Smokers High Life
Ao longo dos últimos cinco anos, alguma coisa mudou na relação entre os meus pacientes adolescentes e a maconha. Eles não sentem mais a necessidade de negar ou esconder que fumam. Com uma frequência cada vez maior, eles discutem abertamente, na frente dos pais, o uso que fazem da maconha. Alguns negam com veemência que bebam álcool, mas não hesitam em falar que fumam maconha regularmente.
Poucos anos atrás, não era assim. Quando eu mencionava a necessidade de fazer algum exame de detecção de drogas, os meus pacientes deixavam escapar olhares nervosos e, muitas vezes, confessavam o uso da maconha antes mesmo dos resultados dos testes, implorando que eu não contasse nada aos seus pais.
Meus pacientes reconhecem hoje que a maconha é uma droga; mas uma droga médica. Eles dizem aos pais que ela os ajuda a lutar contra a depressão e contra a ansiedade. E eu digo a eles que acredito. A maconha provavelmente os ajuda, sim, a sentir-se melhor enquanto a fumam. Também digo a eles, por outro lado, que dispomos de outros medicamentos para tratar a depressão, a ansiedade e a dor; que dispomos de medicamentos mais regulados e com perfis de risco entendidos mais a fundo; que dispomos de medicamentos com concentrações e doses normatizadas. A nicotina, aliás, também funciona como um estimulante que pode melhorar alguns sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), mas nós não recomendamos o tabagismo como tratamento do TDAH. Existem medicamentosmelhores para isso também.
O uso recreativo da maconha está deixando de ser tabu em alguns países, inclusive nos Estados Unidos, agora que foi legalizado nos Estados de Washington e do Colorado. Dezesseis outros Estados e o Distrito de Columbia, além disso, descriminalizaram a posse da maconha para uso pessoal.
Eu passei um dos verões na minha faculdade fazendo pesquisa sobre canabinoides e tentando entender os efeitos da maconhasobre o cérebro humano. Sou a primeira em admitir que os canabinoides constituem uma classe promissora de drogas que podem ser usadas em tratamentos. Mas a maconha é apenas isso: uma droga que pode ser usada em tratamentos.
Seu uso recreativo deveria continuar sendo um tabu e aqui vão os porquês:
1) Você sabe se a maconha que você fuma é sintética?
Recebi em atendimento de urgência um paciente com alucinações que me mostrou a sua “maconha”: um monte de folhas enroladas num “beque”. O exame de detecção mostrou, porém, que aquilo era maconha sintética, um maço de ervas misturado com algum produto químico desconhecido. A maconha sintética muitas vezes contém produtos químicos fabricados em laboratório e que têm o mesmo efeito do THC, o ingrediente psicoativo da maconha natural. Mas o produto é frequentemente misturado com sais de banho ou com outras drogas traficadas na rua. Eu nunca sei o que os meus pacientes fumaram de fato, o que torna difícil tratá-los.
2) Qual é a concentração de THC que existe nesse bolinho?
Em férias recentes, meu filho de 4 anos quis um bolinho que estavam vendendo na praia. O vendedor me olhou diretamente nos olhos e balançou a cabeça. Eu entendi o que ele queria dizer. Os bolinhos de maconha se tornaram comuns hoje em dia. O problema é que você simplesmente não sabe qual é a concentração de THC usada na receita. Alguns contêm concentrações muito mais altas do que um cigarro de maconha. E quanta gente se contenta comendo apenas um bolinho? O resultado de não se saber o nível de THC consumido pode ser um dos muitos casos de overdose relatados por médicos como o Dr. Dan Hehir, do Telluride Medical Center, no Estado do Colorado, para citar apenas um exemplo que eu conheço.
Poucos anos atrás, não era assim. Quando eu mencionava a necessidade de fazer algum exame de detecção de drogas, os meus pacientes deixavam escapar olhares nervosos e, muitas vezes, confessavam o uso da maconha antes mesmo dos resultados dos testes, implorando que eu não contasse nada aos seus pais.
