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Orai sem cessar


"Orai sem cessar." este é o que diz o Apóstolo Paulo à igreja de Tessalônica, mas não só a ela. A Igreja universal não cessa de elevar seus louvores a Deus Pai, por Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo. O centro de toda a oração da Igreja é a Santa Missa, na qual Cristo oferece na pessoa do sacerdote a si próprio como oblação agradável a Deus; todavia não resume a ela as preces públicas que dirige a Deus todos os dias. A liturgia eucarística e dos sacramento se completa com a liturgia das horas. Esta última, também chamada de Ofício Divino, é o conjunto das orações realizadas ao longo de todo o dia. O Breviário, livro que trás os textos dessa liturgia, reformado por decreto do Concílio Vaticano II apresenta sete horas canônicas, sendo elas: Ofício das Leituras, Laudes, Terça, Sexta, Nona, Vésperas e Completas.

Atualmente o Breviário traduzido para o vernáculo para o Brasil é dividido em 4 volumes. O primeiro tempo do Advento e Natal; o segundo Quaresma e Páscoa; o terceiro e o quarto, primeira e segunda parte do tempo comum, respectivamente. Existe ainda à venda a versão de volume único que trás a oração das Laudes, Sexta, Vésperas e Completas.

1. Estrutura da Liturgias das Horas
A estrutura de todas as horas é bastante parecida, embora cada uma delas possua elementos característicos. A seguir apresentamos um esquema em que cada coluna representa a estrutura de alguns horas canônicas, as linhas mescladas representam elementos comuns às horas em questão.



Laudes e Vésperas
Completas
Horas Médias
Ofiício das Leituras
Laudes é a oração da manhã, e vésperas a oração do entardecer. São as duas horas mais importantes da Liturgia das Horas, formando os polos do dia. Uma consagra o dia ao Senhor e a outra agradece pela jornada de trabalho.
Completas é a última das horas do dia, também a mais curta de todas. Agradece pelo dia, roga por uma noite tranquila e uma morte santa.
Mantém o ritmo de oração do longo da jornada de trabalho.
É a antiga hora noturna, que todavia pode ser rezada a qualquer momento do dia ou da noite. É a hora mais “didática” que além da salmodia, apresenta leituras bíblicas, da vida dos Santos e dos Padres da Igreja
Invocação
Todas as horas começam com um pequeno versículo, seguido do Gloria ao Pai e o Aleluia.

"V/. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
  R/. Socorrei-me sem demora.
      Gloria ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo
      Como era no princípio agora e sempre. Amém. Aleluia."

Durante o versículo, traça-se o sinal da cruz, ao glória ao pai faz-se inclinação profunda. O Aleluia se omite apenas no tempo da quaresma. 

Laudes ou o Ofício das Leituras, conforme uma ou outra principie o dia de oração será iniciada, não como foi dito acima, mas com a oração chamada "inviatório" que consta do versículo:

V/. Abri, Senhor, os meus lábios.
  R/. E minha boca anunciará vosso louvor"

E do salmo com respectiva antífona. O inviatório não é uma hora canônica, mas apenas um elemento que substitui a introdução da primeira hora rezada no dia.
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Se recomenda um exame de consciência e um ato penitêncial conforme consta no apêndice do Breviário.
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Hino

O Hino é uma pequena composição poética não-biblíca intimamente relacionado com o ofício que se celebra. Sua última estrofe é uma doxologia, na qual se rende glória à santissima trindade e deve-se fazer inclinação como que para o Gloria ao Pai.

Salmodia

A Salmodia é o centro das horas. Nela o Cristo reza ao Pai com aqueles mesmos textos que ele proferiu nas suas orações pessoais, com seus discípulos e mesmo quando pregado na cruz. A salmodia de toda as horas constam de três elementos. Todos os salmos ou cânticos possuem uma antífona que deve ser rezada antes e depois dele, antes de repetir a antífona, ao fim do salmo, se diz Gloria ao Pai, a não ser que as rubricas indiquem o contrário.

