Pular para o conteúdo principal

ADORAÇÃO E VENERAÇÃO

 





Nós, Católicos, veneramos as SAGRADAS ESCRITURAS.
Sim, veneramos as Sagradas Escrituras, por conterem a Verdade de Deus Revelada, como testifica a Tradição: — “Admiro seu amor PARA COM OS CAPÍTULOS sobre a oração e muita inveja sobre seus propósitos nobres, porque você NÃO SIMPLESMENTE AMA ESSES ESCRITOS FEITOS COM TINTA E PAPEL, MAS A CARIDADE e a AUSÊNCIA DE RESSENTIMENTO que permanecem na nossa mente. Lute para manter o seu intelecto surdo e mudo ao tempo da oração. (São Nilo, o asceta, ano 500 DC in Logos Ascéticos)”
De modo idêntico, veneramos a Cruz de Cristo e todas as imagens e ornamento sacros, não pelo que são em substância e composição, mas pelo que representam, e principalmente, pelas mensagens que nos transmitem.
Na Santa Missa, que é o MEMORIAL DO SACRIFÍCIO SALVÍFICO DO CORDEIRO, ao recebermos a Bíblia, nos levantamos e a colocamos no local especial que lhe é reservado no Altar.
Quando iniciamos sua leitura homilética, além de nos erguermos, podemos ainda nos ajoelharmos.
Não nos erguemos, nem ajoelhamos para tinta e o papel, mas para o significado e importância que a Revelação Divinamente Escriturada, possui no plano da salvação.
Seriamos então IDÓLATRAS, posto que o ato de venerar é sem dúvida honraria especial?
No universo judaico-cristão, o ato ou postura de ADORAR, difere do ato ou postura da mera Honraria Eclesiástica, como é a atitude de VENERAR.
A revelação nos ensinou essas duas maneiras de nos relacionarmos com Deus. Por isso, existem duas formas claras de Culto: DULIA e LATRIA.
Uma não exclui outra, antes, as duas se completam, comungando no mesmo elemento que é a servidão a Deus.
culto de DULIA, menor ou secundário, é a atitude de respeitabilidade, os louvores, os cânticos e as honrarias Litúrgicas destinadas aquilo que não é Deus, mas provém, lembra ou significa algo Dele
É a reverência que se deve ter em respeitabilidade aquilo que nos verte para as coisas de Deus.
O culto de Dulia, sempre foi atitude religiosa do povo de Deus, desde os hebreus até os romanos, chegando aos dias atuais. Sempre fez parte da liturgia, o zelo e o respeito pelas relíquias, sacerdócio, símbolos e os sinais sacros e virtuosos de Deus para com a humanidade.
Isto até a chegada do movimento iconoclasta islâmico, cujos adeptos  recém aceitos na fé cristã, mas ainda apegados à fé originária, ligavam o Alcorão à alguns versículos Bíblicos descontextualizados, e ao desprezarem o Magistério da Igreja, confundiram Dulia com Latria, e assim, objetos e imagens sacras com ídolos pagãos.
O imperador bizantino, Leão III, o Isáurico (717-741), “convertendo-se” ao iconoclasmo,  mandou que destruíssem todas as imagens sacras, e matassem todos os sacerdotes da época.
Mas a Igreja sobreviveu a heresia iconoclasta.
Ela sempre sobrevive. (S. Mateus 16, 16)
O culto de Dulia nas Antigas Escrituras é mostrado como atividade litúrgica e catequética, aprazível e ordenada pelo próprio Deus.
Citemos dois exemplos:
a) DULIA AO CANDELABRO:
O Candelabro foi uma relíquia sacra para lembrar ao povo, que Deus mantinha firme o pacto da Terra prometida. 
Sua confecção e ornamentação NO ALTAR DA ADORAÇÃO, foram prescrições diretas do próprio Deus:
O Senhor disse a Moisés:  Eis que chamei por seu nome Beseleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá. Eu o enchi do espírito divino para lhe dar sabedoria, inteligência e habilidade para toda sorte de obras: invenções, trabalho de ouro, de prata, de bronze, gravuras em pedras de engastes, trabalho em madeira e para executar toda sorte de obras. Associei-lhe Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo de Dã. E dou a sabedoria ao coração de todos os homens inteligentes, a fim de que executem tudo o que te ordenei; a tenda de reunião, a arca da aliança, a tampa que a recobre e todos os móveis da tenda; a mesa e todos os seus acessórios, O CANDELABRO DE OURO PURO E TODOS OS SEUS ACESSÓRIOS, o altar dos perfumes, o altar dos holocaustos, e TODOS OS SEUS UTENSÍLIOS, A BACIA COM SEU PEDESTAL; AS VESTES LITÚRGICAS, OS ORNAMENTOS SAGRADOS PARA O SACERDOTE AARÃO, AS VESTES DE SEUS FILHOS PARA AS FUNÇÕES SACERDOTAIS; O ÓLEO DE UNÇÃO E O INCENSO PERFUMADO PARA O SANTUÁRIO. Eles se conformarão em tudo às ordens que te dei.” (Êxodo 31. 1 à 11)”
b) DULIA A SERPENTE DE BRONZE:
A Serpente de Bronze foi um memorial, uma prefiguração do Cristo. Originou-se do duelo espiritual entre Moisés, Mediador da Antiga Aliança (Nm 31.31), com os magos do Faraó, onde a Vara de Arão é transformada em serpente, e esta, devora as demais serpentes dos feiticeiros egípcios. (Êxodo 7. 1 à 15)
Moisés NÃO FEZ UM ÍDOLO, mas um MEMORIAL de DEUS, e por Ordem de DEUS (Nm 21. 8, 9), para que aqueles que fossem picados por víboras no deserto, ao contemplarem a estátua fossem curados. 
Ficou exposta 200 anos, até que o rei Ezequias a destruiu, PORQUE O POVO PERVERTEU A DULIA em LATRIA, vendo a serpente como sendo o próprio Deus, e não mais seu memorial.
Não era o culto de Dulia que estava errado, senão, Deus não lhe permitiria, mas o povo que lhe perverteu. (2Rs 18,4).
Já adoração ou LATRIA é ato tributário.
Uma oferta de sacrifício para demonstrar nossa servidão exclusiva e incondicional a Deus de corpo e alma, com todos os nossos bens e virtudes.
Só podemos adorar através do sacrifício de Deus, e não por meios próprios.
Deus não quer o melhor de nós.
Quer o melhor Dele em nós.
Mas adorar não é qualquer ato corpóreo ou movimento humano no campo da intelectualidade ou operação.
O ser humano desgraçou-se quando pecou, e agora sequer consegue adorar por meios próprios, razão pela qual, Deus desprezou a adoração de Caim, a sua colheita, fruto de seus méritos, e aceitou a adoração de Abel, através do Cordeiro Imolado, prefigurando os Méritos do Cristo. (Gn 4, 1 à 5)
Não nos é dado adorar, senão, através da misericórdia e sacrifício do próprio Deus no sacramento da EUCARISTIA, por seus elementos sacros do pão e vinho, os quais perfazem o Corpo e o Sangue do Cordeiro sacrificado.
Ensinou o Apóstolo sobre a LATRIA:
Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a OFERECERDES VOSSOS CORPOS EM SACRIFÍCIO VIVO, SANTO, AGRADÁVEL A DEUS: é este o vosso CULTO RACIONAL. (Rom. 12, 1)”
não ENTRAM EM COMUNHÃO com o ALTAR os que COMEM as vítimas? (I Cor 10, 18)”
Tomai e comei, ISTO É O MEU CORPO. (S. Mateus. 26, 26)
Latria é o CULTO PRINCIPAL, que se faz pela Comunhão com o Ato Sacrificial.
É este sinal, que liga a criatura imperfeita aos Méritos do sacrifício do Cordeiro Perfeito.
Diferentemente, a Dulia tanto na Liturgia, quanto na atitude, é o reconhecimento da honra e respeito aqueles que espelham Deus, seja na ESFERA CIVIL (pais, sacerdotes) ou RELIGIOSA (santos, mártires, imagens e relíquias).
O amor latrêutico que devotamos a Deus (S. Mateus 22, 37), é superior ao amor venerável que devotamos ao próximo (S. Mateus 22, 37), aos anjos, santos e mártires, e por consequência, também as honras latrêuticas dirigidas à Ele (DIGNO ÉS, DE RECEBER GLÓRIA E HONRA. Ap. 4, 11), são superiores a honra que damos ao nosso próximo, e aqueles a quem Deus ordenou que honrássemos. (GLÓRIA, HONRA E PAZ A TODO O QUE FAZ O BEM. Rom. 2, 1o, e HONRAR PAI E MÃE. Êxodo 20.12)
Santo Agostinho já ensinava: 
Dulia é uma servidão devida aos homens em virtude da qual o Apóstolo manda os servos serem sujeitos aos seus senhores; outra servidão é a latria, pela qual somente cultuamos a Deus. (Tratado Contra Fausto, ano 354-430)"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Símbolos e Significados