Meus pacientes reconhecem hoje que a maconha é uma droga; mas uma droga médica. Eles dizem aos pais que ela os ajuda a lutar contra a depressão e contra a ansiedade. E eu digo a eles que acredito. A maconha provavelmente os ajuda, sim, a sentir-se melhor enquanto a fumam. Também digo a eles, por outro lado, que dispomos de outros medicamentos para tratar a depressão, a ansiedade e a dor; que dispomos de medicamentos mais regulados e com perfis de risco entendidos mais a fundo; que dispomos de medicamentos com concentrações e doses normatizadas. A nicotina, aliás, também funciona como um estimulante que pode melhorar alguns sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), mas nós não recomendamos o tabagismo como tratamento do TDAH. Existem medicamentosmelhores para isso também.
O uso recreativo da maconha está deixando de ser tabu em alguns países, inclusive nos Estados Unidos, agora que foi legalizado nos Estados de Washington e do Colorado. Dezesseis outros Estados e o Distrito de Columbia, além disso, descriminalizaram a posse da maconha para uso pessoal.
Eu passei um dos verões na minha faculdade fazendo pesquisa sobre canabinoides e tentando entender os efeitos da maconhasobre o cérebro humano. Sou a primeira em admitir que os canabinoides constituem uma classe promissora de drogas que podem ser usadas em tratamentos. Mas a maconha é apenas isso: uma droga que pode ser usada em tratamentos.
Seu uso recreativo deveria continuar sendo um tabu e aqui vão os porquês:
1) Você sabe se a maconha que você fuma é sintética?
Recebi em atendimento de urgência um paciente com alucinações que me mostrou a sua “maconha”: um monte de folhas enroladas num “beque”. O exame de detecção mostrou, porém, que aquilo era maconha sintética, um maço de ervas misturado com algum produto químico desconhecido. A maconha sintética muitas vezes contém produtos químicos fabricados em laboratório e que têm o mesmo efeito do THC, o ingrediente psicoativo da maconha natural. Mas o produto é frequentemente misturado com sais de banho ou com outras drogas traficadas na rua. Eu nunca sei o que os meus pacientes fumaram de fato, o que torna difícil tratá-los.
2) Qual é a concentração de THC que existe nesse bolinho?
Em férias recentes, meu filho de 4 anos quis um bolinho que estavam vendendo na praia. O vendedor me olhou diretamente nos olhos e balançou a cabeça. Eu entendi o que ele queria dizer. Os bolinhos de maconha se tornaram comuns hoje em dia. O problema é que você simplesmente não sabe qual é a concentração de THC usada na receita. Alguns contêm concentrações muito mais altas do que um cigarro de maconha. E quanta gente se contenta comendo apenas um bolinho? O resultado de não se saber o nível de THC consumido pode ser um dos muitos casos de overdose relatados por médicos como o Dr. Dan Hehir, do Telluride Medical Center, no Estado do Colorado, para citar apenas um exemplo que eu conheço.
3) Infertilidade
O uso da maconha reduz a fertilidade em homens e mulheres (mas calma: a maconha passa muitíssimo longe de ser uma forma de controle da natalidade). A anandamida é um "canabinoide endógeno", uma substância química semelhante ao THC presente naturalmente em nosso corpo. Ela ajuda na concepção humana emitindo sinais que estimulam os espermatozoides a nadar mais rápido para penetrar no óvulo. A maconha também envia sinais parecidos, mas eles estimulam os espermatozoides prematuramente, deixando-os esgotados antes de chegarem ao óvulo. A maconha também reduz a própria produção de espermatozoides. Se as mulheres usam maconha, o THC em seus fluidos cervicais também “acelera” o esperma prematuramente, reduzindo a probabilidade da concepção.
4) Comprometimento da memória
É isso mesmo: o uso da maconha prejudica a memória, que é uma faculdade crítica para o sucesso acadêmico (e para o casamento também). A perda de memória, em geral, é sutil, mas suficiente para provocar queda nas notas escolares. Ocasionalmente, porém, ela pode ser mais profunda, chegando a causar amnésia global transitória.
5) Paranoia
A maconha pode causar paranoia especialmente em pacientes com doença mental subjacente. Um estudo publicado em julho de 2014 relata que o THC intravenoso, administrado em 121 pacientes que participaram da pesquisa, "aumentou significativamente a paranoia, os afetos negativos (ansiedade, preocupação, depressão, pensamentos negativos sobre si próprio) e uma série de experiências anômalas, bem como a redução da capacidade de memória".
