Pular para o conteúdo principal

Os 3 cruéis inimigos da alma




 A alma que se põe em caminhada rumo ao céu encontrará diante de si diversas barreiras. Precisará superar diversas adversidades, tanto externas quanto internas para alcançar a tão sonhada meta: o céu. Este estudo tem o ensejo de trazer luz aos olhos, aos olhos da fé para que se possa distinguir, na caminhada, o que pode nos fazer cair e, conhecendo-o, como enfrentar. Falaremos de três “tropeços” que oferecem oposição direta à alma peregrina:  os três inimigos da alma.

Uma das maiores torpezas difundidas pela torrente revolucionária que se intitula de progressista foi o desfibramento, a emasculação pacifista que fez da capitulação Igreja Dialogante. Nós outros, desde o primeiro sinal de iniciação, aprendemos a pedir a Deus que pelo Sinal da Santa Cruz nos livre de nossos inimigos, e conseguintemente aprendemos que, com o Sinal da Cruz, nós nos armamos para o bom combate.


Agora ensina-se que não há mais inimigos, que não há mais lobos, e que a Igreja praticará o mandamento de amor se deixar seus filhos serem progressivamente devorados pelo mundo, pela carne e pelo Diabo que deixou de ser o inimigo do gênero humano. O termo “pastoral” tornou-se sinônimo de molezas e tolerâncias que roçam pelo obsceno. O “progressista” é antes de tudo um “entreguista”. E em cada passo de nova capitulação, de novo “diálogo”, ele se desmancha numa glossolalia destinada aos anais da ONU ou encaminhada ao Prêmio Nobel da Paz.

 Qualquer pessoa de sadio bom senso, ainda que despreparada para discussões teológicas e metafísicas, sabe que um homem de bem deve lutar por sua honra, deve defender seus filhos com o sangue, deve lutar por seu Credo, deve combater e querer morrer por sua Fé. E para bem combater o bom combate é preciso conhecer seus inimigos. A Igreja ensinou-nos durante séculos a combater, mas agora, em dez anos, uma torrente revolucionária passou a ensinar que a virtude máxima consiste na entrega, na fuga, na covardia. Qualquer progressista, escolhido ao acaso, na legião, é mais bondoso do que Nosso Senhor Jesus Cristo, que com toda a simplicidade falava em guerra, e que oportunamente usou o chicote.

