Por: Padre Jean-Michel Gomis (FSSPX)
Revolução social! Essa é nossa impressão quando examinamos o alcance do fenômeno internet sobre a sociedade. Em menos de vinte anos a tela conectada passou a fazer parte da vida do homem. Usa-se para tudo: comprar, vender, aprender, distrair-se, encontrar uma alma gêmea etc. Sem sair de casa, 2.200 milhões de usuários têm acesso a mais de 660 milhões de sites que oferecem tudo o que o homem moderno pode desejar.
Pois bem, a seguinte questão se coloca ao católico que quer salvar a sua alma: a internet me ajuda ou não a alcançar a vida eterna? Quais são as regras morais que devo seguir a respeito dessa extraordinária ferramenta tecnológica?
A pergunta não é de pouca importância, principalmente se levarmos em conta a quantidade de horas que frequentemente se passa todos os dias na rede (‘web’, em inglês) navegando pelo ciberespaço. Por isso, pareceu-nos útil apresentar um “decálogo” da internet, como normas morais concretas para guiar os católicos nesta questão. Deus queira que os pais de família levem suficientemente a sério este assunto para o maior bem espiritual de suas famílias.
NEM BOM NEM MAU EM SI MESMO: TUDO DEPENDE DO USO
Quando falamos da bondade ou malícia de uma ação humana concreta, devem-se considerar três realidades: a ação em si mesma, a intenção de quem a realiza e as circunstâncias concretas em que essa ação se realiza.
A ação em si mesma pode ser moralmente boa, má ou indiferente.
Boa, quando o seu objeto for bom em si mesmo, como rezar ao Deus verdadeiro.
Má, quando o seu objeto for intrinsecamente mau, como abortar, mentir, adorar um ídolo.
Indiferente, quando o objeto da ação não for intrinsecamente bom nem mau, como pintar, comprar, cortar a grama etc.
No caso da internet, trata-se claramente de uma ação indiferente em si mesma. Navegar na ‘web’ não é bom nem mau em si mesmo.
É uma simples ferramenta que se pode usar para o bem, por exemplo, para difundir a boa palavra, ou para o mal, buscando coisas inúteis ou perigosas.
A intenção do agente deve ser reta, ou seja, deve buscar o bem moral e a salvação da alma.
Uma intenção má necessariamente vicia a obra, ainda que se trate de uma ação boa em si mesma. É isso o que ensina Nosso Senhor Jesus Cristo com a parábola do fariseu, que rezava para ser admirado pelos demais e não para honrar a Deus.
As circunstâncias concretas das pessoas, lugares e tempo também influem sobre a bondade ou malícia moral das ações humanas.
Desse modo, olhar por dever de estado páginas úteis em um momento adequando é algo totalmente diferente de olhar por curiosidade páginas perigosas quando se deveria estar cumprindo o dever de estado etc.
Dito isto, podemos enunciar os seguintes “mandamento” da ‘web’.
1º QUANDO LIGARES O COMPUTADOR, PENSARÁS NOS NOVÍSSIMOS E ROGARÁS A DEUS E A SUA MÃE
“Nas tuas obras lembre-te do teu fim e não pecarás jamais” (Eclesiastes: 7,40). Esta recomendação do Espírito Santo se aplica de modo particular ao nosso assunto. Antes de abrir alguma página, antes de fazer uma busca no “Google”, perguntemos a nós mesmos: esta pesquisa ou este trabalho, que estou fazendo, é realmente bom? Ajuda-me a alcançar a vida eterna? Quando tiver que comparecer perante Deus para prestar contas da minha vida, poderei me lembrar sem nenhuma vergonha desses minutos passados em frente ao computador? Qual é minha intenção real?
Se virmos claramente que não somos movidos pelo bom espírito, abandonemos sem demora o nosso propósito. Mas se realmente nos parecer que temos uma intenção reta, encomendemo-nos a Deus e a sua Mãe para pedir seu amparo.
Alguns têm o bom costume de colocar ao lado da tela do computador um santinho ou uma imagem piedosa para se manterem na presença de Deus e assim elevar sua alma até Ele enquanto usam o computador. É uma prática altamente aconselhável.
