Pular para o conteúdo principal

Meu filho não quer ir à missa. E agora?

child and mother© DR
Os pais querem o melhor para os seus filhos, e isso inclui educá-los para a liberdade, ajudá-los a ser capazes de viver “a partir de dentro”, com sentido. Não se trata de fazerem o que “der na telha” o tempo inteiro, mas tornar realidade em sua vida o que escolheram livremente.

Quando um filho diz aos seus pais que não quer ir à missa, é preciso levar em consideração vários fatores: sua idade, as razões que o levam a expressar-se assim, se esta é uma situação circunstancial ou um problema importante etc.

Em caso de que se trate de um filho pequeno, o pai e a mãe devem introduzir a criança naquela vida que desejam transmitir-lhe, adaptando-se à sua idade.

No caso de católicos, isso inclui acompanhar o filho na missa e tentar mostrar-lhe a grandeza deste mistério, vivido em conjunto com sua família, da mesma maneira que o “obrigam” a ir à escola ou a visitar os avós, ainda que às vezes a criança possa não ter vontade de fazer nada disso.

O fato de que o filho mostre sua oposição a assistir à missa pode servir para que os pais se questionem se estão vivendo com plenitude sua identidade e sua união com Cristo e se estão transmitindo a fé aos seus filhos de maneira eficaz – o que é uma obrigação derivada do seu matrimônio católico. Talvez suponha uma oportunidade de renovar sua fé.

Por outro lado, quando o filho vai avançando em idade, é necessário que vá assimilando tudo aquilo que lhe transmitiram quando era pequeno, e isso às vezes leva a pequenas ou grandes crises.

Neste caminho, o respeito à liberdade deve ser proporcional à idade e à maturidade do filho, e estar acompanhado de uma preocupação pessoal pelo filho de acordo com a responsabilidade como pais, mas isso pode se dar de diversas formas, nem sempre manifestas.

Por exemplo, pais cujo filho mais velho não quer ir à missa podem intensificar sua oração por ele, seu acompanhamento paciente, oferecer a Deus também o sofrimento que isso lhes causa, e esforçar-se por viver melhor a missa, como pais. Às vezes, isso émais formativo e eficaz a longo prazo que uma resposta coercitiva.

Sacrifício e amor

A Madre Teresa de Calcutá disse: “Estamos em uma cultura em que o amor geralmente é identificado com os sentimentos mais do que com um ato de vontade, com o prazer mais do que com o sacrifício”.

O que isso quer dizer? Que o amor autêntico é um ato da vontade, e que envolve sacrifícios. Amar, então, é um movimento pessoal que surge do querer e se torna realidade no sacrifício.

Em outras palavras, o amor “obriga” a algo. Mas não é uma obrigação inconsciente, sem conteúdo, cega ou realizada de má vontade. É uma obrigação consciente, consequente, conatural, espontânea e realizada com gosto.

Infelizmente, a palavra “obrigação” não é bem vista, pois, erroneamente, ela parece ter uma conotação negativa. Por quê? Porque esta palavra implicitamente exige esforço, sacrifício.

Uma coisa é certa: o que mais custa costuma ser o que mais vale a pena; o que custa constrói; o que custa dá bons frutos.

Negar a si mesmo e carregar a cruz (Mt 16, 24) nos identifica como cristãos, nos permite seguir Cristo onde ele está. Onde? À direita do Pai.

Se queremos seguir Jesus, optamos por abrir mão do nosso ponto de vista, por carregar a cruz. Mas fazemos isso por amor a Ele, a nós e aos outros.

Sem cruz não há amor. Se cremos, somos obrigados a ser consequentes durante toda a vida; caso contrário, nunca tivemos uma fé de verdade.

Por amor, uma pessoa se obriga a fazer várias coisas que, sem amor, nunca faria; sobram exemplos para entender que as coisas sem amor não têm sentido.

Obrigamos os filhos a se levantarem, a se arrumarem; obrigamos os filhos a ir à escola; obrigamos os filhos a fazer suas tarefas escolares; obrigamos os filhos a realizar afazeres domésticos; obrigamos os filhos a mudar maus hábitos; obrigamos os filhos a tomar remédios.

Por que os obrigamos a fazer tantas coisas? Porque achamos queisso é o melhor para suas vidas, porque queremos que sua passagem por esta vida seja feliz.

Supõe-se que, por trás destas obrigações, encontra-se o exemplo dos pais. Mas por que não “obrigamos” os filhos a conhecer Deus e a se relacionar com Ele? Não queremos sua salvação?

O amor obriga a certas coisas. E uma mãe, melhor do que ninguém, sabe muito bem disso. Por amor a Deus e à nossa salvação, nós nos obrigamos a ir à missa. Nossa fé nos obriga a transmitir essa própria fé.

Todos nós temos a obrigação de dedicar parte do nosso tempo a consagrá-lo a Deus e a dar-lhe culto, esta é uma lei gravada no coração. É lei natural dar culto a Deus, e a missa é o ato fundamental de culto cristão.

Assim, a Igreja concretiza o terceiro mandamento da Lei de Deus e o dever dos cristãos é cumpri-lo, além de ser um imenso privilégio e uma honra.

Agora, lembremos o que Jesus disse aos apóstolos: “Deixem que as criancinhas venham a mim”. Portanto, é preciso incentivar o encontro das crianças com Deus, promovê-lo.

Como? Entre outras coisas, com o exemplo.

