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Milagre Eucarístico




Milagre Eucarístico de Moncada
Espanha, 1392

No Milagre Eucarístico de Moncada o Menino Jesus aparece na Hóstia consagrada para dissipar as dúvidas de um sacerdote incerto da validez da sua Ordenação Sacerdotal. No final do século XIV, os Cardeais franceses tinham decidido eleger um antipapa na esperança de que ele transferisse novamente a Santa Sé a Avignon. Este episódio criou um clima de confusão tão grande no clero, que muitos sacerdotes começaram a duvidar da validez da ordenação deles. O episódio é reportado nos Anales Eclesiásticos do padre Odorico Raynaldi e em outros numerosos documentos conservados no arquivo do município de Moncada.

A eleição do Papa Urbano VI (18 de abril de 1378) foi duramente contestada pelos Cardeais franceses que queriam um Papa francês na esperança de que ele transferisse novamente a Santa Sé a Avignon. Depois de muitos problemas, no dia 20 de setembro de 1378 elegeram o antipapa Clemente VII. Os cismáticos tentaram imediatamente apoderar-se de Roma, inclusive usando armas, mas não conseguiram, então se retiraram a Avignon e Clemente VII continuou a agir como se fosse o legítimo Papa. Nesse período de grande incerteza um sacerdote de Moncada, Mosén Jaime Carrós, vivia atormentado, pensando que a sua ordenação sacerdotal não fosse válida porque ele foi consagrado por um Bispo nominado por Clemente VII. Cada vez que celebrava a Missa sentia medo de enganar os fiéis, dando-lhes Hóstias não consagradas e temia também que nenhum dos sacramentos que administrava fossem válidos. O sacerdote pedia ao Senhor um sinal que confirmasse o seu sacerdócio. Recebeu a resposta no natal de 1392.
Naquele dia também participaram da Missa uma nobre dama chamada Ângela Alpicat e a sua filha Inês de cinco anos (futura Santa Inês de Moncada). Quando a missa terminou, a criança se recusou a sair da igreja dizendo à sua mãe que queria ficar brincando com aquele maravilhoso menino que o pároco tinha nos braços durante a consagração. No dia 26, dona Ângela foi novamente à missa e quando o sacerdote elevou a Hóstia, a menina viu novamente o menino nos braços do sacerdote. No final da Missa dona Ângela contou ao padre as visões da sua filha e ele imediatamente interrogou a menina. A pequena Inês respondia com facilidade todas as perguntas, inclusive as mais difíceis, porém o sacerdote quis prová-la e convidou-a a regressar no dia seguinte para a Missa. O religioso tomou duas Hóstias, mas consagrou somente uma. Tomou a Hóstia consagrada e perguntou à menina que coisa ele tinha nas mãos, ela respondeu: “o Menino Jesus”. Depois elevou a Hóstia não consagrada e fez a mesma pergunta. Inês respondeu: “um disco branco”.
O sacerdote não conseguia falar de tanta alegria e toda a assembléia exultou porque foi demostrada a validez do sacerdócio do seu pároco. Por mais que o Bispo que ordenou o pároco de Moncada, tenha sido consagrado por um antipapa, Deus permaneceu fiel à sucessão apostólica determinada pela imposição das mãos.

Fé e Vida

Peço-vos de pedir humildemente, mas com insistência, aos homens da Igreja para que honrem acima de qualquer coisa no mundo, o Santíssimo Corpo e o Sangue do Senhor nosso Jesus Cristo, o seu Nome e as palavras com as quais é consagrado o seu Corpo. E quando o sacerdote o consagra na altar, todo o povo, de joelho, louve, glorifique e honre o Senhor Deus vivo e verdadeiro [...]. Mesmo que os sacerdotes sejam pecadores, não quero considerar os seus pecados, porque neles reconheço o Filho de Deus [...]. Aqueles que vêem o Sacramento da Eucaristia, consagrado pelo sacerdote, mas enxergam somente as aparências do pão e do vinho e não crêem, com a graça do Espírito, que é de verdade o Corpo e o Sangue de Cristo, se condenam a si próprios, porque não crêem no testemunho do mesmo Senhor que afirma: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (João 6,58). E como aos Santos Apóstolos se apresentou na forma de homem, assim se apresenta a nós no pão consagrado. E como eles (que com os olhos do corpo só podiam ver a carne), contemplando-o com os olhos da fé, acreditaram que era Deus, assim nós também, vendo com os olhos do corpo o pão e o vinho, acreditamos que o Santíssimo Corpo e Sangue estão presentes, vivos e verdadeiros, na Eucaristia. Deste modo o Senhor está sempre presente no meio dos seus fiéis, como ele mesmo prometeu quando disse: “E lembrem-se de que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mateus 28,20).

1. São Francisco de Assis

Milagre Eucarístico de Veroli
Itália, 1570

Na Páscoa do ano de 1570, na Igreja de Santo Erasmo em Veroli, durante a exposição do Santíssimo Sacramento (que naquele tempo era colocado num relicário cilindrico que por sua vez era colocado dentro de um grande Cálice coberto com a patena), para as Quarenta Horas de adoração pública, o Menino Jesus apareceu na Hóstia exposta e dispensou numerosas graças. Atualmente o Cálice onde o Santíssimo Sacramento foi exposto, está guardado na Igreja de Santo Erasmo e uma vez ao ano, na terça-feira depois da Páscoa, é utilizado para a celebração da Santa Missa.

Na Páscoa do ano de 1570, perto da Igreja de Santo Erasmo, a Hóstia consagrada, conforme o rito tradicional, era colocada num Relicário fechado de prata em forma cilindrica, que por sua vez era colocado dentro de um grande Cálice, também de prata e coberto com a patena. Em seguida, tudo era envolto num pálio de seda. É importante recordar que no século XV, a exposição ao Santíssimo Sacramento no ostensório não era muito comum, se bem que no Concílio de Colônia (1452) já se falava sobre isso. Como era de costume, os membros da Irmandade da Misericórdia, que se vestiam com hábitos negros e estavam na frente dos das Irmandades de Corpus Christi e de Nossa Senhora, se ajoelharam para rezar. Foi nesse momento que ocorreu o Milagre.
O depoimento de um tal Giacomo Meloni, uma das primeiras testemunhas do Milagre, é muito detalhado: “Quando olhei o Cálice, vi uma estrela esplêndida e em cima dela estava o Santíssimo Sacramento, era do mesmo tamanho da Hóstia que o Sacerdote costuma usar na Missa; a estrela estava unida ao Santíssimo Sacramento(...). A visão maravilhosa completou-se quando, ao redor da Hóstia consagrada, vi crianças em adoração, semelhantes a pequenos anjos...”. Mas, o documento mais digno de fé sobre esse Milagre Eucarístico foi redigido pela Cúria imediatamente depois dos fatos e é conservado nos arquivos da Igreja de Santo Erasmo. Todos os anos, até os dias de hoje, se recorda esse Milagre na terça-feira depois da Páscoa, com uma Solene cerimônia que conta com a participação do Bispo.
O Cálice com a patena onde o Santíssimo Sacramento foi exposto, sempre esteve guardado entre as relíquias dos santos, assim como o Relicário de prata. As sagradas espécies da Hóstia Milagrosa de Veroli, depois de 12 anos foram consumidas. Em 1970 por ocasião do IV centenário do Milagre, celebrou-se o terceiro Congresso Eucarístico da Diocese de Veroli- Frosinone. A Adoração Eucarística se realiza toda a primeira sexta-feira do mês e as outras igrejas fecham nesse dia.

Fé e Vida

Na oração ainda pedimos dizendo: “Dai-nos hoje o pão de cada dia” [...]. Na sua pregação ele disse: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. O meu corpo é o pão que eu darei para que o mundo tenha vida” (João 6,51). Quando ele fala que vive eternamente quem comer do seu pão, afirma claramente que vivem somente aqueles que comerem do seu corpo, que recebem a Eucaristia por direito de comunhão. Ao contrário, é preciso temer e rezar para que não aconteça que alguém, ficando afastado do Corpo de Cristo, seja separado e fique fora da salvação. De fato é sua a advertência que diz: “Eu afirmo que se não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos”. (João 6,53). É por esse motivo pedimos que seja nos dado todo dia o nosso pão, isto é Cristo, para que permanecendo e vivendo em Cristo, não nos afastemos da sua santificação e do seu Corpo “.



São Cipriano (De dominica oratione,82)

Milagre Eucarístico de Eten
Peru, 1649

O Milagre Eucarístico de Eten ocorreu 356 anos atrás na cidade peruana de Porto Eten. A imagem do Menino Jesus apareceu na Hóstia com três corações brancos e resplandecentes unidos entre si. Todos os anos, a festa em comemoração desse acontecimento começa no dia 12 de julho com a trasladação da imagem do Menino Milagroso do seu Santuário ao Templo da Cidade de Eten e termina no dia 24 de julho.

A primeira aparição da imagem do Divino Menino no Santíssimo Sacramento ocorreu na noite do dia 2 de junho de 1649 enquanto se rezava as vésperas durante a Adoração do Santíssimo, era época da Festa de Corpus Christi. No final da Adoração, o frei franciscano Jerônimo da Silva Manrique estava colocando o Ostensório no Tabernáculo quando de repente, se deteve. Na Hóstia havia aparecido o rosto resplandecente de um Menino de cabelos compridos castanhos e cacheados. Todos os fiéis que estavam na igreja tiveram a mesma visão.
Dias depois, no dia 22 de julho do mesmo ano durante as festividades de Santa Maria Madalena, padroeira da cidade, ocorreu uma segunda aparição. De acordo com o testemunho de Frei Marcos Lopez, superior do convento de Chiclayo, durante a exposição do Santíssimo Sacramento “o Divino Menino Jesus, apareceu de novo na Hóstia vestido com uma toga violeta. Debaixo da toga, ele vestia uma camisa que cobria a metade do corpo, de acordo com os costumes indígenas.” Com esse sinal o Divino Menino queria identificar-se com os habitantes mochicas de Eten para demostrar-lhes o Seu amor.
Durante a aparição, que durou mais ou menos 15 minutos, muitas pessoas viram na Hóstia três pequenas flores brancas unidas entre si. Elas simbolizavam as três pessoas da Santíssima Trindade: o Padre, o Filho e o Espírito Santo presentes na Hóstia Consagrada. Ainda hoje, todos os anos, a festa do Menino Milagroso de Eten continua atraindo milhares de fiéis.

Fé e Vida

Jesus falando a Irmã Maria da Trindade: “Quando estás diante do Santo Sacramento exposto, como podes pensar em outra coisa a não ser em mim? Oculto a minha divindade, oculto a minha glória, oculto o meu poder porque eles vos esmagariam. Sinto-me honrado e feliz vendo que, apesar de tudo, acreditam em mim e ficam felizes pela minha glória e confiam no meu poder. Nada se enxerga: uma Hóstia leve e sem espessura, um fundo branco no ostensório,,, e todavia estou lá, eu Jesus com a minha divindade, com certeza. Aniquilei-me para que a minha divindade vos penetrasse e vos transformasse sem perceber. Sou eu que ágio... só peço o seu consentimento,,, fico lá no mais perfeito silêncio e com uma paciência total. É sem palavras que eu seduzo as almas. A minha voz dentro delas é tão delicada porque a alma é frágil . Minha filha, a tua voz, se procuras falar comigo, poderia encobrir a minha... Tem mais valor o silêncio respeitoso que permite ouvir-me. Eu espero. Por muito tempo te esperei, e outras almas por mais tempo ainda. Os séculos podem passar, eu não me canso de esperar o impulso voluntário das almas que se aproximam de mim. Eu as seduzo todas desde que fui levantado da terra sobre a cruz. Muitas vezes ficas impaciente por pequenas coisas, ou porque as tuas orações não são atendidas; pense na eternidade e na paciência de Deus.

Irmã Maria da Trindade

Milagre Eucarístico de Les Ulmes
França, 1668

No Milagre Eucarístico de Les Ulmes, durante a exposição do Santíssimo Sacramento, no lugar da Hóstia apareceu a forma de um homem que tinha os cabelos compridos castanhos-claros, o rosto resplandecente, as mãos cruzadas e vestido com uma túnica branca. Depois de uma meticulosa investigação, o Bispo autorizou o culto do Milagre. Atualmente só podemos ver o nicho que durante aproximadamente 130 anos guardou a Hóstia Milagrosa, pois durante a revolução francesa, o vigário de Puy-Notre-Dame consumou-a devotamente porque temia uma profanação.

No dia 2 de junho de 1668, no sábado da oitava de Corpus Christi, na pequena igreja de Les Ulmes o Santíssimo Sacramento foi exposto aos fiéis. O pároco da igreja, Nicolas Nezan começou a incensar o Ostensório enquanto todos cantavam o hino Pange lingua, “quando cantaram “Verbum caro Panem verum”, na Hóstia apareceu a forma de um homem de cabelos compridos e castanhos-claros, o seu rosto era resplandecente, as suas mãos estavam cruzadas e ele vestia uma túnica branca. O Santíssimo Sacramento estava exposto dentro do Tabernáculo, mas o sacerdote colocou-o sobre o altar para que todos pudessem vê-lo mais de perto. Toda a aparição durou um pouco mais de 15 minutos”.
No dia 13 de junho, o pároco comunicou o evento ao seu Bispo, Henry Arnaud, quem imediatamente ordenou uma investigação. No dia 25 de junho publicou uma carta pastoral com o “relato fiel” do Milagre. Entre as várias obras que descrevem objetivamente o Milagre, recordamos a Clypeus Theologiae, escrita pelo padre dominicano Gonet e publicada em 1669 pelo editor francês Bertier. No VIII volume, o padre Gonet fala desse Milagre.
O Bispo mandou que se difundisse amplamente a notícia desse acontecimento e por isso foram imediatamente ordenadas três xilogravuras: a primeira é de Edelynck de ótima qualidade, conservada em Paris, depois temos a de Jean Bidault de Saumur e finalmente a do editor Ernou de Paris.
Até o século XVIII na paróquia de Les Ulmes todos os anos, se celebrava o aniversário da aparição, mas infelizmente hoje só é possível ver o nicho onde, por aproximadamente 130 anos, a Hóstia do Milagre esteve guardada, porque durante a revolução francesa, o vigário de Puy- Notre-Dame, devotamente consumou-a, pois temia uma profanação.
Em 1901, na paróquia de Les Ulmes realizou-se o Congresso Eucarístico Internacional d’Angers e em julho de 1933, durante o Congresso Eucarístico Nacional se dedicou uma inteira sessão ao estudo do Milagre de 1668.

