CC Raichovak
Eureca! Encontrei a resposta! Mas qual foi a pergunta?
Durante muito tempo, fiquei intrigado com o que os fanáticos, irracionais, idiotas e fundamentalistas têm em comum.
Eu achava que era o medo – o medo de perder o controle. Todos os tipos de posições extremas, programas e estratégias políticas são elaboradas para manter o controle.
Nas sociedades geridas por líderes religiosos, só há uma maneira de fazer as coisas, que está de acordo com o livro, seja qual for o que o livro que têm como base. Isso também se aplica às políticas totalitárias que os partidos comunistas no poder mantêm em vários países asiáticos.
Contudo, como acontece com totalitários resistentes, o que é prescrito como o "único caminho" tende a mudar para atender a conveniência de quem está no poder e manter o controle.
Mas agora eu descobri que há outro ingrediente essencial na mistura de motivações e intenções entre aqueles que adotam tais posições. É algo que pode ser visto em tudo, desde as disputas internas à regra implacável dos totalitários de todos os matizes.
Este ingrediente é uma teoria cujos inventores ganharam o Prêmio Nobel. É o chamado "efeito Dunning-Kruger".
Dunning e Kruger receberam seu satírico "gongo" em psicologia por seu trabalho intitulado "Incompetentes e inconscientes disso: como a dificuldade em reconhecer a própria incompetência leva à autoavaliação superestimada".
O que Dunning e Kruger propõem é que, para uma dada habilidade, pessoas incompetentes farão uma ou mais destas coisas: tendem a superestimar suas próprias capacidades; não reconhecem habilidade genuína em outros; não reconhecem a extremidade de sua inadequação; só reconhecem a sua anterior falta de habilidade se forem expostas à formação para essa habilidade.
Isso acontece em todos os lugares. Acontece em reuniões tediosas, mesmo em torno de mesas de jantar, em que as autoridades autonomeadas se consideram muito melhor qualificadas em coisas que elas mal sabem.
É no coração da crise que assola o mundo que os terroristas impõem respostas simples sobre questões complexas (ou seja, matar aqueles que já demonizaram).
E isso pode destruir a missão da Igreja, quando os incompetentes e inexperientes clérigos e religiosos recebem tarefas que seriam bem melhor executadas por pessoas mais qualificadas em determinadas áreas.
Por exemplo, quando os clérigos católicos celibatários insistem em explicar aos casados leigos tudo o que precisam saber sobre sexo.
Mas o lado sinistro desse fenômeno na Igreja é evidente na cultura que ela cria, em que o clero e os leigos conspiram para manter viva uma característica da vida da Igreja que deveria ser estrangulada.
No coração da corrupção autorizada da Igreja, para a infelicidade do Papa atual, encontra-se algo que corrói a plausibilidade do catolicismo: o clericalismo.
Esta é uma cultura que os clérigos podem criar e compartilhar onde eles se instalam (e os leigos humildemente consentem), apresentando-se como autoridades incontestáveis, além de corrigir e tomar posse de tudo o que é preciso para alcançar seus objetivos.
Quando a pessoa está ameaçada, o grupo fecha fileiras para proteger a parte vulnerável, junta-se ao coro dos lamentos e culpa os acusadores, classificando os críticos como "dissidentes".
Isso está sob ataque generalizado em muitas partes da Igreja. Mas, como baratas em climas quentes e úmidos e, apesar dos melhores esforços de seus agressores, eles sobrevivem e até mesmo prosperam.
O clericalismo está sob grande ameaça no Ocidente, onde um laicado católico educado apelou a padres, bispos, religiosos e religiosas, desafiando-os a praticar o que pregam ou afastar-se. Aliás, este é um laicado que muitas vezes é resultado de todos os esforços da Igreja para aumentar os níveis de conhecimentos e habilidades dos leigos, através de todas as suas escolas, em todos os níveis.
Mas o clericalismo tem solo rico para crescer quando combinado com as características das pessoas, religiões e hierarquias locais, em algumas sociedades asiáticas, por exemplo.
