Por Valdir Reginato para revista O Fiel Católico n.9*
A MAIORIA DOS JOVENS casais de namorados atualmente sequer levam esta hipótese em consideração. Conhecer e “ficar” tornou-se quase condição natural para duas pessoas que se dispõe a ter um relacionamento, não necessariamente prolongado. A virgindade e a castidade ficaram emboloradas no dicionário, e alguns já duvidam se sairão na próxima edição. Alguns podem dizer que nos casos em que há um compromisso moral, com data marcada, não haveria problema nessa situação, pois já há um “casamento de fato”, afetivo e de responsabilidade; só falta assinar para tornar-se de direito.
Afinal, tem sentido falar sobre isso na sociedade atual? Não é preciso virar esta página uma vez por todas? – Certos fatos permanecem como lendas ao longo da História. Lendas associadas, frequentemente, a um período de ignorância, a tradições esquisitas, que não cabem mais na sociedade moderna, científica e tecnológica, com avanços nas teorias que contemplam a complexidade fisiológica e psíquica do comportamento em sociedade. Não somos mais primitivos para pensar no porquê da virgindade dos noivos, parte de quase todas as lendas das primeiras civilizações, até o encanto de castidade das princesas medievais, que chegou aos nossos tempos. É necessário um "basta" a esta visão irreal do ser humano!
Interessante que, a estas supostas lendas do mito da pureza pré-conjugal, associava-se outra tradição que também vai se perdendo na memória: “E viveram felizes para sempre...”. Que absurdo! Como alguém pode viver feliz para sempre?! Ainda mais preso a outra pessoa... Eis outro aforisma da história do mundo que parece caducar aos ouvidos dos jovens.
A MAIORIA DOS JOVENS casais de namorados atualmente sequer levam esta hipótese em consideração. Conhecer e “ficar” tornou-se quase condição natural para duas pessoas que se dispõe a ter um relacionamento, não necessariamente prolongado. A virgindade e a castidade ficaram emboloradas no dicionário, e alguns já duvidam se sairão na próxima edição. Alguns podem dizer que nos casos em que há um compromisso moral, com data marcada, não haveria problema nessa situação, pois já há um “casamento de fato”, afetivo e de responsabilidade; só falta assinar para tornar-se de direito.
Afinal, tem sentido falar sobre isso na sociedade atual? Não é preciso virar esta página uma vez por todas? – Certos fatos permanecem como lendas ao longo da História. Lendas associadas, frequentemente, a um período de ignorância, a tradições esquisitas, que não cabem mais na sociedade moderna, científica e tecnológica, com avanços nas teorias que contemplam a complexidade fisiológica e psíquica do comportamento em sociedade. Não somos mais primitivos para pensar no porquê da virgindade dos noivos, parte de quase todas as lendas das primeiras civilizações, até o encanto de castidade das princesas medievais, que chegou aos nossos tempos. É necessário um "basta" a esta visão irreal do ser humano!
Interessante que, a estas supostas lendas do mito da pureza pré-conjugal, associava-se outra tradição que também vai se perdendo na memória: “E viveram felizes para sempre...”. Que absurdo! Como alguém pode viver feliz para sempre?! Ainda mais preso a outra pessoa... Eis outro aforisma da história do mundo que parece caducar aos ouvidos dos jovens.
Atribui-se ainda algum valor à pureza e à castidade? |
Consequentemente, a “felicidade para sempre”, desejo incrustado no íntimo do coração de qualquer ser humano, associava-se a estes dois pré-requisitos: pureza de corações pré-conjugais e fidelidade permanente, em que a ideia do adultério assombrava, como desastroso terremoto, a felicidade. Podemos dizer que eram contos de fadas de uma fase (de milhares de anos), impostos por uma sociedade paternalista e preocupada na preservação do patrimônio familiar, na qual não havia liberdade de sentimentos? Nas últimas décadas, as luzes nos tiram das trevas para um mundo novo! Será verdade?
Os dados apontam que os jovens continuam acreditando no casamento. Apesar das fraquezas humanas, hoje desvinculadas de qualquer culpa moral, consideram ainda que “resistir” até as núpcias é uma história de fortaleza, respeito, admiração, valorização. Assim como as comemorações de bodas de prata, ouro ou diamantes fazem com que assistamos o cumprimento de uma meta que, mesmo difícil, é possível e digna de admiração. Do mesmo modo, sempre causa constrangimento saber que um(a) amigo(a), divorciou-se, sem causa alarmante.
O que estamos dizendo é que ainda que a meta seja alta, e tenha dificuldades que exigem esforço virtuoso, com muito Amor, a referência se apresenta como ponto de chegada. Contudo, quando se pretende transformá-la numa “lenda” muito romântica e sonhadora, passaremos a estabelecer metas “flexíveis” e relativas ao desejo do empenho que cada um considere para si. Seria esta uma boa alternativa às exigências para o cumprimento das “tradições milenares”?
Os resultados já estão ao nosso alcance. As estatísticas demonstram que os divórcios são muito mais comuns quando os casais têm relações pré-matrimoniais, principalmente se desde o início de namoro. A infeliz comparação, que se denominou “test-drive” para casar, não demonstrou sucesso em relação à tradição, ao contrário. Isto só facilitou adiar o casamento por tempo indeterminado, até que cada um tenha tudo que acha importante para si. Alguns prolongam tanto este período que acabam se separando; afinal, não estavam casados, e partem para uma nova tentativa. Evidentemente, isto acarretou a falta de compromisso com filhos, fator complicador para “cônjuges responsáveis” com a paternidade e a maternidade. A conclusão é que a união de um casal de namorados tornou-se uma vida de egoísmo a dois, onde por direito à felicidade própria não se assume compromisso com o outro. Importante é que cada um seja feliz, não necessariamente juntos.
Mesmo nos tempos modernos, admite-se que na sociedade a família é a célula fundamental. Família que se encontra descaracterizada em muitas "alternativas". O que assistimos e vivemos chegou a ser denominado “sociedade do descartável” pelo Papa Francisco, onde desde o copinho de café até a namorada, – ou companheira, como queiram, – obedecem as mesmas leis de uso e descarte. "O importante é ser feliz", berram a todo instante, mas o que facilmente se atesta, pela crescente procura por todo tipo de terapias, é uma população que confundiu a satisfação do orgasmo com a união livre, comprometida, fiel e permanente exigidas para um matrimônio de Amor, aberto como fonte para uma nova vida segundo os desígnios de Deus e como caminho de felicidade.
Megan Young |
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* Dr. Valdir Reginato é Doutor em História Social pela FFLCH-USP, Docente Adjunto e Diretor do CeHFi-EPM-UNIFESP e Doutor em Ciências pela FMUSP.