Fé e Vida

Sentem uma grande ternura os que vão a Jerusalém e visitam a gruta onde nasceu o Verbo Encarnado, o pretório onde Jesus foi chicoteado, o Calvário onde morreu e o Sepulcro onde foi sepultado. Muito maior deverá ser em nós a ternura quando visitamos um altar onde está Jesus mesmo, no Santíssimo Sacramento. O venerável Padre João Ávila costumava dizer que entre todos os Santuários não poderá haver nenhum mais excelente e mais devoto do que uma igreja onde está Jesus no Santíssimo Sacramento. [...]. Quiseste, enfim, ó Deus de amor que, do nosso coração e do seu, se constituísse um só coração. Foi o mesmo Jesus que o afirmou: “Quem come a minha Carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele” (João 6,56). Portanto quem comunga está em Jesus, e Jesus nele, e esta comunhão não é de simples afeto, mas verdadeira e real. Como duas velas derretidas se unem, assim quem comunga se torna uma só coisa em Jesus Cristo. Quando Jesus chega na alma ele traz todo o bem, toda graça, e principalmente, a graça da perseverança. Este é o efeito principal do Santíssimo Sacramento: alimentar a alma com este alimento de vida, dando-lhe uma grande força para caminhar rumo à perfeição, e resistir aos inimigos que querem a nossa morte. Como o pão terreno sustenta a vida do corpo, assim este pão celeste sustenta a vida da alma, fazendo com que persevere na graça de Deus. Portanto, ensina o Concílio de Trento (sessão 13, cap.II) que a comunhão é aquele remédio que libera dos pecados veniais e nos preserva dos mortais.



Santo Afonso Maria de Liguori

Milagre Eucarístico de Bordeaux
França, 1822

No Milagre Eucarístico de Bordeaux, na Hóstia exposta aos fiéis para a adoração apareceu, durante mais de 20 minutos, uma imagem de Jesus dando uma bênção. Ainda hoje é possível visitar a Capela do Milagre e venerar a Preciosa Relíquia do Ostensório da aparição em Martillac, França, na igreja de uma comunidade contemplativa. A igreja é conhecida como “La Solitude”.

O Milagre Eucarístico de Bordeaux é intimamente ligado a uma comunidade fundada em 1820 pelo venerável padre Pierre Noaille. Ainda hoje a comunidade é ativa, principalmente na Ásia e na Africa. O Milagre ocorreu vinte meses depois da fundação dessa comunidade na igreja de Santa Eulália na Rua Mazarin em Bordeaux. A imagem de Jesus apareceu na Hóstia assim que o Abade Delot, que naquele dia substituía o Padre Noaille nas celebrações litúrgicas, abençoava os fiéis com o Santíssimo Sacramento.
Todos os presentes puderam contemplar por mais de vinte minutos a aparição na Hóstia da imagem de Jesus dando uma bênção. Alguém, inclusive, disse que ouviu Jesus dizer: “Eu sou aquele que é”. Este acontecimento foi aprovado pelas autoridades eclesiásticas, entre elas o Arcebispo de Bourdeaux, Dom d’Aviau, quem pessoalmente escutou os testemunhos dos fiéis que presenciaram o Prodígio.
Nos dias de hoje ainda é possível visitar a Capela do Milagre e venerar a preciosa Relíquia do “Ostensório da Aparição”.

Fé e Vida

Meu querido Jesus que sorte eu tenho! Com os olhos da fé eu te vejo aqui, diante de mim, e não só uma vez, mas todas as vezes que tu me recebes na tua presença. E não só tenho a sorte de te ver, mas posso receber-te nos meus braços e no meu coração. Mais ainda: tu és tão rico de amor, que chegas em mim com o teu Espírito, o teu Corpo e o teu Sangue, todas as vezes que eu o desejo, exatamente em mim e isto é ainda mais maravilhoso, surpreendente, quase inacreditável. Deus! Amor incompreensível! Tu és tão generoso comigo que quero ser igualmente generoso contigo. Mas como poderei eu, pobre criatura, retribuir o teu amor, meu Deus, meu Criador, meu Tudo? Quero, pelo menos, demonstrar-te a gratidão que sinto pelo grande dom da tua presença no Sacramento da Eucaristia. Quero dispor-me a ficar em tua companhia mais vezes que poder para falar contigo, Gostaria de ficar sempre perto para adorar-te e demonstrar-te todo o meu amor! Aumenta em mim a intensidade deste desejo, assim poderei ver-te, agradecer-te e amar-te no Paraíso.

Beato Francesco Spinelli

IV. A Eucaristia: presença serene de Jesus

A palavra de Deus: Mc 14, 12-25

12No primeiro dia dos ázimos, quando se imolava a vítima pascal,os discípulos lhe dizem: - Onde queres que vamos preparar para ti a ceia da Páscoa?
13Ele enviou dois discípulos, encarregando-os:
- Ide à cidade e vos sairá ao encontro um homem carregando um cântaro de água. Segui-o, 14e onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre pergunta onde está a sala em que vai comer a ceia da Páscoa com seus discípulos. 15Ele vos mostrará um salão no piso superior, preparado com divãs. Preparei-a para nós nesse lugar.
16Os discípulos saíram, dirigiram-se à cidade, encontraram o que lhes havia dito, e prepararam a ceia da Páscoa. 17Ao entardecer, chegou com os doze. 18Puseram-se à mesa e, enquanto comiam, Jesus disse:
- Eu vos asseguro que um de vós vai me entregar, um que come comigo.
19Consternados, começaram a perguntar-lhe um por um:
- Sou eu?
20Respondeu:
-Um dos doze, que molha o pão comigo na travessa. 21Este Homem será entregue! Seria melhor esse homem não ter nascido.
22Enquanto ceavam, tomou um pão, pronunciou a bênção, o partiu e o deu, dizendo:
-Tomai, isto é o meu corpo.
23E tomando a taça, pronunciou a ação de graças, deu-a, e todos beberam dela. 24Disse-lhes:
-Este é o meu sangue da aliança que se derrama por todos. 25Eu vos asseguro que não voltarei a beber do produto da videira até o dia em que o beber de novo no reino de Deus.

Aprendendo com a Igreja

Dando à Eucaristia todo o realce que merece e procurando com todo o cuidado não atenuar nenhuma das suas dimensões ou exigências, damos provas de estar verdadeiramente conscientes da grandeza deste dom. A isto nos convida uma tradição ininterrupta desde os primeiros séculos, que mostra a comunidade cristã vigilante na defesa deste « tesouro ». Movida pelo amor, a Igreja preocupa-se em transmitir às sucessivas gerações cristãs a fé e a doutrina sobre o mistério eucarístico, sem perder qualquer fragmento. E não há perigo de exagerar no cuidado que lhe dedicamos, porque, « neste sacramento, se condensa todo o mistério da nossa salvação»104

A Igreja Vive da Eucaristia” No 61 (João Paulo II)

Fé e Vida
A celebração eucarística é, portanto, uma verdadeira festa da unidade – unidade conquistada pelo sacrifício do Cordeiro de Deus. Os que foram marcados com o sinal do batismo e integrados na construção de Deus, que é a Igreja (cf. 1Cor 3,9), são sustentados no dinamismo unificador da presença eucarística de Jesus. Comungando seu Corpo e Sangue, crescem na união com Deus, na harmonia interior e na comunhão com o próximo, pela força desse encontro inusitado com Deus Salvador. Como conseqüência dessa vida na fé e na esperança, a Eucaristia alimenta uma compreensão unitária da existência “ a partir de dentro “, ajudando a superar a visão fragmentária e imediatista de nossos dias3. Ela vai convencendo os cristãos, em meio às vicissitudes desta vida, a exclamarem, movidos pela posse dos bens aventurados: “Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21,4).

Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários” No 6,14 (XVI Congresso E. Nacional)


Milagre Eucarístico de Augsburg
Alemanha, 1194

O Milagre Eucarístico de Augusburg, conhecido pelos moradores como “Wunderbarlichen Gutes – Bem Milagroso”, é descrito em numerosos livros e documentos históricos que podem ser consultados na biblioteca estadual e civil de Augsburg. Uma Hóstia roubada transformou-se em carne ensangüentada.
Com o passar dos anos foram realizadas diversas análises na Partícula que confirmaram sempre que se trata de carne e sangue humanos. Hoje o Convento de Heilig Kreuz é custodiado pelos padres dominicanos.

Em 1194, uma senhora de Augsburg particularmente devota ao Santíssimo Sacramento, depois de receber a comunhão, sem que ninguém percebesse, envolveu a Hóstia num lencinho, levou-a à casa e colocou-a num recipiente de cera dentro de um armário. Naquele tempo era muito difícil encontrar tabernáculos nas igrejas para fazer a Adoração Eucarística. Somente no ano de 1264, com a introdução da Festa de Corpus Christi, é que se difundiu essa devoção. Passaram-se cinco anos e no dia 11 de maio de 1199, a mulher, cheia de remorsos, confessou-se com o Padre Berthold, Superior do convento de Heilig Kreuz. O sacerdote, então, pediu que ela lhe desse a Hóstia, mas quando ele abriu o recipiente de cera que envolvia a Hóstia e viu que ela tinha se transformado em carne ensangüentada. A Hóstia se apresentava “dividida em duas partes unidas uma à outra através de finos filamentos de carne ensangüentada”. O padre Berthold foi imediatamente ver o Bispo da cidade, Udalskalk quem ordenou que a Hóstia prodigiosa fosse “levada, acompanhada pelo clero e pelo povo, para a Catedral e exibida num Ostensório de cristal para a Adoração dos fiéis”.
Mas o Milagre continuou: a Hóstia começou a crescer e a inchar-se e esse fenômeno durou desde a Páscoa até a festa de São João Batista. Depois disso, o Bispo Udalskalk mandou que levassem a Hóstia de volta ao convento de Heilig Kreuz e estabeleceu que “para recordar um fato tão memorável e extraordinário”, todos os anos se realize uma festa em homenagem à Santa Relíquia. Em 1200, o conde Rechber, doou aos padres de Santo Agostinho um cofre retangular de prata, com uma abertura anterior, onde a Hóstia do Milagre é colocada. Ademais do Prodígio Eucarístico verificaram-se outros episódios extraordinários como a aparição, em cima da Hóstia, do Menino Jesus todo vestido de branco com o rosto radiante e a cabeça adornada com una coroa de ouro; o sangramento do crucifixo da igreja e a aparição de Jesus abençoando a assembléia.

Fé e Vida

Todos os dias nós sacerdotes oferecemos Jesus Cristo no Sacramento do altar a Deus Pai, para que consiga o perdão dos nossos pecados. [...]. Nós sacerdotes temos a mesma atitude de uma mulher quando o marido irado quer bater nela: ela toma nos braços o seu filho, o levanta bem no alto e, apresentando-o ai pai irado, grita: “Bata, espanque este inocente!” A criança, chorando, pede compaixão para a sua mãe. O pai, enternecido pelas lágrimas do filho a quem ama com ternura, perdoa a mulher... Do mesmo modo no Sacrifício do altar ao Pai Celeste, zangado pelos nossos pecados, apresentamos Jesus Cristo seu Filho, como garantia de reconciliação, confiantes que por ele que tanto ama, nos poupe os merecidos castigos e seja generoso no seu perdão, lembrado das suas lágrimas e dos seus sofrimentos.

Santo Antonio de Pádua

Milagre Eucarístico de San Juan De Las Abadesas
Espanha, 1251

O Conde Vifredo em 887 fundou um mosteiro no Pirineo Catalano ao redor do qual imediatamente surgiu um vilarejo conhecido como “San Juan de las Abadesas”. Ali, é conservado ainda hoje, um crucifixo com a estátua de Jesus. A cabeça da estátua abriga uma Hóstia que está intacta desde 1251.

Em 1251 foram esculpidas estátuas em madeira para a igreja do mosteiro; as estátuas representavam o descenso de Jesus da Cruz. Haviam imagens de Jesus e sua Mãe, de José de Arimatéia e Nicodemos, de São João, o discípulo que Jesus amava, e dos dois ladrões. Essas belíssimas obras de arte se livraram da destruição na época da guerra civil de 1936 por causa da sua expressividade que causava em muitos uma grande emoção.
Especialmente a cabeça de Jesus crucificado é de uma beleza imponente, quando foi esculpida, o artista, fez um buraco de 6 centímetros de diâmetro com a intenção de colocar ali a Santa Eucaristia e assim foi feito em 1251. Mas a lembrança daquela Hóstia escondida na cabeça de Jesus perdeu-se no tempo. Somente em 1426, durante os trabalhos de restauração das estátuas é que foi redescoberto aquele buraco sigilado com uma pequena placa de prata na cabeça de Jesus. Dentro do buraco encontrou-se a Hóstia consagrada em 1251, envolvida num linho branco, totalmente intacta.
Desde então aquela Hóstia, conhecida como o “Santíssimo Mistério de San Juan de las Abadesas” é adorada e visitada todos os anos por numerosos peregrinos.

