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O MÉRITO E A GRAÇA DA SALVAÇÃO.

 





Nossa salvação é MERITÓRIA da parte de CRISTO.
É gravíssimo o erro supor que não hajam MÉRITOS na salvação da raça humana.
A Graça de Deus, a qual outorga ao indivíduo o favor imerecido da salvação, precedeu dos Méritos de Cristo no calvário. Esses Méritos estão em sua Natureza Humana, a qual fora ofertada em sacrifício por todos nós, mediante a Obediência ao Pai e a Caridade por nossa salvação, sendo incessantes e contínuos por todas as gerações:
"Que MÉRITO teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus. (I São Pedro 2, 20)"
"Seu ZELO LHE FOI IMPUTADO COMO MÉRITO, de geração em geração, para sempre. (Salmos 105, 31) "
CRISTO, levado da Caridade e da Obediência, se humilha até à morte da cruz (Suma Teológica, art. 1 Q 53, da Ressurreição in Santo Tomás de Aquino)”
A participação nos Méritos do Cordeiro Imolado nos é oferecida gratuitamente (Graça Salvífica), para nos tornar merecedores da salvação, por Cristo e em Cristo:
"toda a misericórdia colocará cada um em seu lugar, CONFORME O MÉRITO de suas obras e a sabedoria de seu comportamento. (Eclesiástico 16, 15)"
Nem por tudo que fizermos mediante nossos próprios méritos, poderemos saldar os débitos que contraímos para com a Justiça Divina por termos incindido no pecado.
E sem a infusão nos Méritos Divinos do Redentor, depositados em sua Humanidade sacrificada, o ser humano nada pode fazer ou merecer de bom, generoso, aprazível e SALVÍFICO aos olhos de Deus.
Esclarece Tanquerey:
É toda Trindade que nos confere essa PARTICIPAÇÃO da vida Divina, POR CAUSA DOS MÉRITOS e satisfações de Jesus Cristo. Pelos seus Méritos, Cristo reconquistou o nosso direito a Glória, para nos santificarmos e merecermos o céu. JESUS É A CAUSA MERITÓRIA DA NOSSA SALVAÇÃO." (Compêndio de Teologia Mística e Ascética, Adolph Tanquerey, Cap. II – Da parte de Deus na vida cristã. p. 61 e 81)
A infusão nas Virtudes Superiores do Cordeiro, nos traz a Comunhão com seu sacrifício, no qual nos tornamos seus Consortes, em seu Corpo Místico, "a fim de tornar por este meio, PARTICIPANTES DA NATUREZA DIVINA, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo." (II Pe 1.4)”
Mas é certo que a JUSTIÇA PERFEITÍSSIMA de Deus, implica numa simetria, uma proporcionalidade entre ação humana e recompensa Divina. 
Ora, toda retribuição, em qualquer sistema judiciário, impõe indispensável análise entre conduta e resultado, mérito e recompensa, assim como demérito e punição, conforme Escrito:
"Eis que venho em breve, e a minha RECOMPENSA está comigo, para dar a cada um conforme as suas OBRAS. (Ap 22, 12)"
"Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do JUSTO JUÍZO DE DEUS, que RETRIBUIRÁ A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade; mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal." (Rom 2. 5, 6, 7 e 8)”
E quanto a Justiça Divina e sua Lei, imutável e eterna, ensinou Santo Agostinho:
Lei eterna é chamada a Razão Suprema (em Deus), a qual é preciso obedecer sempre, e através da qual os obedientes dispõe da felicidade eterna, e os desobedientes a infelicidade. Na lei temporal dos homens, nada existe de justo e legítimo que não se tenha tirado da Lei Eterna. (Do Livre Arbítrio, Cap. VI Part. I, A Essência do Mal p. 41)”
Os Mérito de Cristo são dispensados a toda raça humana, através da Graça.
