por Thiago Cid
O trabalho
dos microempresários é uma força poderosa para o bem-estar de todos
nós. Eles mostraram isso ao contribuir para que o Brasil não afundasse
na crise: durante 2008 e 2009, houve mais contratações do que demissões
no país principalmente por causa das “nanoempresas”, com até quatro
funcionários.
Entre os
bravos brasileiros que escolhem abrir um negócio próprio, há os mais
corajosos de todos — a tropa de elite da economia, os caras que não
podem errar, os heróis exemplares para as nossas crianças. São os
microempresários das classes mais baixas.
Eles têm
pouca margem de manobra. Fazer um movimento errado, para esses
caras, não quer dizer apenas reduzir lucros ou adiar
investimentos. Perder pequenas quantias pode significar a morte do
negócio ou menos dinheiro para colocar comida na mesa.
Por isso, as
histórias de sucesso desses microempresários vêm carregadas de exemplos
de superação, criatividade, uso inteligente de recursos e
aproveitamento de oportunidades. Eles detectam nichos
promissores, avaliam circustâncias que exijam mudanças, mantêm a
imaginação solta, negociam bem com os fornecedores e atendem aos mais
exigentes consumidores.
Para isso,
usam a experiência de antigos empregos, tomam empréstimos de
microcrédito, exploram as preferências da população local para fazer
produtos adaptados. Lições como essas foram apresentadas em uma reportagem
de Época de novembro de 2009 (o Araújo, aí na foto, foi um dos casos
apresentados). A história recebeu nesta semana o Grande Prêmio Sebrae de
Jornalismo, que agracia os trabalhos que mais contribuíram para a
promoção do empreendedorismo no Brasil. Repito aqui alguns
dos ensinamentos aprendidos com os empreendedores. São úteis para todos
que desejam emplacar o próprio negócio e prosperar.
1. Atenção às pequenas necessidades -
O empreendedor das classes emergentes cresce percebendo pequenas
necessidades não atendidas. O segredo é lembrar que, com uma economia
cada vez mais complexa, surgem nichos dentro de nichos.
2. Com dinheiro emprestado não se brinca - Não
importa a fonte de crédito, dinheiro emprestado não é dinheiro seu. Ele
precisa ter uso controlado, resultado concreto e devolução conforme o
previsto.
3. Flexibilidade para mudar de rumo - Pequenos
negócios das classes C e D sofrem duramente com mudanças no ambiente –
nos hábitos de consumo, nas leis, na economia. Empreendedor de sucesso é
aquele que consegue se adaptar sempre que necessário.
4. Objetividade no networking -
Um empreendedor emergente não diz que faz “networking” (o cultivo de
contatos profissionais que podem ser úteis no futuro). Mas a maioria
deles faz, e bem. Em vez de gastar tempo em eventos sociais, o emergente
busca contatos que possam lhe trazer oportunidades, informações e
serviços.
5. Tenha sempre um dinheiro extra - O
conselho vale para todos, mas para o pequeno é determinante. Ele já
viveu ou já viu de perto os efeitos da falta de emprego, de
infraestrutura e de serviços básicos. E sabe que uma poupança, mesmo
modesta, pode significar tanto a sobrevivência do negócio quanto ter
dinheiro para pagar as contas e encher a geladeira.
6. Aproveite ao máximo os recursos que tem - Quem
escapa da pobreza precisa de resultados rápidos. Não há recursos
sobrando. Esse empreendedor evita adiar projetos à espera da obtenção
dos recursos ideais. Em vez disso, avalia o que existe a seu dispor.
7. Busque valor no que já conhece - O
pesquisador Benson Honig, da Universidade Stanford, nos EUA, constatou
que conhecimento prévio é um fator de sucesso tão importante quanto a
capacitação do empreendedor. Entram nessa conta conhecimentos sobre um
tipo de cliente, um grupo ou uma demanda.