Fé e Vida

Ninguém vendo as coisas visíveis colocadas no altar, deve dizer: “Para os Judeus Deus mandou o maná e as codornizes, e estas são as coisas preparadas para a sua Igreja amada?” [...]. Com certeza é uma coisa maravilhosa que Deus tenha feito cair do céu o maná para os pais e os tenha alimentado todos os dias com um alimento celeste. Por causa disso foi dito: o homem comeu o pão dos Anjos. Porém, todos que comeram daquele pão morreram no deserto; este alimento, ao contrário, que tu recebes, este pão vivo descido do céu, te dá a vida eterna, e quem o comer jamais morrerá, e ele é o Corpo de Cristo. Reflita então o que é melhor: o pão dos anjos ou a Carne de Cristo que é Corpo de vida. O maná vinha do céu, o Corpo de Cristo está acima dos céus; aquele é do céu, este é o Senhor do céu; aquele ficava podre se tentassem conserva-lo até o dia seguinte; este não pode ser corrompido, e quem dele se alimentar santamente, não será corrompido. Para eles brotou água da rocha, para ti o Sangue de Cristo; eles mataram a sede por pouco tempo, tu ficas saciado por aquele Sangue eterno. O Judeu bebe e tem sede, quando tu, ao contrário, conseguires beber, nunca mais terás sede; aquela era uma figura, este é de verdade,”

Santo Ambrósio (De mysteris,44,47-48)

Milagre Eucarístico de Offida
Itália, 1273-1280

Em Offida, na Igreja de Santo Agostinho, se conservam as relíquias de um Milagre ocorrido em 1273. Uma Hóstia se converteu em carne ensangüentada. O Milagre é descrito em numerosos documentos, entre eles um texto autêntico, escrito à mão pelo notário Giovanni Battista Doria em 1788. Além desse documento existem várias bulas papais, a primeira é de Bonifácio VII (1295) e a última de Sisto V (1585); intervenções de Congregações romanas; decretos de Bispos; estatutos municipais; dons votivos; afrescos; epígrafes; inscrições; lápides e testemunhos de historiadores ilustres, entre eles Antinori e Fella.

Em Lanciano, no ano de 1273, uma mulher chamada Ricciarela querendo reconquistar o amor do seu esposo Giacomo Stasio, procurou uma bruxa da cidade quem lhe aconselhou roubar uma Hóstia Consagrada, colocá-la no fogo e depois que a Hóstia tivesse sido reduzida a pó, a espalhasse na comida do marido. Mas, no momento em que a Hóstia foi ao fogo, converteu-se em carne. Ricciarella, amedrontada, pegou uma toalha de linho e envolveu a telha que continha a Hóstia e enterrou-a no estábulo do marido. Começaram, então, a passar coisas estranhas: a mula de Giacomo todas as vezes que entrava no estábulo se prostrava na direção do lugar onde a Hóstia estava enterrada, parecia até que queria adorá-la. Giacomo começou a pensar que a esposa tivesse enfeitiçado a besta. Sete anos depois, Ricciarella, cheia de remorsos, confessou o seu sacrilégio ao frade Giacomo Diotallevi, nativo de Offida, Prior do convento de Santo Agostinho em Lanciano. “Matei Deus! Matei Deus!", gritava a mulher aos prantos. Depois de escutar toda a história, o frade foi ao estábulo e viu que as Relíquias envolvidas no lenço estavam intactas.
De acordo com uma antiga crônica, para conservar a Sacra Hóstia, os membros da cidade de Offida, decidiram construir um relicário em forma de Cruz. Frei Michele Mallicani e um irmão foram a Veneza e quando chegaram na cidade, fizeram que o ouríve jurasse que não contaria a ninguém o que iria ver e colocar na cruz. Quando o ouríve segurou a copa com a Hóstia milagrosa, de repente sentiu-se febril e exclamou: “Que coisa me trouxestes, meu bom frade!” O religioso, então perguntou se ele estava em pecado mortal, o ouríve respondeu que sim e se confessou naquele mesmo momento. A febre então desapareceu e sem problemas segurou a copa, pegou a Hóstia e a guardou junto ao Sagrado Madeiro na cruz, como se vê claramente ainda hoje. Os relicários da telha e do lenço manchado de sangue com a Cruz que contém a Hóstia milagrosa estão expostos na Igreja de Santo Agostinho em Offida. A casa de Ricciarella em Lanciano foi transformada numa pequena capela. Em 1973 se celebrou o VII centenário do Milagre e todos os anos, no dia 3 de maio, os cidadãos festejam o aniversário do Prodígio.

Fé e Vida

A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue verdadeira bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele” (João 6, 56). Não é possível duvidar da realidade da Carne e do Sangue. Conforme o testemunho do Senhor e da nossa fé, trata-se de verdadeira Carne e verdadeiro Sangue. Quando recebemos o Corpo e bebemos o Sangue, Cristo está em nós e nós em Cristo [...]. Ele está, portanto, em nós mediante a sua Carne e nós estamos nele, pelo fato que é juntamente com ele em Deus que nós estamos. Ele mesmo afirma que estamos nele mediante o Sacramento da Carne e do Sangue que nos foram dados: “Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais, mas vocês me verão. E porque eu vivo, vocês também, viverão. Quando chegará aquele dia, vocês ficarão sabendo que estou em meu Pai, e que vocês estão em mim, assim como eu estou em vocês” (João 14, 19-20).

Santo Hilário de Poitiers, (De Trinitate, 8 13-17)

Milagre Eucarístico de Fiecht
Áustria, 1330

O povoado de São Georgenberg-Fiecht situado no vale do Inn, é conhecido principalmente por causa de um Milagre Eucarístico ocorrido em 1310. Durante a Santa Missa, o sacerdote duvidou da presença real de Jesus na Eucaristia e imediatamente depois da consagração o vinho se transformou em Sangue e começou a borbulhar e a sair do Cálice. Em 1480, 170 anos depois, o Santo Sangue ainda estava “fresco como se tivesse saído hoje de uma ferida”, escrevia um cronista da época. O Sangue continua intacto e está guardado num Relicário no Mosteiro de São Georgenberg.

Perto do Altar lateral da igreja do mosteiro de São Georgenberg encontramos uma lápide que relata: “No ano de 1310 da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob a jurisdição do abade Rupert, um sacerdote que celebrava a Santa Missa nessa Igreja dedicada ao Santo Mártir Jorge e ao Santo Apóstolo Tiago, depois de ter consagrado o vinho, duvidou de que sob essas espécies estivesse verdadeira e realmente presente o Sangue de Cristo. Logo em seguida o vinho se transformou em Sangue e começou a borbulhar dentro do Cálice chegando a derramar-se. O Abade, os monges, que estavam no coro, e os numerosos peregrinos que participavam da missa, se aproximaram do Altar e viram o que tinha acontecido. O sacerdote assustado, não conseguiu beber todo o Santo Sangue, assim o Abade colocou o que restou num recipiente perto do purificador que secava o Cálice dentro do Tabernáculo do Altar Maior. Assim que a notícia desse milagroso acontecimento se espalhou, os peregrinos começaram a chegar, cada vez mais em maior número, para adorar o Santo Sangue. O número dos devotos ao Santo Sangue era tão elevado que no ano de 1472 o Bispo Georg von Brixen enviou a São Georgenberg o Abade de Wilten, Johannes Lösch e os senhores párocos Sigmund Thaur e Kaspar di Absam, para analisar bem o fenômeno. Logo depois da investigação, a Adoração do Santo Sangue foi promovida e o Milagre foi considerado autêntico.
Entre os devotos, estavam altos representantes da Igreja, como o Bispo de Trieste, Giovanni, o Bispo de Brixen, George, o Arcebispo de Colônia e Duque de Baviera, Rupert, o Bispo de Chiemsee, Federico e outros mais.”
Numa lápide se relata que a Relíquia do Santo Sangue ajudou a conservar o credo católico durante o cisma protestante: “Quando, por volta do ano de 1593, os dogmas de Lutero se difundiam por todos os lados no Tirolo, foi pedido aos monges de São Georgenberg pregar o Credo a todos. O Abade Michael Geisser pregava com grande êxito diante de uma grande multidão na igreja paroquial de Schwaz e não hesitava em citar o Milagre do Santo Sangue como prova da existência da real presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do Altar. Ele respondia em modo tão convincente que os seus adversários foram obrigados a abandonar o campo. Esta vitória completa sobre o credo errado era vista pelos fiéis como uma graça especial que o Senhor concedia aos seus devotos, adoradores do precioso Sangue”.

Fé e Vida

Chamou de pão o seu Corpo Vivo, o tornou repleto de si mesmo e do seu Espírito. [...]. E aquele que come com fé, come Fogo e Espírito [...]. Tomai dele comei dele todos, e comam com ele o Espírito Santo. De fato, é verdadeiramente o meu Corpo, e quem o comer viverá eternamente.”



Santo Efrém O Sírio, Homilia para a Semana Santa, 182, 55

Muitos acreditam que a força verdadeira é o poder, ao contrário é a Eucaristia, O Cristianismo é a Eucaristia. Assim é construído o Corpo de Cristo, o povo de Cristo, o povo cristão, a Cidade de Deus, modelo da cidade humana. A Eucaristia edifica a cidade, os povos, as nações e as civilizações”

Giordio La Pira

Milagre Eucarístico de Middleburg-Lovaina
Bélgica, 1374

Esse Milagre Eucarístico é do ano de 1347. Na Igreja de São Pedro em Middleburg, durante a comunhão, a Hóstia consagrada se transformou em carne ensangüentada. Uma parte da Hóstia, ainda hoje é custodiada em Lovaina pelos padres agostinianos. Foi o monge Jean de Gheest, confessor do Bispo que aprovou o culto, quem pediu o privilégio de custodiar a Hóstia. A outra parte está na Igreja de São Pedro em Middleburg.

Existe uma abundante documentação sobre esse Milagre Eucarístico. Na monografia intitulada “Le Sacrement du Miracle de Louvain”, escrita em 1905 pelo historiador Jos Wils, docente da Universidade Católica de Lovaina, estão reproduzidos quase todos os documentos e testemunhos da época.
Uma nobre dama que vivia em Middleburg era conhecida por todos pela sua grande fé e devoção. Ela era também muito atenta à formação espiritual dos seus familiares e empregados. Durante a Quaresma do ano de 1374, como todos os anos, na sua casa se fazia penitência em preparação para a Páscoa. Mas uns dias antes, um rapaz chamado Jean, que levava uma vida devassa, tinha começado a trabalhar na sua casa e fazia muito tempo que não se confessava. Um dia, a senhora convidou todos os empregados a participar da Missa e Jean não quis recusar o convite para não fazer uma desfeita. Assim que, ele participou de toda a celebração Eucarística, mas quando chegou a sua vez de comungar, ele aproximou-se do altar com muita superficialidade e no instante em que recebeu a Hóstia, ela se transformou em carne ensangüentada.
Jean então, rapidamente tirou da boca a Partícula que goteou Sangue sobre a toalha que cobria um pequeno parapeito que estava diante do altar. O sacerdote compreendeu imediatamente o que estava acontecendo e comovido, colocou a Hóstia milagrosa numa bandeja dentro do Tabernáculo. Jean, arrependido, confessou o seu pecado diante de todos e daquele dia em diante levou uma vida exemplar e conservou sempre uma grande devoção ao Santíssimo Sacramento.
Todas as autoridades eclesiásticas e civiles da cidade foram informadas do evento prodigioso e o Bispo, depois de minuciosas averiguações, aprovou o seu culto.

Fé e Vida

Coma, coma a Eucaristia, tome aquele pão e acontecerá um fenômeno extraordinário, o oposto do que acontece ordinariamente. Quando você come o outro pão, o toma, o transforma, o assimila aos poucos, e o pão se transforma em você mesmo. Ao contrário este outro pão e mais forte do que você, e por isso não poderá trabalhá-lo, assimilá-lo e transformá-lo; será o pão a trabalhar-te, a assimilar-te, a transformar-te; aos poucos serás o que aquele pão é, se o deixar trabalhar, se lhe der liberdade para agir”.

Papa João Paulo I

Milagre Eucarístico de Alcalá
Espanha, 1597

Em 1597, um ladrão roubou de uma igreja, perto de Acalá, algumas Hóstias consagradas e alguns objetos valiosos. Dias depois, o ladrão se arrependeu amargamente e decidiu confessar-se numa igreja dos jesuítas. O sacerdote que confessou o ladrão pediu as Hóstias, mas por prudência, preferiu guardá-las dentro de uma urna, sem consumá-las. Depois de 11 anos as Hóstias estavam ainda intactas e depois de um minucioso exame médico e teológico, o fato foi declarado milagroso.

Em 1597, um ladrão arrependido foi confessar-se na igreja dos Jesuítas de Acalá. Contou que tinha sido membro de um bando de salteadores mouros, que espalhados pelas montanhas, haviam saqueado muitas igrejas em diversos povoados e roubado ostensórios e objetos sagrados, cometendo, desse modo, muitos sacrilégios.
O ladrão arrependido levava consigo algumas Hóstias consagradas e aos prantos entregou-as ao confessor, quem muito emocionado, foi encontrar o seu superior para contar-lhe tudo.
Inicialmente, a idéia era que as Hóstias fossem consumadas durante a Missa, mas depois, temendo que as Hóstias estivessem envenenadas, decidiu-se conservá-las num cofre de prata e esperar a sua natural decomposição. A razão dessa mudança de planos é que em Murcia e Segovia alguns sacerdotes tinham sido envenenados com Hóstias. Onze anos depois as vinte e quatro Partículas estavam ainda intactas. O asceta Padre Luis de Palma, em qualidade de Provincial, ordenou que as Hóstias fossem transferidas num porão e que junto delas fossem colocadas hóstias não consagradas. Meses depois, as que não estavam consagradas se decompuseram por causa da umidade, as outras, continuaram intactas.
O catedrático e médico pessoal de Sua Majestade, Garcia Carrera realizou novos exames e muitos teólogos intervieram e consideraram que a integridade das Hóstias era um verdadeiro Milagre. Em 1620 as autoridades eclesiásticas autorizaram oficialmente o culto do Milagre. As Santas Hóstias foram adoradas publicamente inclusive pelo rei Felipe III, quem em 1620 presidiu uma solene procissão na qual participou toda a família real. Quando Carlos III expulsou os Jesuítas da Espanha as Santas Partículas foram levadas à Catedral. Em 1939, revolucionários comunistas incendiaram a igreja, mas os sacerdotes pouco antes de serem assassinados esconderam as Hóstias milagrosas e até hoje não se sabe onde estão escondidas. A igreja e a cripta foram revistadas muitas vezes, mas sem nenhum resultado e até hoje, ninguém tem nenhuma notícia sobre as 24 Hóstias Santas de Acalá. “Deus faça de novo um Milagre!”, exclama o erudito biógrafo da cidade, padre Anselmo Raymundo Tornero, quem transmitiu os dados históricos do Milagre, minuciosamente descritos na sua obra.