A palavra "símbolo" é derivada do grego antigo  symballein , que significa agregar. Seu uso figurado originou-se no costume de quebrar um bloco de argila para marcar o término de um contrato ou acordo: cada parte do acordo ficaria com um dos pedaços e, assim, quando juntassem os pedaços novamente, eles poderiam se encaixar como um quebra-cabeça. Os pedaços, cada um identificando uma das pessoas envolvidas, eram conhecidos como  symbola.  Portanto, um símbolo não representa somente algo, mas também sugere "algo" que está faltando, uma parte invisível que é necessário para alcançar a conclusão ou a totalidade. Consciente ou inconscientemente, o símbolo carrega o sentido de unir as coisas para criar algo mair do que a soma das partes, como nuanças de significado que resultam em uma ideia complexa. Longe de objetivar ser apologética, a seguinte relação de símbolos tem por objetivo apenas demonstrar o significado de cada um para a cultura ou religião que os adotou.

Como se constrói uma farsa?

26 de maio de 2013, a França produziu um dos acontecimentos mais emblemáticos e históricos deste século. Pacificamente, milhares de franceses, mais de um milhão, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da capital em defesa da família e do casamento. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, famílias inteiras, caminharam sob um clima amistoso, contrariando os "conselhos" do ministro do interior, Manuel Valls[1]. Voltando no tempo, lá no já longínquo agosto de 2012, e comparando a situação de então com o que se viu ontem, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que a França despertou, acordou de sua letargia.  E o que provocou este despertar? Com a vitória do socialista François Hollande para a presidência, foi colocada em implementação por sua ministra da Justiça, Christiane Taubira,  a guardiã dos selos, como se diz na França, uma "mudança de civilização"[2], que tem como norte a destruição dos últimos resquícios das tradições qu

Pai Nosso explicado

Pai Nosso - Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. È em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o  Pai-Nosso. Pai Nosso que estais no céu... - Se rezamos verdadeiramente ao  "Nosso Pai" , saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta  (do individualismo).  O  "nosso"  do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas. É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca. Os sete pedidos - Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo