Os/as jovens devem ser entendidos/as também como sujeitos/as protagonistas da construção de uma sociedade de fato fraterna, justa e solidária. A parcela que mais sofre é a juventude, pois vive uma situação de desemprego, precarização do trabalho, educação precária, violência e extermínio, predominantemente a negra.
Entendemos que o maior responsável por essa situação que se encontra a juventude é o modelo desenvolvimentista implantado no Brasil, cujas bases encontram-se no modelo de produção e consumo capitalista-imperialista. Este modelo está baseado na acumulação do capital, especialmente pelos bancos e multinacionais, que aliados aos governos, promovem voraz ataque às riquezas e ao território, provocando injustiças socioambientais e o empobrecimento da juventude rural e urbana, em especial os jovens negros, mulheres e indígenas.Nada demais, até aí. Afinal, você está em uma universidade federal, terreno fértil para todo tipo de grupelhos socialistas – desde os mainstream, como as juventudes do PT e do PC do B, até os mais marginais (e risíveis), como ajuntamentos anarquistas ou trotskistas. A retórica revolucionária é facilmente reconhecível, uma vez que se manifesta através de palavras-chave bem batidas. Assim, meio que movido por uma curiosidade mórbida, você procura ver quem está divulgando aquele material.
E eis que você vê que, na verdade, não se trata de nenhum setor de juventude de partido de esquerda, muito menos nenhum grupo mal-acabado de socialistas de butique: quem promove o material é a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O folder em questão é o material de divulgação da 5ª Semana Social Brasileira (SBB). Um modelo do panfleto pode ser encontrado aqui. O ranço marxista do material é explícito – comparando-o com algum artigo de opinião publicado em qualquer site de partido de esquerda brasileiro, do PT ao PCO, a semelhança é assustadora.
Em 24 de novembro de 2002, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou a “Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política”. Esse importante documento – cuja existência, ao que tudo indica, é totalmente ignorada pelos formuladores do material – assevera que
a consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a actuação de um programa político ou de uma só lei, onde os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos. Uma vez que a fé constitui como que uma unidade indivisível, não é lógico isolar um só dos seus conteúdos em prejuízo da totalidade da doutrina católica. Não basta o empenho político em favor de um aspecto isolado da doutrina social da Igreja para esgotar a responsabilidade pelo bem comum. Nem um católico pode pensar em delegar a outros o empenho que, como cristão, lhe vem do evangelho de Jesus Cristo de anunciar e realizar a verdade sobre o homem e o mundo.O objetivo desse material não é a defesa da doutrina social da Igreja – que, aliás, declara que o livre mercado (ou, no dizer do folder, o “modelo de produção e consumo capitalista-imperialista”) é “o instrumento mais eficaz para colocar os recursos e responder eficazmente as necessidades” –, mas de idéias que, explícita e implicitamente, possuem alicerce em doutrinas políticas formalmente condenadas pela Igreja. E o pior: seu foco é justamente a doutrinação ideológica dos jovens, travestindo de conscientização política o que poderia corretamente ser chamado de mutilação moral e intelectual.
“É uma caridade descobrir o lobo que se esconde entre as ovelhas, em qualquer parte onde encontramos.” Essas sábias palavras de São Francisco de Sales devem sempre pautar a atuação de todo cristão, sobretudo em um campo tão complexo e ardiloso como a política.
Fonte: http://unbconservadora.blogspot.com.br