Pular para o conteúdo principal

O conhecimento e a compreensão das orações e cerimônias da Santa Missa



§ 1º Do conhecimento profundo da Santa Missa


  1. É necessário conhecer profundamente a Santa Missa?Um ato de religião praticado com tanta freqüência, tão precioso em suas graças, e tão consolador em seus frutos, é desejoso que se conheça o mais possível, na medida de nossas capacidades.
     
  2. Como podemos conhecer mais profundamente a Santa Missa?Podemos conhecê-la mais profundamente estudando seus mistérios, seus dogmas, a moral que ela encerra, e até os menores detalhes de suas cerimônias e orações.
     
  3. Para que devemos conhecer tudo isto?Para que a Santa Missa, que é o centro do culto católico, desperte os mais vivos sentimentos de religião e de piedade.
     
  4. Que mais devemos conhecer da Santa Missa?Devemos conhecer suas palavras sagradas; cada ação e cada movimento do sacerdote; cada palavra que ele pronuncia para nos lembrar que um Deus se imola por nós, e que nós também devemos nos imolar com Ele e por Ele.
     
  5. Que mais é salutar conhecer?Devemos saber as grandes vantagens espirituais que um conhecimento mais íntimo da Santa Missa proporciona aos fiéis, com a explicação literal de suas orações e cerimônias.
     
  6. Deus exige de todos os fiéis um conhecimento profundo e detalhado da Santa Missa?Não. Deus supre com a fé o conhecimento que não foi possível adquirir e jamais irá desprezar o sacrifício de um coração arrependido e humilhado (Sal. 50, 19).
     
  7. Por acaso a Igreja ocultaria aos fiéis algum mistério da Santa Missa?Não. Na Igreja nada há de oculto e Ela jamais pretendeu ocultar qualquer mistério aos fiéis, seja da Santa Missa ou de qualquer outra cerimônia litúrgica.
     
  8. Com que estado de espírito devemos assistir a Santa Missa?Devemos deixar fora da igreja a indiferença e o tédio, a dissipação e o escândalo e sermos, na igreja, adoradores em espírito e verdade.
§ 2º Da celebração da primeira Missa e da sua relação com a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: as ações e palavras do sacerdote
  1. Quando foi celebrada a primeira Missa? Pode-se e deve-se crer que a primeira Missa foi celebrada no Cenáculo, à véspera da morte de Salvador.
     
  2. Que paralelo podemos fazer entre o Cenáculo e a Santa Missa? Podemos estabelecer o seguinte paralelo:

    Cenáculo     
     Santa Missa
     Jesus dirige-se ao Cenáculo: acompanhado dos seus apóstolos, chega ao Cenáculo, onde estava preparada a mesa do sacrifício e da comunhão. O sacerdote dirige-se ao altar, precedido dos seus ministros, onde tudo está disposto para o sacrifício da Santa Missa.
     Jesus deixa a mesa depois da ceia prescrita pela Lei, humilha-se ao lavar os pés dos apóstolos e os manda que se lavem mutuamente, voltando, depois, a ocupar o seu lugar à mesa. O sacerdote desce ao pé do altar, mesmo puro de faltas graves, para lavar-se e purificar-se das faltas mais leves. Por isso o sacerdote faz a confissão mútua com os assistentes, subindo depois ao altar.
    Jesus senta-se à mesa eucarristica: instrui seus apóstolos e lhes dá o resumo de sua doutrina, dizendo: “ Eu vos dei o exemplo para que façais como eu fiz” (Jo. 13).O sacerdote faz no altar a instrução pública e preparatória, com o objetivo de explanar estes dizeres profundos de S. Justino: “ Só pode participar da eucaristia aquele que crê que nossa doutrina é verdadeira, que recebeu a remissão dos pecados e que vive como Jesus ensina” (Apologia, 2).
     Jesus toma o pão e o vinho num cálice, e os abençoa. O sacerdote toma o pão e o vinho num cálice: eis a oblação, as orações e bênçãos que a acompanham.
    Jesus deu graças, elevando os olhos aos céus: embora os evangelistas não registrem as palavras de que Jesus se serviu nesta ação de graças, sabemos pela Tradição que Ele enumerou os benefícios da criação, da providência e da redenção, que iriam se concentrar nesta vítima adorável; depois o Senhor partiu o pão e o deu aos seus discípulos dizendo: “ Isto é o meu corpo”; em seguida os deu também o cálice, dizendo: “ Isto é o meu sangue”. Eis a fórmula da consagração. É a comunhão no Cenáculo. O sacerdote emprega as mesmas palavras e gestos no Cânon da Missa, repetindo a fórmula da consagração: É a comunhão na Santa Missa.
     Jesus pronuncia um hino de ação de graças O sacerdote termina o Santo Sacrifício da Missa com a ação de graças.
  3. O que fizeram Jesus e os apóstolos após a Ceia? Os apóstolos saíram do Cenáculo com o seu Mestre, e se dirigiram ao Horto das Oliveiras, para serem testemunhas da renovação e da consumação do grande sacrifício da Cruz, da mesma forma que o sacerdote se dirige ao santuário, subindo ao altar.
     