Fé e Vida

«A Eucaristia é a obra prima e a fonte da caridade; quem freqüenta a Eucaristia não pode deixar de amar a Deus; quem ama a Deus, não pode deixar de amar os irmãos e, se todo mundo amasse os irmãos como conseqüência do amor de Deus, a questão social não teria razão de ser.
Ó pais, de modo particular a vós dirijo a minha palavra e vos exorto a levar o amor e a prática da Eucaristia às vossas famílias. Não há espetáculo mais belo e emocionante do que aquele oferecido por um pai e uma mãe que se aproximam da sagrada mesa acompanhados de seus filhos, renovando, na mesa de Deus, as doces intimidades do lar. É de se admirar se, entre aquelas paredes domésticas, se espalhar o perfume das mais eleitas virtudes e nela crescer uma geração de anjos, que depois forma uma coroa de glória para os afortunados pais? Queria o céu que esse espetáculo consolador não seja, no futuro, uma coisa rara, e sim comum a todas as famílias cristãs, que devem ser o santuário dos mais puros e santos afetos».

Bemaventurado Dom Guido Maria Conforti


Milagre Eucarístico de Faverney
França, 1608

Na vigília da festa de Pentecostes, os monges de Faverney decidiram expor o Santíssimo Sacramento, mas no meio da noite, a igreja incendiou-se e o fogo destruiu o altar e vários objetos sacros. Porém, o Ostensório com a Hóstia Magna ficou ileso; dias depois ele foi encontrado flutuando no ar. A Partícula milagrosa ainda hoje existe e todos os anos numerosos peregrinos visitam o Milagre.

No século XVII, o protestantismo, em particular o calvinismo difundiu-se rapidamente em França por causa das vantagens materiais que a nova religião concedia aos membros da nobreza e do clero oriundo da Igreja Católica. Essa situação era arriscada para a Fé das pessoas e semeava dúvidas inclusive nos mosteiros.
Na cidade de Faverney existia uma Abadia beneditina cujos monges viviam relaxadamente a regra do seu fundador, mantinham vivo somente o culto a Nossa Senhora de La Blanche, conhecida nas redondezas por ser muito milagrosa. Realmente, pela sua intercessão se realizaram muitos milagres, por exemplo, duas crianças que morreram sem o batismo, regressaram à vida.
Em 1608, na vigília da festa de Pentecostes, os monges decidiram preparar um altar para a exposição e adoração do Santíssimo Sacramento. A luneta do Ostensório era muito ampla e por essa razão decidiram colocar duas Hóstias. No final das Vésperas os monges deixaram o Santíssimo exposto no altar provisório. No dia seguinte, o sacristão abriu a igreja e encontrou-a cheia de fumaça e o altar reduzido à cinzas; começou, então a gritar e os religiosos e outras pessoas vieram correndo. Na esperança de encontrar qualquer resto do Ostensório, iniciaram a buscá-lo entre as cinzas, mas quando a fumaça se dissipou viram, atônitos, que o Ostensório flutuava no ar.
Uma multidão de gente começou a chegar para ver o Milagre Eucarístico das Hóstias que saíram ilesas do incêndio. Os religiosos estavam pasmados e incapazes de tomar uma decisão, pediram conselhos aos frades capuchinhos de Vesoul. Eles prepararam imediatamente um novo altar em cima daquele queimado e celebraram a Santa Missa. No momento da elevação da Hóstia o Ostensório lentamente desceu e pousou no altar. No final do processo canônico, no dia 10 de julho, o Arcebispo de Besançon declarou que o Milagre era autêntico e no dia 13 de Setembro o Arcebispo de Rodes, que era Núncio em Bruxelas, levou o Milagre ao conhecimento do Papa Paulo V quem concedeu indulgências através de uma Bula.
O Milagre reavivou a fé de muitas pessoas. Em 1862 a Congregação para os Ritos autorizou a celebração em memória do Milagre. Em 1908, comemorou-se solenemente o seu terceiro centenário com um Congresso Eucarístico Nacional.
Hoje em dia, é possível ver e venerar a Relíquia que contém uma das Hóstias que ficaram ilesas, a outra Hóstia foi doada à igreja de Dole; mas infelizmente, revolucionários a destruíram em 1794.

Fé e Vida

A Eucaristia é Jesus presente sobre os nossos altares, onde fica nos esperando noite e dia “Venham, todos vocês que estão cansados e oprimidos e eu vos darei conforto” A Eucaristia é alimento espiritual; traz luz, força, coragem, graça e santidade. A Eucaristia é a alegria da vida, o Paraíso sobre a terra; é alimento divino, força para progredir no bem, é a vida que começa sobre a terra e que se tornará plena no céu”.

Beato Giacomo Alberione

Milagre Eucarístico de Sena
Itália, 1730

223 Hóstias estão conservadas intactas na Basílica de São Francisco em Sena faz 276 anos. O Arcebispo Tibério Borghese mandou lacrar, por 10 anos, numa caixa de lata algumas Hóstias não consagradas. A comissão científica encarregada do caso, quando abriu a caixa encontrou somente vermes e fragmentos putrefatos. O fato contradiz todas as leis físicas e biológicas, o cientista Enrico Medi manifestou-se da seguinte forma: “Esta intervenção direta de Deus, é o Milagre...Milagre no sentido estrito da palavra, realizado e mantido milagrosamente pelos séculos, dando testemunho da presença permanente de Cristo no Sacramento Eucarístico”.

Entre os documentos mais importantes que descrevem o Milagre, está um diário escrito por um tal Macchi no ano de 1730. Nele se narra que no dia 14 de agosto de 1730, alguns ladrões conseguiram entrar na Igreja de São Francisco em Sena e roubar a píxide que continha 351 Partículas consagradas. Depois de três dias, no dia 17 de agosto, na caixinha da esmola do Santuário de Santa Maria em Provengano, no meio do pó, encontraram as 351 Hóstias intactas. Todo o povo correu para festejar a recuperação das santas Hóstias que foram imediatamente levadas, numa solene procissão, à Igreja de São Francisco. Com o passar dos anos as Partículas não apresentaram nenhum sinal de alteração. Mais de uma vez, homens ilustres as examinaram com todos os recursos científicos e as conclusões foram sempre as mesmas: “As Sagradas Partículas estão ainda frescas, intactas, fisicamente incorruptas, quimicamente puras e não apresentam sinais de início de corrupção”. No ano de 1914, o Papa São Pio X autorizou uma análise da qual participaram professores de bromatologia, higiene, química e farmacologia, entre os quais, estava também o célebre professor Siro Grimaldi.
A conclusão final do relatório dizia: “As santas partículas de Sena são um clássico exemplo de perfeita conservação de partículas de pão ázimo consagradas no ano de 1730, e constituem um fenômeno singular, que suscita atualmente um grande interesse, que inverte as leis naturais da conservação da matéria orgânica (...) É estranho, é surpreendente, é anormal: as leis da natureza se inverteram, o vidro virou sede de mofo e o pão ázimo ficou mais refratário que o cristal (...). É um fato único consagrado nos anais das ciências”. Outras análises foram realizadas no ano de 1922, quando as Partículas foram transferidas a um cilindro feito de puro cristal extraído das rochas, no ano de 1950 e em 1951. O Papa João Paulo II, quando fez uma visita pastoral a Sena no dia 14 de setembro de 1980, diante das Hóstias Prodigiosas, se expressou desta maneira: “É a Presença!”. O Milagre permanente das Santíssimas Partículas é custodiado na capela Piccolomini durante o verão e na capela Martinozzi durante o inverno. Muitas são as iniciativas dos cidadãos de Sena em honra das Santas Hóstias: a homenagem dos bairros, os presentes das crianças da Primeira Comunhão, a Solene Procissão na festa de Corpus Christi, o Setenário Eucarístico no final do mês de setembro, a jornada de Adoração Eucarística no dia 17 de cada mês em memória da recuperação das Hóstias no dia 17 de agosto de 1730.

Fé e Vida

Sem a constante presença do nosso Divino Mestre, nunca seria capaz colocar em risco a minha vida pelos meus leprosos. Aos pés do altar encontramos a força necessária para a nossa solidão. Sem o Santo Sacramento uma situação como a minha não seria sustentável. Porém, com o meu Senhor perto, posso continuar para sempre, feliz e satisfeito; com esta paz alegre no coração e o sorriso nos lábios, trabalho com entusiasmo em benefício dos pobres e dos desafortunados leprosos. Assim, aos poucos, e sem muito barulho, continuo praticando o bem”.

Beato Padre Damiano

Milagre Eucarístico de Onil
Espanha, 1824

O Milagre Eucarístico de Onil nos apresenta a história de um Ostensório que foi roubado de uma igreja paroquial com a Hóstia consagrada dentro. Dias depois, uma mulher de Tibi, um povoado vizinho encontrou o Ostensório com a Hóstia abandonado numa plantação. Exatamente 119 anos depois, no dia 28 de novembro de 1943, o padre Guillermo Hijarrubia, delegado do Arcebispo de Valença, confirmou a autenticidade do Milagre, pois a Hóstia permanecia incorrupta. Ainda hoje a Partícula está intacta apesar de que se passaram mais de 182 anos.

No dia 5 de novembro de 1824, o Ostensório que continha o Santíssimo Sacramento e alguns objetos dedicados ao culto foram roubados da igreja de Onil por Nicolás Bernabeu, quem quando era criança tinha sido coroinha naquela mesma igreja. A notícia do furto difundiu-se rapidamente por toda a região, assim quando o ladrão tratou de revender os objetos em Alicante, o negociante suspeitou e decidiu advertir as autoridades.
Nicolás Bernabeu foi arrestado, mas não quis revelar onde tinha escondido o Ostensório com o Santíssimo. Os fiéis e as autoridades civis procuraram, durante dias, por toda a região, mas foi no povoado no qual o ladrão tinha se estabelecido que a senhora Teresa Carbonell, no dia 28 de novembro de 1824 encontrou o Ostensório roubado na zona conhecida como “A Pedreira”. Imediatamente a mulher levou-o a Onil e o povo o recebeu com grande festa. 119 anos depois, no dia 28 de novembro de 1943, o padre Guillermo Hijarrubia, delegado do Arcebispo de Valença, confirmou a autenticidade do Milagre confirmando a conservação da Partícula que permaneceu incorrupta no Ostensório roubado.
Ainda hoje é possível admirar a Hóstia Milagrosa que permanece intacta depois de dois séculos na igreja paroquial de São Tiago Apóstolo de Onil. Todos os anos se celebra a Festa de Nosso Senhor “Robat”, para comemorar o Prodígio Eucarístico e a recuperação da Hóstia.

Milagre Eucarístico de Onil
Espanha, 1824

Imediatamente a mulher levou-o a Onil e o povo o recebeu com grande festa.

Fé e Vida

Amemos Jesus, percamo-nos diante do Santíssimo Sacramento: lá tudo se encontra: o infinito, Deus [...]. Na santa Comunhão Deus entra em nós corporalmente; nós tocamos com a nossa boca o Corpo e o Sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo, assim com o tocaram os lábios de Maria, de José, de Madalena; entra em nós do mesmo modo que repousou no seio de Maria; une-se a nós no mais casto dos matrimônios, tornando-se o esposo divino das nossas almas, dando-se, entregando-se, abandonando-se a nós, para ser possuído e amado no tempo e na eternidade”.

Charles de Foucauld

Milagre Eucarístico de Silla
Espanha, 1907

Ainda hoje é possível adorar as Hóstias incorruptas na igreja do povoado de Silla, às portas da cidade de Valença.

Durante a Missa do dia 25 de março de 1907, festa da Anunciação, Fernando Gómez, pároco da igreja de Nossa Senhora dos Anjos de Silla, foi ao Tabernáculo para pegar Hóstias e levá-las aos fiéis.
Para o seu desconcerto encontrou a portinha do Tabernáculo aberta e viu que a valiosa píxide de prata tinha desaparecido com as Hóstias dentro. As Sagradas Partículas foram encontradas dois dias depois numa pequena horta fora da cidade, escondidas debaixo de uma pedra. O pároco então regressou-as à igreja com uma solene procissão.
Em 1934, constatando que as Hóstias permaneciam “no mesmo estado em que foram encontradas debaixo da pedra e mantinham inalteradas as condições originais”, o Arcebispo de Valença iniciou um processo para declarar milagrosa a conservação delas, redigiu um documento detalhado sobre o Prodígio e sigilou com cera o Relicário que continha as Hóstias. Infelizmente dois anos depois a Mitra Arquiepiscopal foi incendiada por anarquistascomunistas e assim se perdeu aquele raríssimo documento.
Finalmente, em 1982, o então Arcebispo de Valença, Dom Miguel Roca, iniciou um novo processo canônico com o qual decretou oficialmente o culto às Sagradas Hóstias do Milagre.

Fé e Vida

Porque Tu estás sempre presente na Santa Eucaristia, devemos sempre ficar com ela, fazendo sala aos pés do tabernáculo, e não desperdiçar um só momento dos que passamos diante dela. Deus está lá, o que de melhor poderíamos procurar em outro lugar? [...] Todo o restante, imagens, relíquias, peregrinações, livros, é digno de grande respeito, e Deus estabelece para algumas almas que os aproveitem, na medida certa, como excelentes meios para chegar até ele, para aprender mais a respeito dele, para melhor amá-lo e conhece-lo, porém não passam de criaturas mortas; devemo-nos servir delas para chegar até Jesus, ou por obrigação quando Jesus mandar, quando quiser, quando nos revelar que é a sua vontade. Porém, quando depender de nós, não podemos escolher outra coisa senão ficarmos diante da Eucaristia.. A Santa Eucaristia é Jesus, é totalmente Jesus”.

Padre Charles Foucauld

V. A Eucaristia: Luz do Mundo

A luz verdadeira que ilumina todo homem – estava vindo ao mundo. Estava no mundo, o mundo existiu por ela, e o mundo não a reconheceu (Jo1, 9-10).