2º SE PRECISARES CONECTAR-SE EM CASA, COLOCARÁS A TELA EM LOCAL BEM VISÍVEL
Conectar-se à internet se torna cada vez mais necessário. As exigências se multiplicam tanto no âmbito profissional quanto no universitário. Mas não nos esqueçamos que ter internet em casa continua sendo uma clara ocasião de pecado! Chamamos ocasião de pecado (grave ou leve) a qualquer objeto, pessoa ou lugar que é motivo para alguém ofender a Deus. Por exemplo, diz-se que uma boate é ocasião grave de pecado porque implica um ambiente (bebida, música, luzes, danças sensuais) que irresistivelmente levam a ofender gravemente a Deus. Desse modo, parece supérfluo dizer que a internet representa um grave perigo para as almas: falsas religiões e doutrinas, satanismo, materialismo, pornografia, consumo massivo, exacerbação das três concupiscências etc, todos os vícios estão ao alcance de um só clique! Por isso, antes de conectar o computador familiar à intenet, deve-se examinar seriamente em que medida se precisa dela em casa. Muitas famílias não a tem e sobrevivem perfeitamente sem ela!
No caso da conexão ser realmente necessária, existe a obrigação grave de limitar o perigo espiritual o máximo possível. Com este fim se deve colocar o computador em um lugar público da casa, evitando definitivamente os quartos, e deixar a porta aberta quando se está conectado.
3º DO LAZER CIBERNÉTICO TE ABSTERÁS
O mundo da internet é realmente fascinante! Pode-se acessar facilmente a tantas coisas. Por isso, muitos a usam como recreio, para “matar o tempo” ou para se divertir. Mas não nos esqueçamos nunca do perigo inerente à navegação cibernética. Com uma ocasião de pecado não se brinca! Temos numerosos motivos para não utilizar a internet como passatempo.
Já dissemos, mas devemos insistir: navegar na ‘web’ é uma atividade perigosa para a alma, que quase sempre estimulará pelo menos uma das três concupiscências.
A SOBERBA DA VIDA: “Sereis como deuses!”, dizia a Serpente a Eva para convidá-la a comer o fruto proibido. Com a internet, de certa maneira nos propõe o mesmo: conhecer a tudo como Deus e julgar tudo como Deus. Além disso, dá-nos a possibilidade de lançar a voz ao mundo inteiro. Essa impressão de poder e juízo quase absoluto alimenta nossa soberba e vanglória.
A CONCUPISCÊNCIA DOS OLHOS: a ‘web’ nos apresenta todos os objetos possíveis e imagináveis, fomentando assim a cobiça, com a qual rendemos culto ao deus Mamom.
A CONCUPISCÊNCIA DA CARNE: segundo as estatísticas oficiais, 12% dos sites do mundo são pornográficos!
Nem falemos dos abundantes vídeos, fotos, imagens, piadas ou propagandas que estimulem a sensualidade.
Imaginando que (milagrosamente) alguém pudesse estar a salvo dos estímulos da concupiscência; muito facilmente se chega a perder tempo em detrimento do dever de estado. A navegação na ‘web’ exerce uma forte atração que pode deixar de lado – e muitas vezes impedir – o dever de estado. Começa-se navegando para se divertir um pouco e termina-se deixando o dever, hipnotizado pela internet. Muitos são os casos. Quantas donas de casa atrasam suas tarefas ao olhar as últimas notícias no ‘Facebook’? Quantos empregados perdem tempo durante o trabalho buscando notícias ou resultados dos jogos de futebol? Quantas crianças ficam sem aprender sua lição porque estavam no ‘MSN’ com os amigos? Quantos pais de família descuidam da atenção devida a sua esposa e filhos porque estão jogando on-line? Todos se sentaram diante da tela dizendo: “somente cinco minutinhos e nada mais!” Passou uma hora e continuam navegando.
Provoca verdadeiros vícios. No ano 2000 criou-se uma sessão em um hospital de Paris (‘Centre Médical Marmottan’) para casos de vícios cibernéticos! Nele se diagnosticam quatro grandes categorias de ‘ciberdependência’: gastos compulsivos em sites comerciais ou jogos com dinheiro; vício em jogos on-line; sexualidade patológica, chamada vício ao cibersexo; dependência das ‘redes sociais’ (MSN, Facebook, Twitter, listas de discussão etc).
Estas novas drogas apresentam sintomas em comum com as drogas clássicas: aumento progressivo do tempo dedicado a elas; isolamento progressivo em detrimento da vida familiar (inversão do ciclo dia/noite, refeições sozinho, relações conflituosas) e profissional (ausentismo); mentiras sobre o tempo passado na internet; desejo de doses cada vez mais fortes para chegar às mesmas sensações (cenas eróticas cada vez mais obscenas, necessidade de jogar com mais dinheiro, de encontrar jogos cada vez mais sofisticados etc.); por último, síndrome de abstinência e frustração em caso de não poder estar conectado.