Em Laudes são dois salmos, intercalados por um cântico do antigo testamento. Em Vésperas são dois salmos, seguidos por um cântico do novo testamento.

Nas completas se diz apenas um salmo ou dois salmos curtos.
No ofício das leituras e nas horas médias são três salmos.
Leitura Breve



Terminada a salmodia, faz-se uma leitura breve. Diferentemente das leituras da missa, a leitura breve não possui qualquer introdução ou conclusão, "Leitura do Livro..." ou "Palavra do Senhor".


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Responsório Breve
Finda a leitura, reza-se um pequeno responsório que vem escrito no seguindo modelo no breviário:

"R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
    * Tende pena e compaixão! R/. Cristo.
 V/. Glorioso estais sentado, à direita de Deus Pai.
   * Tende pena. Gloria ao Pai. R/. Cristo."

E se reza da seguinte forma:

"R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
    * Tende pena e compaixão!
 R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
    * Tende pena e compaixão! 
 V/. Glorioso estais sentado, à direita de Deus Pai.
    * Tende pena e compaixão!
       Gloria ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
 R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
    * Tende pena e compaixão!"

Versículo



"V/. É eterna, ó Senhor vossa Palavra.

R/. De geração em geração vossa verdade.”


Em vez de responsório, as horas médias depois da leitura breve diz apenas um versículo.
No ofício das leituras esse versículo se diz no final da salmodia, antes de passar para as leituras longas.



Cântico Evangélico

Às primeiras palavras, faz-se o sinal da cruz. O cântico evangélico também possui antífona e Gloria ao Pai, como os salmos.

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Leituras Longas e Responsórios Longos

As leituras longas possuem introdução mais simples que da missa do tipo "Do Livro do Profeta Isaías", mas não conclusão. Ao fim de cada leitura longa se diz um responsório longo. A primeira leitura é sempre bíblica e a outra da vida de um santo, dos escritos de um dos padres da Igreja, um documento do magistério, etc.



O Cântico Evangélico para as Laudes é o Benedictus, cântico de Zacarias; para as Vésperas é o Mangificat, cântico de Nossa Senhora
O Cântico Evangélico para as Completas é o Cântico de Simeão, Nunc Dimitis.
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Preces ou Intercessões

Reza-se, então, as preces com as quais a Igreja intercede a Deus por todas as necessidades do mundo. Dizem-se as intenções que constam no Breviário, todavia pode-se acrescentar intenções particulares, contanto que se observe que a última intenção nas vésperas será sempre pelos falecidos. Nas vésperas pode-se dizer as preces mais breves conforme consta no apêndice.

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Pai Nosso

O Pai Nosso se reza de manhã e à tarde, numa e outra hora. Com o Pai Nosso da Santa Missa, tem-se a oração do Senhor rezada solenemente três vezes ao dia. Como o da Santa Missa, o pai nosso da liturgia das horas também não tem "Amém".
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Te Deum

Após o segundo responsório longo se diz o hino Te Deum (“A vós o Deus, louvamos”), se for solenidade, festa ou domingo fora da quaresma e advento.
Oração

Para finalizar a hora se diz uma oração.

Não é precedida de “Oremus”. A conclusão da oração é a opção mais longa "Por Nosso Senhor Jesus Cristo..." ou similar.


Precedida de "Oremus" e terminada com a conclusão mais curta: "Por Cristo, Senhor Nosso" ou semelhante. Note que por vezes a oração é indicada para ser usada em todas as horas e, por padrão, vem com a conclusão menor, que deve ser substituida por sua respectiva semelhante menor.
Bênção

Na oração privada conclui-se traçando o sinal da cruz e dizendo "O senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal...". Se se reza com um sacerdote ele dará a bênção como na Missa: "O senhor esteja convosco", "Abençoe-vos..." e ainda dirá a despedida.
Bênção


Traça-se o sinal da cruz sobre si dizendo “O Senhor todo poderoso nos conceda uma noite tranquila...”. Segue uma antífona de Nossa Senhora como a Salve Rainha.
Conclusão da Hora

 Ao menos na celebração comunitária, se conclui dizendo:



V/. Bendigamos ao Senhor

   R/. Demos Graças a Deus."