Mas, claro, ninguém ama o que não conhece. Se não se conhece Deus, se não se conhece o valor da Missa, se não se conhece a importância dos sacramentos, vai ser difícil dar um exemplo coerente aos filhos.

Já sabemos que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Mas, se Deus é amor, como funciona a coisa? É simples: damos a Deus o que Ele nos dá, entregando-nos a Ele com todo o coração, a alma, as forças, a mente (cf. Lc 10, 27).

O que significa amar a Deus sobre todas as coisas? Significa que nossa capacidade de amar é dirigida primeiramente a Deus, tem Deus como prioridade; significa amar a Deus acima de tudo e de todos, amando tudo e todos por amor a Ele.

Jesus também nos pede que amemos o próximo como a nós mesmos (Mt 22, 39). Em outras palavras, para poder amar o próximo, precisamos primeiro amar a nós mesmos.

Jesus não diz para “amar o próximo ao invés de amar você mesmo”, nem “amar o próximo antes de a você mesmo”, e sim “como você ama a si mesmo, amará os outros”.

Ou seja, na medida em que você quer ou busca seu bem espiritual e sua relação com Deus, nessa mesma medida é que buscará o bem espiritual dos outros, começando pela sua família: esposo(a), filhos etc.

Como combinar estes dois amores: o amor a Deus e o amor a nós mesmos? Onde podemos encontrar esses dois amores? Simples: na santa missa, na vida sacramental, na oração.

O que Deus e a Igreja nos pedem?

O terceiro mandamento da Lei de Deus nos pede para santificar as festas. E o primeiro preceito da Igreja nos pede ouvir a missa inteira todos os domingos e festas de preceito.

A Igreja, como mãe, quer o nosso bem presente e eterno, e por isso pede que todos os fiéis participem da missa aos domingos e nas festas de preceito.

“No domingo e nos outros dias festivos de preceito os fiéis têm obrigação de participar na Missa; abstenham-se ainda daqueles trabalhos e negócios que impeçam o culto a prestar a Deus, a alegria própria do dia do Senhor, ou o devido repouso do espírito e do corpo” (Direito Canônico, c. 1247).

“A participação na celebração comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo e à sua Igreja. Os fiéis atestam desse modo a sua comunhão na fé e na caridade. Juntos, dão testemunho da santidade de Deus e da sua esperança na salvação. E reconfortam-se mutuamente, sob a ação do Espírito Santo” (Catecismo, 2182).

Quem tem o dever de ir à missa?

As leis eclesiásticas (cânon 11) obrigam os fiéis “sempre que tenham uso de razão suficiente e, se o direito não dispuser outra coisa, que tenham cumprido 7 anos”.

Então, a obrigação de cumprir o primeiro mandamento da Igreja é de todos os fiéis a partir dos 7 anos de idade. Isso inclui as festas de preceito, além da missa dominical.

Obrigações dos pais cristãos

Já se sabe que a família é uma igreja doméstica e, “nesta espécie de igreja doméstica, os pais devem ser para os filhos os primeiros educadores da fé, mediante a palavra e o exemplo” (Lumen Gentium, 11).

A partir disso, os pais precisam ajudar os filhos a superar os obstáculos que podem dificultar humanamente sua vida de fé.

Devem preparar e motivar seus filhos para que, por sua própria iniciativa, relacionem sua vida cotidiana com Deus.

Precisam ajudar os filhos a conhecer Deus e tratá-lo como Pai. Os pais devem rezar pelos filhos e com os filhos. É necessário que criem as disposições adequadas para que os filhos respondam generosamente ao querer de Deus.

Postagens mais visitadas deste blog

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo...

O EXÍLIO BABILÔNICO

Introdução O exílio marcou profundamente o povo de Israel, embora sua duração fosse relativamente pequena. De 587 a 538 a E.C., Israel não conhecerá mais independência. O reino do Norte já havia desaparecido em 722 a.E.C. com a destruição da capital, Samaria. E a maior parte da população dispersou-se entre outros povos dominados pela Assíria, o reino do Sul também terminará tragicamente em 587 a.E.C. com a destruição da capital Jerusalém, e parte da população será deportada para a Babilônia. Tanto os que permaneceram em Judá como os que partirem para o exílio carregaram a imagem de uma cidade destruída e das instituições desfeitas: o Templo, o Culto, a Monarquia, a Classe Sacerdotal. Uns e outros, de forma diversa, viveram a experiência da dor, da saudade, da indignação, e a consciência de culpa pela catástrofe que se abateu sobre o reino de Judá. Os escritos que surgiram em Judá no período do exílio revelam a intensidade do sofrimento e da desolação que o povo viveu. ...

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

NOSSA SENHORA da Santa Conceição Aparecida é o título completo que a Igreja dedicou à esta especial devoção brasileira à Santíssima Vigem Maria. Sua festa é celebrada em 12 de outubro. “Nossa Senhora Aparecida” é a diletíssima Padroeira do Brasil. Por que “Aparecida”? Tanto no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida quanto no Arquivo Romano da Companhia de Jesus constam os registros históricos da origem da imagem de Nossa Senhora, cunhada "Aparecida". A história foi registrada pelo Pe. José Alves Vilela em 1743, e confirmada pelo Pe. João de Morais e Aguiar em 1757. A história se inicia em meados de 1717, por ocasião da passagem do Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, pela povoação de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica (atual Ouro Preto, MG). Os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves foram convocados a providenciar um bom pescado para recepcionar o Conde, e partiram a l...