  4. Que paralelo podemos estabelecer entre a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo e a Santa Missa?Podemos estabelecer o seguinte paralelo:

    Cenas da Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo
    Cenas da Missa
    Jesus ora no Horto, com o rosto prostrado na terra em agonia.O sacerdote, ao pé do altar, recita o Confiteor, em humilde postura.
    Jesus, amarrado, sobe a Jerusalém.O sacerdote,  cingido com todos os paramentos, sobe ao altar.
    Jesus foi, de tribunal em tribunal, instruindo o povo, seus acusadores e seus juizes.O sacerdote vai de um ao outro lado do altar, para multiplicar e  difundir a  instruçãopreparatória.
    Jesus   Cristo, assim que sentenciado e despojado de suas roupas, oferece seu corpo à flagelação, prelúdio da sua execução e morte.O sacerdote descobre as oblações, retirando o véu que cobre o cálice e a hóstia, ainda não consagrados, e faz a oferenda do pão e do vinho, que vão ser consagrados, e cuja  substância vai ser consumida.
    Jesus é pregado na cruz.Jesus se torna presente no altar com as palavras da Consagração.
    Jesus é suspenso na Cruz, entre o céu e a terra.Como no momento da Elevação, na Missa.
    Jesus expira na cruz.O sacerdote parte a Hóstia, indicando, visivelmente, esta morte.
    Jesus é colocado no sepulcro.Na Comunhão, Jesus é recebido pelo sacerdote e pelos fiéis.
    Jesus ressuscita glorioso.A ressurreição é significada pelo lançamento de um fragmento da hóstia consagrada (o corpo de Cristo) no cálice que contém o sangue de Cristo, na hora em que o sacerdote diz a oração “ Pax Domini sit semper vobiscum”, fazendo cinco cruzes sobre o cálice e fora dele. O sacerdote pede o efeito desta vida nova atravésdas orações após a Comunhão.
    Jesus sobe aos céus, abençoando sua Igreja.O sacerdote se despede dos fiéis e os abençoa.
    Jesus envia o Espírito Santo aos seus discípulos.
    No final da missa, é lido o início do Evangelho de S. João, que nos exorta a tornar‑nos filhos de Deus, dirigidos e movidos pelo seu Espírito, conforme estas palavras do apóstolo S. Paulo: "aqueles que são conduzidos pelo Espírito
    de Deus, são filhos de Deus" (Rom. 8, 14).
  5. Que relação há entre a Santa Missa e as palavras de Cristo na Última Ceia? Nosso Senhor instituiu, após a Última Ceia, a parte essencial das orações e cerimônias da Santa Missa.
     
  6. Quem estabeleceu as orações e cerimônias das outras partes?
    As orações e cerimônias das outras partes foram estabelecidas pelos apóstolos, pela Tradição e pela Igreja, que acrescentaram o que convinha à dignidade do Santo Sacrifício, em nada alterando o substancial da Instituição Divina.
Referências:
Extraído do Catecismo da Santa Missa


§ 3o Da celebração da primeira Missa e da sua relação com a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: as vestimentas do sacerdote

  1. O sacerdote deve usar vestes específicas para rezar a Santa Missa? Sim, o sacerdote deve usar vestes específicas para rezar a Santa Missa.
     
  2.  Estas vestes que o sacerdote deve usar para rezar a Santa Missa nos remetem ao que sofreu Nosso Senhor em sua Paixão e em sua Morte na Cruz?
    Sim, as vestes que o sacerdote deve usar na Santa Missa nos remetem ao que Nosso Senhor sofreu em sua Paixão e em sua Morte na Cruz.
     
  3. Estas vestes sacerdotais nos lembram mais alguma coisa?
    Sim. Estas vestes nos lembram diversas virtudes que devemos nos esforçar para possuir e diversas boas obras que devemos praticar.
     
  4. Quais são as vestimentas do sacerdote que vai celebrar a Santa Missa? As vestimentas do sacerdote que vai celebrar a Santa Missa são o amito, a alva, o cíngulo, o manípulo, a estola e a casula.
     
  5. O que é o amito?
    O amito é um véu branco que o sacerdote passa sobre a cabeça e com que cobre os ombros. Remete a coroa de espinhos com a qual Nosso Senhor Jesus Cristo foi coroado. O amito recorda-nos que devemos sempre ter pensamentos puros, combatendo sobretudo aqueles que nos vêm contra a castidade. Lembra-nos também a modéstia das palavras e o cuidado que devemos ter de não conversar inutilmente na Igreja.
     