Antes de prosseguir, rezemos um pouco, clamando a ação do Espírito Santo em nossos corações, para que o véu que antes cobria nossos olhos seja rasgado e que a luz de Deus, com todas as suas revelações adentrem profundamente em nossa alma para nos libertar das cadeias que nos impedem de trilhar os passos de Jesus. Amém!
Ao abrirmos o Evangelho de São Marcos no capítulo 4, a partir do versículo 1, nos depararemos com a parábola do semeador:
 “Jesus dizia-lhes em sua doutrina: ‘Ouvi: saiu o semeador a semear. Enquanto lançava a semente, uma parte caiu à beira do caminho e vieram as aves e a comera. Outra parte caiu no pedregulho onde não havia muita terra; o grão germinou logo, porque a terra não era profunda; mas assim que o sol despontou, queimou-se e, como não tivesse raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos; estes cresceram, sufocaram-na e o grão não deu fruto. Outra caiu em terra boa e deu fruto, cresceu e desenvolveu-se; um grão rendeu trinta, outro sessenta, outro cem.’ E dizia: ‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça’."
     Neste ensino de Jesus, podemos perceber aquilo o que São João da Cruz chama de “os três inimigos da alma”. Estes são três estorvos que, se não combatidos podem até mesmo nos tirar da comunhão com Deus. Eles fazem forte oposição à alma que quer se achegar cada vez mais ao Coração do Pai. Todos os danos recebidos pela alma provêm destes inimigos. Vamos, a partir do Evangelho, conhecê-los:
 -“Outros ainda recebem a semente entre os espinhos: ouvem a palavra mas, as preocupações mundanas, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e a tornam infrutífera”. (Mc 4,19). Temos diante de nós o primeiro inimigo- e o mais fácil de ser combatido: o MUNDO.
– “Alguns se encontram à beira do caminho, onde ela é semeada; apenas a ouvem, vem Satanás tirar a palavra neles semeada”.(Mc 4,15). Nos deparamos com nosso segundo inimigo: o DEMÔNIO.
-“Outros recebem a semente em lugares pedregosos;quando a ouvem, recebem-na com alegria; mas não têm raiz em si, são inconstantes, e assim que se levanta uma tribulação ou perseguição por causa da palavra, eles tropeçam”. (Mc 4,16-17). Por fim, encontra-se nesta narrativa de Jesus, o terceiro inimigo da alma: a CARNE.
     Podemos ver neste Evangelho que, aquilo o que é tirado pelos pássaros (demônio); sufocado  pelos espinhos (mundo) ou queimado pela ausência de uma raiz profunda (carne) neste terreno – que é o terreno do nosso coração – é a palavra semeada pelo semeador. Ora, se fizermos um paralelo com o que São Paulo nos explica sobre a armadura do cristão (cf. Ef 6,13-17) perceberemos que o cinto (da verdade), a couraça (da justiça), o escudo (da fé) e o capacete (da salvação) são elementos de defesa que nos ajudam a esquivar dos ataques inimigos.  Os pés calçados com a prontidão de anunciar o Evangelho nos impulsiona a ir em busca de outras almas. Porém, o soldado bem preparado não pode apenas se defender do inimigo mas também atacá-lo! E o instrumento da armadura que o Senhor nos dispõe para atacar os inimigos é exatamente a ESPADA do Espírito, que é a PALAVRA DE DEUS. E foi assim que o próprio Senhor o fez. Se lembrarmos bem da ocasião da tentação no deserto (cf. Lc 4,1-13), Jesus se deparou frente a frente com satanás e o venceu justamente pela Palavra de Deus. As respostas dadas por Jesus não foram senão aquilo o que já estava nas Escrituras. E, mais do que conhecer bem a Escritura, Jesus a vivia plenamente.
     Assim, o que os três inimigos tentam destruir é justamente a palavra de Deus plantada e cravada em nosso coração. Dessa forma, ficamos sem armas para o ataque, tornando-nos presas fáceis. Trata-se então de uma verdadeira GUERRA, uma batalha espiritual com soldados, estratégias e tanques de guerra. E o que está em jogo não são limites territoriais ou o desarmamento nuclear… mas a nossa própria salvação! O que está em jogo é o Céu. Vemo-nos diante de três acampamentos inimigos com suas barricadas já a postos. Cada um ataca de uma maneira, tendo suas particularidades e estratégias próprias. Mas sabemos que, em Cristo somos mais que vencedores e que esta batalha já foi ganha na Cruz! É preciso apenas garanti-la em nossas vidas!
     São João da Cruz nos ensina que os três inimigos encontram-se de tal forma entruncados que, ao se dar a vitória a algum deles, todos se fortalecem. Porém, em contrapartida, vencendo-se um, enfraquecem-se os outros dois. Vencidos os três, cessa a guerra da alma. Mas, para vencer o inimigo, é preciso conhecê-lo, saber de suas estratégias e artimanhas. A seguir, falaremos particularmente de cada um.
 