Onde quer que os homens sejam vistos (e assumam as prerrogativas) como mais poderosos do que as mulheres, onde as hierarquias sociais existentes reverenciem os "homens santos" e "mestres", os clérigos católicos podem escorregar em um conjunto de hierarquias pré-arranjadas para intensificar as piores características declericalismo.
Então, qual é a resposta a estas forças internas que corrompem a capacidade da Igreja para proclamar a mensagem de Jesus em palavras e atos?
A primeira coisa é reconhecer a sabedoria de um comentário recente do Papa Francisco a alguns bispos no Vaticano. Seu papel é liderar seu povo, "às vezes, do lado de trás". Por quê? Porque, disse o Papa, o seu primeiro dever como pastores é ouvir o seu povo. Não há substituto para uma atitude humilde e atenta de escuta.
A segunda coisa é seguir a velha máxima do método científico: reconhecer que "os fatos são amigáveis". Isso significa aceitar que vivemos em um mundo onde todas as sociedades fechadas e presunçosas – grandes e pequenas – são alvos para o ataque justificado.
A resposta a essa acusação, justificada em muitos casos, é a transparência e abertura para se envolver e enfrentar as críticas. Defesa e negação sufocam a Igreja e apenas criam mais problemas no futuro.
Uma terceira resposta seria levar a sério o que Dunning e Kruger têm a dizer. Existe simplesmente uma quantidade estonteante de informações sobre praticamente todos os assuntos hoje, e num nível e grau inimagináveis pelos nossos antepassados.
A habilidade que a Igreja aprendeu lentamente e com relutância é a legítima autonomia dos muitos e variados departamentos do conhecimento; nenhuma autoridade sozinha pode pronunciar-se sobre quase tudo.
O que o Vaticano aprendeu da maneira mais difícil (lembremos de Galileu, entre muitos outros) é que a habilidade em qualquer área do conhecimento abre todas as outras áreas da própria incompetência.
O seguinte passo seria uma abordagem de abertura respeitosa.
(Publicado originalmente em UCANews, em 12 de junho de 2013)
Durante muito tempo, fiquei intrigado com o que os fanáticos, irracionais, idiotas e fundamentalistas têm em comum.
Eu achava que era o medo – o medo de perder o controle. Todos os tipos de posições extremas, programas e estratégias políticas são elaboradas para manter o controle.
Nas sociedades geridas por líderes religiosos, só há uma maneira de fazer as coisas, que está de acordo com o livro, seja qual for o que o livro que têm como base. Isso também se aplica às políticas totalitárias que os partidos comunistas no poder mantêm em vários países asiáticos.
Contudo, como acontece com totalitários resistentes, o que é prescrito como o "único caminho" tende a mudar para atender a conveniência de quem está no poder e manter o controle.
Mas agora eu descobri que há outro ingrediente essencial na mistura de motivações e intenções entre aqueles que adotam tais posições. É algo que pode ser visto em tudo, desde as disputas internas à regra implacável dos totalitários de todos os matizes.
Este ingrediente é uma teoria cujos inventores ganharam o Prêmio Nobel. É o chamado "efeito Dunning-Kruger".
Dunning e Kruger receberam seu satírico "gongo" em psicologia por seu trabalho intitulado "Incompetentes e inconscientes disso: como a dificuldade em reconhecer a própria incompetência leva à autoavaliação superestimada".
O que Dunning e Kruger propõem é que, para uma dada habilidade, pessoas incompetentes farão uma ou mais destas coisas: tendem a superestimar suas próprias capacidades; não reconhecem habilidade genuína em outros; não reconhecem a extremidade de sua inadequação; só reconhecem a sua anterior falta de habilidade se forem expostas à formação para essa habilidade.
Isso acontece em todos os lugares. Acontece em reuniões tediosas, mesmo em torno de mesas de jantar, em que as autoridades autonomeadas se consideram muito melhor qualificadas em coisas que elas mal sabem.
É no coração da crise que assola o mundo que os terroristas impõem respostas simples sobre questões complexas (ou seja, matar aqueles que já demonizaram).
