INICIAMOS COM esta postagem a publicação de uma série de artigos baseados no estudo de Francisco Dockhorn com revisão teológica de Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico Westphalen - RS (publicado originalmente aos 11 de Fevereiro de 2009 no website "Presbíteros", da Associação Presbíteros). As abordagens possuem um grande potencial para esclarecer muitas dúvidas comuns dos católicos de nossos tempos. Que seja útil.
Quando eu era criança, tínhamos na creche que eu frequentava a "hora do conto", durante a qual escutávamos estórias e lendas infantis, como a de Chapeuzinho Vermelho e o lobo mau, Branca de Neve e os sete anões, de João e Maria, dos três porquinhos, Cinderela, Saci-Pererê, etc. Infelizmente, tenho visto que muitos escritos sobre Liturgia editados no Brasil, assim como muitos cursos de Liturgia ao nosso redor tem se tornado uma “hora do conto”, em que se ensinam mitos que não correspondem à verdade da doutrina e da disciplina da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Não me refiro, evidentemente, à má intenção de quem promove ou ministra tais cursos, pois isto não cabe a mim julgar. A avaliação que faço aqui é puramente em nível de conteúdo.
Vejo que é freqüente se ensinar mitos como: "A Presença de Jesus na Palavra é tão completa como na Eucaristia"; "a Eucaristia é para ser comida e não para ser adorada"; "a adoração eucarística fora da Missa é ultrapassada"; "a noção da Missa como Sacrifício é ultrapassada"; "é mais expressivo no Altar a imagem de Jesus Ressuscitado do que de Jesus Crucificado"; "quem celebra a Missa não é o Padre, e sim toda a comunidade"; "a Igreja pode vir a ordenar mulheres"; "a Missa é para os fiéis"; "não se assiste à Missa"; "qualquer pessoa pode comungar"; "a absolvição comunitária substitui a confissão individual"; "o Concílio Vaticano II aboliu o latim"; "para celebrar a Missa Tridentina é preciso autorização do Bispo local"; "ir à Missa dominical não é obrigação", etc, etc...
A diferença entre tais idéias e o autêntico pensamento católico é facilmente constatada, bastando-se confrontar estes mitos aos documentos oficiais da Santa Igreja. São ideias que, evidentemente, não surgiram ao acaso, mas são fruto direto ou influência de uma teologia litúrgica modernista e incompatível com a autêntica Teologia Católica. Aqui na América Latina, muitas delas foram historicamente reforçadas pela disseminação de teologias importadas e da chamada "teologia da libertação", esta profundamente herética de caráter marxista, totalmente incompatível com o pensamento da Santa Igreja na medida em que pretende fazer uma releitura de toda a Teologia (inclusive da Teologia Litúrgica), conforme foi já expresso em diversos documentos do Sagrado Magistério (vide "Instrução Sobre Alguns Aspectos da Teologia da Libertação", da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé, de 06 de Agosto de 1984).
O objetivo desta série de artigos é expor cada um desses mitos litúrgicos modernistas e os contrapor com a palavra oficial da Santa Igreja. As citações utilizadas sobre disciplina litúrgica, de documentos da Santa Igreja, se aplicam à forma do Rito Romano aprovada pelo Papa Paulo VI (a forma ordinária atualmente), com exceção dos mitos que falam expressamente sobre a Missa Tridentina, que é a forma tradicional e (atualmente) extraordinária do Rito Romano.Iniciamos abaixo nossa lista de mitos e suas contra-argumentações.
Não é. Ensina-nos o Sagrado Magistério da Santa Igreja Católica Apostólica Romana que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente e substancialmente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências de pão e de vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC), nos números 1374-1377.
E pelo fato de na Hóstia Consagrada Nosso Senhor estar Presente de maneira substancial, o Papa Paulo VI afirma (Encíclica Mysterium Fidei, n. 40-41, de 1965) a supremacia da Presença Eucarística de Nosso Senhor sobre as demais formas de presença:
"(...)As várias maneiras de presença enchem o espírito de assombro e levam-nos a contemplar o Mistério da Igreja. Outra é, contudo, e verdadeiramente sublime, a Presença de Cristo na sua Igreja pelo Sacramento da Eucaristia. Por causa dela, é este Sacramento, comparado com os outros, 'mais suave para a devoção, mais belo para a inteligência, mais santo pelo que encerra'; contém, de fato, o próprio Cristo e é 'como que a perfeição da vida espiritual e o fim de todos os Sacramentos'. Esta Presença chama-se Real, não por exclusão, como se as outras não fossem reais, mas por antonomásia, porque é substancial, quer dizer, por ela está Presente, de fato, Cristo completo, Deus e homem.”
Mistério dos mistérios! Também o próprio Concílio Vaticano II, na Constituição Sacrosanctum Concilium(n.7), afirma esta supremacia da Presença Eucarística:
“Para realizar tão grande Obra, Cristo está sempre presente na sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no Sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro – 'O que se oferece agora pelo Ministério Sacerdotal é o mesmo que se ofereceu na Cruz' – quer sobretudo sob as Espécies Eucarísticas.”
Afirmar que a Presença de Nosso Senhor na Palavra é tão completa quanto na Hóstia Consagrada significa uma de duas coisas: afirmar que Nosso Senhor se transubstancia na Palavra (completo absurdo, posto que palavra lida ou proclamada não é matéria física) ou negar a Presença Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, o que atenta conta o princípio e Mistério central da fé católica, pois a Eucaristia é “Fonte e ápice da vida cristã” (Lumen Gentium, n.11)
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Referências Bibliográficas
• CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. Disponível digitalizado em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html
• JOÃO PAULO II, Papa. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja. Disponível digitalizado em: http://212.77.1.247/holy_father/special_features/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_20030417_ecclesia_eucharistia_po.html
• CONCÍLIO DE TRENTO. Documentos das sessões do Concílio tridentino. Parte da documentação conciliar tridentina pode ser encontrada digitalizada (em espanhol) em: http://multimedios.org/docs/d000436/
• VATICANO. Catecismo da Igreja Católica. Disponível digitalizado em: http://vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html
• VATICANO, Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Geral do Missal Romano. Disponível digitalizado (edição típica de 2002) em: http://presbiteros.com.br/old/Liturgia/MissalRomano.htm ou em: http://www.arquidiocese-sp.org.br/download/documentos/doc_santa_se-instrucao_geral_do_missal_romano.doc
* Fonte: website "Presbíteros", da Associação Presbíteros, disponível em:
http://presbiteros.com.br/site/mitos-liturgicos/
Acesso 21/3/014
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Referências Bibliográficas
• CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. Disponível digitalizado em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html
• JOÃO PAULO II, Papa. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja. Disponível digitalizado em: http://212.77.1.247/holy_father/special_features/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_20030417_ecclesia_eucharistia_po.html
• VATICANO. Catecismo da Igreja Católica. Disponível digitalizado em: http://vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html
• VATICANO, Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Geral do Missal Romano. Disponível digitalizado (edição típica de 2002) em: http://presbiteros.com.br/old/Liturgia/MissalRomano.htm ou em: http://www.arquidiocese-sp.org.br/download/documentos/doc_santa_se-instrucao_geral_do_missal_romano.doc
http://presbiteros.com.br/site/mitos-liturgicos/
Acesso 21/3/014