O MUNDO


    
 Dentre os três inimigos da alma, o mundo é o mais fácil de ser vencido, uma vez que exige de nós uma tomada de posição clara e decisiva: SIM ou NÃO. Trata-se aqui de termos a opção clara de qual senhor queremos servir: ao mundo ou a Jesus? Temos que OPTAR: ou amamos o mundo, com suas falsas delícias e mentiras ou amamos o Senhor que nos deu a vida. Não se pode, como o próprio Jesus já ensinou, amar o mundo e a Deus ao mesmo tempo. É como querer navegar com o pé em dois barcos. A princípio, com o mar calmo pode-se até conseguir, mas chega-se em um ponto, em um dado momento que é preciso optar e ir pra um dos barcos. E assim, o outro se distancia. Na alma acontece da mesma forma: ao estarmos com Jesus todas as outras coisas tornam-se para nós “esterco”. Em Jesus temos a plenitude da vida e nada no mundo pode suprir aquilo o que encontramos no Salvador… por mais belos e atraentes que possam parecer. Nada se compara à presença de Jesus. Nada se compara à Vida Eterna.
     A resistência que o mundo oferece pode ser para muitas almas uma barreira quase que intransponível. São mostradas à alma (principalmente no início da caminhada, quando os pés ainda tremulam um pouco) as “perdas” que ela terá caso optar pela porta estreita de Jesus: a “perda” dos amigos, a “perda” dos deleites mundanos (muitos se desesperam e têm medo ao pensar que não mais poderão provar dos prazeres oferecidos pelo mundo) e a “perda” da consideração e admiração dos antigos amigos e conhecidos (medo do desprezo do do mundo). Neste momento no entanto, devemos nos alicerçar nas palavras animadoras de Jesus: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo. 14.18). Ora, ser “odiado” e desprezado pelo mundo é a prova concreta de que estamos no caminho certo, de que estamos seguindo verdadeiramente os passos do Mestre, a quem o mundo odiou primeiro. Nada há que se temer, pois o Senhor nos escolheu no mundo e nos retirou dele. Por isso a importância de renunciar às “glórias” e “deleites” mundanos em função da Glória celeste que está em Jesus… Ter a convicção de que, diante do Jesus o que podemos ver como perda, é antes, um ganho para Deus. É hora de trocarmos tudo, pelo Tudo que é o Senhor.
     Dessa forma, se optarmos de uma vez por todas por Jesus este inimigo não mais terá força contra nós. Então, a palavra chave para lutar e vencer este primeiro inimigo é DESAPEGO. Desapego dos bens materiais mas também, desapego das pessoas. Temos que ter em mente que TUDO passa, só o Amor (que é Deus) ficará. Nosso corpo, PASSA! Nosso dinheiro, ACABA! Nossa roupa, RASGA! Nossos estudos PASSAM! O emprego, PASSA! O namoro, ACABA! A faculdade, ACABA! A casa, ACABA! Os prazeres mundanos, PASSAM! A bebida, ACABA! A comida, ESTRAGA! As pessoas, MORREM!  Os amigos, SE VÃO! Não vale a pena desgastar a nossa vida com aquilo o que passa… muito menos nos apegar e ancorar nisto… Não! Apeguemo-nos ao Senhor… Ele não passa… Ele é eterno… é o mesmo ontem, hoje e sempre! Deste mundo nada se leva, nem mesmo os prazeres…
     Opte pelo Senhor e essa batalha será ganha! Buscai primeiro o Reino de Deus e TUDO te será dado em acréscimo (cf. Mt 6,33-34)
 