E isso pode destruir a missão da Igreja, quando os incompetentes e inexperientes clérigos e religiosos recebem tarefas que seriam bem melhor executadas por pessoas mais qualificadas em determinadas áreas.
Por exemplo, quando os clérigos católicos celibatários insistem em explicar aos casados leigos tudo o que precisam saber sobre sexo.
Mas o lado sinistro desse fenômeno na Igreja é evidente na cultura que ela cria, em que o clero e os leigos conspiram para manter viva uma característica da vida da Igreja que deveria ser estrangulada.
No coração da corrupção autorizada da Igreja, para a infelicidade do Papa atual, encontra-se algo que corrói a plausibilidade do catolicismo: o clericalismo.
Esta é uma cultura que os clérigos podem criar e compartilhar onde eles se instalam (e os leigos humildemente consentem), apresentando-se como autoridades incontestáveis, além de corrigir e tomar posse de tudo o que é preciso para alcançar seus objetivos.
Quando a pessoa está ameaçada, o grupo fecha fileiras para proteger a parte vulnerável, junta-se ao coro dos lamentos e culpa os acusadores, classificando os críticos como "dissidentes".
Isso está sob ataque generalizado em muitas partes da Igreja. Mas, como baratas em climas quentes e úmidos e, apesar dos melhores esforços de seus agressores, eles sobrevivem e até mesmo prosperam.
O clericalismo está sob grande ameaça no Ocidente, onde um laicado católico educado apelou a padres, bispos, religiosos e religiosas, desafiando-os a praticar o que pregam ou afastar-se. Aliás, este é um laicado que muitas vezes é resultado de todos os esforços da Igreja para aumentar os níveis de conhecimentos e habilidades dos leigos, através de todas as suas escolas, em todos os níveis.
Mas o clericalismo tem solo rico para crescer quando combinado com as características das pessoas, religiões e hierarquias locais, em algumas sociedades asiáticas, por exemplo.
Onde quer que os homens sejam vistos (e assumam as prerrogativas) como mais poderosos do que as mulheres, onde as hierarquias sociais existentes reverenciem os "homens santos" e "mestres", os clérigos católicos podem escorregar em um conjunto de hierarquias pré-arranjadas para intensificar as piores características declericalismo.
Então, qual é a resposta a estas forças internas que corrompem a capacidade da Igreja para proclamar a mensagem de Jesus em palavras e atos?
A primeira coisa é reconhecer a sabedoria de um comentário recente do Papa Francisco a alguns bispos no Vaticano. Seu papel é liderar seu povo, "às vezes, do lado de trás". Por quê? Porque, disse o Papa, o seu primeiro dever como pastores é ouvir o seu povo. Não há substituto para uma atitude humilde e atenta de escuta.
A segunda coisa é seguir a velha máxima do método científico: reconhecer que "os fatos são amigáveis". Isso significa aceitar que vivemos em um mundo onde todas as sociedades fechadas e presunçosas – grandes e pequenas – são alvos para o ataque justificado.
A resposta a essa acusação, justificada em muitos casos, é a transparência e abertura para se envolver e enfrentar as críticas. Defesa e negação sufocam a Igreja e apenas criam mais problemas no futuro.
Uma terceira resposta seria levar a sério o que Dunning e Kruger têm a dizer. Existe simplesmente uma quantidade estonteante de informações sobre praticamente todos os assuntos hoje, e num nível e grau inimagináveis pelos nossos antepassados.
A habilidade que a Igreja aprendeu lentamente e com relutância é a legítima autonomia dos muitos e variados departamentos do conhecimento; nenhuma autoridade sozinha pode pronunciar-se sobre quase tudo.
O que o Vaticano aprendeu da maneira mais difícil (lembremos de Galileu, entre muitos outros) é que a habilidade em qualquer área do conhecimento abre todas as outras áreas da própria incompetência.
O seguinte passo seria uma abordagem de abertura respeitosa.
(Publicado originalmente em UCANews, em 12 de junho de 2013)