A Palavra de Deus: Mc 10, 46-52

-46Chegaram a Jericó. E quando saía de Jericó com seus discípulos e uma multidão, com seus discípulos e uma multidão considerável, Bartimeu (filho de Timeu), um mendigo cego, estava sentado à beira do caminho. 47Ouvindo que era Jesus de Nazaré, pôs-se a gritar:
-Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!
48Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais forte:
-Filho de Davi, tem piedade de mim!
49Jesus se deteve e disse:
-Chamai-o.
Chamaram o cego, dizendo-lhe:
-Ânimo! Levanta-te, pois te chama.
50Ele tirou o manto, pôs-se de pé e se aproximou de Jesus. 51Jesus lhe dirigiu a palavra:
-Que queres que te faça?
O cego respondeu:
-Mestre, que eu recobre a visão.
52Jesus lhe disse:
-Vai, tua fé te salvou.
No mesmo instante recobrou a visão e o seguia pelo caminho.

Aprendendo com a Igreja

Jesus qualificou a si mesmo como “luz do mundo” (Jo 8,12) e esta sua propriedade é bem posta em evidência por aqueles momentos de sua vida, como a Transfiguração e a Ressurreição, nos quais sua glória divina claramente refulge. Na Eucaristia, ao contrário, a glória de Cristo está velada. O Sacramento eucarístico émysterium fidei por excelência. No entanto, justamente através do mistério de seu total ocultamento, Cristo se faz mistério de luz, graças ao qual o fiel é introduzido na profundidade da vida divina. Não é sem uma feliz intuição que o célebre ícone da Trindade de Rublev coloca de modo significativo a Eucaristia no centro da vida trinitária.

Fé e Vida

Os cristãos dos primeiros séculos entenderam muito bem as repercussões da ‘fração do pão’ em todas as dimensões da vida: “Não repelirás o indigente, mas repartirás tudo com o teu irmão, não considerando nada como teu, pois, se divides os bens da imortalidade, quanto mais o deves fazer com os (bens) corruptíveis”5.
Onde o discípulo missionário anuncia a mensagem e vivencia os gestos que correspondem ao “estilo eucarístico” de Jesus, ali está a presença benfeitora da Igreja, suscitando e nutrindo vínculos de unidade com Deus e entre os homens. Essa presença eucarística dos discípulos de Jesus oferece, na unidade eclesial, as bases (a modo de fermento) para uma sociedade criativa na construção da comunhão, onde cada pessoa é reconhecida em seu valor, onde toda diferença legítima encontra possibilidade de acolhimento, e se realiza uma contínua partilha de bens e serviços. Desse modo, o tempo presente, marcado pela Eucaristia, orienta a história, na esperança da comunhão definitiva de toda a humanidade.

Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários” No 17 (XVI Congresso E. Nacional)


Milagre Eucarístico de Glotowo
Polônia, 1290

Em 1290 por causa da invasão dos Lituanos, um sacerdote do vilarejo de Glotwo tinha escondido num campo, uma píxide de prata dourada na qual por distração tinha ficado uma Hóstia Consagrada. As tropas lituanas destruíram completamente o povoado e a igreja, porém, nenhum dos sobreviventes sabia nada da Hóstia. Depois de muitos anos, numa primavera, um camponês que arava o campo, encontrou a Hóstia graças ao comportamento fora do comum dos seus bois: eles se inclinaram para adorar a Hóstia que emanava uma luz brilhantíssima.

Os documentos mais antigos que descrevem o Milagre começam a narração dizendo que alguns bois arrastavam um arado, atrás do qual caminhava um camponês e o sol se punha lentamente além do horizonte formando uma grande sombra. O homem olhou para o alto e empurrou os animais que, depois de uma longa jornada de trabalho, subiam a colina com dificuldade.
Depois de tanto trabalho – pensava o camponês – teremos o pão. De repente o arado parou; os bois frearam tão bruscamente que ao lado do arado se formou um grande monte de terra. Os animais se detiveram como se tivessem sido petrificados. Num primeiro momento o camponês impaciente, começou a castigá-los, mas parou transtornado, porque notou uma mudança no ambiente. O campo iluminou-se como se fosse meio dia, pois o terreno emitia uma luz intensa que envolvia os bois ajoelhados. O camponês começou a escavar e viu que a luz provinha de uma píxide toda suja de terra, mas que continha uma Hóstia íntegra e branca como a neve.
A notícia do fenômeno se difundiu rapidamente e o povo correu ao lugar. As autoridades locais organizaram uma procissão solene para levar a Partícula à igreja de “Dobre Miasto”. Mas, conforme a uma antiga crônica, a Hóstia foi parar, inexplicavelmente, no mesmo lugar onde tinha sido encontrada pela primeira vez. Isso, foi interpretado como um sinal de Deus e no lugar do Milagre foi construída uma pequena igreja dedicada ao Corpo de Cristo. A popularidade de Glotowo continuou a crescer com o passar do tempo e no século XVIII a velha igreja medieval consagrada pelo Bispo Krzysztof Potocki no dia 24 de julho de 1726 foi ampliada. Ainda hoje, o Santuário do vilarejo de Glotowo atrai todos os anos numerosos peregrinos que querem venerar a Hóstia que se mantém intacta desde 1290.

Fé e Vida

Jesus falando a Santa Catarina: “Os sacerdotes são os meus “ungidos”. Eu os chamo de meus “cristos”, porque a eles entreguei a mim mesmo para chegar até vocês. O Anjo não tem esta dignidade, mas eu a dei aos homens, aos que escolhi como meus ministros, que estabeleci como anjos, e devem ser anjos terrenos nesta vida. Quero que sejam respeitados, não pela sua pessoa, como já te disse, mas por mim, isto é, pela autoridade que dei a eles. O respeito nunca deve faltar, apesar que a virtude fique pobre neles [...]. Vocês bem sabem que se uma pessoa imunda e esmolambada, vos trouxesse um grande tesouro para a sua vida, vocês, por amor ao tesouro e ao senhor que o enviou, não teriam ódio para o portador, apesar de esmolambado e imundo. Ficariam sentidos e fariam de tudo para que o portador, por amor ao seu senhor, se lavasse e vestisse roupas decentes. Assim devem fazer por dívida e pelo preceito da caridade; e quero que vocês o façam àqueles meus ministros desordenados que, com a sujeira e com o vestido dos vícios, rasgado pela falta de caridade, vos trazem os grandes tesouros, isto é, os sacramentos da Santa Igreja. Nestes sacramentos vocês encontrarão a vida da graça (apesar dos ministros serem tão defeituosos), se os receberdes dignamente por meu amor que vo-los envio, e por amor da vida da graça que receberão de tão grande tesouro. Eles vos doam Cristo, totalmente Deus e totalmente homem, isto é, o Corpo e o Sangue do meu Filho, unido à minha natureza divina”.

Santa Catarina da Siena

Milagre Eucarístico de Poznan
Polônia, 1399

Na cidade de Poznan em 1399, alguns profanadores roubaram três Hóstias consagradas e por desprezo, furaram-nas com um estilete. As Hóstias começaram a sangrar e todas as tentativas de destruí-las foram inúteis. Os malfeitores então, para que não fossem descobertos, decidiram jogá-las no pântano. Mas as Partículas flutuaram no ar e começaram a irradiar fortes fachos de luz. Somente depois de orações fervorosas, o Bispo conseguiu recuperar as Partículas que ainda hoje podem ser veneradas na igreja do Corpo de Cristo em Poznan.

Em 1399, na cidade de Poznan um grupo de amigos particularmente hostis à fé cristã, convenceram uma empregada a tirar da igreja dos dominicanos (atualmente dos jesuítas), três Hóstias consagradas. A mulher, estimulada por uma gorda recompensa, conseguiu roubar as três Hóstias. Assim que os malfeitores receberam as Hóstias, desceram ao andar subterrâneo de um edifício, colocaram-nas em cima de uma mesa e profanaram-nas furando-as com um estilete. De repente, as Partículas começaram a espirrar tanto Sangue que salpicou o rosto de uma moça cega que pertencia ao grupo. A moça recuperou a vista naquele mesmo instante. Os profanadores em pânico e angustiados tentavam destruir as Hóstias que contudo, permaneciam íntegras. Como não conseguiam livrar-se delas, decidiram levá-las fora da cidade e jogaram-nas num pântano nas redondezas do rio Warta.
Nesse meio tempo, um jovem pastor que passava perto do pântano, viu as três Hóstias radiantes flutuando no ar. Controlando as emoções, o rapaz regressou à casa e contou tudo ao pai e às autoridades locais. O juiz não lhe deu atenção e pensando que era um impostor colocou-o na prisão. O jovem pastor, porém, conseguiu livrar-se misteriosamente da prisão e apresentou-se outra vez ao juiz, que finalmente se convenceu e foi ao lugar do Milagre. Enquanto isso, toda a população estava já reunida ao redor das três Hóstias flutuantes e luminosas. Somente o Bispo Wojciech Jastrzebiec, depois de ter dirigido fervorosas orações ao Céu, conseguiu recuperar as três Partículas que desceram e pousaram na píxide que ele tinha nas mãos. O Bispo ordenou imediatamente que se fizesse uma procissão solene para acompanhar as Hóstias Prodigiosas à igreja dedicada a Santa Maria Madalena. No lugar do Milagre construiu-se uma capela de madeira que virou imediatamente meta de peregrinações. Até o rei Wladyslaw Jagiello tomou conhecimento do Milagre e foi a Poznan para venerar as Hóstias Prodigiosas. Para testemunhar a sua devoção o rei mandou construir uma igreja dedicada ao Corpo de Cristo exatamente no lugar onde ocorreu o Milagre. No século XIX, no lugar do velho edifício onde ocorreu a profanação das Hóstias construiu-se um Santuário onde ainda hoje se conserva a mesa com as manchas do Sangue das Hóstias. Todas as quintas-feiras do ano, na igreja do Corpo de Cristo de Poznan, se faz uma procissão com o Santíssimo Sacramento para recordar o Milagre.

Fé e Vida

O amor de Jesus Eucarístico para as almas é infinito. O gelo não pode aquecer, nem a escuridão produzir o sol. Portanto corro para o Santo Tabernáculo e contemplo o divino Esposo que é Sol e Calor. Ele, o meu Deus, me dá a força para observar os mandamentos, a graça para vencer cada dia a mim mesmo. Precisamos viver com grande fé a Santa Missa que opera a nossa transfiguração no nosso Monte Tabor. Quantas vezes poderia evitar palavras inúteis e assuntos não necessários, para transcorrer algum tempo diante do Tabernáculo ouvindo o que Jesus quer me dizer! Quantas vezes poderia suspender ações insignificantes para participar de Missas para a glória de Deus, para o sucesso da Igreja, para o Papa, para a conversão dos pecadores, ou para o bem das almas do Purgatório! Como é linda a tua pessoa viva na Eucaristia”.

Servo de Deus Frei Cecílio Maria Cortinovis

Milagre Eucarístico de Weiten-Raxendorf
Áustria, 1411

No Século XV ocorreram em Áustria muitos furtos de Hóstias Consagradas e por esta razão os religiosos começaram a guardá-las nas sacristias. Apesar dessa precaução, no ano de 1411 um ladrão conseguiu roubar uma Hóstia Consagrada da paróquia de Weiten. A Partícula caiu no chão sem que o ladrão percebesse e dias depois foi achada por uma piedosa senhora. A Hóstia era radiante, estava dividida em duas partes mas unidas graças a filamentos de carne ensangüentada.

Na paróquia de Weinten, um ladrão conseguiu entrar na sacristia e roubar uma Hóstia consagrada e colocá-la nas luvas. As crônicas do vilarejo de Weinten relatam que o furto ocorreu no ano de 1411. O ladrão montou no seu cavalo com a intenção de ir a um vilarejo vizinho chamado Spitz. Mas ao invés de tomar a estrada principal, preferiu a estrada paralela que passa pela fossa de Mühldorf que é conhecida como “Am Schuß”. Quando o homem chegou no lugar no qual hoje se encontra a capela construída em homenagem ao Milagre, o cavalo empacou e não se moveu apesar das surras que recebia. Alguns lavradores que estavam trabalhando nos campos vizinhos viram a cena e foram ajudá-lo. Mas o cavalo não se movia, parecia petrificado. De repente, o animal disparou com o seu dono na garupa e a Hóstia que estava escondida na luva caiu sem que ninguém percebesse.
Poucos dias depois, a senhora Scheck de Mannersdorf passava por ali e viu uma luz fortíssima que vinha de perto de uma cerca, quando ela se aproximou viu uma Hóstia no centro da luz. A mulher recolheu-a e maravilhada notou que a Partícula estava dividida em duas partes unidas entre si graças a filamentos de carne ensangüentada. Em ação de graças, a mulher comovida mandou construir uma pequena capela naquele lugar, arcando com todas as despesas. Assim que a notícia se espalhou numerosos fiéis começaram a visitá-la. Logo em seguida foi necessário construir uma igreja maior, capaz de acolher as multidões que vinham cada ano em peregrinação para homenagear a Preciosa Relíquia.

Fé e Vida

Jesus falando a Catarina: “Repare, minha querida filha, em que elevado grau de excelência se encontra a alma que recebe dignamente este Pão de Vida, alimento dos Anjos. Recebendo este sacramento ela fica em mim e eu nela. Como o peixe está no mar e o mar no peixe, assim eu estou na alma e a alma em mim, mar tranqüilo. Na alma permanece a graça porque, tendo recebido este pão da vida de alma limpa, a graça permanece nela depois que for consumido o pão. Eu deixo lá a marca da minha graça, como carimbo que se aplica sobre a cera quente: tirando o carimbo, permanece a sua marca”.

Santa Catarina da Siena

Eis que todo dia ele se humilha, como quando do seu trono real desceu no ventre da Virgem; todos os dias Ele chega até nós com aparência humilde; todos os dias Ele desce do seio do Pai sobre o altar pelas mãos do sacerdote”.

São Francisco de Assis

Milagre Eucarístico de Herentals
Bélgica, 1412

No milagre Eucarístico de Herentals, algumas Hóstias roubadas foram achadas depois de oito dias perfeitamente intactas, apesar das chuvas. As Partículas foram encontradas num campo perto de uma toca de coelhos, rodeadas por uma forte luz e dispostas em forma de cruz. Todos os anos, dois quadros do pintor Antoon van Ysendyck saem em procissão até o campo no qual foi construído o pequeno Santuário – De Hegge. Ali, se celebra uma missa para comemorar o Milagre. As duas pinturas que descrevem o milagre atualmente estão conservadas na Catedral de Sint-Waldetrudiskerk em Herentals.