6) Candidíase oral
O uso crônico da maconha pode provocar o surgimento de uma película branca no interior da boca e sobre a língua.
7) Ainda não se conhece a maioria dos riscos da maconha
Talvez o maior problema da maconha seja a real dificuldade de estudá-la a fundo. Você usaria uma droga pouco pesquisada? Há possíveis associações entre a maconha e algumas formas de câncer, mas, como a maioria dos usuários de maconha também usa tabaco, é difícil determinar os efeitos da maconha sozinha. Parece haver também associações com doenças de pulmão, especialmente entre usuários de longa data. A natureza viciante da maconha é provavelmente a questão mais controversa, sobre a qual tampouco há dados definitivos. O fato é que não conhecemos essa droga do mesmo jeito que conhecemos a maioria dos produtos farmacêuticos.
Tabu ou não, o que há em comum entre os meus pacientes que usam maconha é que eles estão desesperados: desesperados para aliviar as pressões, a ansiedade, a depressão e, em geral, as dificuldades da vida.
A legalização da maconha recreativa não vai solucionar esses males.
Se você tem um adolescente em casa que está estressado ou deprimido, esteja ciente de que ele precisa de apoio especializado. Esse apoio pode ser um meio relevante de mantê-lo a salvo das drogas “recreativas”.
O uso da maconha reduz a fertilidade em homens e mulheres (mas calma: a maconha passa muitíssimo longe de ser uma forma de controle da natalidade). A anandamida é um "canabinoide endógeno", uma substância química semelhante ao THC presente naturalmente em nosso corpo. Ela ajuda na concepção humana emitindo sinais que estimulam os espermatozoides a nadar mais rápido para penetrar no óvulo. A maconha também envia sinais parecidos, mas eles estimulam os espermatozoides prematuramente, deixando-os esgotados antes de chegarem ao óvulo. A maconha também reduz a própria produção de espermatozoides. Se as mulheres usam maconha, o THC em seus fluidos cervicais também “acelera” o esperma prematuramente, reduzindo a probabilidade da concepção.
4) Comprometimento da memória
É isso mesmo: o uso da maconha prejudica a memória, que é uma faculdade crítica para o sucesso acadêmico (e para o casamento também). A perda de memória, em geral, é sutil, mas suficiente para provocar queda nas notas escolares. Ocasionalmente, porém, ela pode ser mais profunda, chegando a causar amnésia global transitória.
5) Paranoia
A maconha pode causar paranoia especialmente em pacientes com doença mental subjacente. Um estudo publicado em julho de 2014 relata que o THC intravenoso, administrado em 121 pacientes que participaram da pesquisa, "aumentou significativamente a paranoia, os afetos negativos (ansiedade, preocupação, depressão, pensamentos negativos sobre si próprio) e uma série de experiências anômalas, bem como a redução da capacidade de memória".
6) Candidíase oral
O uso crônico da maconha pode provocar o surgimento de uma película branca no interior da boca e sobre a língua.
7) Ainda não se conhece a maioria dos riscos da maconha
Talvez o maior problema da maconha seja a real dificuldade de estudá-la a fundo. Você usaria uma droga pouco pesquisada? Há possíveis associações entre a maconha e algumas formas de câncer, mas, como a maioria dos usuários de maconha também usa tabaco, é difícil determinar os efeitos da maconha sozinha. Parece haver também associações com doenças de pulmão, especialmente entre usuários de longa data. A natureza viciante da maconha é provavelmente a questão mais controversa, sobre a qual tampouco há dados definitivos. O fato é que não conhecemos essa droga do mesmo jeito que conhecemos a maioria dos produtos farmacêuticos.
Tabu ou não, o que há em comum entre os meus pacientes que usam maconha é que eles estão desesperados: desesperados para aliviar as pressões, a ansiedade, a depressão e, em geral, as dificuldades da vida.
A legalização da maconha recreativa não vai solucionar esses males.
Se você tem um adolescente em casa que está estressado ou deprimido, esteja ciente de que ele precisa de apoio especializado. Esse apoio pode ser um meio relevante de mantê-lo a salvo das drogas “recreativas”.
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