A atuação dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão é algo muito comum em nossas paróquias e muitos leigos falam inclusive de um chamado, uma vocação à este ministério, uma grande missão.
Os ministros prestam um belíssimo e honroso serviço de caridade aos demais fiéis para que todos possam receber Jesus Eucarístico sem prolongar excessivamente a missa e isso é muito louvável. Também é importante ressaltar que o ministro é tão indigno de fazer isso que ao distribuir a comunhão seria importante que a contrição e o desejo de agradar à Deus em sua vida e conduta pessoal crescessem.
Porém no nosso país a atuação dos mesmos é considerada, excedendo sua importância, uma vocação para a vida toda, até mesmo uma pastoral fixa ou cargo vitalício e isso é completamente falso. São chamados ministros “extraordinários” justamente porque a presença e atividade deles deve ser algo incomum.
A disciplina da Igreja possui uma instrução chamada “Acerca de Algumas Questões sobre a Colaboração dos Fiéis Leigos no Sagrado Ministério dos Sacerdotes” em que apresenta a disciplina deste ministério no Art. 8.
No cânone §2 podemos ler, em diversos pontos, seu caráter de raridade na distribuição da comunhão:
“Para que o ministro extraordinário, durante a celebração eucarística, possa distribuir a sagrada comunhão, é necessário ou que não estejam presentes ministros ordinários [Bispo, presbítero ou diácono] ou que estes, embora presentes, estejam realmente impedidos.”“Pode igualmente desempenhar o mesmo encargo quando, por causa da participação particularmente numerosa dos fiéis que desejam receber a Santa Comunhão, a celebração eucarística prolongar-se-ia excessivamente por causa da insuficiência de ministros ordinários.”“Este encargo é supletivo e extraordinário”“Para não gerar confusão, devem-se evitar e remover algumas práticas que há algum tempo foram introduzidas em algumas Igrejas particulares, como por exemplo: (…) o uso habitual de ministros extraordinários nas Santas Missas, estendendo arbitrariamente o conceito de «numerosa participação»”
Estas instruções deixam bem claro que os ministros deveriam ser raros e que seu uso excessivo e habitual não é permitido. São importantes para suprir a falta, mas não para serem funções comuns.
Quando vemos uma missa cheia de ministros não deveríamos nos felicitar e dizer que temos muitos agentes pastorais, mas deveríamos nos lamentar e entristecer pelo fato de que não existem sacerdotes suficientes para o povo de Deus e não existem diáconos entregues ao serviço litúrgico no nosso país e na nossa diocese, ou seja, que o Sacramento da Ordem está se extinguindo na Igreja.
Isso não é uma condenação aos ministros e nem à sua boa intenção, temos, na verdade, uma dívida de gratidão com sua entrega neste serviço litúrgico, porém é preciso que os ministros tenham consciência de que seria motivo de alegria não ser necessário recorrermos à eles. Isso inclusive é um virtuoso exercício de desapego da própria vontade e dos próprios trabalhos pastorais, ou seja, “amar à Deus até o desprezo de si” (Santo Agostinho).
Logo, concluímos que este serviço é muito belo e deve ter como principal fruto o crescimento na santidade, mas que não pode ser visto como uma vocação, pois na verdade a existência dos mesmos é fruto de uma crise nas vocações sacerdotais.
“A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe.”