QUE BOM SERIA se os cristãos católicos entendessem que a Semana Santa, em especial a Sexta-feira da Paixão, o santo Sábado de Aleluia e o Domingo da Ressurreição, não são apenas mais uma oportunidade para o lazer, nem para reuniões familiares com muita comilança e bebedeira! Não estamos prestes a viver, simplesmente, mais um "feriadão"! Para os verdadeiros cristãos, não é assim, nem nunca foi.
Se a mídia laica entende assim esses dias, paciência. Trata-se, evidentemente, de uma outra visão, um outro olhar, desprovido de qualquer preocupação com a transcendência. Já para nós, católicos, é o outono santo, o tempo mais sublime e mais sagrado, de celebrar a Páscoa definitiva que Deus preparou e consumou, em nosso amado Cristo, Jesus, para toda a humanidade. Trata-se de preparação para a Páscoa e festa da Páscoa! Esperamos para celebrar Jesus que vence a morte e nos dá a prova definitiva de que Deus não desiste de nós. Com a vitória sobre a morte, fruto do pecado, temos garantida a mesma Vitória, se ouvirmos a santa Palavra e nos mantivermos no Caminho e na Comunhão.
A Semana Santa é, assim, um período maravilhoso, de graça indescritível e bençãos de valor espiritual inestimável. Sete dias de profundíssimo recolhimento, oração, meditação, contemplação. Jejum e penitência, depois tremenda, indizível, santa alegria. Mergulhamos fundo no Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Não transformemos, oh! Por piedade, não transforme essas Celebrações tão sagradas e tão cheias de inefáveis significados em simples teatralização de episódios bíblicos! Se o fizermos, estaremos nos expondo ao risco de olhar a Maravilha infinita de nossa fé como mero acontecimento histórico, distante e sem nenhuma ligação com o aqui-agora de nossas vidas. É aqui, é hoje que acontece a nossa salvação!
Celebremos, então, a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo com fervor, com piedade, com o sincero desejo de renovação da fé, com o puro desejo de transformar o meio em que estamos inseridos. Deixemos que dentro de nós, em nossos lares, em nossas comunidades, em nossa Igreja, este tão falado Jesus ressuscite e seja Presença viva e transformadora dos corações, das estruturas, mentais, físicas, espirituais. Não somos seguidores do Livro pelo Livro, como não somos adoradores de um Deus morto. O Filho de Deus, que das Alturas veio ser Deus Conosco, continua conosco, dentro de nós e no meio de nós, ressuscitado, na história de nossa vida e na História da humanidade.
Por tudo isso, insistimos, a Semana Santa não é mais um "feriadão". É infinitamente mais. É, sim o grande retiro espiritual do povo de Deus. Entramos com Jesus em Jerusalém, com nossos ramos, no domingo que passou; sentemo-nos com Ele na Ceia da Quinta-feira Santa para receber o preciosíssimo Dom da Eucaristia; contemplemos, na Sexta-feira de sua Paixão, Jesus manso e humilde de coração erguido entre o Céu e a Terra, consumando sua maior prova de Amor por nós; Vigiemos na noite do Sábado Santo, com a celebração da Luz e a recordação da História da Salvação. E na manhã luminosa do Domingo, o Dia do Senhor, com as mulheres e os Apóstolos, constatamos que o sepulcro santo está vazio e que o Senhor verdadeiramente ressuscitou, está vivo entre nós! É quando voltaremos a entoar o Aleluia!
É Páscoa! O Senhor ressuscitou! O Amor de Deus para conosco é mais forte que a morte e a multidão dos nossos pecados! Nossa esperança nEle não é vazia! Levemos ao mundo, com a Palavra e em nossas vidas, o alegre testemunho da Ressurreição de Jesus, que garante a nossa própria ressurreição! Misturemo-nos à sociedade e, como fermento, transformemo-la com a nossa Fé, com a nossa Esperança e com o nosso Amor a Deus e ao próximo.
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Ref.:
ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO, Semanário “O São Paulo” nº 3046, ano 60, p.2.