 Na falta do breviário, uma ótima opção para rezar a liturgia das horas é o site Liturgia das Horas que disponibiliza o texto das horas segundo a tradução para o Brasil, atualizado durante o dia já com a hora a ser rezada; para rezar em latim, o site Almudi disponibiliza o texto oficial.
2. Ordinário, Próprio e Saltério
Toda a liturgia possui partes fixas e partes que variam de acordo com o ofício. No missal temos o Ordinário e o Próprio. Fazem parte do ordinário os ritos iniciais "Em nome do Pai...", o ato penitencial, o Gloria, a Oração Eucarística, enfim todas aquelas partes que se repetem invariavelmente em todas as missas, embora o Missal da forma ordinária traga uma enorme quantidade de opções para estas partes. O próprio é constituido pela oração do dia, leituras, salmo, evangelho, oração sobre as oferendas e depois da comunhão, todas aquelas partes que variam de acordo com o dia, o tempo.

No caso da liturgia das horas, vemos que existem poucas orações que são realmente do ordinário, como a introdução das horas, os cânticos evangélicos, o inviatório e as conclusões. Na liturgia das horas, o ordinário se caracteriza por ser um conjunto, não tanto de orações, mas de rubricas que explicam como rezar o ofício. Assim, a maior parte dos textos da liturgia das horas vem do próprio, que é o conjunto dos textos de cada tempo litúrgico, solenidade, festa, etc, mas diferentemente do missal, também do Saltério. O Saltério é originalmente o conjunto dos salmos a serem ditos nas orações divididos em um ciclo de 4 semanas aos quais no Breviário se juntaram outras orações que passaram a ser ditas também no ciclo de 4 semanas. Por exemplo, nesta semana a liturgia das horas tem seus textos retirados da V Semana do Tempo Comum, bem como da I Semana do Saltério. Aquilo que será retirado do próprio e aquilo que será retirado do saltério varia de acordo com o tempo litúrgico; no tempo comum, a maior parte dos textos está no saltério, enquanto que na quaresma consideravel parte dos textos está no próprio.

Para as celebrações dos santos, existem dois esquemas. O primeiro mais completo se refere às solenidades e festas, nas quais tudo é feito como no próprio do santo e todos os demais textos são retirados do comum dos santos; lembrando que apenas as solenidades possuem I Vésperas no dia anterior.Nas solenidades, diz-se completas depois das I e II Vésperas, no dia anterior e no dia do santo, respectivamente. Nas festas nada se diz do santo nas completas.

O segundo, mais simples, se refere às memórias facultativas ou obrigatórias, se toma todos os textos do próprio do santo para Laudes, Vésperas e Ofício das Leituras, o que faltar é tomado do comum, com exceção dos salmos e suas antífonas que se dizem do saltério do dia corrente. Embora exista a possibilidade de não se recorrer ao comum no caso das memórias, mas simplesmente dizer os textos do saltério, essa opção parece bastante simplista e reduz a memória do santo à oração do fim do ofício ou a alguns poucos elementos do próprio do santo. Nas memórias nada se diz do Santo nas Horas Médias ou nas completas.

3. Memória de Santa Maria no Sábado

A devoção a Nossa Senhora, particularmente celebrada no dia de sábado é um costume antigo na Igreja. A forma extraordinária prevê que se diga Missa votiva de Nossa Senhora nos sábados durante todo o ano, salvo se o dia for impedido pelas rubricas. Na forma ordinária a devoção a Nossa Senhora neste dia ganhou uma organização um pouco diferente. Não se diz Missa votiva, mas faz-se memória facultativa. Para a liturgia da Santa Missa, isso não configura mudança significativa; para o ofício divino sim. Com a memória de Nossa Senhora, permite-se dizer Laudes e Ofício das Leituras com textos de Nossa Senhora, que o Breviário traz junto ao comum de Nossa Senhora. Não se diz Vésperas por que no sábado se rezam I Vésperas do Domingo e na Hora média não se diz nada das memórias dos santos.