    Amito            Amito
                   
  6. O que é a alva?
    A alva é uma túnica branca, larga e que desce até os pés do sacerdote. Remete à túnica branca com a qual Herodes mandou vestir a Cristo, para dizer que era louco. A alva recorda-nos de que seremos chamados de loucos pelo mundo se formos fiéis a Nosso Senhor, seguindo-Lhe os passos e renunciando às ilusões deste mundo para alcançarmos nossa recompensa no Céu. O fato da alva descer até os pés significa que devemos perseverar nas boas obras. E o símbolo da pureza que o padre deve ter ao rezar a Santa Missa e que os fiéis dever também ter ao assisti-la.
    Alva

     
  7. O que é o cíngulo?
    O cíngulo é uma corda com a qual o sacerdote aperta a alva na altura da cintura. Remete-nos aos açoites da flagelação de Nosso Senhor, bem como a corda com a qual amarraram Nosso Senhor para puxá-lo. Lembra-nos as virtudes da fortaleza e da castidade.
     
    Cíngilo
  8. O que é o manípulo?
    O manípulo é um pano que o sacerdote traz no braço esquerdo. Sua origem está no fato de que os filósofos gregos levavam no braço um pano para enxugarem o suor do rosto quando ensinavam nas praças; bem como no fato de que os trabalhadores também levavam um pano no braço para enxugarem o suor do rosto enquanto trabalhavam. Remete-nos às cordas que ataram as mãos de Nosso Senhor. Lembra-nos a autoridade que o sacerdote tem para pregar a verdade, bem como de que devemos trabalhar para conseguirmos o Céu, fazendo boas obras.
    Manípulo

     
  9. O que é a estola?
    A estola é um ornato que o sacerdote traz em torno do pescoço e que cruza sobre o peito. Remete-nos à Cruz que Nosso Senhor carregou. Ela é o símbolo da dignidade e do poder do sacerdote, e nos lembra o respeito que devemos ter para com os padres. O fato da estola ser cruzada no peito do sacerdote significa também a troca que os judeus e gentios fizeram na crucificação de Jesus Cristo, passando os judeus da mão direita para a esquerda e os gentios da mão esquerda para a direita de Deus.
    Estola

     
  10. O que é a casula?
    A casula é um manto aberto dos lados e que o sacerdote põe por cima de todos os outros paramentos. Remete-nos ao pano vermelho com o qual os soldados romanos vestiram a Nosso Senhor, para zomba-Lo (Jo. 19, 1-3). Lembra-nos a virtude da caridade, que deve animar as nossas obras e orações. Lembra-nos também o jugo da Cruz de Cristo que assumimos no Batismo. E por isso que se desenha uma cruz atrás da casula.
    Casula
Referências:Extraído do “ Catecismo de Perseverança” ± Quarta parte,lição XII ± Abade Gaume ± Porto, Livraria Chardron, 1901, 4ë Edição.

Postagens mais visitadas deste blog

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo...

O EXÍLIO BABILÔNICO

Introdução O exílio marcou profundamente o povo de Israel, embora sua duração fosse relativamente pequena. De 587 a 538 a E.C., Israel não conhecerá mais independência. O reino do Norte já havia desaparecido em 722 a.E.C. com a destruição da capital, Samaria. E a maior parte da população dispersou-se entre outros povos dominados pela Assíria, o reino do Sul também terminará tragicamente em 587 a.E.C. com a destruição da capital Jerusalém, e parte da população será deportada para a Babilônia. Tanto os que permaneceram em Judá como os que partirem para o exílio carregaram a imagem de uma cidade destruída e das instituições desfeitas: o Templo, o Culto, a Monarquia, a Classe Sacerdotal. Uns e outros, de forma diversa, viveram a experiência da dor, da saudade, da indignação, e a consciência de culpa pela catástrofe que se abateu sobre o reino de Judá. Os escritos que surgiram em Judá no período do exílio revelam a intensidade do sofrimento e da desolação que o povo viveu. ...

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

NOSSA SENHORA da Santa Conceição Aparecida é o título completo que a Igreja dedicou à esta especial devoção brasileira à Santíssima Vigem Maria. Sua festa é celebrada em 12 de outubro. “Nossa Senhora Aparecida” é a diletíssima Padroeira do Brasil. Por que “Aparecida”? Tanto no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida quanto no Arquivo Romano da Companhia de Jesus constam os registros históricos da origem da imagem de Nossa Senhora, cunhada "Aparecida". A história foi registrada pelo Pe. José Alves Vilela em 1743, e confirmada pelo Pe. João de Morais e Aguiar em 1757. A história se inicia em meados de 1717, por ocasião da passagem do Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, pela povoação de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica (atual Ouro Preto, MG). Os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves foram convocados a providenciar um bom pescado para recepcionar o Conde, e partiram a l...