§ 1º Do conhecimento profundo da Santa Missa
- É necessário conhecer profundamente a Santa Missa?Um ato de religião praticado com tanta freqüência, tão precioso em suas graças, e tão consolador em seus frutos, é desejoso que se conheça o mais possível, na medida de nossas capacidades.
- Como podemos conhecer mais profundamente a Santa Missa?Podemos conhecê-la mais profundamente estudando seus mistérios, seus dogmas, a moral que ela encerra, e até os menores detalhes de suas cerimônias e orações.
- Para que devemos conhecer tudo isto?Para que a Santa Missa, que é o centro do culto católico, desperte os mais vivos sentimentos de religião e de piedade.
- Que mais devemos conhecer da Santa Missa?Devemos conhecer suas palavras sagradas; cada ação e cada movimento do sacerdote; cada palavra que ele pronuncia para nos lembrar que um Deus se imola por nós, e que nós também devemos nos imolar com Ele e por Ele.
- Que mais é salutar conhecer?Devemos saber as grandes vantagens espirituais que um conhecimento mais íntimo da Santa Missa proporciona aos fiéis, com a explicação literal de suas orações e cerimônias.
- Deus exige de todos os fiéis um conhecimento profundo e detalhado da Santa Missa?Não. Deus supre com a fé o conhecimento que não foi possível adquirir e jamais irá desprezar o sacrifício de um coração arrependido e humilhado (Sal. 50, 19).
- Por acaso a Igreja ocultaria aos fiéis algum mistério da Santa Missa?Não. Na Igreja nada há de oculto e Ela jamais pretendeu ocultar qualquer mistério aos fiéis, seja da Santa Missa ou de qualquer outra cerimônia litúrgica.
- Com que estado de espírito devemos assistir a Santa Missa?Devemos deixar fora da igreja a indiferença e o tédio, a dissipação e o escândalo e sermos, na igreja, adoradores em espírito e verdade.
§ 2º Da celebração da primeira Missa e da sua relação com a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: as ações e palavras do sacerdote
- Quando foi celebrada a primeira Missa? Pode-se e deve-se crer que a primeira Missa foi celebrada no Cenáculo, à véspera da morte de Salvador.
- Que paralelo podemos fazer entre o Cenáculo e a Santa Missa? Podemos estabelecer o seguinte paralelo:CenáculoSanta Missa
Jesus dirige-se ao Cenáculo: acompanhado dos seus apóstolos, chega ao Cenáculo, onde estava preparada a mesa do sacrifício e da comunhão. O sacerdote dirige-se ao altar, precedido dos seus ministros, onde tudo está disposto para o sacrifício da Santa Missa. Jesus deixa a mesa depois da ceia prescrita pela Lei, humilha-se ao lavar os pés dos apóstolos e os manda que se lavem mutuamente, voltando, depois, a ocupar o seu lugar à mesa. O sacerdote desce ao pé do altar, mesmo puro de faltas graves, para lavar-se e purificar-se das faltas mais leves. Por isso o sacerdote faz a confissão mútua com os assistentes, subindo depois ao altar. Jesus senta-se à mesa eucarristica: instrui seus apóstolos e lhes dá o resumo de sua doutrina, dizendo: “ Eu vos dei o exemplo para que façais como eu fiz” (Jo. 13). O sacerdote faz no altar a instrução pública e preparatória, com o objetivo de explanar estes dizeres profundos de S. Justino: “ Só pode participar da eucaristia aquele que crê que nossa doutrina é verdadeira, que recebeu a remissão dos pecados e que vive como Jesus ensina” (Apologia, 2). Jesus toma o pão e o vinho num cálice, e os abençoa. O sacerdote toma o pão e o vinho num cálice: eis a oblação, as orações e bênçãos que a acompanham. Jesus deu graças, elevando os olhos aos céus: embora os evangelistas não registrem as palavras de que Jesus se serviu nesta ação de graças, sabemos pela Tradição que Ele enumerou os benefícios da criação, da providência e da redenção, que iriam se concentrar nesta vítima adorável; depois o Senhor partiu o pão e o deu aos seus discípulos dizendo: “ Isto é o meu corpo”; em seguida os deu também o cálice, dizendo: “ Isto é o meu sangue”. Eis a fórmula da consagração. É a comunhão no Cenáculo. O sacerdote emprega as mesmas palavras e gestos no Cânon da Missa, repetindo a fórmula da consagração: É a comunhão na Santa Missa. Jesus pronuncia um hino de ação de graças O sacerdote termina o Santo Sacrifício da Missa com a ação de graças. - O que fizeram Jesus e os apóstolos após a Ceia? Os apóstolos saíram do Cenáculo com o seu Mestre, e se dirigiram ao Horto das Oliveiras, para serem testemunhas da renovação e da consumação do grande sacrifício da Cruz, da mesma forma que o sacerdote se dirige ao santuário, subindo ao altar.
- Que paralelo podemos estabelecer entre a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo e a Santa Missa?Podemos estabelecer o seguinte paralelo:Cenas da Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus CristoCenas da Missa
Jesus ora no Horto, com o rosto prostrado na terra em agonia. O sacerdote, ao pé do altar, recita o Confiteor, em humilde postura. Jesus, amarrado, sobe a Jerusalém. O sacerdote, cingido com todos os paramentos, sobe ao altar. Jesus foi, de tribunal em tribunal, instruindo o povo, seus acusadores e seus juizes. O sacerdote vai de um ao outro lado do altar, para multiplicar e difundir a instruçãopreparatória. Jesus Cristo, assim que sentenciado e despojado de suas roupas, oferece seu corpo à flagelação, prelúdio da sua execução e morte. O sacerdote descobre as oblações, retirando o véu que cobre o cálice e a hóstia, ainda não consagrados, e faz a oferenda do pão e do vinho, que vão ser consagrados, e cuja substância vai ser consumida. Jesus é pregado na cruz. Jesus se torna presente no altar com as palavras da Consagração. Jesus é suspenso na Cruz, entre o céu e a terra. Como no momento da Elevação, na Missa. Jesus expira na cruz. O sacerdote parte a Hóstia, indicando, visivelmente, esta morte. Jesus é colocado no sepulcro. Na Comunhão, Jesus é recebido pelo sacerdote e pelos fiéis. Jesus ressuscita glorioso. A ressurreição é significada pelo lançamento de um fragmento da hóstia consagrada (o corpo de Cristo) no cálice que contém o sangue de Cristo, na hora em que o sacerdote diz a oração “ Pax Domini sit semper vobiscum”, fazendo cinco cruzes sobre o cálice e fora dele. O sacerdote pede o efeito desta vida nova atravésdas orações após a Comunhão. Jesus sobe aos céus, abençoando sua Igreja. O sacerdote se despede dos fiéis e os abençoa. Jesus envia o Espírito Santo aos seus discípulos. No final da missa, é lido o início do Evangelho de S. João, que nos exorta a tornar‑nos filhos de Deus, dirigidos e movidos pelo seu Espírito, conforme estas palavras do apóstolo S. Paulo: "aqueles que são conduzidos pelo Espíritode Deus, são filhos de Deus" (Rom. 8, 14). - Que relação há entre a Santa Missa e as palavras de Cristo na Última Ceia? Nosso Senhor instituiu, após a Última Ceia, a parte essencial das orações e cerimônias da Santa Missa.
- Quem estabeleceu as orações e cerimônias das outras partes?
As orações e cerimônias das outras partes foram estabelecidas pelos apóstolos, pela Tradição e pela Igreja, que acrescentaram o que convinha à dignidade do Santo Sacrifício, em nada alterando o substancial da Instituição Divina.
Extraído do Catecismo da Santa Missa
§ 3o Da celebração da primeira Missa e da sua relação com a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: as vestimentas do sacerdote
- O sacerdote deve usar vestes específicas para rezar a Santa Missa? Sim, o sacerdote deve usar vestes específicas para rezar a Santa Missa.
- Estas vestes que o sacerdote deve usar para rezar a Santa Missa nos remetem ao que sofreu Nosso Senhor em sua Paixão e em sua Morte na Cruz?
Sim, as vestes que o sacerdote deve usar na Santa Missa nos remetem ao que Nosso Senhor sofreu em sua Paixão e em sua Morte na Cruz.
- Estas vestes sacerdotais nos lembram mais alguma coisa?
Sim. Estas vestes nos lembram diversas virtudes que devemos nos esforçar para possuir e diversas boas obras que devemos praticar.
- Quais são as vestimentas do sacerdote que vai celebrar a Santa Missa? As vestimentas do sacerdote que vai celebrar a Santa Missa são o amito, a alva, o cíngulo, o manípulo, a estola e a casula.
- O que é o amito?
O amito é um véu branco que o sacerdote passa sobre a cabeça e com que cobre os ombros. Remete a coroa de espinhos com a qual Nosso Senhor Jesus Cristo foi coroado. O amito recorda-nos que devemos sempre ter pensamentos puros, combatendo sobretudo aqueles que nos vêm contra a castidade. Lembra-nos também a modéstia das palavras e o cuidado que devemos ter de não conversar inutilmente na Igreja.
- O que é a alva?
A alva é uma túnica branca, larga e que desce até os pés do sacerdote. Remete à túnica branca com a qual Herodes mandou vestir a Cristo, para dizer que era louco. A alva recorda-nos de que seremos chamados de loucos pelo mundo se formos fiéis a Nosso Senhor, seguindo-Lhe os passos e renunciando às ilusões deste mundo para alcançarmos nossa recompensa no Céu. O fato da alva descer até os pés significa que devemos perseverar nas boas obras. E o símbolo da pureza que o padre deve ter ao rezar a Santa Missa e que os fiéis dever também ter ao assisti-la.
- O que é o cíngulo?
O cíngulo é uma corda com a qual o sacerdote aperta a alva na altura da cintura. Remete-nos aos açoites da flagelação de Nosso Senhor, bem como a corda com a qual amarraram Nosso Senhor para puxá-lo. Lembra-nos as virtudes da fortaleza e da castidade.
- O que é o manípulo?
O manípulo é um pano que o sacerdote traz no braço esquerdo. Sua origem está no fato de que os filósofos gregos levavam no braço um pano para enxugarem o suor do rosto quando ensinavam nas praças; bem como no fato de que os trabalhadores também levavam um pano no braço para enxugarem o suor do rosto enquanto trabalhavam. Remete-nos às cordas que ataram as mãos de Nosso Senhor. Lembra-nos a autoridade que o sacerdote tem para pregar a verdade, bem como de que devemos trabalhar para conseguirmos o Céu, fazendo boas obras.
- O que é a estola?
A estola é um ornato que o sacerdote traz em torno do pescoço e que cruza sobre o peito. Remete-nos à Cruz que Nosso Senhor carregou. Ela é o símbolo da dignidade e do poder do sacerdote, e nos lembra o respeito que devemos ter para com os padres. O fato da estola ser cruzada no peito do sacerdote significa também a troca que os judeus e gentios fizeram na crucificação de Jesus Cristo, passando os judeus da mão direita para a esquerda e os gentios da mão esquerda para a direita de Deus.
- O que é a casula?
A casula é um manto aberto dos lados e que o sacerdote põe por cima de todos os outros paramentos. Remete-nos ao pano vermelho com o qual os soldados romanos vestiram a Nosso Senhor, para zomba-Lo (Jo. 19, 1-3). Lembra-nos a virtude da caridade, que deve animar as nossas obras e orações. Lembra-nos também o jugo da Cruz de Cristo que assumimos no Batismo. E por isso que se desenha uma cruz atrás da casula.