4. Vigílias

Aqueles que desejaram nos domingos e solenidades celebrar uma vigília podem m fazê-la prolongando o Ofício das Leituras. Ao fim das leituras longas e respectivos responsórios, diz-se os três cânticos com respetiva antífona que estão no apêndice do Breviário. Então faz-se a leitura do Evangelho conforme o mesmo apêndice. Por fim, diz-se o Te Deum, se for o caso, e conclui-se a hora como de costume.


4. Celebração em comum
Toda a liturgia da Igreja não é ação particular, assim, embora se permita a oração privada da liturgia das horas, é desejável sempre que possível rezar de forma comunitária. A oração comunitária, todavia, não significa que tenha de ser presidida por um clérigo; os próprios leigos podem se reunir para rezar a oração na Igreja ou mesmo fora dela. Durante a celebração, permanecem em seus lugares na nave da igreja, aquele que guia a introdução, a oração e a conclusão da hora age como um entre os iguais. Não se sobe ao presbitério, exceto para as leituras longas e breves e as preces.

Observem-se as posições corporais. Todos ficam de pé do início até o fim do hino. Sentam-se para a salmodia e leituras com respectivos responsórios. Faz-se de pé ainda o cântico evangélico, as preces, o Pai Nosso, a oração final e a conclusão. Ao cântico evangélico se deve o mesmo respeito que para o Evangelho pronunciado na missa; ao início do mesmo traça-se o sinal da cruz. Nas vigílias se dizem os cânticos sentados e o evangelho se escuta de pé.
Este modelo de celebração, mais simples, é útil às comunidades sub-paroquiais, aos grupos de fieis que se reúnem para celebrar o ofício divino fora da igreja e também para as famílias que mantém o costume de se reunir para rezar algumas horas canônicas. No caso das igrejas matrizes e catedrais, cabe aos clérigos, seja o pároco, os cônegos ou mesmo o Bispo, convocarem e dirigirem a oração da comunidade, como diremos mais adiante.

O canto é um elemento fundamental da liturgia das horas, os salmos que constituem o núcleo dos ofícios são orações cantadas por sua própria natureza. E como diz Santo Agostinho "Quem canta bem, reza duas vezes". Assim, seria bom que se preparasse para a oração comum um coro que pudesse auxiliar a assembleia a cantar a hora canônica em latim ou vernáculo. Nesse sentido, a IGLH oferece alguns elementos que podem facilitar a participação mais ativa dos presentes, como a possibilidade de cantar o salmo de forma responsorial, utilizando como resposta a própria antífona e repetindo-a a cada estrofe.

Em relação a quais horas rezar em comum, tenha-se sempre em mente a hierarquia de importância das diversas horas, cujo primeiro lugar pertence a Laudes e Vésperas. Todavia, quaisquer uma das horas podem ser rezadas em comum observando o momento de cada uma ao longo do dia.



5. Celebração presidida por clérigo
Na celebração presidida por clérigo, ele dirigirá os ritos da cadeira presidencial. De lá, deve dizer o versículo inicial, fazer a introdução das preces e do Pai Nosso, a oração final e a conclusão. Em Laudes e Vésperas saudará, abençoará e despedirá o povo.

Para a celebração mais simples de qualquer uma das horas, o clérigo poderá vestir estola da cor do ofício sobre a sobrepeliz ou veste coral. Não há obrigatoriedade de procissão de entrada ou ministros que o sirvam.