Em 1412, um tal Jan van Langestede, alojou-se numa hospedaria mais ou menos distante da cidadezinha de Herentals. O homem era um ladrão que roubava objetos sagrados das igrejas e depois os revendia por toda Europa. No dia seguinte da sua chegada a Herentals, foi ao vilarejo de Poederlee, entrou na igreja e sem que ninguém percebesse, roubou o cálice e o cibório com cinco Hóstias consagradas dentro. Enquanto caminhava rumo a Herentals, na zona conhecida como “De Hegge” (O Tapume), sentiu que uma força misteriosa lhe impedia de continuar o seu caminho.
Quis, então jogar as Hóstias no rio e por mais que tentasse, não conseguia, desesperado, Jan tentou escondê-las num campo, mais precisamente numa grande toca de coelhos. Como correu tudo bem, Jan pôde regressar tranquilamente a Herentals. Enquanto isso, o juiz da cidade, Gilbert De Pape, já tinha começado as buscas para descobrir quem tinha roubado a igreja de Poederlee e entre os suspeitos estava o nosso Jan. A polícia revistou a sua bagagem e encontrou o cálice e o cibório.
Jan então confessou tudo, exceto que havia jogado fora as Hóstias. Foi condenado à forca imediatamente. Quando Jan estava no palanque, um sacerdote animou-o a confessar-se para salvar a sua alma e foi assim que ele confessou completamente a sua culpa indicando inclusive o lugar onde tinha escondido as Hóstias roubadas. O juiz suspendeu a execução e ordenou que Jan mostrasse o lugar exato onde tinha deixado as Partículas, foram, então, ao campo seguidos por uma multidão. Assim que chegaram lá, viram as Hóstias radiantes dispostas em forma de cruz, elas estavam intactas apesar de terem passado a noite ao ar-livre. Em seguida, uma parte das Hóstias foi levada em procissão a Herentals e outra parte a Poederlee onde ficou até o século XVI. No dia 2 de janeiro de 1442, o Milagre foi declarado autêntico pelo magistrado de Herentals e no lugar onde as Hóstias foram encontradas construiu-se uma pequena capela que recebeu a visita de numerosos prelados, entre eles, Jean Malderus, Bispo de Anversa (1620) e o Papa Bento XIV (1749). A filha de João de Luxemburgo, Elisabeth Van Görlitiz, financiou a ampliação da Capela que posteriormente foi transformada em Santuário.

Fé e Vida

Porque o meu corpo é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida” (João 6,55). Alguém poderia pensar que as frases relativas à carne e ao sangue fossem paradoxos e parábolas. Mas o Senhor , querendo evitar mal entendidos afirma: “A minha carne é verdadeiramente alimento”, como a dizer: “Não pensem que estou falando em sentido figurado: a minha carne está realmente contida no alimento dos fieis, e o ‘meu Sangue’ está realmente contido no Sacramento do Altar, conforme as palavras da instituição”: “Isto é o meu Corpo [...] este é o meu Sangue que sela o acordo” [...] (Mateus 26, 27-28). “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele”. (João 6,56). Neste ponto o Senhor demonstra a virtude do alimento espiritual que dá a vida eterna. E usa este argumento: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, se une a mim, e quem se une a mim tem a vida eterna; portanto, quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna” [...] Há ainda um outro modo pelo qual quem come do pão não permanece em Cristo, nem Cristo nele: é o modo daqueles que se aproximam dele com o coração falso. De fato no homem falso, o Sacramento não produz nenhum dos seus efeitos. Falso é aquele cujo interior não corresponde ao que significa o exterior. Ora, no Sacramento da Eucaristia a manifestação exterior significa que Cristo se incorpora com quem o recebe, e vice-versa. Portanto, quem não tiver no coração o desejo desta união, e nem se esforça para remover todos os obstáculos que a possam impedir, é falso. Por isso, Cristo não permanece nele e nem ele permanece em Cristo.”.

São Tomás de Aquino

Milagre Eucarístico de Ponferrada
Espanha, 1533

No Milagre Eucarístico de Ponferrada, Juan De Benavente decidiu arrombar o Tabernáculo da própria paróquia e roubar um valioso cibório de prata com várias Hóstias consagradas. Somente depois de muito tempo e em circunstâncias milagrosas foi possível recuperar as Hóstias roubadas que permaneceram em perfeito estado de conservação.

Juan De Benevente vivia em Ponferrada com a sua esposa. Aparentemente era uma pessoa devota e religiosa dado que todas as noites ia rezar na igreja. Um dia, enquanto rezava, caiu em tentação e tirou do Tabernáculo um simples baú de madeira que continha uma valiosa píxide de prata com Hóstias consagradas.
Tendo saído da igreja foi ao rio Sil para jogar fora o baú de madeira que não tinha nenhum valor comercial, mas quando chegou às margens do rio não conseguiu lançá-lo porque tinha ficado tão pesado que não era possível jogá-lo na água. Regressou então à sua casa onde escondeu tudo e não disse nada à sua esposa.
Mas durante a noite constantes fachos de luz que vinham do baú, levantaram as suspeitas da mulher. Juan, então, decidiu desfazer-se definitivamente do roubo sacrílego. Quando chegou num lugar chamado campo do Areal, jogou fora o baú e as Partículas no meio dos espinhos. A descoberta do furto causou apreensão em toda a população e cada dia que passava Juan ficava mais nervoso e ansioso, visto que não sabia como revender o cibório de prata sem ser descoberto.
Perto do campo do Areal, o proprietário do terreno, Diego Nuñez de Losada, organizou um jogo de tiro ao alvo para divertir os moradores. Testemunhas oculares contaram que no período no qual as Santas Partículas estavam ainda entre os espinhos, de noite viam fachos de luz e de dia pombas fora do comum. Os atiradores trataram de atingir as pombas mas era em vão. O moleiro Nogaledo, decidiu capturar as pombas com as próprias mãos e metendo-se entre os espinhos viu o baú e as santas Hóstias das quais saíam intensos raios de luz. Transtornado, foi correndo à igreja e tocou os sinos sem parar. Organizou-se rapidamente o regresso das Sagradas Espécies à igreja com uma solene procissão e Juan com remorsos, decidiu confessar a sua culpa.
No lugar onde as Hóstias Milagrosas foram encontradas construiu-se uma capela e em 1750 o pároco projetou a ampliação do edifício e instituiu uma solene procissão em memória do Milagre que se realiza na oitava da festa de Corpus Christi.

Fé e Vida

Se a Igreja afirma: “Não desprezaste o ventre da Virgem”, falando da Encarnação do Verbo no ventre da Imaculada, o que não poderá ser dito de nós miseráveis? Porém Jesus nos disse: “Quem não comer da minha carne e não beber do meu Sangue não terá a vida eterna”, então aproximemo-nos da Santa Comunhão com santo amor e temor. O dia todo sirva de preparação e de agradecimento da Santa Comunhão... É verdade que não somos dignos de um dom tão grande, mas uma coisa é aproximar-se indignamente em pecado mortal, e outra é não ser dignos. Indignos todos nós o somos, porém é Ele que nos convida, é Ele que o quer. Sejamos humildes e recebamo-o de todo coração e cheios d amor.”

São Pio da Pietralcina

VI. A Eucaristia: Fonte de cura

A Palavra de Deus: Lc 8, 40-56

Duas curas (Mt 9,18-26; Mc 5,21-43) – 40Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu, pois todos o estavam esperando.
41Nisso se aproximou um homem, chamado Jairo, chefe da sinagoga. Caindo aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa, 42pois sua filha única, de doze anos, estava à morte. Enquanto caminhava, a multidão o apertava.
43Uma mulher que há doze anos padecia de hemorragias e que gastara com médicos toda a sua fortuna sem que nenhum a curasse, 44aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do mano. No mesmo instante estancou-se a hemorragia. 45Jesus perguntou:
-Quem me tocou?
E, como todos o negassem, Pedro disse:
-Mestre, a multidão te cerca e te aperta.
46Porém, Jesus replicou:
-Alguém me tocou, pois eu senti uma força de sair de mim.
47Vendo-se descoberta, a mulher se aproximou tremendo, prostrou-se diante dele e explicou diante de todos por que o havia tocado e como ficara curada imediatamente. 48Jesus, lhe disse:
-Filha, tua fé te salvou. Vai em paz.
49Ainda estava falando, quando chega alguém da casa do chefe da sinagoga e lhe anuncia:
-Tua filha morreu, não aborreças o Mestre.
50Jesus ouviu e respondeu:
-Não temas; basta que creias, e ela se salvará.
51Entrando na casa, não deixou que entrassem com ele senão Pedro, João, Tiago e os pais da menina. 52Todos choravam, fazendo luto por ela. Ele, porém, disse:
-Não choreis, porque não está morta, mas adormecida.
53Riam dele, pois sabiam que estava morta. 54Ele, porém, pegando-a pela mão, ordenou-lhe:
-Menina, levanta-te.
55Voltou-lhe a respiração e logo se pôs de pé. Ele mandou que lhe dessem de comer. 56Seus pais ficaram estupefatos e ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que havia acontecido.

Aprendendo com a Igreja

Jesus não se limitou a enviar os seus discípulos a curar os doentes (cf. Mt 10,8; Lc 9,2; 10,9), mas instituiu para eles também um sacramento específico: a Unção dos Enfermos.66 A Carta de Tiago testemunha a presença desse gesto sacramental já na comunidade cristã primitiva (cf. 5,14-16). Se a Eucaristia mostra como os sofrimentos e a morte de Cristo foram transformados em amor, a Unção dos Enfermos, por seu lado, associa o doente à oferta que Cristo fez de si mesmo pela salvação de todos, de tal modo que possa também ele, no mistério da comunhão dos santos, participar da redenção do mundo. A relação entre ambos os sacramentos aparece ainda mais clara quando se agrava a doença: “Àqueles que vão deixar esta vida, a Igreja oferece-lhes, além da Unção dos Enfermos, a Eucaristia como viático”67 Nessa passagem para o Pai, a comunhão do corpo e sangue de Cristo aparece como semente de vida eterna e força de ressurreição: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54).

Fé e Vida

Os discípulos de Jesus, batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, são filhos de Deus por participação na condição relacional do Filho Unigênito com o Pai no poder do Espírito Santo7. Eis o grande dom, as primícias e o fim do último da vida cristã.
Durante o tempo de nossa peregrinação na terra, somos chamados a viver essa vocação filial. O que foi semeado em nós deve crescer e dar muito fruto. Uma resposta justa só é possível se crescemos numa relação autêntica com o Pai, pela comunhão com Jesus Cristo e na graça do Espírito Santo.
O alimento por excelência desses filhos e filhas de Deus é a Eucaristia, ela restaura e nutre no encontro com o Filho de Deus a sua própria vida naqueles que a recebem8. Em cada celebração eucarística se pode dizer que o Filho é apresentado pelo Pai à humanidade como o amado em quem se compraz (cf. Mt3,17). O fiel cristão, por sua vez, em união com o Senhor ao celebra-lo e recebê-lo, se certifica de que o mesmo é dito a seu respeito pelo Pai. Assim, a Eucaristia revela a unidade que o Pai Eterno tem com cada um dos filhos, num contínuo testemunho histórico-sacramental do amor do Pai pelo Filho Unigênito que associou a si muitos irmãos.

Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulo Missionários” No 20 (XVI Congresso E. Nacional)


Milagre Eucarístico de Ettiswil
Suíça, 1447

Em Ettiswil, existe um Santuário dedicado a um Prodígio Eucarístico ocorrido em 1447. Anna Vögtli, membro de uma seita satânica roubou de uma paróquia a píxide com a Hóstia Magna que pouco tempo depois foi encontrada perto de uma cerca, no meio do mato, entre as urtigas. A Hóstia flutuava no ar envolvida por uma luz e dividida em seis pedaços unidos entre si; parecia um ramo de flores. Muitos papas concederam indulgências aos visitantes do Santuário; o último foi Pio XII em 1947. O Milagre se festeja no domingo “Laetare” e nos dois dias seguintes.

O documento mais importante que descreve o Milagre é o “Protocolo de Justiça”, constituído por Hermann von Rüsseg, senhor de Büron. Diz o documento: “Numa quarta-feira, 23 de maio de 1447, o Santíssimo Sacramento foi roubado da paróquia de Ettiswil e pouco tempo depois foi encontrado por uma jovem guardiã de porcos, chamada Margarida Schulmeister. A Hóstia, que não estava longe da igreja, foi achada perto de uma cerca jogada no chão entre as urtigas, parecia um ramo de flores resplandecente”.
Depois de uma meticulosa investigação, a polícia deteve a jovem Anna Vögtli de Bischoffingen que espontaneamente confessou tudo: “Depois que coloquei a mão entre as estreitas grades de ferro consegui pegar a Hóstia Magna, mas assim que cruzei os limites do cemitério o Santíssimo Sacramento começou a ficar tão pesado que e eu fui incapaz de carregá-lo. Como não conseguia andar nem para frente, nem para trás, joguei fora a Hóstia perto de um tapume, entre as urtigas”.
O relato de Margarida, a jovem que encontrou a Partícula diz assim: “quando cheguei com os meus porcos nas redondezas do lugar onde o Santíssimo Sacramento tinha sido deixado, os meus animais não quiseram mais prosseguir. Pedi ajuda a dois senhores que passavam por alí a cavalo e foram eles que viram a Hóstia roubada. Ela estava entre as urtigas divida em sete pedaços, seis deles formavam uma flor parecida a uma rosa e uma forte luz rodeava a Hóstia”.
O pároco, que foi advertido imediatamente, correu ao lugar para recolher a Hóstia e levá-la à igreja. Muitos paroquianos o seguiram. Recolheu os seis pedaços, mas quando quis pegar o sétimo, que estava no centro, ele enterrou-se diante dos olhos de todos. Esse desaparecimento foi interpretado como um sinal e decidiu-se então, construir uma capela exatamente naquele ponto no qual a Hóstia tinha desaparecido.
Os seis pedaços da Hóstia foram conservados na igreja de Ettiswil; os moradores do vilarejo e também muitos forasteiros fizeram deles objeto de grande veneração e Deus realizou, através daqueles seis pedaços da Hóstia, numerosas curas. A nova capela e o altar foram consagrados no dia 28 de dezembro de 1448, um ano e seis meses depois daquele acontecimento.

