Adam Smith e Karl Marx: diferentes, mas com alguma coisa em comum |
Por Igor Andrade – Assoc. São Próspero e Grupo Somar para Vencer
NESTES TEMPOS de crise política e social, – não só no Brasil, mas no mundo, – já é um fato evidente que o socialismo, nas suas mais variadas formas de se apresentar, não é um caminho viável. Seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista ético e político, o socialismo nunca deu e nunca dará certo, porque contraria a própria natureza humana, tratando o homem não com a “dignidade de ente racional”1, mas como um número ou como um mero animal. No fim, "os porcos viram os homens"2.
Do outro lado, está o Liberalismo , muito atrativo com suas comidas deliciosas, seu cinema repleto de efeitos especiais, seus videogames viciantes, suas armas semiautomáticas, sua liberdade... Lembra-me muito uma situação que todos – exceto, talvez, Nossa Senhora (mas não tenho certeza quanto a isso) já passamos, inclusive o Cristo: a tentação ao pecado:
“O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares.”
(Mt 4, 8-9)
Muito semelhante à proposta de um mundo liberal, não é? Quem assistiu ao filme “O Lobo de Wall Street”3 sabe bem do que estou falando. Quem viveu (ou vive) como o protagonista, mais ainda. Sim, meu caro, o capitalismo não é amigo da humanidade. Se o sistema socialista é o "lobo-mal" que quer devorar os três porquinhos, o liberal quer vender um porquinho pelo preço de dois, juntar o dinheiro e criar um império de venda de carne suína, passando por cima de quem for preciso.
Estas são afirmações soltas, mas... qual o fundamento? Como posso dizer... é a realidade das coisas quem o diz. Isso se constata olhando (ou vivendo) o mundo corporativo e suas consequências, em cujos detalhes não vou me deter, mas gostaria de dar um exemplo que desenvolverei daqui a três parágrafos: a indústria do aborto.
Por que isso ocorre? Porque o Liberalismo é uma ideologia que, como toda ideologia, não se curva diante da realidade, não se conforma com a objetividade do mundo e se põe, como o alemão do bigodinho, “para além do bem e do mal”.
Liberalismo e Socialismo – dicotomia grosseira que me provoca aversão – são duas correntes econômicas distintas que têm o mesmíssimo fundamento: o erro domaterialismo. O absurdo de tomar a felicidade nesta vida como o autêntico fim último do homem, como se não houvesse nenhuma “terra além-mar”, como se o homem fosse um animal com defeito de fábrica que anseia por um infinito inexistente.
O modo com que o Socialismo promete o paraíso na Terra creio que já conhecemos bem, mas e o Liberalismo? Como disse Tom Jobim, “o dinheiro não é tudo. Não se esqueça também do ouro, dos diamantes, da platina e das propriedades”; em outras palavras, a satisfação plena do homem vem pela soma dos bens materiais. O Liberalismo ignora que nesta vida apenas desenvolvemos a dignidade de ser feliz, aqui nos é dada a oportunidade de alargar o coração para receber o Prêmio.
Porém, por partir da premissa utilitária, a moral liberal possibilita atos desumanos como o aborto. Quem assistiu ao documentário "Blood Money" (clique aqui para assistirou assista mais abaixo) sabe perfeitamente o que é a indústria do aborto e tem uma ideia de quanto dinheiro ela movimenta, além da absoluta falta de humanidade envolvida no processo todo. Quem acompanhou o escândalo envolvendo o grupo abortista Planned Parenthood (clique aqui e leia) sabe o quão desumanos e frios podem ser os homens que têm no dinheiro o fim último de suas vidas.
Creio que o que disse até aqui tenha sido apenas uma breve introdução a um assunto tão profundo, que afeta tão diretamente a essência de nossas vidas, e que certos grupos estão propondo como alternativa política, econômica e cultural para o Brasil, nossa Terra de Santa Cruz.
Quero deixar claro que neste artigo tomei “Liberalismo” como termo genérico que compreende os princípios da doutrina de Adam Smith, da Escola Austríaca, da Escola de Chicago, – enfim a “doutrina” libertária de modo geral quanto aos princípios, já que essas diversas linhas de pensamentos têm diferenças. Sem babaquice ideológica, por favor, entendam os leitores que não estou aqui generalizando todas as situações.
_________________
1. Referência à Fundamentação da Metafísica dos Costumes, de Immanuel Kant.
2. Referência ao livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwel.