© José Luis Avila Herrera
É normal e justo ter uma primeira impressão das pessoas religiosas como homens e mulheres que se dedicam quase exclusivamente a rezar e a ler a Bíblia.
Na realidade, é uma boa impressão, mas sabemos que a vida religiosa não consiste apenas nisso. Certamente, rezar e ler a Bíblia são ações essenciais em toda comunidade religiosa, mas a vida consagrada está cheia de outras atividades maravilhosas, como os momentos comunitários, a vivência da oração em comunidade, a convivência diária, o apostolado ou missão etc.
Para responder a esta questão, convidamos uma religiosa da Comunidade Discípula do Bom Pastor, a irmã Petrona, quem, além de ser uma feliz religiosa, estudou filosofia, teologia e atualmente se encontra estudando a licenciatura em Sagradas Escrituras.
*** *** ***
Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que há muitas ideias sobre avida religiosa; algumas são bastante certas, outras, muito distantes da realidade. A verdade é que cada uma dessas ideias surge segundo a experiência que se teve da vida religiosa, seja pelo que se escuta, pelo que se vê na televisão ou pelo que se pensa.
Uma das muitas ideias que se tem sobre a vida religiosa ou consagrada é que nós passamos o tempo todo rezando ou lendo a Bíblia, e de cara posso dizer que não é bem assim. Lembro-me da minha fundadora contando que, quando ela entrou no convento, pensava que os anjos preparavam a comida, já que, quando ela chegava ao refeitório, tudo estava servido à mesa; mas ficou surpresa quando lhe disseram que era sua vez de preparar o café da manhã. Então, ela disse: “Ah, então eu também sou um anjo daqueles que prepara o café?”...
Algo similar ocorreu comigo quando ainda não conhecia nem havia vivido as inúmeras atividades que temos de realizar na vida religiosa. E não se trata apenas de realizar atividades, mas de vivê-las com atitude, com espírito, como costumamos dizer; assim, por exemplo, quando estamos na etapa de formação, aprendemos a cozinhar, fazer trabalhos manuais, ter hábitos de bons costumes, temos aulas voltadas para a linha humana e espiritual (método de oração, desenvolvimento da personalidade, secretaria, cultura geral, cozinha, trabalhos manuais, liturgia, Bíblia, evangelização etc.).
Saímos para realizar um apostolado nos finais de semana e visitamos nossos familiares todos os meses, quando moram perto; também servimos no refeitório e fazemos alguns passeios. Isso só nas etapas iniciais da nossa formação.
Na fase do noviciado, intensifica-se a vida de oração; é como viver um deserto espiritual, porque nos exercitamos na vida de silêncio e na escuta interior, sobretudo por meio da Palavra de Deus, do trabalho e do conhecimento do carisma e da espiritualidade do instituto.
Talvez esta seja uma das razões pelas quais às vezes se pensa que avida religiosa é só para estar rezando e lendo a Bíblia. Mas, vista assim, parece ser muito chata, ainda que seja parte essencial da nossa vida: quem não ora, perde a vocação; e quem não lê ou escuta Deus na Bíblia, não poderá conhecer Cristo.
Mas tudo tem uma ordem; o importante é conseguir estabelecer um equilíbrio entre mística-práxis e reflexão, o que será um trabalho para a vida toda, porque, quando já estamos consagradas, nós nos dedicamos ao trabalho pastoral ou segundo as tarefas do carisma congregacional.
Para algumas, o trabalho principal será ser professora, enfermeira, atender as crianças, a catequese, a pastoral, o escritório etc. Atenção: eu disse “trabalho principal”, mas não o mais importante.
Também precisamos continuar em nossa formação permanente; o aspecto intelectual é muito importante para responder aos desafios atuais – daí que algumas estudem certas especialidades das ciências humanas ou teológicas, segundo vão se apresentando as necessidades e aptidões de cada uma.
Na realidade, é uma boa impressão, mas sabemos que a vida religiosa não consiste apenas nisso. Certamente, rezar e ler a Bíblia são ações essenciais em toda comunidade religiosa, mas a vida consagrada está cheia de outras atividades maravilhosas, como os momentos comunitários, a vivência da oração em comunidade, a convivência diária, o apostolado ou missão etc.
Para responder a esta questão, convidamos uma religiosa da Comunidade Discípula do Bom Pastor, a irmã Petrona, quem, além de ser uma feliz religiosa, estudou filosofia, teologia e atualmente se encontra estudando a licenciatura em Sagradas Escrituras.