Fé e Vida

Quem come a minha carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna” (João 6,54). Portanto a utilidade desta refeição é grande, porque dá a vida eterna. De fato, chamado de alimento espiritual é semelhante nisso ao alimento corporal: porque sem ele a vida espiritual não pode subsistir, assim como não pode subsistir a vida material sem o alimento material. Mas temos que acrescentar: é causa de uma vida indestrutível em quem o recebe, e isto não pode ser feito pelo alimento material. De fato, quem usa este alimento não vive para sempre: pode acontecer – como diz Santo Agostinho – que por velhice, por doença ou por acidente, muito que dele se alimentam, morram. Ao contrário, quem escolhe este alimento e esta bebida, o Corpo e o Sangue do Senhor, “tem a vida eterna”, e portanto tal escolha é comparada á árvore da vida como podemos ler no livro do Provérbios (3,18) “Ela é a árvore da vida para aqueles que a agarram”. [...]. Portanto, é um alimento que tem a força para tornar o homem divino e inebriá-lo com a sua divindade”

São Tomás de Aquino – comentário ao Evangelho de João, I-VI

Milagre Eucarístico de La Rochelle
França, 1461

O Milagre Eucarístico de La Rochelle nos apresenta a história da cura instantânea de um menino que aos sete anos de idade ficou mudo e paralítico. Depois de ter recebido a Comunhão na Missa de Páscoa em 1461, o menino ficou completamente curado da paralisia e adquiriu novamente o uso da fala. O documento mais fidedigno que descreve, com desenhos, este Milagre, é o quadro-manuscrito que ainda hoje é conservado na Catedral de La Rochelle.

Durante a Páscoa de 1461, a senhora Jehan Leclerc levou o seu filho de 12 anos, Bertrand à igreja de São Bartolomeu. Aos sete anos de idade o menino ficou mudo e paralítico por causa de uma queda. No momento da Santa Comunhão, o menino deu a entender à sua mãe que queria receber Jesus Eucaristia. A princípio, o sacerdote não queria dar a Comunhão porque como ele não podia falar, não podia confessar-se. Mas o menino continuava a suplicar e o sacerdote finalmente cedeu e permitiu-lhe receber a Eucaristia.
Assim que Bertrand recebeu a Hóstia sentiu uma força misteriosa e viu que podia mover-se e falar. Estava curado! Conforme o documento escrito à mão imediatamente depois do Milagre, as primeiras palavras que Bertrand pronunciou foram: “Auditorium nostrum in nomine Domini!”. O documento mais fidedigno que descreve com desenhos este Milagre, é o quadro-manuscrito que ainda hoje é conservado na Catedral de La Rochelle.

O Preciosíssimo Sangue de Jesus Neuvy Saint Sépulcre
França, 1257

Na igreja de Neuvy Saint Sépulcre nas redondezas de Indre, se conservam duas gotas do Sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo recolhidas no Calvário durante a Paixão. Essas gotas foram levadas à França em 1257 pelo Cardeal Eudes quando regressava da Terra Santa.

Esta Relíquia, constituída de Sangue coagulado e puro, quer dizer não misturado com água ou terra, desde 1257 é conservada na igreja de Neuvy Saint Sépulcre, edificada na primeira metade do ano 1000 conforme o modelo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
Para homenagear a Santa Relíquia do Preciosíssimo Sangue de Jesus, numerosas indulgências foram concedidas.
Em 1621 o Arcebispo de Bruges André Frémiot, para propiciar o seu culto, fundou a Irmandade do Preciosíssimo Sangue e dois anos depois, o Papa Gregório XV concedeu novas indulgências aos devotos do Santo Sangue. Todas as segundasfeiras de Páscoa e o 1º de julho de cada ano se celebram missas solenes e procissões para adorar e homenagear a Sacra Relíquia.
Muitas graças são atribuídas à invocação do Santo Sangue de Neuvy-Saint-Sépulcre.

Fé e Vida

Ele um dia antes da sua paixão tomou em suas mãos o pão. Antes da consagração é pão, mas quando se acrescentam as palavras de Cristo, é Corpo de Cristo. Ouçam quando diz: “Tomem e comam todos: este é o meu Corpo”. E, antes das palavras de Jesus, o cálice está cheio de água e vinho; quando as palavras de Cristo exercem o seu poder, forma-se o Sangue de Cristo que redimiu o povo. O mesmo Senhor Jesus Cristo nos garantiu que tomamos o seu Corpo e o seu Sangue. Podemos nós duvidar da sua veracidade e do seu testemunho?

Santo Ambrósio De Sacramentis, 4,23

Milagre Eucarístico de Marseille-En-Beauvais
França, 1533

Em 1533 alguns ladrões entraram numa igreja, roubaram um cibório com as Hóstias consagradas e depois jogaram-nas num campo. Apesar da forte tempestade de neve, as Partículas foram encontradas depois de alguns dias em perfeito estado; contudo, nem as inumeráveis sanações ocorridas depois do Milagre, nem a grande devoção popular puderam proteger as Hóstias da destruição dos profanadores.

No ano de 1532, no final do mês de dezembro, alguns ladrões entraram na igreja de Marseille en Beauvais, roubaram um valioso cibório de prata que continha Hóstias consagradas e as deixaram abandonadas no meio da rua principal, escondidas debaixo de uma grande pedra.
No dia 1º de janeiro, o senhor Jean Moucque passava por ali, apesar da forte tempestade de neve. Enquanto caminhava viu uma grande pedra na beira da rua que não estava coberta de neve, este fato chamou a sua atenção, ele, aproximando-se, levantou a pedra e para a sua surpresa viu que as Hóstias estavam completamente intactas. Imediatamente foi avisar o pároco, o padre Prothais, quem acompanhado por muitos fiéis, levou as Santas Partículas à paróquia. No lugar da descoberta foi cravada uma cruz e posteriormente construiu-se uma capela para agilizar o fluxo dos fiéis devotos. A capela foi chamada “Chapel des Saintes Hosties” e ali o Senhor realizou muitas curas; o historiador Pierre Louvet descreveu algumas no seu livro “História das antiguidades da diocese de Beauvais”.
Impressionante foi a cura do sacerdote Jacques Sauvage, quem afetado por uma paralisia, perdeu inclusive o uso da fala. Outro exemplo é a sanação do Senhor d’Autreche, um cego de nascença a quem foi dada a vista.
Apesar de todas essas graças que Deus concedeu, em 1561 o Bispo-Conde de Beauvais, Odet de Coligny, passou ao calvinismo e casou-se com Elisabeth de Hauteville e antes de abjurar ordenou que as Santas Hóstias, milagrosamente preservadas, fossem consumadas.
A capela das Santas Hóstias existe ainda hoje e todos os anos, no dia 2 de janeiro se celebra uma Missa solene em memória do Milagre de 1533.

Fé e Vida

Pedimos que este pão nos seja dado todos os dias para que não aconteça conosco, que vivemos em Cristo e comungamos todos os dias como alimento de salvação, que ficando afastados por algum pecado que tenhamos feito e, não podendo comungar daquele pão celeste, sejamos separados do seu corpo. Cristo disse: Eu sou o pão da vida descido do céu, se alguém comer do meu pão viverá eternamente; e o pão que eu vos darei é a vida do mundo. Portanto, quando afirma que quem comer do seu pão vive eternamente, fica claro que aqueles que estão em contato com o seu Corpo e recebem a Eucaristia por direito de participação têm a vida, do mesmo modo, ao contrário, devemos temer e rezar para que não aconteça que alguns que não comungam e se afastam do Corpo de Cristo, fiquem afastados, também, da salvação. Ele, de fato, nos advertiu com estas palavras: “Se não comerem da carne do Filho do Homem e não beberem do seu sangue não terão a vida em vocês”. Por isso rezemos para que nos seja dado o nosso pão de cada dia, isto é, Cristo, para que ficando e vivendo em Cristo, não sejamos separados da sua santificação e do seu Corpo”.

São Cipriano Mártir, De dominica oratione, 18


Milagre Eucarístico de Cava Dei Tirreni
Itália, 1656

A “Festa di Castello”, comemorada com pontualidade desde 1657, recorda a epidemia de peste iniciada em Cava dei Tirreni no dia 25 de maio de 1656, dia da Ascensão. O “mal” terminou depois da pia processão de Corpus Christi, que partia do lugarejo de Santíssima Annunziata e terminava na parte superior do Monte Castello.

Em Nápoles, maio de 1656, difundiu-se uma terrível epidemia de peste graças a uma invasão de soldados espanhóis oriundos da Sardenha. A epidemia rapidamente se estendeu aos povoados e campos vizinhos chegando até na pequena cidade de Cava dei Tirreni. Milhares de pessoas morreram tanto na cidade como no campo. O Padre Paolo Franco foi um dos poucos sacerdotes que sobreviveu à peste. Inspirado pelo Altíssimo e desafiando todos os perigos, convocou a população e organizou uma procissão, em reparação dos pecados. A procissão ia até ao Monte Castello, situado a poucos quilômetros da cidade. Quando chegaram na cima do monte, o Padre Franco abençoou Cava dei Tirreni com o Santíssimo Sacramento. A peste desapareceu milagrosamente e ainda hoje, todos os anos, no mês de junho, a população de Cava promove procissões solenes em memória do Milagre.

Fé e Vida

Qual é o meu segredo? Olhem para aquele Tabernáculo, onde o mármore e o ouro brilham mais, lá fica o seu trono, o seu palácio real. Naquele cibório, naquela custódia no meio do altar, está presente Jesus vivo e verdadeiro no mais sublime dos seus mistérios [...] Nesta fonte puríssima matei a sede das minhas crianças. E eis a tese que eu provo luminosamente com os fatos: a Sagrada comunhão com Cristo é o mais poderoso meio de educação das crianças. Mesmo as crianças mais difíceis, nascidas de famílias problemáticas, mediante a Comunhão cotidiana podem transformar-se em anjos”.

Beato Bartolo Longo

O “Milagre dos Milagres” Calanda
Espanha, 1640

O jovem Miguel-Juan Pellicer teve a sua perna amputada por causa de um acidente, mas graças à sua grande devoção ao Santíssimo Sacramento e à Virgem do Pilar, aconteceu o grande milagre que foi imediatamente reconhecido e aprovado pelo Bispo de Zaragoza, quem presidiu o processo canônico. Na sentença definitiva ele escreveu que “a Miguel-Juan Pellicer de Calanda, foi restituída milagrosamente a perna direita, amputada anos atrás e isso não foi um fato natural, mas milagroso”.

Miguel-Juan Pellicer, nasceu em 1617 em Calanda, um vilarejo a uns cem quilômetros de Zaragoza, numa família de pobres camponeses. Aos 19 anos decidiu trabalhar com um tio em Castellon de la Plata. Um dia, durante os trabalhos do campo, uma carroça cheia de grãos passou em cima dele e Miguel-Juan foi levado ao hospital geral de Valença com a perna direita fraturada.
Juan viu que os médicos daquele hospital não eram capazes de curá-lo, assim que saiu de lá e viajou trezentos quilômetros para chegar em Zaragoza e pedir ajuda à Nossa Senhora do Pilar. Caminhou com muletas, apoiando o joelho da perna fraturada e infeccionada num pedaço de madeira. Chegou a Zaragoza em outubro de 1637 exausto e febril, arrastou-se até o Santuário do Pilar onde se confessou e recebeu a Eucaristia; depois foi internado no Real Hospital da Graça. Dado o estado da gangrena os médicos estabeleceram que o único modo de salvar a sua vida era amputando a perna, assim ela foi cortada com serra e escalpelo quadro dedos abaixo do joelho e cauterizada com ferro incandescente.
Um jovem estagiário, Juan Lorenzo Garcia, recolheu o membro amputado e enterrou-o no cemitério anexado ao hospital. Desse dia em diante, Miguel foi obrigado a sobreviver pedindo esmola nas portas do Santuário da Virgem do Pilar. Todas as manhãs estava presente na Missa e rezava com fervor diante do Santíssimo Sacramento e tinha o costume de ungir a perna amputada com o óleo da lâmpada do Tabernáculo. Depois de três anos fora de casa, decidiu regressar e a família o acolheu com afeição. Em março de 1640, depois de uma vigília mariana, Miguel-Juan, sentindo-se muito cansado, foi a descansar mais cedo e como sempre, ungiu a sua ferida com o óleo da lâmpada do Santíssimo Sacramento do Santuário da Virgem do Pilar.
Quando a mãe de Miguel foi ver se ele estava bem, observando-o enquanto dormia, viu dois pés debaixo das cobertas e não um só. Miguel-Juan tinha recuperado milagrosamente a mesma perna que tinha sido enterrada três anos antes pelo estagiário Garcia. De acordo com o testemunho dos presentes e com o processo canônico “a perna era pálida, menor e com a massa muscular mais reduzida, mas era perfeitamente viva e permitia caminhar”.

Fé e Vida

A Eucaristia dá forca, principalmente no caminho da conversão e da purificação. Portanto, não devem evitar a comunhão porque se sentem faltosos. Ao contrário, devem sentir-se mais atraídos a recebê-la porque nela se encontra toda a força, toda a santidade, toda a ajuda e o consolo, nela tudo isso está contido e oculto. De fato, as obras e os méritos humanos nunca nos tornarão dignos de recebê-la, e sim a pura graça e os méritos do nosso Senhor Jesus Cristo. Ela jorra totalmente de Deus e chega até nós. Como podes pretender renovar, rebatizar e regenerar a tua grande imperfeição, o teu pecaminoso homem velho e a natureza, os costumes, os modos de agir, senão recebendo o verdadeiro Filho de Deus, o seu verdadeiro, vivo, divino Santo Corpo e o seu Santo Sangue que lava e purifica?”.