O DEMÔNIO
     
Se o mundo é o mais fácil dentre o três, este segundo inimigo, o demônio, é o mais difícil de se descobrir suas obras. Antes de nos aprofundarmos mais, precisamos ter a certeza de que o demônio existe e oferece forte oposição contra nossa caminhada ao céu. Ele se aproveita dos outros dois inimigos para se fortalecer. O mal, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, não é uma abstração, mas é uma pessoa, e tem nome: o anjo decaído do céu.
     Dentre os três, ele é o mais forte e o mais obscuro de se perceber, suas astúcias e tentações são as mais fortes e duras de se vencer por se tratar de um ser espiritual. Sua inteligência e acuidade mental são superiores à nossa. Suas faculdades são maiores que a humana, uma vez que, sendo anjo, possui a natureza e capacidades angelicais.  
     Só pela luz do Espírito e pelos ensinos da Igreja sobre o demônio conseguimos desvendar as artimanhas e insídias do inimigo de Deus. Sabemos que as obras demoníacas são repugnantes e por isso, para nos oferecê-las, satanás precisa revesti-las sob a forma do bem. Caso contrário, não a aceitaríamos. Daí a importância do dom carismático do discernimento dos espíritos (cf. I Cor 12,10). Com ele, o Senhor nos dá a graça de discernir, em determinado momento de nossas vidas ou na vida do irmão qual espírito está agindo… se o Espírito de Deus, o espírito humano ou o espírito diabólico. Assim, o inimigo é fragilizado, pois suas obras são desmascaradas.
     E só pela força de Deus conseguimos vencê-lo. É estando em comunhão com o Senhor que esta batalha é ganha, uma vez que a força de Deus é infinitamente superior à de satanás. Este é uma criatura e, sendo assim, diante da onipotência de Deus, é infinitamente limitado e derrotado. Santa Tereza d’Ávila afirmava que para ela, uma mosca a incomodava mais que o próprio demônio.
     Da mesma forma, é pela HUMILDADE que vencemos o diabo e tornamos fracas todas suas obras. Ora, o demônio “afronta tudo o que é elevado, é o rei dos mais orgulhosos animais”(Jó 41,25). Assim, diante do humilde ele não tem forças para derrubar. Pode até mesmo tentá-lo, mas não encontra nele uma ocasião de queda. Voltemos à cena da tentação no deserto: satanás até tentou derrubar Jesus mas, perante a Humildade encarnada não pôde fazer nada. Da mesma forma conosco: quanto mais humildes formos, mais semelhantes a Jesus! Quanto mais humildes, menos ocasiões de queda serão encontradas em nós, uma vez que o “rei dos mais orgulhosos animais” conhece bem a natureza de uma alma orgulhosa.
     A um primeiro momento, a humildade parece ser algo fácil de se alcançar e mesmo, algo superficial. Mas não o é. Humildade exige desapego de si mesmo. Desapego das próprias vontades, do próprio querer. Humildade supõe humilhação. Humildade supõe obediência. Humildade exige silêncio mesmo diante de acusações e falsos testemunhos. Humildade exige esquecer-se de si mesmo. Humildade exige considerar o outro maior do que você. Humildade brota do coração. Um coração humilde nem hesita em dar a vez, a razão e o controle ao outro e principalmente a Deus. Ora, foi assim com Jesus. Jesus foi obediente ao Pai até a morte de Cruz. Sobrepôs a vontade do Pai à sua. Calou-se diante acusações humanas. Ele, sendo Deus e conhecendo todos os corações, poderia ter se defendido diante do Sinédrio. Mas não. Deixou-se humilhar ainda mais para fazer a vontade do Pai. Calou-se. Amou. Obedeceu. Uma alma soberba, por mais que tente, não consegue obedecer. Sempre considera suas idéias superiores às dos outros.
     Assim, quanto mais humildes formos, mais parecidos com Jesus seremos e mais força teremos diante do demônio para vencê-lo. Pois o Senhor desconcerta o coração dos soberbos, derruba do trono os poderosos e exalta os humildes (cf. Lc 1, 51-52). Em contrapartida, quanto mais soberbos, mais nos pareceremos com o rei dos mais orgulhosos animais. Cabe a nós optarmos, mais uma vez,  a qual rei estaremos servindo e nos espelhando.
     Podemos portanto, classificar duas armas contra este segundo inimigo da alma: ORAÇÃO (para desvendar suas obras e estar em comunhão com Deus) e HUMILDADE para nos assemelharmos cada vez mais com Aquele que já o venceu: Jesus.
 

A CARNE
     
Por fim, o terceiro inimigo que investe contra a alma: a carne. Esta, dentre os três, é o mais tenaz e pegajoso dos inimigos. Ela oferece continuamente uma oposição ao espírito e durará até quanto durar o homem velho em nós. Trata-se portanto de uma batalha árdua, uma vez que o homem velho durará enquanto durar nossa vida, devido à concupiscência existente em nós.  Conta-se que Santo Inácio de Loyola escrevia diariamente em sua mão o pecado que durante o dia inteiro ele precisaria combater. No dia de sua morte, perceberam que sua mão estava fechada e que trazia consigo um papel. Ao abrirem a mão, perceberam que no papel estava escrito: ORGULHO. Santo Inácio, mesmo no dia de sua morte estava combatendo contra a sua carne!
     Trata-se de um inimigo mais complicado de se vencer uma vez que, com os demais inimigos  travamos uma luta externa. O mundo e o demônio são  inimigos que agem exteriormente. Já a carne não. Está em nós: são os NOSSOS próprios desejos e impulsos. É uma luta não contra NÓS mas contra o pecado que habita em nós. Podemos perceber a angústia e batalha travada do apóstolo Paulo ao se deparar com suas próprias fraquezas em Rm 7, 14ss:
“Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não habita o bem: porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que gostaria mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro pois em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal. Deleito-me na lei de Deus no íntimo do meu ser. Sinto porém nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está nos meus membros. Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte? Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso senhor! Assim pois, de um  lado, pelo meu espírito sou submisso à lei de Deus; de outro lado por minha carne, sou escravo da lei do pecado”.
    