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Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que há muitas ideias sobre avida religiosa; algumas são bastante certas, outras, muito distantes da realidade. A verdade é que cada uma dessas ideias surge segundo a experiência que se teve da vida religiosa, seja pelo que se escuta, pelo que se vê na televisão ou pelo que se pensa.
Uma das muitas ideias que se tem sobre a vida religiosa ou consagrada é que nós passamos o tempo todo rezando ou lendo a Bíblia, e de cara posso dizer que não é bem assim. Lembro-me da minha fundadora contando que, quando ela entrou no convento, pensava que os anjos preparavam a comida, já que, quando ela chegava ao refeitório, tudo estava servido à mesa; mas ficou surpresa quando lhe disseram que era sua vez de preparar o café da manhã. Então, ela disse: “Ah, então eu também sou um anjo daqueles que prepara o café?”...
Algo similar ocorreu comigo quando ainda não conhecia nem havia vivido as inúmeras atividades que temos de realizar na vida religiosa. E não se trata apenas de realizar atividades, mas de vivê-las com atitude, com espírito, como costumamos dizer; assim, por exemplo, quando estamos na etapa de formação, aprendemos a cozinhar, fazer trabalhos manuais, ter hábitos de bons costumes, temos aulas voltadas para a linha humana e espiritual (método de oração, desenvolvimento da personalidade, secretaria, cultura geral, cozinha, trabalhos manuais, liturgia, Bíblia, evangelização etc.).
Saímos para realizar um apostolado nos finais de semana e visitamos nossos familiares todos os meses, quando moram perto; também servimos no refeitório e fazemos alguns passeios. Isso só nas etapas iniciais da nossa formação.
Na fase do noviciado, intensifica-se a vida de oração; é como viver um deserto espiritual, porque nos exercitamos na vida de silêncio e na escuta interior, sobretudo por meio da Palavra de Deus, do trabalho e do conhecimento do carisma e da espiritualidade do instituto.
Talvez esta seja uma das razões pelas quais às vezes se pensa que avida religiosa é só para estar rezando e lendo a Bíblia. Mas, vista assim, parece ser muito chata, ainda que seja parte essencial da nossa vida: quem não ora, perde a vocação; e quem não lê ou escuta Deus na Bíblia, não poderá conhecer Cristo.
Mas tudo tem uma ordem; o importante é conseguir estabelecer um equilíbrio entre mística-práxis e reflexão, o que será um trabalho para a vida toda, porque, quando já estamos consagradas, nós nos dedicamos ao trabalho pastoral ou segundo as tarefas do carisma congregacional.
Para algumas, o trabalho principal será ser professora, enfermeira, atender as crianças, a catequese, a pastoral, o escritório etc. Atenção: eu disse “trabalho principal”, mas não o mais importante.
Também precisamos continuar em nossa formação permanente; o aspecto intelectual é muito importante para responder aos desafios atuais – daí que algumas estudem certas especialidades das ciências humanas ou teológicas, segundo vão se apresentando as necessidades e aptidões de cada uma.
No entanto, o essencial da vida religiosa sempre será viver uma relação esponsal com Jesus Cristo mediante o diálogo interior. Por isso, orar é mais importante que rezar; escutar a vontade de Deus na Bíblia é mais importante que apenas lê-la.
Outro aspecto medular da vida consagrada é viver a fraternidade em nossa comunidade; nós não nos casamos nem temos filhos, mas é nosso ideal viver em um ambiente de família com nossas irmãs e comunidade, exercitar-nos cada dia em ser verdadeiras irmãs-amigas e viver nossa maternidade espiritual com as pessoas pelas quais oramos e a quem conduzimos no trabalho pastoral.
Acho que, por isso, em uma ocasião em que um sacerdote amigo nos visitava, ao despedir-se, disse: “Neste convento se vive intensamente”. Disso se trata: de canalizar todas as nossas potencialidades ao serviço do Reino e, assim, forjar a vida de santidade, entendida como vida de realização, de plenitude e de uma constante busca de perfeição, por amor ao Esposo e para ser um sinal do verdadeiro amor na Igreja e no mundo.
Com tudo isso, pessoalmente sempre pensei que, quando Deus chama e a pessoa responde, na vida consagrada ninguém se frustra; os ideais e as aspirações, e até esses sonhos que parecem muito loucos, se realizam, porque Deus é fiel.
(Artigo publicado originalmente por Vocación y Actualidad)
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