Exu, idos de 1989. Dia tranqüilo, expediente normal no banco e a cidade como sempre: Muito agradável.
Naquele dia não foi diferente. “Boquinha da noite”, estacionei a Furglaine ao lado da Churrascaria do posto e ali estava ele. Sentado, sereno, alegria no rosto, mesmo com a bengala que servia de apoio ao corpo que insistia em reclamar para uma mente teimosa em sua constante vontade de viver.
- Oiiiiiii... saudou-me com aquele vozeirão inconfundível. f
- Tudo bom meu irmão? Correspondi.
Sentei-me ao seu lado, apenas por alguns instantes, pois logo ele falou:
- Vamos ali? Perguntou.
- Aonde? Indaquei.
- Não se preocupe. Você vai ver. Afirmou com muita segurança.
Entramos na Furglaine, e ele me indicou que tomasse o caminho para o Crato.
Cruzamos a cidade e iniciamos uma viagem que eu não sabia para onde.
Começamos a subir a Serra do Araripe. Pensamentos invadiram minha mente, quanto à segurança, perigos e outras coisas mais. Divagações de quem não conhecia a vida e por ter poucos meses de convivência em Exu, só pensava na propalada violência. Ledo engano.
Continuamos a subir a serra. Em dado momento, veio a determinação.
- Meu irmão. Na próxima oportunidade dê a volta e coloque o carro com a frente para o Exu. Disse-me.
Outro perigo. Imaginei. Fazer o retorno em plena Serra do Araripe à noite. Nem pensar.
Andei mais alguns quiilômetros enquanto buscava um lugar seguro para efetuar a manobra.
- Vamos rápido meu irmão, senão você vai perder. Afirmou.
- Perder o que? Imaginei.
Feito o retorno, orientou-me a estacionar em um trecho, de frente para o Exu, em um local que nunca tinha percebido em minhas viagens para o Crato ou Juazeiro e que cabia exatamente o carro sem causar qualquer obstrução na rodovia.
Estacionei, desliguei o motor e sem entender nada fiquei esperando.
Era aquele misto de confiança, angústia, medo e expectativa.
Não demorou muito. Parecia que estava combinado.
Após exatos cinco minutos...
Deslumbre total. Surge uma bola no horizonte. Uma grande bola amarelada com uma força de energia positiva inimaginável... era a Lua Cheia!
E à medida que ela ia ganhando altura a visão ficava cada vez mais magnífica!
Estávamos num plano onde víamos a cidade de Exu abaixo. Entre nós e a cidade estava a Lua. Indescritível! Sentia-me acima dela!
Uma visão completamente nova! Nunca havia percebido nada igual.
Refeito da onda de sentimentos positivos, da admiração pela harmonia da natureza e de ter solidificado, cada vez mais, minha crença no Ser Superior que rege todas as coisas, retornei a Exu, agradecendo na expressão do meu mais profundo silêncio, a oportunidade que tive, aos trinta anos, de ver a Lua pela primeira vez.
A partir daí, sempre que possível, cá estou eu contemplando as noites de Lua Cheia.
Com o velho Lua, aprendi a ver uma nova Lua!
Gonzagão!
Seja muito bem-vindo ao presente e à imortalidade de sua arte, nas
páginas e nos links deste site luizluagonzaga.com.br. Para sempre!
Paulo Marconi
Cidadão exuense