Os atos sacrificiais do Cordeiro são satisfatórios para Justiça, e meritórios para recompensa. Pela satisfação, somos excluídos da justiça punitiva Divina através da exclusão da culpa e das penas provenientes da agressão a Deus, todas as vezes em que pecamos. E pelo mérito, somos elevados a um Estado de Perfeição, Santidade e Justiça que nos permite acesso a Deus para usufruirmos dos Bens que ele criou para todos nós, como a Felicidade Plena na Vida Eterna. Se os nossos atos e condutas jamais pressuporão mérito, justiça ou benignidade, senão quando movidos pelo próprio Deus, é a Graça, pois, a Natureza Divina participada aos indivíduos, nos regenerando e perseverando em santidade, gerando os atos deiformes pelos quais nos tornamos imitadores de Cristo:
Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. (I Coríntios 11.1)"
A Graça de Deus é uma vertente do Amor Benigno, ou como enfatizava Santo Agostinho: “a Graça é a luz da alma, a nos guiar rumo ao Amor de Deus e ao Amor ao próximo.”
Graça e Amor de Deus (Ágape) não se diferenciam, sendo aquela, o Amor de Deus em movimento rumo ao ser humano, para lhe permitir realizar os principais preceitos da Lei Divina: Caridade e Justiça.
Esses preceitos excedem a capacidade natural do indivíduo, cuja ausência da Graça, torna-se apenas capaz do cumprimento de certas leis morais.
Ora, a LEI DIVINA distingue da lei moral humana, posto ser muitíssimo superior.
O ser humano decaído, naturalmente se inclina em transgredir a Lei Eterna de Deus, cujo preceito maior é o AMOR, em razão basicamente, de duas espécies de amores imperfeitos.
O primeiro é o “amar” ao outro ser por benefício próprio (Eros), mediante os seus adornos externos e físicos.
 Já o segundo se predica no “amar” ao próximo pelo que este é (Filos), pelas virtudes e semelhança do ser amante, encontradas no ser amado. Mas o movimento que a Graça de Deus nos infunde, orienta no AMOR CARIDOSO ou PERFEITO (Ágape), quando se ama independente do mérito do que é amado, mas por ser ele, por mais errante e transgressor, a imagem de Deus.
A Lei, embora justa, santa e perfeita em sua natureza, era imperfeita em sua eficácia, pois imprimia no indivíduo a busca da salvação no seu  cumprimento, por méritos humanos.
A Graça aperfeiçoa a eficiência da Lei Divina, pois nos move espontaneamente ao seu cumprimento, independente dos nossos esforços vãos e inúteis.
O que há de bom no ser humano pode até vir exclusivamente da sua condição moral.
Mas o que há de SUBLIME só pode ocorrer pela Graça de Deus, que lhe move o seu arbítrio ao Bem Perfeito, que visa Deus como última ratio, razão principal e final do movimento.
Eis ai a distinção: o bom relativo existe sem a Graça de Deus; mas o BOM SUBLIME somente através dela.
Toda raiz de BONDADE SUBLIME nos indivíduos é obra puramente da Graça de Deus.
Mas para correspondermos a essa Graça, devemos nos entregar plenamente ao Cristo. Entrega plena significa entrega ao CORPO MÍSTICO DE CRISTO, formado por sua IGREJA, Depositária das Verdades Reveladas aos Apóstolos, e transmitidas aos seus sucessores, além da relação UNITIVA com a SANTÍSSIMA TRINDADE, e com os membros santificados que são os anjos e os santos, poderosos intercessores de bençãos, que nos ajudarão a trilhar o caminho da perseverança e santidade, provindo adesão ao Caráter de CRISTO, que nos tornará justos, caridosos, santos, humildes, contritos e amorosos, sendo que nesses seus atributos messiânicos, nos aperfeiçoarmos, dia após dia. 

Através da comunhão com o seu sacrifício, Cristo infundiu em nós o Dom Espiritual de dar satisfação pelos nossos pecados, e daí ainda, merecer vida e felicidade eternas. Isto é a Graça, tomada em seu sentido mais importante, o sentido salvífico. Cristo não se contentou apenas em merecer por nós, senão, de nos participar os seus méritos. Mas isso não basta, pois é indispensável usar os Méritos de CRISTO participados em todo nosso ser, quer nas ações espirituais, pensamentos, vontade e na conduta concreta.

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