Para a celebração mais solene das Laudes, Vésperas e Vigílias, o celebrante, presbítero ou Bispo, vai revestido de amito, alva, cíngulo, estola e pluvial. Pode ser assistido por diáconos que vestem-se como que para a missa, com dalmáticas. O celebrante em vez de alva, também poderia usar sobrepeliz, todavia essa seria uma opção menos solene, além do que os diáconos não podem endossar dalmática com sobrepeliz e, neste caso, seria bom que o celebrante também optasse por usar alva. Outros sacerdotes, de maneira particular os cônegos nas celebrações presididas pelo Bispo, podem também vestir-se com pluvial. Do contrário, participam da celebração com hábito coral próprio.

Pode-se realizar uma pequena procissão de entrada, bem como recessional. Para essas procissões se usam apenas duas velas. O Cerimonial dos Bispos não cita o incenso entre os elementos que compõem a procissão de entrada, todavia nas vésperas celebradas pelo Papa é comum que ele preceda a cruz, como na procissão de entrada da Missa. Atrás da cruz vão os acólitos, clérigos em vestes corais, diáconos, presbíteros e por fim aquele que preside. Se for Bispo, irá acompanhado por dois diáconos-assistentes, além dos acólitos-assistentes. Chegando ao altar, faz-se reverência profunda ou, se o santíssimo estiver ali fazem genuflexão. Aquele que preside e os diáconos que o assistem podem beijar o altar, mas não se faz incensação no início da celebração.

Realiza-se a celebração como já ficou descrito anteriormente, de acordo com a estrutura de cada uma das horas canônicas. O Bispo recebe a mitra quando está sentado e a depõe quando está de pé, exceto para a homilia e bênção final. O báculo se usa para uma eventual homilia e para a bênção; e, nas Vigílias, para ouvir a leitura do Evangelho e o Te Deum.

Na celebração das Laudes e Vésperas, durante a antífona do cântico evangélico, o celebrante deita incenso no turíbulo e o abençoa. Então se benze, como todos os demais. Incensa-se a cruz, o altar, o sacerdote e o povo, como na Santa Missa. Embora seja descrito como um rito a ser cumprido por aquele que preside, é comum nas celebrações pontifícias que este rito seja cumprido integralmente por um diácono. Na celebração das Vigílias de modo solene, pode-se realizar a leitura do evangelho como na Santa Missa: com bênção do incenso, oração à frente do altar ou a bênção ao diácono.

Um inconveniente deste tipo de celebração é que não existem lecionários para serem usados na liturgia das horas ou mesmo um livro para o celebrante. Devendo os textos ser retirados do livro pessoal, o Breviário.


6. Hora na presença do Santíssimo Exposto
A exposição do Santíssimo Sacramento se pode fazer de dois modos: solene e simples. Para a exposição solene usa-se o ostensório e se acendem quatro ou seis velas e se deve fazer incensação. Na simples, que se faz com cibório, acendem-se pelo menos 2 velas e o incenso é opcional. Pode-se celebrar qualquer hora litúrgica na presença do Santíssimo Sacramento exposto, com qualquer grau de solenidade; todavia algumas celebrações são mais apropriadas, mormente se se pretende dar a bênção com o Santíssimo Sacramento, por exemplo Laudes ou Vésperas celebradas solenes. Essas celebrações explicaremos com maiores detalhes.

A celebração inicia como de costume, se o Santíssimo já estiver exposto, a uma considerável distancia do presbitério o Bispo depõe a mitra, o solidéu e o báculo, que passa a ser carregado à sua frente; chegando ao presbitério faz genuflexão, não beijam o altar e seguem para seus lugares. Inicia-se a celebração como de costume. Se não estiver ainda exposto o Sacramento, aproximam-se do presbitério e faz a devida reverência, beija-se o altar. Todos se ajoelham, inicia-se o hino eucarístico. Estando a reserva eucarística no próprio altar, abre-se o sacrário, genuflete-se e coloca-se o Santíssimo Sacramento no ostensório. Se o sacrário estiver em uma capela própria, o sacerdote ou um diácono, munido de véu umeral branco a transporta até o altar da exposição, a coloca no ostensório e gunuflete. A seguir, de joelhos, incensa-se o Santíssimo Sacramento. Durante a exposição canta-se um canto eucarístico. Uma vez exposto o Santíssimo, inicia-se a hora.



