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Jesus de Nazaré: fato histórico ou mito?



No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene… (Lucas 3,1)

COM O CRESCIMENTO dos movimentos agnósticos e o significativo aumento do número de ateus no mundo, crescem também as tentativas de negação da existência de Jesus de Nazaré, chamado "o Cristo", como personagem histórico. É óbvio que um dos maiores sonhos de todo ateu ativista sempre foi o de poder, um dia, ver a ciência "provar" que Jesus de Nazaré nunca existiu, que foi apenas um mito criado com algum propósito delirante. 

Nessa hora, fazem questão de esquecer aquele princípio básico que eles mesmos pregam com tanta devoção, o de que a explicação mais simples tende sempre a ser a correta ('Navalha de Occan'). Ora, sem dúvida é bem mais simples e sensato supor que de fato existiu um fundador para o movimento que mais tarde se denominou cristianismo do que imaginar que tudo foi apenas o fruto da imaginação de algum super gênio criativo que viveu há dois mil anos na região da Palestina: alguém que tramou, sabe-se lá com que propósito, a mudança mais radical no rumo da História em todos os tempos.

Aceitar que existiu um Jesus é bem mais simples do que supor que, do meio daqueles vilarejos paupérrimos, daquele povo extremamente pobre e humilde, composto em sua maioria por iletrados e fanáticos religiosos que se horrorizavam só de imaginar algo contrário à letra da Lei mosaica, foi elaborada uma tramoia absurdamente bem concatenada e a criação do mais brilhante personagem fictício que jamais existiu.

Ainda mais, seria preciso aceitar que, pouco tempo depois, tantos seres humanos, entre os quais muitos homens e mulheres cultos e bem formados, simplesmente acreditaram pia e gratuitamente nessa falsa história, a ponto de literalmente sacrificarem suas vidas em nome dela. Bem, isso é o que poderíamos chamar de teoria da conspiração... Uma super, ultra, mega, giga teoria da conspiração! Essa, definitivamente, não seria a explicação mais simples para o fenômeno cristianismo.

Eu já participei de debates em grupos ateus, e sempre achei uma experiência muito curiosa. Hoje, acharia mais irritante do que interessante, devo confessar. De todo modo, aprendi (e aprendo) muito com os ateus. Minha opinião é que essas pessoas cumprem um papel importante em nossa sociedade, até porquê a onda de fundamentalismo religioso que se instala no mundo de hoje é preocupante. Talvez estejamos precisando, sim, de um contraponto. Mas o que mais me fascina nos ateus ativistas é o fato tão contraditório de muitos deles encararem o ateísmo como uma espécie de religião, uma bandeira sagrada a ser levantada e defendida, com unhas e dentes, pelo bem da humanidade, num novo tipo de guerra santa. 

É fácil encontrar, entre ateus militantes, os mesmos erros que tanto condenam nos religiosos radicais: extremismo, negação ou desconsideração dos fatos, aquele típico ar de superioridade de quem não se admite capaz de errar... Impressiona o sentimento genuinamente "religioso" que move muitos dos céticos mais ferrenhos. – Eles acreditam piamente que livrar o mundo da “superstição” e da “ignorância” é sua missão de vida.

Muitos ateus acreditam que desmoralizar as religiões é a melhor coisa que um ser humano realmente consciente poderia fazer para tornar o mundo um lugar melhor. Na opinião de muitos deles, a religião e a fé em Deus são os piores venenos que já existiram no mundo. É senso comum, entre eles, que todas as guerras, todas as mazelas e todo sofrimento da humanidade, no decorrer da História, foram provocados por culpa exclusiva das religiões e do sentimento religioso, sendo que a maior vilã entre todos os vilões é, sem dúvida nenhuma, a Igreja Católica.

Todavia, assim como em todo movimento, toda comunidade e em qualquer grupo, aí existem pessoas e pessoas. São apenas pessoas reunidas em torno de um ideal comum. Pessoas que acreditam que somos apenas acidentes de percurso: amontoados de “genes egoístas” buscando, cada qual, a própria sobrevivência. 

Além da óbvia e imediata constatação de que essa teoria não explica o altruísmo humano e nem a nossa consciência do bem e do mal, importa ressaltar que muitos dos mais importantes cientistas, –entre físicos, biólogos e geneticistas do nosso planeta, – acreditam em Deus, como é o caso do biólogo (Doutor em Medicina e Ph.D.) Francis S. Collins, o diretor do Projeto Genoma, que escreveu um livro onde apresenta evidências genéticas da necessidade da existência de um Organizador Inteligente para explicar o Universo dos seres vivos. Além disso, segundo a publicação científica referência Nature, em 2006, 59% dos maiores gênios científicos da atualidade acreditavam em Deus. Maioria. Se a ciência pudesse comprovar, em um ou outro sentido, que Deus não existe, como explicar que a maior parte das mentes científicas mais brilhantes da humanidade acreditem nEle?

Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima"
(Louis Pasteur, cientista francês cujas descobertas tiveram importância fundamental na história da química e da medicina)

Este artigo, porém, não é sobre ateísmo. É sobre um fato que os ateus ativistas gostariam muito que não fosse exatamente isso: um fato. Estou falando da existência histórica de Jesus, chamado Cristo, o personagem de maior influência entre todos os que já pisaram o nosso planeta azul. É claro que alguns grupos céticos menos radicais aceitam a sua existência histórica, – como é o caso do conhecido autor ateu Bart D. Ehrman, que se declara admirado com o questionamento a respeito da existência de Jesus e termina seu livro "Jesus existiu ou não?" (Nova Fronteira, 2014) dizendo “(...) Jesus existiu, e as pessoas que negam abertamente esse fato o fazem não porque analisaram as evidências com o olhar desapaixonado de um historiador, mas porque essa negação está a serviço de alguma causa própria. Do ponto de vista imparcial, houve um Jesus de Nazaré”.

Entretanto, persistem outros pseudo-"historiadores" que insistem (mesmo sob pena de se exporem ao ridículo) em dizer que Jesus de Nazaré não existiu de fato, ou que não haveriam provas de sua existência, tratando-se provavelmente de apenas um mito. Estranhíssimo ver tais pessoas (que se orgulham de alegadamente seguir princípios estritamente científicos), assumindo uma postura assim tão irracional, fechada em torno de uma ideia pré-concebida e indo contra a opinião dos mais importantes historiadores.

É necessário, ao pesquisador seriamente comprometido com a verdade, manter em mente que todos os mais reconhecidos pesquisadores do mundo admitem a existência histórica de Yeshoua (transliteração do hebraico para o nome ‘Jesus’) como fato real e historicamente atestado. Nos maiores centros universitários do mundo, os mais renomados eruditos consideram a existência de Jesus, – personagem histórico, – como ponto pacífico.

Essas lamentáveis contestações de um fato comprovado se baseiam, principalmente, na crença (errônea e irracional) de que não existem registros históricos de Jesus além dos Evangelhos.

Para começo de conversa, se há alguma carência de registros seculares (isto é, não ligados à esfera religiosa), isto não pode ser considerado, em nada, surpreendente, e por diversas razões?

Primeiro, porque apenas uma pequena fração dos registros escritos desse período histórico sobreviveram ao tempo;

Segundo, porque existiam poucos, – se é que realmente existiam, – escribas documentaristas da História naquela região da Palestina no tempo de Jesus. Existe documentação bem maior retratando costumes e acontecimentos nas regiões mais ricas ocupadas pelo império romano na época. Já o que ocorria naquela região miserável realmente não era de maior interesse para os magistrados romanos;

Terceiro, porque os romanos viam o povo judeu como apenas mais um dos grupos étnicos que precisavam tolerar; eles tinham pouquíssima consideração para com aquela gente ingovernável;

Quarto, porque os próprios líderes judeus mais influentes também ansiavam por fazer esquecer Jesus. Assim, os escritores seculares somente começaram a se referir ao cristianismo quando este movimento tornou-se popular e começou a incomodar o estilo de vida que tinham.

"Jesus o Bom Pastor", pintura do século II

Mas, ainda que os testemunhos seculares extra-bíblicos sobre Jesus não sejam abundantes, eles existem, e não podem ser considerados raros. Muitos sobreviveram ao tempo e lhe fazem referências. Entre estes, os mais fidedignos são os de Justo de Tiberíades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e também Plínio, o Jovem, sem contar Flávio Josefo, outra fonte isenta e importante, que pode ser contestada na forma, mas não na autenticidade.

É importante esclarecer que, academicamente, essa quantidade de referências isentas é mais que suficiente para ser considerada registro comprobatório de um personagem factual. No caso de Jesus, porém, sempre vai haver quem procure a polêmica. Isso também deveria ser já esperado: ninguém em toda a História da humanidade jamais incomodou tanto, como continua incomodando, como Jesus de Nazaré, chamado Cristo.

Também não é de se surpreender que os registros não cristãos mais antigos tenham sido feitos por judeus. Flávio Josefo, que viveu até 98 dC, era um historiador judeu romanizado. Escreveu livros sobre a história dos judeus para o povo romano que figuram entre as principais referências daquele período histórico. Em sua grande obra “Antiguidades Judaicas” faz referências a Jesus. Em uma delas, escreve:

Por esse tempo apareceu Jesus, homem sábio que praticou boas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulos pregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu a eles três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messias previsto pelos misteriosos prognósticos dos profetas.
(Josefo, Antiguidades Judaicas XVIII, 3,2)

Em outras partes de sua obra, Josefo também registra a execução de João Batista (XVIII, 5,2) e o martírio de Tiago o Justo (XX, 9,1), referindo-se a este como “irmão de Jesus, que era chamado Cristo”. Deve-se notar que o emprego do verbo "ser" no passado, na expressão “era chamado Cristo” é um testemunho contra possíveis adulterações, já que um cristão certamente escreveria “Jesus Cristo”, ou "Jesus que é o Cristo", e nunca "era chamado o Cristo".

