UM TRIBUNAL do Sudão havia anulado a sentença de morte por enforcamento e ordenado a libertação de Meriam Ibrahim (Meriam Yahia Ibrahim Ishag), de 27 anos. A sudanesa foi condenada à morte pelo "crime" de ter se convertido ao cristianismo. Ela foi solta nesta segunda-feira (23/6), apenas para voltar a ser presa hoje, terça-feira (24), conforme informaram seus advogados à emissora norte-americana CNN. Além de Meriam, foi preso seu marido, Daniel Wani. O casal foi detido em um aeroporto de Cartum, a capital do Sudão, quando tentava deixar o país. Não foram divulgados detalhes sobre a prisão. A mulher, que recentemente deu à luz uma filha, teria agora dois anos para a amamentação antes de ser executada.
Meriam Ibrahim é filha de um muçulmano e de uma cristã, mas o pai abandonou a família quando era ainda criança, pelo que foi educada como cristã pela mãe. Mais tarde veio a casar-se com um cristão. Uma vez que o seu pai era muçulmano, porém, foi determinado pelas autoridades locais que ela é legalmente muçulmana, e assim teria incorrido no crime de apostasia, que no Sudão é punível com a morte. Ela também foi condenada a receber 100 chicotadas por adultério, já que, segundo a interpretação sudanesa da sharia (lei islâmica), as uniões entre uma muçulmana e um não muçulmano são consideradas traição conjugal.
Apesar de o juiz ter concedido a Meriam diversas oportunidades para renunciar à fé em Jesus Cristo, Ibrahim recusou-se sempre. Grávida, acabou por dar à luz ao seu segundo filho, uma menina, já na cadeia. Em situações como esta, a lei prevê dois anos para amamentação antes de se executar a sentença de morte.
Apesar de casos semelhantes serem relativamente comuns na atualidade, este ganhou notoriedade (assim como o da paquistanesa Asia Bibi) e provocou indignação internacional, com campanhas e apelos pela sua libertação. Em maio, surgiu a notícia de que Ibrahim havia sido libertada, mas foi logo desmentida pelo próprio Governo do país. Agora, segundo a Reuters, um tribunal sudanês terá mesmo ordenado que ela saia em liberdade.
Papa Francisco alerta: "Hoje há mais cristãos martirizados do que nunca"
Recentemente, o Papa Francisco alertou para o fato de que as comunidades cristãs enfrentam, hoje, uma “perseguição mais forte do que aquela dos primeiros séculos da Igreja”.
Em declarações publicadas na sexta-feira, 13 de junho, pelo jornal L’Osservatore Romano, o Pontífice diz que a aflição dos cristãos em países como Síria, Iraque, Paquistão e Nigéria é “um desafio profundo” à sua “missão como pastor”: “Há lugares onde é proibido ter uma Bíblia, ensinar a catequese ou usar a cruz. Hoje há mais cristãos martirizados do que nunca, em qualquer outra época. Não é fantasia, é um fato comprovado em números”, realça Francisco.
A repressão sobre os cristãos têm aumentado na África e no Médio Oriente depois da chamada “Primavera Árabe”, que colocou em causa regimes políticos instalados e abriu espaço para a afirmação de diversos grupos radicais islâmicos. – Sobre este mesmo tema, ainda de acordo com o Papa, a promoção da união entre israelitas e palestinos em sua recente viagem à Terra Santa “não foi um ato político”, mas sim “um ato religioso” que pretendeu “abrir uma janela ao mundo”.
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Fontes:
Ag. Ecclesia, em
Ag. Ecclesia, em
agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/papa-hoje-ha-mais-cristaos-martirizados-do-que-nunca/
Acesso 24/6/014
Acesso 24/6/014
ofielcatolico.com.br