A celebração se faz como de costume, todavia o Bispo não usa mitra ou solidéu durante toda a cerimônia. No cântico evangélico, durante o qual se incensaria a cruz, o altar, o sacerdote e o povo, seguindo o que era realizado no rito antigo, nas missas que se celebrava na presença do Santíssimo exposto e as instruções de Mons. Peter Elliott, procede-se a incensação do Santíssimo de Joelhos, em substituição à incensação da cruz, e a seguir a incensação do altar, genufletindo cada vez que se passa diante do ostensório. Esse modelo remonta à celebração da missa in coram sanctissimo existentes na forma extraordinária do Rito.

Ao fim da hora, se se vai conceder a bênção com o Santíssimo Sacramento, omite-se a bênção costumeira. Procede-se ao canto do Tão Sublime Sacramento ou outro canto eucarístico do ritual, todos de joelhos, o celebrante à frente do altar. Seis acólitos com tochas (ou castiçais), além do turiferário, naveteiro e, se possível um diácono se põem dirante do altar de joelhos, como na consagração da Santa Missa. Terminado o canto, o sacerdote ou diácono levanta-se para a oração, enquanto os demais permanecem de joelhos. Toma, então o santíssimo com o véu umeral branco e traça o sinal da cruz sobre os fiéis, se for sacerdote ou diácono, uma única cruz; se for Bispo três cruzes: à esquerda, ao centro e à direita. Durante a bênção eucarística, toca-se o sino. Depois podem-se fazer as preces de ação de graças, como de costume. 

Se o santíssimo for reposto em seguida, procede-se como para a exposição, levando-o de volta ao sacrário. O Bispo retoma o solidéu, a mitra e o báculo. Se a exposição permanecer, o Bispo permanece sem solidéu, mitra e báculo, que é levado à sua frente, e só os retomará a uma boa distância do altar da reposição. Um diácono ou sacerdote despede o povo. Por fim, faz-se o recessional em direção à sacristia.


7. Relação da Liturgia das Horas com a Missa
A relação do ofício divino com a Santa Missa é bastante estreita. A começar pelos horários, a Santa Missa só se pode celebrar depois de rezadas as Laudes; da mesma forma, só se diz Missa do domingo ou solenidade depois que se celebrou as I Vésperas deste ofício. Cabe ao ofício divino "inaugurar" o ofício do dia. O próprio da Santa Missa, salvo nas missas votivas e para diversas necessidades, será sempre relativo à Liturgia das Horas. Por exemplo, se se celebra em determinado dia a festa de um santo, se dirá o ofício do santo e também a missa dele com mesmo grau de solenidade, no exemplo, festa.

 Permite-se unir a o ofício das leituras com uma das horas (antepondo sempre o ofício à outra hora), omite-se a oração e conclusão da hora que precede e o versículo introdutório da hora que sucede. Existe, neste mesmo sentido, rubricas que permitem unir uma hora canônica à Santa Missa, todavia pela "mescla" entre os ritos que se faz, as supressões e a mistura da liturgia das horas com a liturgia sacramental, vemos essa união como pouco adequada. Sendo mais lógico que se façam duas celebrações diversas, como acontece nos cabidos das basílicas romanas e na grande maioria dos seminários.



8. Conclusão

A estrutura das horas, como escolher os textos e alguns detalhes da celebração comunitária e solene, embora tenhamos tentado apresentar de uma maneira organizada e sucinta, pode ainda parecer extremamente confusa para quem não tem o hábito de rezá-las. Não existe nenhuma maneira melhor para aprender do que rezando. Um religioso, uma religiosa, um sacerdote ou mesmo um leigo que tenha o hábito de rezar porá ser um bom orientador, fornecendo indicações e sanando dúvidas.  Permaneçamos juntos com a Igreja e perseverantes na oração para sermos mais perfeitamente "uma só corpo e um só espírito".




 


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