João Taulero

VII. A Eucaristia: Proteção dentro e diante das forças da natureza

A Palavra de Deus: Lc 8, 22-25

-22Num desses dias ele subiu a uma barca com os discípulos e lhes disse:
-Vamos atravessar para a outra margem do lago.
Zarparam 23e, enquanto navegavam, ele ficou dormindo. Um furação se precipitou sobre o lago, a barcas se enchia de água e eles corriam perigo. 24Então foram desperta-lo e lhe disseram:
-Mestre, estamos afundando.
Ele despertou e ameaçou o vento e as ondas; cessaram e sobreveio a calma. 25Disse-lhes:
-Onde está vossa fé?
Espantados de estupor, diziam entre si:
-Quem é esse que dá ordens ao vento e à água, e lhe obedecem?

Aprendendo com a Igreja

A comunhão aumenta a nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia na comunhão traz como fruto principal a união íntima com Cristo Jesus. Pois o Senhor diz: “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). A vida em Cristo tem seu fundamento no banquete eucarístico: “Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim” (Jo 6,57):
O que o alimento material produz em nossa vida corporal, a comunhão o realiza de maneira admirável em nossa vida espiritual. A comunhão da Carne de Cristo ressuscitado, “vivificado pelo Espírito Santo e vivificante”370, conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. Este crescimento da vida cristã precisa ser alimentado pela Comunhão Eucarística, pão da nossa peregrinação, até o momento da morte, quando nos será dado como viático.
Como o alimento corporal serve para restaurar a perda das forças, a Eucaristia fortalece a caridade que, na vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada paga os pecados veniais373. Ao dar-se a nós, Cristo reaviva nosso amor e nos torna capazes de romper as amarras desordenadas com as criaturas e de enraizar-nos nele:

Fé e Vida

Poderíamos nos perguntar sobre o compromisso de unidade com os outros irmãos cristãos que não têm acesso à Ceia Eucarística, bem como com os não cristão e os que não crêem em Deus. A resposta é exemplarmente oferecida por Jesus na parábola do bom samaritano: todo aquele que se apresenta junto a nós com suas necessidades nos dá a ocasião de sermos o seu próximo (cf. Lc 10, 29-37). E Eucaristia, educando e capacitando os discípulos ao amor oblativo, os impulsiona a “um compromisso real na edificação duma sociedade mais eqüitativa e fraterna”14.

Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários” No (XVI Congresso E. Nacional)

CIC (Catecismo da Igreja Católica) No 1391, 1392, 1394

Milagre Eucarístico de Santa Clara de Assis
Itália, 1240

A “Legenda de Santa Clara” conta vários milagres realizados pela santa: multiplicação de pães, aparição de garrafas de óleo que não existiam no convento, etc. Mas entre os milagres que realizou, o mais famoso é o milagre ocorrido em 1240. Numa sexta-feira, Santa Clara afugentou alguns soldados sarracenos que invadiram o claustro do convento de São Damião mostrando-lhes a Hóstia Santa.

Este Milagre é narrado na obra “A Legenda de Santa Clara”, de autoria de Tomás de Celano; o texto conta como Santa Clara de Assis conseguiu expulsar as tropas sarracenas do Imperador Frederico II de Suécia com o Santíssimo Sacramento. Assim diz o texto: “Pelotões de soldados e bandos de arqueiros sarracenos, sombrios como harpias, estavam acampados naquele lugar por ordem imperial, com a finalidade de devastar os acampamentos e conquistar a cidade. Um dia, durante um ataque do feroz exército dos sarracenos contra Assis, cidade particular do Senhor, eles irromperam nas adjacências de São Damião, mais propriamente no claustro das virgens. Os corações das monjas se contraíram pelo terror e trêmulas de medo, dirigiram os seus prantos à Madre Superiora (Santa Clara), quem, com o coração intrépido, ordenou que a pusessem, embora estivesse doente, diante da porta, bem na frente dos inimigos, trazendo uma caixinha de prata e marfim, na qual estava guardado com suma devoção o Corpo do Santo dos santos.
Prostrada em oração, entre lágrimas, falou com o seu Senhor: “Ó Meu Senhor, queres colocar as tuas servas indefesas nas mãos dos pagãos, as mesmas, que por amor a Ti, eu eduquei? Senhor, eu te peço, protege estas tuas servas, porque eu sozinha não posso salvá-las”. Imediatamente uma voz de criança, vinda do Tabernáculo, sussurrou aos seus ouvidos: “Eu as custodiarei sempre!”. “Meu Senhor”, acrescentou, “protege também, se é a tua vontade, esta cidade, que nos sustenta pelo teu amor”. E Cristo lhe diz: “Terá que sofrer duras penas, mas a minha proteção a defenderá”. Então a virgem, ergueu o rosto banhado em lágrimas e consolou as irmãs que estavam aos prantos: “Eu garanto, minhas filhas, que não sofrereis nenhum mal; somente tendes fé em Cristo!” Não demorou muito e a audácia dos agressores se transformou em espanto; e abandonando apressadamente os muros que tinham escalado, foram derrotados pela força daquela mulher que rezava. Imediatamente Clara advertiu as irmãs que tinham ouvido a voz: “Enquanto eu estiver viva, cuidem-se bem, queridas filhas, de comentar com qualquer pessoa sobre aquela voz”.

Fé e Vida

Se tivéssemos o entendimento do valor do Santo Sacrifício da Missa, teríamos mais vontade de participar dela. Como fica feliz aquele Anjo da Guarda que acompanha uma alma que participa da Missa! [...] Cada hóstia consagrada é feita para se derreter de amor em um coração humano. Se eu encontrasse um sacerdote e um anjo, cumprimentaria em primeiro lugar o Sacerdote e depois o Anjo. Se não houvesse o sacerdote, de nada adiantaria a Paixão e a Morte de Cristo. De que serviria um cofre cheio de ouro se não houvesse alguém para abri-lo? O sacerdote tem a chave dos tesouros celestes. [...] Quem faz descer Jesus nas brancas hóstias? Quem guarda Jesus nos nossos tabernáculos? Quem doa Jesus às nossas almas? Quem purifica os nossos corações para que possamos receber Jesus? O sacerdote, só o sacerdote. Ele é o “ministro do tabernáculo” (Hebreus 13,10), é o “ministro da reconciliação” (2Cor. 5,18)), é o “ministro de Jesus para os irmãos” (Col. 1,7), é o “distribuidor dos mistérios divinos” (1cor. 4,1). Quantos casos poderíamos narrar de sacerdotes heróicos por sacrificar a si mesmos para doar Jesus aos irmãos” O sacerdote “é assimilado ao Filho de Deus” (Hebreus 7,3); exclusivamente no céu será possível medir a sua grandeza, porque se tivesse esse entendimento na terra, morreria não de medo e sim de amor. “Abaixo de Deus o sacerdote é tudo”.

São João Maria Vianne, Vigário de Ars

Milagre Eucarístico de Avignon
França, 1433

A cidade de Avignon no dia 30 de Novembro de 1433, viu-se alagada pelas águas do rio Ródano. Este rio, que atravessa a cidade, transbordou porque tinha chovido muito. Nesse mesmo dia o Santíssimo Sacramento estava exposto para os fiéis na capela de uma Confraria conhecida como dos “Penitentes cinzas” e dois dos seus membros conseguiram com um barco chegar à capela, pois o Santíssimo exposto tinha ficado sozinho. Quando entraram viram que as águas estavam divididas em duas, à direita e à esquerda do Altar e do Ostensório, que estavam completamente secos.

O Milagre Eucarístico de Avignon ocorreu na capela da Santa Cruz, sede da Confraria conhecida como dos “Penitentes cinzas”, cuja instituição vem do tempo do pio Rei Luis VIII, quem, para festejar a vitória sobre os hereges albigenses que negavam a presença real de Jesus na Eucaristia, havia organizado um solene ato de reparação no dia 14 de setembro de 1226, festa litúrgica da exaltação da Santa Cruz.
No relatório oficial, que ainda hoje está guardado na capela dos “Penitentes cinzas”, está escrito que no dia 30 de novembro de 1433, enquanto o Santíssimo estava exposto na pequena capela, a cidade de Avignon viu-se alagada pelas águas do rio Ródano. Este rio, que atravessa a cidade, transbordou porque tinha chovido muito. Armand e Jehan de Pouzilhac-Farure, naquela época responsável pela Confraria, pegaram um barco para ir à capela e salvar o Ostensório com o Santíssimo Sacramento, mas a confusão era tanta, que eles demoraram muito para chegar lá. Assim que chegaram, olharam desde o portão para ver em que estado estava o Ostensório. As águas superavam a altura de seis pés, mas estavam divididas e formavam dois muros, um à direita e outro à esquerda do Altar e do Ostensório; os dois estavam secos e protegidos.
A notícia difundiu-se rapidamente e todo o povo e as autoridades foram ao lugar do Milagre agradecendo e cantando louvores ao Senhor. Centenas de pessoas testemunharam esse acontecimento. A Confraria decidiu então que todos os anos, nessa mesma capela, se celebrasse o aniversário do Milagre no dia de Santo André Apóstolo. Até hoje no dia 30 de novembro, os irmãos se reúnem para celebrar o Milagre e antes da benção do Santíssimo Sacramento, cantam o “Cantemus Domino”, o cântico de Moisés composto depois da passagem do mar vermelho: “Eu cantarei a Iahweh, porque se vestiu de glória(...)Ao sopro das tuas narinas as águas se amontoam, as ondas se levantam qual uma represa(...)Quem é igual a ti, Ilustre em santidade? Levaste em teu amor este povo que redimiste” (Ex 15, 1.8.11b.13a)”.

Milagre Eucarístico de Avignon
França, 1433

A notícia difundiu-se rapidamente e todo o povo e as autoridades foram ao lugar do Milagre agradecendo e cantando louvores ao Senhor.

Fé e Vida

Rezo pois no Senhor todos os meus frades sacerdotes, que são e que serão e que desejam se tornar sacerdotes do Altíssimo, que quando desejarem celebrara Missa, puros, na pureza ofereçam com respeito o verdadeiro sacrifício do santíssimo Corpo e Sangue do Senhor nosso Jesus Cristo, com intenção santa e pura, não por motivos terrenos, nem por medo ou amor de algum homem, como se tivessem que agradar aos homens (Efésios 6,6; Colossenses 3,22). Mas toda vontade, com a ajuda da graça divina, seja orientada para Deus, desejando, com a Missa, agradar somente ao mesmo supremo Senhor, porque nela somente age como Ele gosta. Porque é ele mesmo que diz: “Fazei isto em minha memória” (Lucas 22,19), e se alguém fizer de outro jeito, torna-se um Judas traidor e réu do Corpo e do Sangue do Senhor. (1Corintios 11,27)

Milagre Eucarístico de Canosio
Itália, 1630

Este Milagre Eucarístico teve como protagonista um pároco: o P. Antônio Reinardi. Graças à sua grande piedade eucarística, o sacerdote conseguiu salvar o vilarejo de Canosio de uma enchente provocada pelo transbordamento da torrente Maira abençoando-o com o Santíssimo Sacramento. Muitas pessoas que assistiram o Milagre se converteram e ainda hoje a fé nesse Prodígio é muito forte. Todos os anos, os cidadãos de Canosio celebram uma festa na oitava da Solenidade de Corpus Christi em homenagem ao Milagre.

Canosio é um pequeno povoado do Vale Maira, na diocese de Saluzzo. No ano de 1630 a fé do povo de Canosio estava muito fraca por causa do crescimento da heresia calvinista. Alguns dias depois da festa de Corpus Christi, a torrente Maira transbordou por causa de fortes chuvas. A fúria das águas era tão violenta que arrastou consigo grandes pedras rochosas que rolaram das montanhas em direção ao vale e ao povoado.
O Padre Antônio Reinardi, pároco de Canosio, fez soar os sinos, exortou todos os cidadãos a rezar ao Senhor para que Ele detivesse a enchente e a fazer uma promessa: se o povoado de Canosio se salvasse da fúria devastadora das águas, os cidadãos deveriam mandar celebrar, desde agora e para sempre, todos os anos uma festa na Oitava de Corpus Christi. O Padre Reimardi, pegou o Santíssimo Sacramento, colocou-o no Ostensório e dirigiu-se em procissão ao lugar da enchente acompanhado por alguns fiéis cantando o “Miserere”. Depois de dar a benção, a chuva parou imediatamente e o nível das águas voltou à normalidade. Este episódio contribuiu para reanimar a fé dos cidadãos de Canosio e até os dias de hoje os moradores dessa cidade são fiéis à promessa feita. Lamentavelmente, muitos dos documentos que descreviam esse Milagre, conservados até o século XVII nos arquivos paroquiais, foram queimados durante a guerra entre a Espanha e a França. Possuímos somente uma cópia do relatório escrito pelo pároco, testemunha ocular do evento.

Fé e Vida

Lembrem-se meus irmãos sacerdotes, o que foi escrito sobre a Lei de Moisés: aquele que a transgredisse, mesmo que fosse nas prescrições materiais, tinha que ser castigado com a morte, sem nenhuma misericórdia (Hebreus 1,28). Maiores e mais graves castigos mereceria quem tivesse pisado o Filho de Deus e contaminado o sangue da aliança no qual é santificado, e tiver ultrajado o Espírito da graça (Hebreus 10,29). O homem, de fato, despreza, contamina e pisa o Cordeiro de Deus quando, como fala o Apóstolo, não distinguindo no seu juízo (1Corintios 11,29), nem discernindo o santo pão de Cristo dos outros alimentos ou ações, o come indignamente, ou, mesmo sendo digno dele, o come com leviandade e sem as devidas disposições, por quanto o Senhor fale pela boca do Profeta: “Seja amaldiçoado o homem que realiza com engano a obra de Deus” (Jeremias 48,10). O Senhor condena os sacerdotes que não querem assumir estas coisas de coração e com sinceridade, dizendo: “Amaldiçoarei as vossas bênçãos” (Mateus 2,2). Ouçam meus irmãos. Se a bem aventurada Virgem é tão honrada, como é justo, porque o carregou no seu santo ventre; se o bem aventurado João Batista tremeu de alegria e não ousou tocar a cabeça santa do Senhor; se veneramos o sepulcro onde repousou por pouco tempo, quanto deverá ser santo, justo e digno aquele que segura nas suas mãos, recebe com o coração e com a boca e oferece aos outros para que o comam, Ele, não mais destinado à morte, e sim vencedor e glorificado, e sobre o qual os anjos desejam voltar o seu olhar (1Pedro 1,12)!

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