Por último, provoca a dispersão da mente e torna mais difícil a vida de oração. A acumulação de conhecimentos superficiais e de imagens inúteis (ou até mesmo perigosas) dificultam a elevação da alma até o bem espiritual que é Deus. Um paroquiano me afirmava que sua vida interior começou a progredir de verdade quando limitou o uso da internet ao necessário. É isso mesmo. Os mestres da vida espiritual certificam que a mortificação da imaginação e da memória é absolutamente necessária para se ter uma vida espiritual profunda. Por isso, deve-se afirmar que a curiosidade cibernética, por causa da agitação interior que provoca, é um verdadeiro obstáculo à vida de oração.
4º NÃO DEIXARÁS OS TEUS FILHOS ACESSO LIVRE À INTERNET
Não chamaríamos “irresponsável” ou “louco” o pai de família que deixasse seus filhos brincarem com uma arma carregada? Isso, e muito pior, é o que fazemos, uma vez que se trata de alma, quando deixamos nossos filhos navegarem com liberdade na ‘web’! Em qualquer momento se pode cair morto espiritualmente.
Por isso, deve-se ter muito cuidade, observando as seguintes regras:
Os filhos menores não podem ter acesso livre à internet, seja para estudo, diversão etc. Deixá-los navegar pela internet sem controle constitui uma imprudência grave.
Em casa não deve existir rede sem fio: ‘wi-fi’ ou celular conectado à internet. Recordemos um episódio da vida de Santo Antônio, ermitão: frequentemente lhe aparecia o demônio em diversas formas sensíveis, convidando-o à gula ou à sensualidade. Atualmente o espírito das trevas não precisa mais de tanto trabalho. Com o celular conectado à internet, todos têm seu diabinho de bolso! Os pais responsáveis não podem deixar seus filhos conviverem com semelhante perigo.
Até os doze anos uma criança não tem motivo para usar internet. Recém chegado à adolescência, ele poderá iniciar progressivamente o uso virtuoso do computador, sempre na presença de um adulto.
Mas, padre, e o ‘Facebook’? Os pais também têm um dever grave de vigiar as amizades dos seus filhos. Quantas más amizades se criaram na internet por meio das chamadas ‘redes sociais’! Nem falemos das imprudências cometidas pelas crianças, que revelam dados particulares a desconhecidos, cujas consequências todos conhecemos: sequestros, estupros, roubos etc.
Para limitar e controlar o acesso ao computador pode-se utilizar um sistema com senhas, embora não se deva confiar demais na eficácia do mesmo: lembro do caso de uma criança de dez anos que me ensinou como descobrir a senha do computador de casa.
5º GERALMENTE DESCONFIARÁS DO QUE SE LÊ NA ‘WEB’
Deixa-nos surpresos escutar às vezes nas conversas o argumento final: “Mas eu li na internet!” A ‘Wikipedia’ ou qualquer site de informação se tornam, assim, a suprema autoridade intelectual e moral, quase acima do Magistério da Igreja. Sem dúvida, muitas informações publicadas na internet são juízos pessoais, que valem o que seu autor vale. Para emitir um juízo prudente, o católico deve conservar a prudência e o espírito sobrenatural.
A PRUDÊNCIA: antes de reconhecer alguma informação como verdadeira, examinemos bem o assunto: quem difunde a informação? Conhece do tema? Tem autoridade para fazê-lo?
O ESPÍRITO SOBRENATURAL: não deixemos que as notícias cibernéticas perturbem a paz da nossa alma e nos levem a alguma reação passional, tal como a ira, o ressentimento, a tristeza, um entusiasmo eufórico etc.
Para emitir um juízo verdadeiramente prudente se deve conservar a serenidade. É uma condição necessária para que possamos receber as luzes que o Espírito Santo nos envia.
Por isso, evitemos cuidadosamente a ira ou a indignação imoderada que – segundo São Basílio – traz consigo grandes males: “A ira é um grande mal. É uma enfermidade da alma, um obscurecimento da razão, um afastamento de Deus, um desprezo dos nossos amigos. É um começo de guerra, uma fonte de males, a raiz das inimizades e discórdias, o cúmulo da miséria, um demônio, um hóspede imprudente e nocivo dentro de nós mesmos para arruinar todo o nosso interior e fechar sua entrada ao Espírito Santo.”
