Escrito por Aurélio Santos Correia |
"Naquele mesmo dia ..."
Assim começa o Episódio narrado por São Lucas em seu Evangelho (Lc 24,
13-35) em que ele apresenta a triste situação de dois seguidores de
Jesus que se encontram agora decepcionados com os acontecimentos dos
últimos dias. Sua tristeza é latente; o próprio Jesus a pôde perceber em
suas palavras e no seu semblante. Mas, aproximemo-nos também nós destes
dois caminhantes e façamo-lhes a mesma pergunta que Jesus lhes fez: "Sobre o que falais pelo caminho e por que estais tristes?"
Ao lhes fazermos esta pergunta perceberemos muito mais que uma simples
resposta, mas toda a densidade de uma expectativa frustrada; uma nova
vida vislumbrada e desejada que, de repente esvaiu-se sem deixar
esperanças ... "este é já o terceiro dia que todas estas coisas aconteceram ..."
Mas quais são "estas coisas"
das quais eles falam e que lhes causam tanta tristeza? Estes dois
homens conheceram Jesus talvez a um, dois ou três anos e foram se
deixando apaixonar por seus ensinamentos. Suas palavras, suas pregações
os seduziram; seus milagres os convenceram: "Quem é este homem a quem
até os ventos obedecem?" Jesus era maravilhoso. Por Ele deixamos tudo
para segui-lo. O mestre havia ensinado: "Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo ..." Quantas renúncias tiveram que fazer. Colocaram, por assim dizer, toda a sua esperança naquele homem.
Mas,
eis que, de repente aquele que curava enfermos, que ressuscitou mortos,
que multiplicou pães, jazia pregado numa cruz. Terminara como um
maldito, ferido e castigado por Deus. Quanta desilusão! Que tristeza na
alma! O que faremos agora? Nada resta, senão voltarmos a nossa vida de
antes. Vamos retornar a Emaús e recomeçar a nossa vida; voltemos aquilo
que fazíamos antes ...
O
trajeto Jerusalém – Emaús, para além de um caminho físico, representa
um itinerário espiritual, um via interior por onde passam todos aqueles
que têm qualquer desilusão com o Mestre (ou com a sua Igreja, ou com um
membro da Igreja). Quantos conhecemos que depois de alguma desilusão com
a Igreja foram embora? Voltaram para "Emaús" ... Será que eu e
você já não percorremos este caminho? Será que o companheiro de Cléofas
(cujo nome não é citado) não sou eu ou você?
Eles
"decepcionaram-se" com o Mestre ... mas o oposto não se deu. Jesus os
ama; deu todo o seu sangue por eles e não quer que simplesmente eles vão
embora. Ele se põe a caminhar com eles. Jesus sempre está ao nosso
lado, mesmo nos momentos de desilusão, de dor, de sofrimento. Ele deseja
fazer-se notar. Se não sentimos sua presença, na mais das vezes, é
porque estarmos totalmente debruçados sobre a nossa ótica dos
acontecimentos, que, por natureza, é limitada. Isso nos cega de tal modo
que se torna impossível perceber a presença do Mestre. Mas Ele está
presente! Mesmo que não o sintamos, Ele está presente. Sempre é assim.
Isso constitui um princípio eterno: "Eis que estarei convosco todos os dias ..."
E
se nos deixamos curar pelo Senhor, se somos dóceis para acolher sua
presença e sua palavra, aos poucos as escamas que estão em nossos olhos
vão caindo e tudo começa a tomar sentido. A Palavra do Senhor é
apaixonante. Só os corações apaixonados por Ele se deixam tocar pela
eficácia de suas palavras. Este "arder" do coração é mais, muito mais do
que sentimentalismo. A Palavra do Senhor é viva e ela infunde
vida e amor nos corações daqueles que se entregam. É preciso deter-se
diante dele. Querer escutá-lo; "forçá-lo" a ficar: "Fica conosco, Senhor ..."
E eis que ao final de um longo itinerário, "eles o reconheceram ao partir do pão".
Os que crêem na Palavra do Senhor, sabem muito bem que estas palavras
não são circunstanciais. Jesus repetiu aqui o mesmo gesto da
Quinta-feira Santa. Em outras palavras, Ele celebrou a Eucaristia com
eles e para eles. Mais do que lembrarem-se deste gesto de Jesus
(provavelmente não estavam na última ceia), eles reconheceram Jesus no pão: "Isto é o meu corpo ..."
É
a nós, portanto, caríssimos irmãos, que estas palavras são dirigidas
nesta oitava da Páscoa. A nós que comemos e bebemos com Jesus! A nós que
diariamente, ou dominicalmente, participamos da sua Eucaristia e nos
alimentamos do seu corpo e do seu sangue. É aqui, com efeito, que Jesus
parte o pão para nós e se dá a conhecer. "Felizes os convidados para a
Ceia do Senhor!" Feliz é você se após ter ido para Emaús, voltou para
Jerusalém, para a Igreja, e ali participa da proclamação da Páscoa do
Senhor, pois Ele ressuscitou verdadeiramente!!!
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A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como symbola. Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.