Talmude, outra fonte judaica importantíssima, também faz referências históricas a Jesus. Nele, os rabinos identificam Jesus e lhe fazem referências hostis, como também à sua Igreja. Estes escritos foram preservados através dos séculos pelos judeus, de maneira que os cristãos não podem ser acusados de terem adulterado o texto. É importante notar que o Talmude registra os milagres de Jesus e não tenta negá-los, mas sim relacioná-los com as “artes mágicas” do Egito. Também a sua crucificação é datada como tendo ”ocorrido na véspera da Festa da Páscoa”, em plena concordância com os Evangelhos (Lc 22; Jo 19). Ainda mais impressionante, e também de forma semelhante aos Evangelhos (Mt 27,51), o Talmude registra a ocorrência do terremoto e o véu do templo que se dividiu em dois durante a morte de Jesus(!). Mais uma vez, também Josefo (Guerra Judaica) confirma estes eventos.

Os romanos também escreveram sobre os cristãos e sobre Jesus. Plínio o Moço, procônsul na Ásia Menor, escreveu em uma carta dirigida ao imperador Trajano:

…Os cristãos têm como hábito reunir-se em uma dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se e se encontram novamente para a refeição…
(Plínio, Ep. 97)

Mais uma vez, atenção especial deve ser dada à frase “a Cristo como se este fosse um deus”; trata-se de um testemunho secular, de quem que não acreditava em Jesus como o Filho de Deus e Deus, mas que apenas testemunha sua existência. Também é interessante comparar esta passagem com o livro dos Atos dos Apóstolos (20,7-11), uma narração bíblica sobre a primitiva celebração cristã do domingo.

Um outro historiador romano, Tácito, reconhecido pelos modernos pesquisadores por sua precisão histórica, escreveu sobre Cristo e sua Igreja:

O fundador da seita foi Crestus, executado no tempo de Tibério pelo procurador Pôncio Pilatos. Essa superstição perniciosa, controlada por certo tempo, brotou novamente, não apenas em toda a Judéia… mas também em toda a cidade de Roma…
(Tácito, Anais XV,44)

Mesmo desprezando a fé cristã, Tácito tratou a execução de Cristo como fato histórico, fazendo relação com eventos e líderes romanos (novamente em conformidade com os Evangelhos, como em Lucas 3).

Outros testemunhos seculares ao Jesus histórico incluem Suetônio, – em sua "Biografia de Cláudio", – Phlegon ou Flégon (que registrou o eclipse do sol durante a morte de Jesus!) e até mesmo Celso, filósofo pagão desconhecido. Precisamos manter em mente que a maioria dessas fontes eram não só seculares (laicas) mas também anti-cristãs. Todos estes autores, inclusive os escritores judeus, não desejavam promover o cristianismo, ao contrário. Eles não tinham motivação alguma para distorcer seus registros em favor do cristianismo, mas sim para negá-lo.

O citado Plínio era um perseguidor de cristãos, que punia ou executava qualquer um que confessasse o Nome de Cristo. Se Jesus fosse um simples mito e sua execução uma mentira, sem nenhuma dúvida Tácito o teria relatado e divulgado a plenos pulmões, pois seria de seu máximo interesse. Jamais teria ele ligado a execução de Jesus aos líderes romanos. Esses escritos, portanto, apresentam Jesus como personagem real e histórico, indubitavelmente.

Negar a confiabilidade de todas as fontes que citam Jesus seria negar todo o resto da História antiga, e, seguindo essa mesma linha de raciocínio, teríamos que duvidar também da existência histórica de uma infinidade de homens e mulheres célebres, como Platão e Alexandre Magno, por exemplo.

Obviamente, não é nossa minha intenção, com este breve estudo, tentar "provar" que esses antigos escritos seculares testemunham Jesus como o Filho de Deus ou o Cristo, Salvador do mundo, e muito menos ratificar esta ou aquela religião. Provamos apenas o que esses registros demonstram, acima de qualquer dúvida: que um homem incomum chamado Jesus viveu em nosso planeta no início do século I de nossa era, e que iniciou um movimento que cresceu a proporções impressionantes e perdura até os nossos dias. Esse homem foi chamado de Rabi, Mestre, Cristo, Messias, Deus. Por fim, como vimos, esses escritos suportam outros fatos encontrados na Bíblia a respeito da vida do mesmo Jesus. Logo, afirmar que Jesus nunca existiu é renegar a confiabilidade de todos os nossos métodos para estabelecer conhecimento a respeito da História antiga.

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Fontes e bibliografia:
• ZUURMOND, Rochus. Procurais o Jesus histórico?, São Paulo: Loyola, 1998
• CROSSAN, John Dominic. The essential Jesus. Pensacola: Castle Books, 1998
• Oxford Dictionary of the Christian Church, v. 'Quest of the Historical Jesus'
• HABERMAS, Gary R.. The historical Jesus. Joplin: College Press, 1996
• SANDERS, E. P. The historical figure of Jesus. London: Penguin, 1993
• EHRMAN, Bart D. Jesus existiu ou não? Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014
http://www.ofielcatolico.com.br/

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