 Árduo combate, uma vez que dentro de nós estão em confronto duas leis: a do espírito e a do pecado. De um lado, encontra-se, em função do pecado original, a concupiscência carnal – que é a tendência a fazer o mal. Por outro lado, em nosso coração estão cravados os mandamentos de Deus e suas leis. Eis a batalha.
     E essa luta, este combate interior PRECISA acontecer. Precisa, diariamente, existir em nós. Caso contrário podemos perceber que estamos dando a vitória continuamente à carne. Pois realizar aquilo o que a carne pede é nos satisfazer pessoalmente. Lutar contra ela não o é.  Lutar contra a carne, ou seja, lutar contra os nossos próprios desejos dói. E precisa doer porque o Amor Verdadeiro dói. Na Cruz foi assim. Conosco precisa ser da mesma forma. Enquanto não estiver sangrando, se não estivermos neste conflito experimentado por São Paulo, certamente é a carne que está ditando nossas ações.
     Vencer a carne é não ser refém dos próprios sentimentos, dos desejos e do querer. Assim, é preciso constância para mantermos firmes e inabaláveis os propósitos assumidos diante de Deus, bem como a fidelidade aos planos e pedidos do Pai a cada um. Vencer a carne é fazer aquilo o que NÃO gostaríamos de fazer. Os homens guiados pelo Espírito não fazem aquilo o que gostariam de fazer porque “os desejos da carne se opõe aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros” (Gl 5,17). Ora, se é o Espírito que nos guia, se é o Senhor que habita em nós fazemos a vontade dAquele que nos criou. E muitas vezes a vontade de Deus não é a nossa. Assim, exige-se de nós a mortificação. Nas pequenas coisas cotidianas vencemos a carne se fazemos aquilo o que não gostamos de fazer. Seja o arrumar casa, o passar roupa, o fazer a vontade do outro, o silenciar diante das contrariedades, o lavar o carro, enfim… se nas pequenas coisas conseguimos dizer NÃO às regras da carne, na luta contra o pecado será da mesma forma.
     E vencer a carne é, antes de tudo, vencer o pecado que nela habita. Arrancá-lo de nosso coração como se faz com as ervas daninhas em um terreno. Na maioria das vezes, as ervas daninhas são arrancadas superficialmente, uma vez que a raiz está arraigada, profundamente presa ao solo. Muitas vezes conseguimos arrancar apenas as folhas. Porém, em pouco tempo, elas crescem com mais vigor. É preciso um veneno específico para aniquilá-las. Em nosso coração, acontece da mesma maneira. Precisa-se de uma intervenção direta de Deus para arrancar por inteiro a raiz do pecado em nós. O sangue de Jesus precisa ser derramado para queimar e acabar com as ervas daninhas insistentes do nosso coração. Caso contrário, arrancaremos apenas superficialmente o pecado, deixando a raiz. Seremos eternos reincidentes no pecado. E este trabalho  – o de arrancar o pecado pela raiz – precisa ser feito não por nós, mas pelo Agricultor que cuida de nós. A nós cabe apenas cultivar um terreno dócil à ação de Deus. Quanto mais fofa a terra estiver, mais fácil de arrancar pela raiz as plantas indesejadas.  
     Assim, para vencermos este terceiro e pegajoso inimigo precisamos da constância e da mortificação. Caso contrário, seremos como a semente que até germinou mas não tinha raiz em si. No primeiro vento ou sol forte ela se desfaz.
     Por fim, o Senhor nos convida a fazer de nosso coração um terreno fértil! Terreno úmido, regado pelo Espírito e que dá bons frutos. Terreno onde a palavra é semeada e VIVIDA! Onde a Palavra é encarnada. Palavra que é força de ataque contra os três inimigos da alma. Quanto mais alicerçados na Palavra do Senhor, menos forças terão nossos inimigos contra nós! À alma firmemente alicerçada no Palavra de Deus e no seu devido cumprimento pouco se pode fazer.