6º NÃO TERÁS CONVERSAS VÃS OU PERIGOSAS POR MESSENGER, FACEBOOK OU SKYPE
O êxito das ‘redes sociais’ manifesta a importância que estão tomando as conversas cibernéticas. Mas como qualquer relação humana, é preciso seguir as regras das virtudes: caridade, justiça, temperança etc. Podem-se distinguir duas categorias de conversações que não respeitam essa regra:
AS CONVERSAS INÚTEIS. Basta entrar no ‘Facebook’ para comprovar a inutilidade de muitos comentários. Fala-se de tudo... e de nada. Sem nenhuma dúvida, Nosso Senhor Jesus Cristo afirma que deveremos prestar contas de qualquer palavra ociosa: “Eu digo-vos que de qualquer palavra ociosa que tiverem proferido os homens, darão conta dela no dia do juízo” (São Mateus: 12,36).
AS CONVERSAS PERIGOSAS: não falamos aqui das conversas abertamente imorais, que atentam contra a fé ou a moral. Sua malícia é evidente. A este respeito, a experiência nos mostra que a impessoalidade dos ‘chats’, geralmente se tem mais liberdade no tratamento e, portanto, é preciso ter uma vigilância particular.
Mas deixemos isso de lado e concentremos nossa atenção nas conversas perigosas sem ser claramente imorais. Chamamos conversa perigosa aquela que apresenta um perigo espiritual para a santificação da alma.
Nesta categoria devemos incluir o trato familiar com as pessoas desconhecidas, tão frequentes na ‘web’.
Por exemplo: fulano recebe um aviso: “Beltrano quer ser seu amigo no Facebook”. “Por que não?”, pensa fulano.
E começa uma amizade cibernética com beltrano: recebe seus comentários, fotos, avisos etc., que nem sempre serão um convite à virtude. Mais perigoso ainda caso se trate de uma beltrana.
Sem cair em escrúpulos, recordemos aqui que as conversas inúteis com pessoas do outro sexo estimulam inutilmente a imaginação e a sensibilidade. Por este motivo, a moral católica ensina que elas constituem, pelo menos, uma falta leve contra a temperança. Este princípio tem uma importância particular para pessoas casadas: o anonimato da ‘web’ permite trair secretamente e com mais facilidade as promessas do matrimônio.
Examinemo-nos cuidadosamente antes de estabelecer uma conversação com alguma pessoa nas redes sociais. Pensemos que um dia teremos que prestar contas de cada palavra dita ou escrita!
7º DAS DISCUSSÕES DOS BLOGUES E FÓRUNS FUGIRÁS
Guardar o modo virtuoso durante uma conversa sempre requer uma boa dose de mansidão e de caridade. Lamentavelmente são virtudes muito pouco presentes nos fóruns e blogues. Quanta arrogância e soberba se veem nos comentários! Pontifica-se, fala-se de tudo e de todos sem matizes, com juízos imediatos e, frequentemente, temerários. Quantas trocas de palavras muito poucos caridosas nos fóruns! Estamos longe da busca sincera e virtuosa da verdade. Por isso, devemos seguir a recomendação dos Provérbios (22,24): “Não tenhas amizade com o homem colérico, nem andes com o furioso, para não suceder que aprendas o seu proceder, e dês à tua alma ocasião de ruína.”
O católico deve evitar essas discussões intermináveis e escutar as palavras de São Paulo aos Efésios (4,31): “Toda amargura, ira, raiva, gritaria, maledicência, com todo o gênero de malícia, sejam banidas de entre vós. Pelo contrário, sede benignos uns com os outros, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou por Cristo”. Deste modo, seremos verdadeiros filhos de Deus; “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus” (São Mateus: 5,9).
8º SE PUBLICAR ALGO NA WEB, NÃO CAIRÁS NO PRURIDO DE FALAR NEM NO EXIBICIONISMO DOENTIO
PRURIDO DE FALAR: “Ter-se sinceramente e de coração como último dos homens, evitar a singularidade, conservar o silêncio e o não falar se não formos perguntados...” Assim diz São Bento em sua Regra, referindo-se aos seus famosos doze graus de humildade. São conselhos geralmente desprezados pelas publicações na ‘web’: a jactância, a loquacidade e a vanglória são, lamentavelmente, a regra geral. “Eu acho... eu creio... eu faria assim... na minha opinião... não entendo por que...” e outras expressões parecidas são muito comuns. Eu, eu, eu... Estamos longe da humildade praticada pelos Santos, que fugiam do juízo próprio e procuravam ser desconhecidos, segundo convida a “Imitação de Cristo”: “Se queres aprender e saber algo proveitosamente, procura ser desconhecido e tido por nada” (Livro I, Capítulo 2).
