Alguns textos realmente conseguem surpreender qualquer leitor, seja pela clareza com que o autor expõe suas ideias, seja pela coragem e bravura em abordar alguns temas importantes, que são não raro “marginalizados”, colocados de lado. É o caso do texto que reproduzimos abaixo, publicado pela agência Zenit, e de autoria de Edson Luiz Sampel, doutor em direito canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Não podemos, em nome de um falso ecumenismo, renunciar à “nossa belíssima identidade católica”, como se a nossa Fé fosse uma religião qualquer, como se o sangue que inúmeros mártires derramaram por amor à Igreja fosse sacrifício vão ou irrelevante. Neste sentido, é preciso que “demos nome aos bois”: esta atitude de abandonar a Verdade revelada em nome do “amor ao próximo” ou do diálogo inter-religioso não é ecumenismo, mas sim relativismo, irenismo.
Segue, em azul, o texto referido, de título “Ser católico por inteiro”.
SÃO PAULO, sexta-feira, 10 de agosto de 2012 (ZENIT.org) – Gostaria de discutir o problema da adesão à fé católica, não na perspectiva prática, porque nesta seara, infelizmente, por causa do pecado, os católicos vivemos os ditames do evangelho mais ou menos.
Quero tratar do tema no viés doutrinal. Neste diapasão, ou se é 100% católico ou não se é católico em hipótese nenhuma. Não posso ser católico e, ao mesmo tempo, advogar a tese de que Jesus não fundou nenhuma Igreja específica; apenas instaurou uma novel religião. Não posso ser católico e perfilhar a teoria de que nossa Senhora teve relações sexuais com seu casto esposo. Não posso ser católico e, concomitantemente, asseverar que não há demônios nem Satanás. Não posso ser católico e, outrossim, prestar atenção ao espiritismo. Não posso ser católico e fazer ouvidos moucos ao que o papa ensina. Não posso ser católico e me escusar de divulgar o parecer da Igreja contrário ao homossexualismo. Não posso ser católico e me colocar em prol do aborto, ou, então, ficar em cima do muro. Eis somente alguns exemplos.
Qual é a questão de fundo? Em minha opinião, é o relativismo, já bastas vezes exprobrado por Bento XVI, combinado com uma equivocada interpretação do ecumenismo. Exemplificando, a pretexto de não vulnerar a suscetibilidade dos nossos irmãos separados, a doutrina protestante não é mais herética: cuida-se apenas de visões diferentes, verberam alguns. Deixemos o mínimo que nos separa, postulam outros, e nos unamos no máximo que nos é comum! Que máximo é esse, se frei Lutero solapou todos os sacramentos, preservando unicamente o batismo?
Quando o mal da não adesão plena e obsequiosa é perpetrado por certos padres ou teólogos, estamos em face de uma vicissitude gravíssima. Aqui, em vários casos, vigem a arrogância e a soberba, uma espécie de desdobramento do pecado original: quer-se saber mais do que a Igreja de Cristo!
Temos de ser ecumênicos sim, sempre amorosos com os outros cristãos e com os membros de qualquer credo, cônscios de que não somos melhores do que eles e que Deus ama todos os homens. No entanto, devemos resgatar nossa belíssima identidade católica, assumindo-a plenamente, sem respeitos humanos, acatando cabalmente o magistério infalível. Esta obrigação é ainda mais urgente por parte dos padres, que têm o múnus de industriar a puríssima doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo, custodiada pela Igreja católica.
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