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A mística no contexto cristão


A PALAVRA “MÍSTICA” provém do grego MISTIKOS (lê-se 'mistikós'), e se refere ao conhecimento direto e experimental de DEUS em seus Mistérios. Tomada num sentido mais amplo, a mística pode designar realidades ocultas, secretas, misteriosas. Neste sentido, note-se que a raiz da palavra "Mística", no grego, é a mesma da palavra "Mistério".

No contexto da vida cristã, mística tem basicamente três significados:

1. Quer dizer, antes de tudo, aquilo que se refere a celebração dos Mistérios cristãos. Os Padres da Igreja utilizaram com muita frequência essa palavra na Liturgia, de modo que, para eles, místico é aquilo que tem relação com os santos Mistérios, e eles o aplicaram sobretudo para expressar a transformação operada nos cristãos através dos Sacramentos;

2. Quer dizer algo que é simbólico ou o que é simbolizado. Ou algo que é expresso através de símbolos. No que diz respeito ao culto, pode-se usar a expressão mística por dois motivos: porque se refere aos Mistérios, e porque esses Mistérios se exprimem através de símbolos. – Pela própria natureza das coisas, não há como ser diferente. – Em um símbolo, temos dois elementos: o invisível e o sensível. Os Sacramentos por exemplo, são por definição os sinais sensíveis da Graça invisível. Porém, o uso mais importante do termo místico, dentro dessa concepção, temos no que se chamou de “leitura e busca do sentido místico da Escritura”, onde se diz que cada texto da Escritura tem sempre um sentido simbólico, que revela uma realidade escondida sob a aparência do sentido histórico. Um dos mais próprios exemplos disto temos no livro veterotestamentário Cântico dos Cânticos.

3. Por mística entende-se, também, os segredos da Graça nas almas, ou seja, aqui se entende por mística toda comunicação sobrenatural com Deus, através da fé que adere à sua Palavra, da esperança e do amor que conduzem a Ele, e da graça que nos faz participar da sua Vida.

Durante muito tempo se confundiu a mística com os fenômenos místicos: visões, aparições sensíveis, revelações e etc. De fato, porém, ainda que os fenômenos místicos, – se autênticos, – sejam parte da mística, contudo, não são essenciais ao estado místico. O essencial da mística é a amorosa e misteriosa comunhão do cristão com Deus.


Características da mística cristã:

1. Gera um conhecimento mais íntimo e profundo de Deus e dos seus Mistérios e se distingue do conhecimento dos teólogos e dos simples cristãos. E isso se deve ao fato de que o místico teve uma particular experiência de Deus.
2. O místico tem uma percepção, por assim dizer, experimental e direta da Presença de Deus, ainda que simultaneamente Deus permaneça sempre Infinito, e por isso é que os místicos frequentemente definem a experiência que têm de Deus como “impossível de expressar por palavras", porque ele não sabe exatamente o quê experimentou e vivenciou.
3. O místico, – e isso é o que o distingue dos demais cristãos, – é alguém movido diretamente por Deus, porque se abriu docilmente à sua ação. E que tem plena consciência de que o conhecimento que adquiriu de Deus lhe foi dado, que é uma experiência infusa, na qual a alma se sente passiva sob a moção do Espírito Santo, e não que atingiu as alturas por suas próprias capacidades, qualidades ou méritos. Em outras palavras, o místico é alguém que se sente atraído e seduzido por Deus, e de tal modo que já não pode viver sem Ele.

Alguns santos se destacaram por suas experiências místicas que, muitas vezes, se exteriorizaram, tornando-se fenômenos místicos. Por isso, são chamados de “santos místicos da Igreja”. Alguns exemplos são: Santo Agostinho, São Bernardo, São Boaventura, Santa Catarina de Sena, São Francisco de Assis, Santa Gemma Galgani, São João da Cruz, São Luis de Montfort, Santa Tereza d’ Ávila, Santa Teresinha de Lisieux (Santa Teresinha do Menino Jesus), São Tomás de Aquino.

Em suma, a mística pode ser definida como uma experiência de Deus Presente e Infinito, provocada na alma por um especial impulso do Espírito Santo.

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Ref.:Revista Católicos, disp. em
revistacatolicos.blogspot.com.br/2012/08/o-que-significa-ser-um-mistico-da-igreja.html

Conteúdo do site "O Fiel Católico"

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