EXIBICIONISMO DOENTIO: além do prurido de falar, a ostentação é outro grande perigo nas publicações cibernéticas. Publicam-se milhares de fotos de alguém, com o perigo de se cair no narcisismo. Às vezes, pisoteia-se a virtude da modéstia de forma assombrosa; frequentemente se cai no espírito do mundo e das três concupiscências. Não faltam exemplos como este: Fulana é tradicionalista. Vai à Missa todos os domingos; veste véu e está absorta em oração durante a Santa Missa. Mas no ‘Facebook’ ou no ‘Fotolog’ aparece na festa, dançando imodestamente, com vestido provocativo, ou talvez na praia com o “namorado”... Há nisso uma profunda incoerência e um grave escândalo.
9º QUANDO TRATARES SOBRE A FÉ OU MORAL, CONSULTARÁS O SUPERIOR ECLESIÁSTICO
Os católicos de hoje vivem em uma situação realmente muito particular. Como aconteceu com Dom Lefebvre em seu tempo, para conservar a fé e a pregação da fé somos obrigados a estar em oposição com a autoridade eclesiástica. Mas esta situação de crise traz graves perigos espirituais: pode estimular um espírito de independência diante de qualquer autoridade; leva a pensar que somos livres e independentes para publicar o que quisermos em matéria de fé e de moral, e que nenhuma autoridade pode nos exigir ou limitar a esse respeito. Cuidado! Estaríamos em plena liberdade de expressão revolucionária, condenada várias vezes pelo Magistério da Igreja.
Nós que temos a graça imensa de viver na Tradição da Igreja, temos o dever de nos dirigir ao nosso superior eclesiástico quando queremos publicar algo relativo à fé e à moral. Os fiéis aos seus sacerdotes, os sacerdotes aos seus superiores. Deste modo, pedimos conselho a quem tem graça de estado para nos guiar, evitaremos juízos apressados, imprudentes ou claramente falsos sobre matérias tão importantes e delicadas.
10º QUANDO SENTIRES A TENTAÇÃO EM TUA ALMA, SAIRÁS DA PERIGOSA REDE IMEDIATAMENTE
É uma regra de ouro! Não brinquemos com o demônio! Advertiu-nos Nosso Senhor Jesus Cristo claramente: “Se a tua mão ou o teu pé é ocasião de escândalo ou pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti; porque é melhor para ti entrar na vida eterna manco ou coxo, do que tendo as duas mãos ou os dois pés ser precipitado no fogo eterno. E se o teu olho é para ti ocasião de escândalo, arranca-o e lança-o para longe de ti; porque é melhor para ti entrar na vida eterna com um só olho, do que ter os dois e ser lançado ao fogo do inferno.” Isso se aplica perfeitamente ao computador. Quando sentimos que o espírito das trevas se aproxima e nos ataca, larguemos imediatamente o computador. Mais vale entrar sem internet na vida eterna do que ir com ela para o fogo eterno.
CONCLUSÃO: NÃO NOS DEIXEMOS ENGOLIR!
Podemos resumir com três palavras as disposições de alma para usar virtuosamente a internet: oração, vigilância e mortificação.
ORAÇÃO: para pedir a graça de usar santamente essa ferramenta.
VIGILÂNCIA: para evitar qualquer ocasião de tropeço.
MORTIFICAÇÃO: da curiosidade, que constitui a grande armadilha espiritual da ‘web’.
Não nos deixemos engolir pelo computador. Usemos com moderação, limitando o máximo possível ao trabalho e ao estudo. Antes de cada confissão examinemo-nos a esse respeito: quanto tempo uso o computador e a internet por dia? Para quê? Caí na curiosidade? Faltei ao meu dever de estado: trabalho, atenção à minha família, estudo, vida de oração etc, por ficar tempo demais em frente do computador? Coloquei-me em perigo inutilmente?
Não nos esqueçamos: muitas almas não progridem na vida espiritual por causa do uso excessivo do computador! QUE NÃO SEJA O NOSSO CASO.