Fontes e chafarizes brincam com a água, distraindo o homem.
Suas águas murmurantes e cristalinas, esvoaçando ao ar como se quisessem voltar ao estado de vapor e voar, lançam-se para o alto mais parecendo asas de pássaros míticos, saídos do Paraíso.
Suas águas murmurantes e cristalinas, esvoaçando ao ar como se quisessem voltar ao estado de vapor e voar, lançam-se para o alto mais parecendo asas de pássaros míticos, saídos do Paraíso.
Para quem sabe apreciá-los, os
chafarizes e as fontes despertam mil disposições retas de espírito,
convidando à prática das virtudes mais delicadas. Eles parecem comunicar
uma agradável sensação de pureza e frescor ao ambiente, e seus
vigorosos jatos que se projetam para cima parecem nos conclamar:
Corações ao alto!
|
E quando seus jatos atingem o máximo de
sua estatura, parecem convidar o homem a uma extraordinária mobilização
de energias para retirar de dentro de si todo o potencial.
Um homem de vastos horizontes bem pode
encontrar junto a uma dessas fontes ou chafarizes a inspiração para
elaborar grandes planos de ação, motivado pela sugestiva ambientação que
eles criam.
Uma pessoa "estressada", contemplando o
alegre movimento das águas, pode ali recuperar aquele delicioso bem
estar do equilíbrio, da objetividade, da tranqüilidade que a fadiga lhe
roubou.
Na concepção de quem construiu essas
maravilhas, cada homem é como um chafariz, feito para projetar sobre os
acontecimentos, grandes ou pequenos, uma infinidade de belezas postas
pelo Criador em sua alma.
O vigor dos jatos de água que emergem
das entranhas da terra e vão povoar as alturas, formando lindas cortinas
líquidas osculadas pelos raios do sol, dá-nos alguma idéia da leveza de
espírito das pessoas inocentes.
As miríades de gotinhas que esvoaçam ao
redor do chafariz, levadas pelo vento, convidam nosso pensamento para a
consideração das infinitas maravilhas de Deus que elas parecem querer
atingir em seu etéreo vôo.
Como diz o Salmista, Deus deu o sol para todos, justos e pecadores, ricos e pobres. E a água também... A água!...
Nesse líquido tão simples e tão
precioso, quis Jesus imergir para receber o batismo do Precursor, no rio
Jordão. Com esse gesto Ele, de alguma forma, abençoou as águas do mundo
inteiro - dos mares, rios e lagos, dos chafarizes e poços, enfim, todas
elas ficaram mais puras a partir daquele dia!
Na contemplação das águas que sobem e
descem, calmas e constantes, o homem se sente convidado a degustar as
delícias da ordem interior, das proporções do mundo que o cerca,
distinguindo com calma o bom do que é mau, o verdadeiro do falso, o belo
do feio, enriquecendo assim seu universo interior.
Enfim, os chafarizes, ao lançarem as
águas para o céu, lembram ao homem a virtude da gratidão que ele deve a
Deus e o convida a uma filial e jubilosa ação de graças, porque de Deus
nós saímos, não para nos arrastarmos pelo rugoso casco desta terra de
exílio, mas para Ele retornarmos em alegre restituição.
João Carlos Barroso - Gaudium Press