 Precisamos mobilizar todos os dons de Deus para combater os inimigos de Deus, mas podemos dizer que a cada um dos três corresponde, de modo especial, uma das virtudes teologais. Assim diremos:

 Do Demônio nos defenderemos como o escudo da Fé; das seduções ou agressões do mundo nos defendemos com a santa Esperança voltada para Deus e para o céu; e das fraquezas e malícias do amor-próprio nos defenderemos com fortes atos de Caridade firmados em insistentes atos de humildade.

      Portanto, armadura a postos e, na certeza de já sermos vencedores, unamos à toda a milícia celeste para lutarmos contra aqueles que nos fazem cair, pois a BATALHA É DO SENHOR!


Ana Carolina Zabisky



OREMOS IRMÃOS


[Pode-se usar água benta e tornar o crucifixo na mão.]

V. Eis a cruz de Cristo.
R. Afastem-se as forças do mal. 
V. Venceu o Leão da tribo de Judá. 
R. Jesus Cristo, o Filho de Davi. 
V. Se Deus é por nós.
(SMA)
R. Quem será contra nos?
V. 0 Senhor é minha luz e minha salvação.
R. A quem poderia eu temer?
V. 0 Senhor é o baluarte de minha vida.
R. Perante quem tremerei?
V. Senhor, estendei Vossa mão poderosa. 
R. Em Vós confiamos firmemente.
Oração:

São Miguel Arcanjo, defendei-nos do poder das trevas, livrai-nos das insídias do demônio, fortalecei-nos nas tentações; não permitais que Lúcifer, o anjo apóstata, prevaleça contra nós.[ 

São Miguel, acompanhai-nos ate a presença do Deus Altíssimo e reforçai a súplica que a ele agora vamos dirigir:

Deus do céu, Deus da terra, Deus do espaço, Deus dos Anjos, Deus dos Arcanjos, Deus dos Patriarcas, Deus dos Profetas, Deus dos Apóstolos, e de todos os Santos, Vós que tendes o domínio sobre a vida e a morte, sobre os mistérios do mal e as forcas infernais e que nenhuma influência maléfica é capaz de resistir ao Vosso poder infinito, porque sois o Deus vivo, único e verdadeiro e nenhum outro Deus existe além de Vós, nós Vos pedimos que pelo sangue de Vosso Filho derramado na Cruz e pela intercessão da Virgem Maria, que esmagou a cabeça da serpente infernal, nos livreis a nós e a todo o gênero humano das forças do mal; protegei Vossos filhos das tramas astuciosas do demônio; que Lúcifer, o anjo rebelde, assim corno foi expulso do paraíso, agora também tenha o seu poder reprimido e neutralizado entre nos.
(SMA)

Mandai que São Miguel Arcanjo, chefe do exército dos Anjos bons e fiéis, faca recuar ate o inferno os espíritos rebeldes com seu chefe, Lúcifer, inimigo de Deus e dos homens, e assim nós tenhamos a segurança e a tranqüilidade que tanto desejamos 

V. Da maldade e do vício,
R
. Livrai-nos, Senhor.
V. Do pecado e do erro voluntário,
R. Livrai-nos, Senhor. 
V. Das ciladas do demônio, 
R. Livrai-nos, Senhor. 
V. Da morte eterna, 
R. Livrai-nos, Senhor.

[Pai-Nosso, Ave-Maria, Gloria.]


 "Rogai por nós santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo."

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo