James Eagan Holmes, o rapaz de 24 anos de idade que entrou no cinema de uma cidadezinha nos EUA e matou 12 pessoas não é um ignorante. É filho de uma enfermeira com um cientista da matemática e obteve com honras a certificação em Neurociência na Universidade da Califórnia, com uma performance escolar que o colocou entre os “top dos tops”. Em seguida, foi cursar doutorado na Universidade do Colorado em Aurora, onde cometeu o crime. Tirando o cabelo pintado de vermelho, Holmes parece um sujeito normal, apesar de tímido e introspectivo.
O que leva um indivíduo a disparar uma arma sobre gente que não conhece? Será o acesso a armas? Talvez os videogames e filmes violentos? Ou, como gostam uns aí, o capitalismo, o neoliberalismo?
O Dr. Grant Duwe, autor do livro “Assassinatos em massa nos Estados Unidos: Uma História”, estudou 140 ocorrências naquele país entre 1900 e 2009. De 1900 a 1965 aconteceram 21 casos. Nos anos 70, 13; nos anos 80, 32, e 43 nos anos 90. E na primeira década dos anos 2000 foram 26, um declínio importante causado pela melhoria de indicadores sociais (emprego, casamentos, nascimentos, casa própria, etc), que derrubaram os índices de criminalidade em geral. A queda do número de casos de assassinato em massa enquanto permaneceu estável o comércio de armas, aliada ao fato da ocorrência de casos em países onde tal comércio é proibido, leva a concluir que o livre acesso a armas não é o fator preponderante. Um outro estudo, do jornal New York Times, mostrou que apesar dos assassinatos serem atribuídos a aspectos violentos da cultura norte americana, em apenas seis de 100 casos examinados os criminosos se mostraram interessados em videogames. E apenas sete em cinema.
Mais da metade dos criminosos estudados apresentou histórico de sérios problemas mentais. 48 tiveram algum tipo de diagnóstico formal de esquizofrenia e, dos 24 que comprovadamente tomavam remédios psiquiátricos, 14 haviam parado com a medicação quando cometeram os crimes. Na maioria dos casos, familiares, amigos e terapeutas não deram importância ou simplesmente ignoraram sinais de deterioração mental que poderiam ter impedido os crimes.
Os senhores da imprensa deveriam definir uma forma de apresentar os fatos não como espetáculo, mas como desestímulo a que outros façam o mesmo. Não é fácil, e muita gente vai usar este argumento para tentar impor o tal controle social sobre a mídia, aquele eufemismo que criaram para dar outro nome à censura.
Resumindo: antes de cinema, televisão ou videogames violentos, facilidade ao acesso de armas ou falta de segurança pública, os assassinatos em massa tem a ver com loucura. Não dá pra prever o que fará um louco, mas dá para prever que algo ele fará...
O Dr. Grant aconselha que estejamos sempre atentos a sinais de comportamento que possam representar situações de risco, como o isolamento social, problemas mentais, violência e ameaças verbais ou escritas, sentimentos de perseguição e de vitimismo. É complicado achar que devemos policiar nossos vizinhos e conhecidos, como se fossemos “little brothers”, uma versão individual do “big brother” de Orwell. Tem um gosto autoritário, de patrulhamento, mas ainda não inventaram arma mais eficiente para prevenir as tragédias.
Você tem alguma outra ideia?
Luciano Pires
O que leva um indivíduo a disparar uma arma sobre gente que não conhece? Será o acesso a armas? Talvez os videogames e filmes violentos? Ou, como gostam uns aí, o capitalismo, o neoliberalismo?
O Dr. Grant Duwe, autor do livro “Assassinatos em massa nos Estados Unidos: Uma História”, estudou 140 ocorrências naquele país entre 1900 e 2009. De 1900 a 1965 aconteceram 21 casos. Nos anos 70, 13; nos anos 80, 32, e 43 nos anos 90. E na primeira década dos anos 2000 foram 26, um declínio importante causado pela melhoria de indicadores sociais (emprego, casamentos, nascimentos, casa própria, etc), que derrubaram os índices de criminalidade em geral. A queda do número de casos de assassinato em massa enquanto permaneceu estável o comércio de armas, aliada ao fato da ocorrência de casos em países onde tal comércio é proibido, leva a concluir que o livre acesso a armas não é o fator preponderante. Um outro estudo, do jornal New York Times, mostrou que apesar dos assassinatos serem atribuídos a aspectos violentos da cultura norte americana, em apenas seis de 100 casos examinados os criminosos se mostraram interessados em videogames. E apenas sete em cinema.
Mais da metade dos criminosos estudados apresentou histórico de sérios problemas mentais. 48 tiveram algum tipo de diagnóstico formal de esquizofrenia e, dos 24 que comprovadamente tomavam remédios psiquiátricos, 14 haviam parado com a medicação quando cometeram os crimes. Na maioria dos casos, familiares, amigos e terapeutas não deram importância ou simplesmente ignoraram sinais de deterioração mental que poderiam ter impedido os crimes.
Os senhores da imprensa deveriam definir uma forma de apresentar os fatos não como espetáculo, mas como desestímulo a que outros façam o mesmo. Não é fácil, e muita gente vai usar este argumento para tentar impor o tal controle social sobre a mídia, aquele eufemismo que criaram para dar outro nome à censura.
Resumindo: antes de cinema, televisão ou videogames violentos, facilidade ao acesso de armas ou falta de segurança pública, os assassinatos em massa tem a ver com loucura. Não dá pra prever o que fará um louco, mas dá para prever que algo ele fará...
O Dr. Grant aconselha que estejamos sempre atentos a sinais de comportamento que possam representar situações de risco, como o isolamento social, problemas mentais, violência e ameaças verbais ou escritas, sentimentos de perseguição e de vitimismo. É complicado achar que devemos policiar nossos vizinhos e conhecidos, como se fossemos “little brothers”, uma versão individual do “big brother” de Orwell. Tem um gosto autoritário, de patrulhamento, mas ainda não inventaram arma mais eficiente para prevenir as tragédias.
Você tem alguma outra ideia?
Luciano Pires