo com a pesquisa, na China, 1,7 milhões de crianças entre 7 e 18 anos têm diabetes e outras 27,7 milhões são consideradas pré-diabéticas.
Segundo eles, as altas taxas aumentavam os riscos de doenças cardiovasculares.
Quando compararam os dados colhidos com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES) dos Estados Unidos, os pesquisadores descobriram que as taxas de diabetes e fatores de risco cardiovascular são quatro vezes maiores entre a população jovem chinesa do que entre crianças e adolescentes americanos.
"Além disso, mais de 35% das crianças menores de 18 anos têm níveis elevados de, pelo menos, um fator de risco cardiometabólico", afirma o professor Barry Popkin, responsável pelo estudo.
Segundo ele, se nada for feito urgentemente para reverter essas tendências, o sistema de saúde pública na China terá de enfrentar um enorme desafio nos próximos anos.
"O que é inédito é a mudança na dieta, peso e risco cardiovascular em crianças de 7 anos ou mais", destaca Popkin.
"Esses números mostram o enorme fardo que o sistema de saúde da China terá de enfrentar se nada mudar", acrescenta.
Os cientistas também observaram altos níveis de risco tanto em indivíduos de comunidades urbanas quanto rurais, independentemente da classe social.
Para os autores, "os iminentes custos de saúde e suas implicações são imensos."